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4 FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA EPT: PLATÔ DO RIZOMA INSTITUCIONAL

4.1 CONTEXTO ATUAL DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E TECNOLÓGICA

O rizoma institucional é zona de intensidade de ramificações, pois concentra muitos filamentos na compreensão da realidade docente na EPT. São mobilizados aqui saberes que envolvem a legislação, as políticas de educação e da EPT, aspectos históricos e culturais que compõem as instituições da Rede Federal, e, etnoanálises19 dos sujeitos em contraste com o previsto no discurso oficial.

Conectar esses saberes foi trama que conduziu, ainda, à análise de proposta do MEC para licenciaturas voltadas aos professores da EPT, ação que mobilizou a crítica e a formação de outro rizoma – curricular. No que pese a sua importância, não me aprofundei na discussão sobre o currículo na EPT, por compreender que o percurso na produção de dados teve um limite temporal e não foi possível um olhar ampliado em relação a esse ponto. Mas, ficaram alguns pontos de germinação para pesquisas futuras.

Iniciei a incursão pelo contexto de mudanças que a Educação Profissional e Tecnológica no Brasil vem passando nos últimos anos, a partir de políticas públicas que desencadearam propostas diversas de formação profissional, com programas voltados para a inserção social de jovens e adultos, (re)valorização do ensino técnico, ampliação da oferta de vagas e de cursos, estabelecimento de catálogos de

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Etno, aqui, é inflexão que vai densificar/nutrir a formação no sentido de reforçar o caráter irremediavelmente experiencial (MACEDO, 2012). Assim, os sujeitos realizam a partir de seu cotidiano, onde pensam com suas aprendizagens e experiências, etnoanálises.

cursos técnicos e de cursos tecnológicos, criação e regulamentação dos Institutos Federais (IFs), expansão da Rede Federal com a construção de novos campi, formalização de parcerias com estados e municípios, internacionalização, entre outros.

Apesar dessas mudanças, a concepção de Educação Profissional da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDB não sofreu grandes alterações. Remete-se, ainda, à integração da Educação Profissional às diferentes formas de educação, ao trabalho, à ciência e à tecnologia, no contexto do desenvolvimento de aptidões para a vida produtiva, ou seja, não há como negar que existe também uma influência mercadológica nessa formação profissional.

Com a regulamentação dos artigos 39 a 41 da LDB pelo Decreto nº. 5.154 de 23 de julho de 2004, o campo de desenvolvimento da Educação Profissional define- se por meio da oferta de cursos e programas de: I – formação inicial e continuada de trabalhadores; II – educação profissional técnica de nível médio; e III – educação profissional tecnológica de graduação e de pós-graduação.

Como premissas, a educação profissional adota, legalmente, as seguintes: I – organização por áreas profissionais, em função da estrutura sócio-ocupacional e tecnológica; e II – articulação de esforços das áreas da educação, do trabalho e emprego, e da ciência e tecnologia. Essa articulação de áreas está atrelada ao atendimento de diversas políticas públicas de interesse do governo federal.

Dessa forma, a educação profissional parece continuar como meio integrador e possibilitador na “solução” de problemas estruturais no Brasil, como é o caso da reinserção de trabalhadores em atividades produtivas; desenvolvimento e oferta de cursos que atendam a demandas sociais e das organizações, como a oferta de cursos para reeducandos do sistema prisional; desenvolvimento de pesquisas específicas de setores da área de tecnologia, entre outros.

Tecer a trama que forma o enredo desta tese neste platô evidencia uma disparidade entre o que os documentos oficiais apresentam e o contexto observado na pesquisa de campo. Talvez, dentre as mudanças institucionais ocorridas na EPT a que seja o sustentáculo de todas as políticas implantadas na atualidade seja a criação dos IFs em 29 de dezembro de 2008. A compreensão do cotidiano institucional e consequentemente do que envolve todo o entrelaçamento e

entrecruzamento de situações vividas pelos professores no seu contexto de trabalho se complexifica na medida em que se constata a enorme distância entre o prescrito e a realidade vivida.

O novo modelo de instituição de educação profissional e tecnológica foi criado pelo MEC através da Lei nº 11.892/2008 e estruturado a partir do potencial instalado nos Centros Federais de Educação Tecnológica (CEFETs), nas Escolas Técnicas Federais, nas Agrotécnicas e Escolas vinculadas às Universidades Federais, tendo como foco a justiça social, a equidade, a competitividade econômica e a geração de novas tecnologias (BRASIL, 2010).

No documento oficial o MEC considera que os IFs “[...] responderão, de forma ágil e eficaz, às demandas crescentes por formação profissional, por difusão de conhecimentos científicos e tecnológicos e de suporte aos arranjos produtivos locais” (BRASIL, 2010, p. 3).

Para o MEC, com a implantação dos IFs, o conjunto de políticas para a educação profissional e tecnológica, como a expansão da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica; as medidas adotadas em cooperação com estados e municípios, com objetivo de ampliar a oferta de cursos técnicos, sobretudo na forma de ensino médio integrado, inclusive utilizando a forma de Educação a Distância (EAD); a política de apoio à elevação da titulação dos profissionais das instituições da rede federal com a formação de mais mestres e doutores; a defesa de que os processos de formação para o trabalho estejam visceralmente ligados à elevação de escolaridade; tudo isso reafirma a perspectiva de formação cidadã.

Essas ações são parte de metas ambiciosas do governo, iniciadas a partir de 2005, com a expansão da Rede Federal de Educação, Científica e Tecnológica. São diversos programas que integram o Plano Nacional de Educação (PNE) 2011-2010, entre eles o Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego (PRONATEC), a Escola Técnica Aberta do Brasil (E-TEC), Programa Educação, Tecnologia e Profissionalização para Alunos com Necessidades Educacionais Especiais (TECNEP), EPT Indígena, EPT Quilombola e o Programa Nacional de Integração da Educação de Jovens e Adultos (PROEJA).

Em campo pude observar que essas mudanças exigiram especificamente do professor uma rapidez na sua formação que não acompanhou, aparentemente, as

demandas e prazos que as políticas criadas impõem alcançar. Nas narrativas que seguem, observamos as etnoanálises docentes:

Eu acho que até hoje o impacto continua, o inicial, o de Escola para Cefet. Esse impacto inicial, ele bate sobretudo na mudança do perfil do professor. Na minha opinião – eu que acompanhei o processo de cefetização e acompanhei a mudança para instituto – essa mudança no perfil que vai exigir um professor que, em tese, tenha uma formação superior, pós-graduada como mestre como doutor, e também uma produção específica nos seus campos de atuação específica, ou campos de fronteira, gera medo, incômodos e comparações negativas de quem produz. O sujeito que produz – eu digo isso porque eu estou falando desse lado – o sujeito que produz, ele é visto como um sujeito incômodo, e eu percebo isso com cada vez mais ênfase, como um sujeito incômodo, mas isso de modo algum vai arrefecer a forma como eu entendo pesquisa, ensino e nem alterar o sujeito que eu sou. Eu digo isso aos colegas, estou dizendo aqui a você, digo aos colegas, digo a quem me pergunta no corredor, na rádio corredor, e falo! Porque a gente tem, precisa pelos menos se expressar e refletir um pouco sobre isso, mas eu não vejo possibilidade de mudança em tempo rápido não. [...] De mudança institucional e de mudança do professor, porque quem faz a instituição são esses professores que continuam sem pesquisar ou que tira o título de doutor para ter mais R$ 1.000,00 (mil reais), R$ 2.000,00 (dois mil reais), só isso sem nenhuma preocupação ou compromisso com o entorno social no qual se inserem. Me desculpem se eu estiver errada, mas essa é a minha percepção, eu estou falando de algo que eu noto, que eu observo até nas próprias conversas informais (Profa. Espada de São Jorge, entrevista biográfica, dia 13/10/2011, transcrição, p. 10). Sinceramente, eu não vi mudança, eu acho que não existe nem mudança de Escola Técnica para Cefet. A mentalidade das pessoas que estão lá ainda hoje continua sendo de Escola Técnica, então eu vejo que não existe uma preocupação, até existe um incentivo, incentivo eu digo, de instalação, então assim de você dizer: faça, monte o curso; existe o incentivo para se montar, não existe o incentivo financeiro, um apoio estrutural, o incentivo é só de boca: vamos montar cursos superiores, vamos montar cursos destinados a jovens e adultos. Então eles incentivam essa prática, vindo lá de cima, né? Por obrigação do governo, porque o governo obriga [...]. O incentivo está no discurso, era isso que eu queria falar, o incentivo está no discurso, vamos montar, vamos fazer, vamos... quando faz, nada. Então o discurso é esse e aí, quando faz, não existe um incentivo, então o discurso é ‘Vamos fazer pesquisa, vamos fazer extensão’; na hora que a gente precisa de apoio efetivo não tem. Ah... na hora que a gente tá trabalhando, é..., saindo para apresentar trabalho em congresso, que a gente se torna uma referência lá fora, aqui dentro ninguém nem sabe, você não é nada, você não faz nada, porque para o Instituto hoje o que vale é você ter 20 horas de sala de aula e 4 horas de RP, de reunião, ta? O que vale é isso, ta? Se você faz pesquisa, extensão, se você tem orientação de TCC, para eles tanto faz. Eu tenho 10 orientandos de TCC, agora me pergunte como eu consigo conciliar os horários; é aquela história, eu não consigo dar a orientação que eu gostaria, as meninas me ligam: Já leu professora? Eu não consigo orientar, eu tenho 1 orientanda de pesquisa, 10 orientandos de TCC, além das atividades que eu tenho lá, né? Que a própria coordenação lhe coloca, por exemplo, [...] desenvolver os currículos dos professores para o reconhecimento do MEC. Quando você olha o tempo que você tem, você não tem tempo para nada, nem família, nem cuidar de casa, nem fazer feira, nem nada, então eu vejo o Instituto como Escola Técnica, então a intenção é ter 20 horas-aula, professor dar aula. [...] sem dúvida, eu vejo isso realmente como escola técnica, de você montar, de você não trabalhar as outras vertentes, os cursos superiores... de qualquer forma desestimula a querer ter orientando de TCC, pesquisa, desestimula. [...] não vejo uma mentalidade de instituto federal como

desenvolvimento científico e tecnológico como eles falam, é essa mentalidade é que eu vejo lá (Profa. Rio, entrevista biográfica, dia 21/10/2011, transcrição, p. 6-7). Entre essas novas políticas instituídas com a criação dos Institutos Federais, destaca-se a que inclui o PROEJA, já citado, a qual “[...] reafirma que formação humana e cidadã precede a qualificação para o exercício da laboralidade e pauta-se no compromisso de assegurar aos profissionais formados a capacidade de manter- se permanentemente em desenvolvimento” (BRASIL, 2010, p. 6).

Nesse sentido, a concepção de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) orienta os processos de formação com base nas premissas da integração e da articulação entre ciência, tecnologia, cultura e conhecimentos específicos e do desenvolvimento da capacidade de investigação científica como dimensões essenciais à manutenção da autonomia e dos saberes necessários ao permanente exercício da laboralidade, que se traduzem nas ações de ensino, pesquisa e extensão. Por outro lado, tendo em vista que é essencial à educação profissional e tecnológica contribuir para o progresso socioeconômico, as atuais políticas dialogam efetivamente com as políticas sociais e econômicas, dentre outras, com destaque para aquelas com enfoques locais e regionais (BRASIL, 2010, p. 6-7).

O modelo dos IFs é o de uma autarquia de regime especial de base educacional humanístico-técnico-científica que articula a educação superior, básica e profissional, pluricurricular e multicampi, especializada na oferta de educação profissional e tecnológica em diferentes níveis e modalidades de ensino (BRASIL, 2010). Para o MEC, os Institutos Federais

[...] trazem em seu DNA elementos singulares para sua definição identitária, assumindo um papel representativo de uma verdadeira incubadora de políticas sociais, uma vez que constroem uma rede de saberes que entrelaça cultura, trabalho, ciência e tecnologia em favor da sociedade (BRASIL, 2010, p. 19).

Ao contrário do prescrito pela instituição pública, os professores da EPT participantes da pesquisa fazem emergir uma realidade distinta da indicada pelo MEC. No seu DNA os elementos singulares de identidade parecem ainda opacos para aqueles que no cotidiano fazem a educação profissional:

[...] Tá, legal. Deixa eu falar uma coisinha que pode ser que ajude na minha resposta. Numa dessas primeiras mudanças, numa dessas primeiras e nessa história que eu ainda estava envolvido como professor, alguém da nossa escola disse: a nossa catraca, nossa logomarca, aí mudou. Aí, Homem, vamos tentar mudar, já que está mudando de nome, sei lá de quê, vamos mudar a catraca. Aí eu perguntei: Mas, mudar a catraca a gente se compromete com um bocado de coisa, né? Porque não é só mudar a catraca, o logotipo, a logomarca, o que vai nos representar graficamente, pode ser que um cliente mais exigente ele nos cobre. Eu saio da catraca e vou para onde? Tá. Quer

mudar? A gente muda, mas vai mudar só um desenho porque, eu brincando... né? Brincadeira. Eu acabei de sair de uma reunião com um professor para que os alunos não mexessem nas pranchetas, queria parafusar no chão, para que ninguém mexesse na organização das pranchetas. Vamos mudar a catraca? Se quiser a gente muda, então, não tem mudança nenhuma, a não ser de nomes, como se fossem letreiros, mas essência do que essa mudança que a gente poderia aproveitar para alavancar, a mudança em si, de postura, também não aconteceu nenhuma mesmo, nenhuma mesmo [...] (Prof. Homem, entrevista biográfica, dia 09/11/2011, transcrição, p. 9).

[...] o que atrapalhou a escola técnica foi, quando CEFET, o governo Fernando Henrique ter acabado com o curso técnico. Isso atrapalhou a identidade do ensino técnico federal em Alagoas, que é o Instituto. Eu acho que nos 4 anos, 8 anos que Fernando Henrique governou e que acabou com o ensino técnico, ali foi um momento de grande crise, de grave crise de perda de identidade e que afetou alunos e professores, porque os professores também tiveram que se readequar e houve uma cisão entre a parte técnica, que era esse o objetivo, e os demais professores; então existiam os professores com os saberes técnicos e os outros (eram os de língua portuguesa, de ciências, de matemática, aqueles outros...) essa cisão foi muito ruim... (Profa. Espada de São Jorge, entrevista biográfica, dia 13/10/2011, transcrição, p. 10-11).

É característica histórica das instituições da rede federal de educação profissional e tecnológica o atendimento a diferentes políticas e orientações governamentais que se baseavam na centralidade do mercado, na hegemonia do desenvolvimento industrial e em um caráter pragmático e circunstancial.

Contudo, é importante – para a presente tese – ressaltar que o próprio MEC, em documento oficial, reconhece

[...] neste contexto, uma outra dimensão associada à rede federal de educação profissional e tecnológica e que diz respeito à competência de instituições de tecerem em seu interior propostas de inclusão social e de construírem ‘por dentro delas próprias’ alternativas pautadas nesse compromisso, definidas pelo seu movimento endógeno e não necessariamente pelo traçado original de política de governo (BRASIL, 2010, p. 20).

Esse movimento endógeno citado, essa fuga ao plano traçado pela política de governo interessa porque: “[...] o parcelamento e a compartimentação dos saberes impedem apreender ‘o que está tecido junto’” (MORIN, apud BRASIL, 2010, p. 24).

Nesse sentido, durante as entrevistas biográficas realizadas com os professores do IFAL, foi possível sensivelmente perceber o quanto essa perspectiva sobre os Institutos Federais, prescrita pelo MEC, é afastada quando estes afirmam, por exemplo, que:

Cefetizou em 1999, eu entrei em 2006, peguei 2006, 2007, 2008 de Cefet. [...] não é fazer propaganda não, é dizer que existe pelo menos. Como é que a universidade lança um curso de Design agora e o jornal indica que é o primeiro curso em Maceió, tendo um curso de Design de Interiores com 10 anos existindo? Quer dizer, a ideia de instituto federal não existe, é ainda escola técnica, todo mundo sabe que escola técnica existe, que tem o curso de edificações, mas ninguém sabe que tem curso superior, que tem curso destinado para jovens e adultos; no máximo as pessoas mais esclarecidas, que escutam do governo federal, que sabe da existência desses, mas a população em massa não sabe. Então você entra em um táxi: Eu vou para o instituto federal, pois é escola técnica. Ah, então vamos, não é aquela lá no Poço. É. Então vamos [...] (Profa. Rio, entrevista biográfica, dia 21/10/2011, transcrição, p. 6). Outra questão muito forte em relação à racionalidade técnica preponderante na formação profissional e que, em certa medida, requer que os currículos da EPT procurem um diálogo maior entre a técnica e a formação integral do sujeito é quando, dentro da própria instituição, há uma diferença evidente, imposta e não dialogada, sobre professores considerados da área técnica e os docentes que fazem “formação geral”.

Essa separação culturalmente prescrita, inclusive pelas políticas públicas, traz consequências que custam muito caro ao desenvolvimento da pesquisa, do ensino e da extensão, e, principalmente, algo que parece totalmente fora da pauta de discussão curricular da instituição; custam caro à própria formação do sujeito que busca qualificação/formação profissional. A narrativa abaixo carrega uma parte do que afirmamos:

Dentro de um lugar técnico os outros serão sempre os outros, mesmo que aquele espaço esteja balançado, alterado, mas nós estamos em um espaço de conhecimento técnico, que forma para o trabalho, essa é a minha percepção, pode até ser que outro colega tenha outra visão. Inclusive quando a gente entra e conhece e entende a estrutura, eu sempre me vi como uma colaboradora, eu não sou a pessoa-chave da cena, eu colaboro, porque os saberes que vão circular com força e ênfase são os saberes técnicos, os demais darão todo o suporte para ressalva do domínio técnico. Isso é muito bonito, não deixa um menor em relação ao outro, ou pelo menos não deveria deixar. Deixa os outros, a cisão, porque se criou essa cultura, mas essa cultura pode ser retrabalhada... (Profa. Espada de São Jorge, entrevista biográfica, dia 13/10/2011, transcrição, p. 11).

Assim, o cotidiano revela o distanciamento do contexto previsto e pregado nos documentos oficiais. As tensões na EPT parecem ampliar as possibilidades dos imprevistos e da desconstrução da/na formação dos que dela participam.

4.2 TENSÕES NA EPT: (IM)PREVISTO(S) E (DES)CONSTRUÇÃO DA/NA