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Empresas fabricantes: prensagem de CDs

Editais culturais

Financiamento 1 Pessoa Física, Empresário Individual ou Micro Empreendedor Individual (MEI): R$ 45.000,00;

3.5. Materialização e desmaterialização dos conteúdos fonográficos: da periferia para o mundo ou como se distribui um RAP?

3.5.1. Empresas fabricantes: prensagem de CDs

No circuito fonográfico após a etapa da produção musical é necessário que toda a regularização do produto gerado esteja em conformidade com as normas em torno do mercado da música. Feito os registros para obtenção dos direitos autorais e códigos de certificação do projeto sonoro, o mesmo é encaminhado para as empresas fabricantes de suporte físico, também conhecido como a etapa de prensagem e/ou duplicação.

As empresas fabricantes são responsáveis pela: fabricação dos suportes; impressão de mídia (bolacha do CD); impressão gráfica (capa e encarte); embalagem; e dependendo da empresa gerar o código de barras180.

Como já vimos no Capítulo 2, na primeira metade dos anos 1990, no Circuito RAP do DF grande parte dos projetos foram lançados em discos de vinil e posteriormente houve o predomínio, ou como muitos agentes do movimento citam, a “revolução” do CD. Nos últimos anos, com a desmaterialização dos fonogramas houve uma queda abrupta da venda de CDs e o predomínio do formato MP3 alterando as formas de distribuição e comercialização do RAP.

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“O valor reside, insistamos, na interação, não no suporte” (DANTAS, 2003, p. 28). Ocorre que com a comunicação, os proprietários dos objetos técnicos com acesso à informação se apropriarão desse valor (informação-valor) que darão origem a outras formas de acumulação ou renda.

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No Brasil, a geração de códigos de barras é realizada pela Associação Brasileira de Automação seguindo o padrão internacional Global Trade Item Number (GTIN13), inseridos no Cadastro Nacional de Produtos (CNP) para a comercialização dos produtos.

Para a referida transformação, atribuímos quatro aspectos fundamentais: a possibilidade de requerer a prensagem por meio de pessoa física e não exclusivamente jurídica; a desconcentração produtiva das empresas fabricantes, pois as mesmas apenas existiam na Zona Franca de Manaus (ZFM); a queda da venda de suportes físicos com a difusão da música na internet; e por fim, o barateamento dos equipamentos para produção que possibilitou a fabricação “caseira”, por meio de torres duplicadoras181.

Em 2013, como forma de conter a queda na fabricação de CDs, foi aprovada no Senado do Congresso Nacional a Proposta de Emenda Constitucional (PEC) Nº 123/2011, mais conhecida como “PEC da Música”, que isenta de impostos a solicitação para fabricação de CDs e DVDs para preservar a produção na Zona Franca de Manaus. Essa medida busca atender a indústria do circuito fonográfico hegemônico, que prioriza estritamente a produção de bens materiais, e não a circulação dos conteúdos.

De acordo com o anuário do “Mercado da Música Brasileira” publicado pela Associação Brasileira de Produtores de Discos, o “mercado de música gravada no Brasil, após quase três anos de crescimento contínuo voltou a sofrer uma pequena redução de 2,8%, influenciado principalmente por acentuado declínio nas vendas físicas de CDs e DVDs musicais, cujo mercado varejista demonstra sentir com mais força os efeitos da crise econômica por que passa o País” (ABPD, 2016, p. 03).

O contexto acima apresenta situações encadeadas referente às mudanças das densidades técnicas e conseqüentemente tecnológicas no circuito fonográfico hegemônico, pois refletem os impactos diretos no mercado da música e conseqüentemente na produção independente do RAP ao logo do tempo, em que avançou para a distribuição virtual dos fonogramas. De todo o modo, mesmo com a queda na venda CDs alguns agentes do circuito local, opta em realizar o lançamento de seus projetos sonoros nesse formato, pois o considera como um cartão de visita que representa um símbolo de profissionalização no movimento.

Catalogamos um conjunto de títulos lançados em dois períodos, um até o ano de 2013 (queda do CD) e outro até 2018, com a finalidade de reconhecer os círculos de cooperação entre as empresas fabricantes de CDs e os selos do circuito (Ver Quadro 11).

181 As torres duplicadoras são equipamentos dotados de menor densidade técnica e tecnológica com

processamento abaixo das linhas industriais, mas que resguardam a qualidade do produto e que atendem por sua vez a escala local. Para saber mais ver em Alves (2014, p. 335) sobre as empresas duplicadoras e sua atuação no circuito sonoro do Recife-PE.

Quadro 11 – Fabricantes de CD que prestam serviços aos selos do Circuito RAP do DF.

Período Fabricante Localização Selo

Atual

Play-R São Paulo - SP Viela 17 Produções

Só Balanço Digital Master Belo Horizonte - MG Skandalo

Triplica do Brasil Goiania-GO Indústria Kamika-Z

Até 2013

Novo Disc Mídia Digital Manaus-AM Marola Discos Laser Disc do Brasil Arujá-SP Marola Discos Digital Master Belo Horizonte - MG KDU Produções

Sonopress Rimo Manaus-AM CD Box

Ponto 4 Digital São Paulo - SP Marola Discos Microservice Tecnologia Digital Manaus-AM Marola Discos

AMZ Mídia Manaus-AM Marola Discos

CD + Nordeste Digital Caucaia-CE Discovery G1 DDM Multimídia São Paulo - SP Discovery G1

Fonte: Trabalho de Campo, novembro de 2016; loja Pro Vinil (CONIC, Asa Sul, Plano Piloto). Elaboração própria, 2016; 2017.

A partir dos títulos lançados até o ano de 2013, conferimos que houve uma maior espessura em direção as fabricantes localizadas na ZFM. Na atualidade, identificamos a existência de três selos que ainda mantém relações com fabricantes de CDs, sendo os selos Viela 17 Produções, Skandalo e Indústria Kamika-Z. Em sua topologia, todos os serviços são solicitados por fabricantes de fora da Zona Franca de Manaus e instaladas nos estados de São Paulo, Minas Gerais e Goiás.

De acordo com nossos interlocutores os critérios estabelecidos pelos selos são: a qualidade do produto/mídia gravada, os custos por unidade gravada e o tempo do prazo de entrega. O tipo de mídia requisitada é a prata com camada reflexiva, pois garante a durabilidade do suporte. Os custos para prensagem de CDs variam entre R$ 1,85 a R$ 2,00 com tiragem mínima de 1000 cópias com entrega prevista para 15 dias, devido à proximidade das empresas inventariadas com o Distrito Federal.

Realizado o processo de fabricação do suporte CD ele está pronto para ser comercializado. No Circuito RAP do DF, os selos e principalmente os próprios rappers são os produtores de informações ascendentes ao direcionar as distintas formas de distribuição dos materiais, seja em lojas especializadas em RAP, na internet, de mão em mão em shows, encontros, nas ruas para poder garantir com a venda a circulação e transmissão dos conteúdos.