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Colegialidade artificial

Capítulo 3 – Metodologia de investigação

3.3. Contexto da investigação e participantes no estudo

O presente processo investigativo ocorreu num agrupamento de escolas de uma cidade da periferia de Lisboa.

Trata-se de um agrupamento criado no ano letivo 2004/2005, constituído por dois JI isolados, uma escola básica integrada com JI e 1.º Ciclo, três escolas de 1.º Ciclo e uma escola de 2.º e 3.º Ciclo (escola-sede do Agrupamento de Escolas do Bosque).

Segundo dados apresentados no Projeto Educativo do Agrupamento (PEA), no ano letivo de 2011-2012, o agrupamento dispôs de 157 professores, sendo que no presente ano letivo, devido à conjuntura política e económica do país, o número de docentes decresceu (dados exatos não disponíveis no PEA ou em qualquer outro documento consultado). No DCEP, no entanto, o número de docentes aumentou de oito para dez, com a abertura de mais duas salas, respondendo assim, de forma mais, adequada às necessidades da população da sua área de abrangência nesta faixa etária.

De acordo com o PEA, trata-se de uma população escolar que vai dos 3 aos 65 anos, não sendo possível precisar a quantidade exata de alunos, devido ao número variável que frequentou o Centro das Novas Oportunidades (CNO). No entanto e segundo o mesmo documento, no ano letivo 2011/12 o número de alunos rondou os 1762 . A Educação Pré-escolar, no referido ano lectivo, compreendia 176 alunos, sendo que presentemente este número é de 219 alunos. Desta população, a maioria já completou os 5 anos de idade e cerca de 60% são do sexo masculino. Metade das 10 salas do departamento da Educação Pré-escolar inclui crianças com necessidades educativas especiais.

Para compreender de forma clara a população do agrupamento colaborante é fundamental que se entenda a evolução da população concelhia. Devido à sua situação geográfica, o concelho onde o agrupamento do nosso estudo se situa, não só serve de dormitório da cidade de Lisboa, como apresenta, desde os últimos anos, um considerável desenvolvimento devido à criação de vários polos industriais e superfícies comerciais de largas dimensões, que atraem população e oferecem oportunidades de emprego diversas.

Deste modo, tem sido constante, ao longo dos anos, um aumento da população neste concelho, sendo que, parte substancial da mesma, é originária de outras partes do país e do mundo. Efetivamente, uma das características principais do concelho é a sua diversidade cultural. Uma vez que os elementos característicos de uma população transvasam para o interior das organizações que servem essa mesma população, nomeadamente, das organizações escolares, o agrupamento de escolas colaborante no nosso estudo caracteriza-se igualmente por esse pluralismo cultural. No que se refere à população imigrante, se numa fase inicial, estes elementos populacionais eram originários essencialmente dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), segundo o PEA, “atualmente, a diversidade dos países de origem é enorme: Brasil, China, países do Leste, Índia, Paquistão, etc.” (p. 8)15

No ano letivo 2011/2012, o agrupamento tinha 634 alunos com noutras nacionalidades, o que ultrapassa largamente um terço da população do agrupamento (ficando aqui por incluir o vasto número de alunos que, apesar de terem nascido em Portugal, possuem origens culturais de outras regiões do mundo e por elas são influenciados). Segundo as

informações apresentadas no PEA, no ano letivo 2011/12 os grupos de imigrantes dominantes são de nacionalidades africanas, seguindo-se-lhe o Brasil e os países do leste da Europa. O DCEP, no presente ano letivo inclui na sua população cerca de 74 alunos (33,8%) que crescem sob influências culturais e familiares não portuguesas. Também neste departamento se verifica que a nacionalidade estrangeira mais frequente nos pais das crianças pertence ao continente africano: Angola. O Brasil representa a segunda maior minoria étnico-cultural deste departamento. A tabela abaixo apresenta as nacionalidades dos pais dessas crianças do DCEP no ano letivo 2012/13.

Quadro 3 – Distribuição da nacionalidade dos pais não portugueses no DCEP (construído através de informação recolhida no PEA

Nacionalidade Mãe Pai

Angolana 15 16 Brasileira 14 12 Guineense 7 7 Romena 7 7 Cabo-verdiana 6 5 Ucraniana 6 4 São-tomense 4 3 Paquistanesa 4 3 Moçambicana 3 4 Indiana 2 1 Nigeriana 1 1 Búlgara 1 1 Chinesa 1 1 Egípcia 1 1 Iraquiana 1 1 Paraguaia 1 0 Nepalesa 0 1 Francesa 0 1 Alemã 0 1 Totais 74 70

Participaram na nossa pesquisa as 10 educadoras que constituem o DCEP em estudo. Estas educadoras têm idades compreendidas entre os 30 e os 60 anos, sendo a faixa etária entre os 55 e 59 anos de idade a que apresenta maior expressão (ver gráfico 1).

Gráfico 1 – Idades da população participante no estudo

1 0 1 2 2 4 30-34 35-39 40-44 45-49 50-54 55-59 Idades

As educadoras participantes no nosso estudo têm, como demonstra o gráfico que se segue, entre 12 e 36 anos de tempo de serviço docente, sendo que a maioria (5) possui entre 30 e 34 anos de carreira profissional docente.

Gráfico 2 – Tempo de serviço docente das participantes

Uma participante é docente contratada e as restantes fazem parte dos quadros: duas do Quadro de Zona Pedagógica (QZP) a que o agrupamento pertence, uma de outro QZP e em situação de mobilidade e as restantes seis do quadro do agrupamento de escolas estudado.

O tempo de serviço das educadoras no agrupamento onde se desenvolveu o estudo varia entre os 0 anos (contratada e colocada no agrupamento pela primeira vez) e os 12 anos, como é observável no gráfico 3. Sendo que uma das educadoras não soube afirmar com precisão o seu tempo de serviço.

Gráfico 3 – Tempo de serviço das participantes no agrupamento

Ao nível da formação académica, todas as educadoras possuem formação “pré- Bolonha”. Tal como exposto no gráfico 4, duas educadoras participantes no estudo têm apenas o bacharelato; quatro possuem licenciatura; uma possui bacharelato e um curso de especialização em “Problemas graves de comunicação”; e três possuem formação ao nível de mestrado: uma em Educação Especial – Domínio Cognitivo e Motor, outra em Artes em Pedagogia e uma terceira em Ciências da Educação.

0 2 4 6 10-14 15-19 20-24 25-29 30-34 35-39 # de e du ca do ra s Anos de serviço 0 2 4 6 0-4 5-9 10-14 não sabe # d e E d u ca d o ra s Anos de serviço

Gráfico 4 – Formação académica das educadoras

Ao nível da formação continua, as áreas que as educadoras mais privilegiaram foram as das expressões, Tecnologias da Informação e da Comunicação (TIC), literatura infantil, trabalho de projeto, avaliação das aprendizagens e as necessidades educativas especiais. Como se pode verificar pelo gráfico 5, no ano letivo 2012/13 a maioria das educadoras do departamento não acumula a docência com outras funções ou cargos. No entanto, quatro educadoras possuem acumulação de funções, sendo que duas desempenham a função de coordenadoras de escola, uma é coordenadora pedagógica e uma é coordenadora de departamento.

Gráfico 5 – Acumulação de funções das educadoras