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O quarto momento: a metrópole nacional – 2000 aos dias atuais

MANIFESTAÇÕES DO CIRCUITO RAP DO DISTRITO FEDERAL (1956 A ATUALIDADE)

2.4. O quarto momento: a metrópole nacional – 2000 aos dias atuais

No ano 2000, o Distrito Federal e entorno, passou a portar uma complexidade territorial metropolitana em função dos acelerados avanços das atividades terciárias na Capital Federal.

Novos conjuntos populacionais sugiram por meio dos loteamentos irregulares de terras, principalmente pela pressão da população diante o poder legislativo para a regularização efetiva das terras urbanas, sendo os casos dos conjuntos: Vila Estrutural, Telebrasília, Sol Nascente, Por do Sol, Mestre D‟armas, Porto Rico, Vale do Amanhecer e Itapoã. A situação ainda é ainda mais grave, pois como vimos no decorrer dos anos, inúmeros loteamentos surgiram e com isso intensificou-se o adensamento populacional no Distrito Federal.

Em 2003, foram criadas novas Regiões Administrativas, fato que dificultou ainda mais as ações no sistema social, pois na perspectiva do planejamento urbano fragmentou-se o direcionamento em áreas prioritárias, fomentando mais uma vez a segregação socioeconômica de algumas RAs, tais como a Vila Estrutural, Varjão e São Sebastião, a última localizada próxima ao Lago Paranoá (Ver Imagem 16).

Foram adicionadas perante as legislações urbanas as Regiões Administrativas: RA XXIV – Park Way; RA XXV Setor Complementar de Indústria e Abastecimento (SCIA); RA XXVI – Sobradinho II; RA XXVII – Itapoã; RA XXIX – Setor de Indústria e Abastecimento (SAI); RA XXX – Vicente Pires; e RA XXXI – Fercal (Ver Tabela 3).

Tabela 3 - Divisão Administrativa do Distrito Federal.

NÚMEROS DAS RAs REGIÕES

ADMINISTRATIVAS LEI DE CRIAÇÃO NÚMEROS DAS RAs

REGIÕES

ADMINISTRATIVAS LEI DE CRIAÇÃO

RA-I Brasília Lei 4.545 de 10/12/1964(1) RA-XVII Riacho Fundo Lei 620 de 15/12/1993

RA-II Gama Lei 4.545 de 10/12/1964(1) RA-XVIII Lago Norte Lei 641 de 10/01/1994

RA-III Taguatinga Lei 4.545 de 10/12/1964(1) RA-XIX Candangolândia Lei 658 de 27/01/1994

RA-IV Brazlândia Lei 4.545 de 10/12/1964(1) RA-XX Águas Claras Lei 3.153 de 06/05/2003

RA-V Sobradinho Lei 4.545 de 10/12/1964(1) RA-XXI Riacho Fundo II Lei 3.153 de 06/05/2003

RA-VI Planaltina Lei 4.545 de 10/12/1964(1) RA-XXII Sudoeste/Octogonal Lei 3.153 de 06/05/2003

RA-VII Paranoá Lei 4.545 de 10/12/1964(1) RA-XXIII Varjão Lei 3.153 de 06/05/2003

RA-VIII Núcleo Bandeirante Lei 049 de 25/10/1989 RA-XXIV Park Way Lei 3.255 de 29/12/2003

RA-IX Ceilândia Lei 049 de 25/10/1989 RA-XXV SCIA(2) Lei 3.315 de 27/01/2004

RA-X Guará Lei 049 de 25/10/1989 RA-XXVI Sobradinho II Lei 3.315 de 27/01/2004

RA-XI Cruzeiro Lei 049 de 25/10/1989 RA-XXVII Jardim Botânico Lei 3.435 de 31/08/2004

RA-XII Samambaia Lei 049 de 25/10/1989 RA-XVIII Itapoã Lei 3.527 de 03/01/2005

RA-XIII Santa Maria Lei 348 de 4/11/1992 RA XXIX SIA(3) Lei 3.618 de 14/07/2005

RA-XIV São Sebastião Lei 705 de 10/05/1994 RA XXX Vicente Pires Lei 4.327 de 26/05/2009

RA-XV Recanto das Emas Lei 510 de 28/07/1993 RA XXXI Fercal Lei 685 de 14/12/2011

RA-XVI Lago Sul Lei 643 de 10/01/1994

Fonte: Codeplan. Anuário Estatístico do DF – 2016.

Imagem 16 – Evolução da expansão urbana no Distrito Federal, 2004.

Fonte: CODEPLAN, 2009,

Em 2006, foi lançado pelo Governo do Distrito Federal o documento Diagnóstico Preliminar dos Parcelamentos Urbanos Informais, que resulta no levantamento dos loteamentos particulares implantados irregularmente no espaço urbano. O adensamento dos “condomínios” de baixa renda e as pressões da população pobre fortificou-se com o coro dos moradores dos “condomínios” de renda mais elevada, pois esses últimos também compõem ocupações irregularesna metrópole.

Como forma de aclarar a questão, Moura (2010), define o contexto da situação real dos condomínios no Distrito Federal,

“Enquanto atores de camadas médias querem mostrar para a “sociedade” as vantagens da vida em condomínios, setores das camadas populares se beneficiam das possíveis vantagens do reconhecimento do termo condomínio para designar suas áreas habitacionais. Se, para segmentos das camadas médias, viver em condomínio pode designar um modo de vida específico, com maior “qualidade de vida, para os habitantes [periféricos] o condomínio é uma forma de ter acesso à cidade, sem ser chamado de invasor ou favelado” (MOURA, 2010, p. 295).

No ano de 2009, ocorre a atualização do Plano Diretor de Ordenamento Territorial (em vigor até os dias atuais), com base no Estatuto das Cidades. O Plano foi uma forma de contornar as diretrizes dos planos anteriores e passar a atender as necessidades da

dinâmica urbana do Distrito Federal. Esse fato propôs um novo macrozoneamento territorial no Distrito Federal para as áreas urbanas e rurais com iniciativa de participação popular.

O PDOT/2009 revogou os Planos Diretores Locais a cargo das Regiões Administrativas, passando ele próprio a sustentar a gestão das diretrizes do planejamento local. O Distrito Federal passou a ser regionalizado por unidades de planejamento a partir da área de influências e de inter-relações das Regiões Administrativas com a proposta de direcionar os estudos para cada uma das RAs150.

Explica-nos Severo (2014, p. 62), que o PDOT/2009 buscou “priorizar a ocupação dos vazios urbanos nas áreas já consolidadas com infraestrutura implantada, não indicando novas áreas para futuras ocupações. Portanto, o propósito do plano é evitar a criação de novos núcleos urbanos dissociados da malha já existente”. Contudo, esses fatores não se alteram nos conteúdos das paisagens e do espaço urbano do DF, pois as concentrações populacionais das novas áreas regionalizadas carecem de emprego, uma vez que, vale reforçar, a maior parcela da atividade econômica ainda se encontra no Plano Piloto.

O que se pode conferir no PDOT/2009, assim como na conjunção dos planos anteriores é a preservação do Plano Piloto e o controle da população em seu entorno. Em todas as situações apresentadas para o ordenamento territorial do Distrito Federal, há um controle socioespacial na configuração dos vetores de expansão urbana rumo às periferias.

Nas palavras de Campos e Medeiros (2010, p. 156), o PDOT “preconiza um planejamento compreensivo do território, seguindo o princípio da participação popular contida nas diretrizes do Estatuto da Cidade, de outro lado, as intervenções pontuais [...] contradiz o processo”, ou seja, explicita-se a segregação planejada.

A configuração atual indica como tendência de expansão e consolidação da mancha urbana 5 eixos principais, expressos no processo espacial na formação do Distrito Federal (Ver Quadro 4). A proposta dos eixos, segundo Anjos (2010, p. 386), possibilita a existência de um “instrumento para auxiliar a compreensão da dinâmica territorial, como uma tela de fundo para o setor decisório”, ou seja, um complemento para as políticas públicas direcionadas a constituição da mancha urbana em torno desse movimento.

150

Nas palavras de Severo (2014, p. 33) ao “passo que o PDOT/2009 se estruturava enquanto instrumento de planejamento territorial, foram questionados alguns de seus dispositivos considerados pelo Ministério Público do Distrito Federal e Territórios como inconstitucionais. Assim, dois anos após ser aprovado pela Lei Complementar nº 803/2009, tornou-se necessário fazer uma atualização tendo em vista que 60 dos 1.668 dispositivos constantes na lei foram julgados inconstitucionais. Com isso, em 2011 se iniciaram as propostas de atualização do Plano Diretor de Ordenamento Territorial do Distrito Federal, a partir da Lei Complementar nº 17/2011, que antes de chegar ao plenário da Câmara Legislativa do Distrito Federal, o texto passou por audiências públicas e comissões. O texto final foi aprovado em outubro de 2012 pela Lei Complementar nº 854/2012, com atualizações importantes para a estruturação do território”.

Quadro 4 – Principais eixos de expansão urbana no Distrito Federal.

Eixo de urbanização Tendência significativa

1 - Sobradinho, Planaltina, Fercal, Lago Oeste

Nesse segmento norte do Distrito Federal, nos quatro fluxos de crescimento e consolidação urbana, a questão estrutural é o comprometimento ambiental causado pela alta densidade habitacional, a expansão por áreas de concentração de nascente e relevo movimentado e a pressão antrópica na fronteira do Parque Nacional de Brasília

2 – Taguatinga, Ceilândia e Brazlândia

No fluxo viário, na direção da localidade de Águas Lindas de Goiás e Pirenópolis, o processo de expansão e consolidação dos grandes loteamentos periféricos em Águas Lindas de Goiás e a transformação de uso das áreas de hortifrutigranjeiros nas proximidades da Barragem do Descoberto, constitui os fatores fundamentais da desfiguração territorial operante nessa parte do DF

3 – Taguatinga, Samambaia e Santo Antônio do

Descoberto

A consolidação do espaço urbano de Samambaia, o fluxo na direção de Goiânia e a configuração de Santo Antonio do Descoberto com cidade-dormitório e portadora de uma expansão e consolidação de loteamentos urbanos na direção de fronteira do DF, formam os elementos estimuladores básico deste vetor de expressão na porção oeste do território federal

4 – Gama Entorno Sul Luziânia

Com um fluxo de cenário regional, interligando o centro do País à Região Sul- Sudeste, este eixo expressa o dinamismo na direção sul do DF. Os loteamentos urbanos consolidados de alta densidade nas localidades do Novo Gama, de Valparaíso e da Cidade Ocidental, associado ao significativo crescimento da sede municipal de Luziânia, revelam forte processo de transformação acelerada por que passou e ainda passa este eixo de urbanização. Este é o mais importante eixo de expansão da dinâmica territorial.

5 - Leste Vale São Bartolomeu

A margem esquerda do vale do Rio São Bartolomeu, constitui a extensão territorial preferida do processo de expansão dos parcelamentos urbanos em áreas de Cerrado com diferentes níveis de preservação. Estão bem definidas três linhas de crescimento com direção, que tem como conseqüência fundamental o comprometimento ambiental, sobretudo, para os mananciais (assoreamentos) e a cobertura vegetal, particularmente as nascentes que são destruídas pelos traçados urbanísticos dos parcelamentos

Fonte: ANJOS, 2010; Elaboração própria, 2017.

Em estudo realizado por Rafael dos Anjos (2010), foi possível identificar a partir do monitoramento espacial do processo de formação do Distrito Federal o movimento dinâmico de expansão da mancha urbana. Assim, configurou-se seus principais vetores e eixos de crescimento que compõe a paisagem metropolitana do Distrito Federal, como a conhecemos hoje, sendo: