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3. Dimensão técnica da DTVi

3.2 Convergência

Os avanços das telecomunicações estão promovendo aquilo que está sendo chamado de “convergência tecnológica”. Num limite extremo, a convergência poderá concentrar, em uma só rede e em um só aparelho, todos os serviços de transmissão e recepção de áudio, de vídeo e de dados. Mesmo diante da possibilidade existente de que tal convergência não seja abrupta devido a questões de pratica de uso, é improvável que não ocorra contrariando a opção de exploração mercantil em multi- serviços em redes paralelas semelhantes (telefonia, Internet, DTVi, ...). Pode-se pre- ver que nos próximos anos ela será muito intensa e aqueles que conseguirem intuir os desejos dos consumidores, deverão dominar o nascente mercado de serviços convergentes.

Além das novas possibilidades abertas pelos avanços tecnológicos, a conver- gência deverá ser afetada pela competição entre as várias formas de apresentação dos serviços mediante interfaces tais como (i) as hiper-textuais, como as atuais pá- ginas de Internet, (ii) os programas interativos de realidade virtual, como os usados em videogames, (iii) os sistemas em menus, (iv) diálogos, ou o que mais a criativi- dade permitir.

A Internet terá um papel fundamental como catalisadora na era da conver- gência. Com sistemas baseados em VoIP (Voice over Internet Protocol), como o fa- moso Skype50, já se tornou possível colocar a telefonia na rede mundial. Com a apli-

cação de outro protocolo semelhante, o IPTV (Internet Protocol Television), as pro- gramações das emissoras de TV aberta também já estão sendo disponibilizadas na Internet51. Hoje já existem milhares de programas de vídeo, de emissoras de TV e de outros produtores de conteúdo que podem ser acessados via Internet.

No momento, as limitações ao uso dessas facilidades estão localizadas no la- do dos usuários, pois apenas um pequeno percentual dos domicílios brasileiros pos- sui computador e acesso à Internet. Menor ainda é o percentual de usuários que contam com a largura de banda adequada a esses novos serviços. Com o advento de novas tecnologias que suportam transmissão de dados digitais e com a crescente noção social da importância do acesso à Internet, a difusão da banda larga deve ga- 50 www.skype.com/intl/pt

nhar força, acelerando a convergência. No entanto, políticas públicas devem ser cri- adas e implantadas no sentido de transformar as potencialidades da DTVi em servi- ços acessíveis à sociedade, inclusive o acesso a Internet.

Borko et al. (1998) revela que habituais usos de infovias de informação agre- gada às possibilidades de multimídia interativa estão produzindo uma latente neces- sidade de convergência do uso de TV com as funções típicas de computador (pro- cessamento e armazenamento em memória), incorporando as características dos dois terminais em um mesmo dispositivo. Usuários avançados estão exigindo flexibi- lidade na TV, tal como em seus computadores, e com o mesmo nível de interativida- de e conteúdo sob demanda, específico às suas necessidades. Embora, o modo natural seria proporcionar uma convergência tecnológica, o desafio é estabelecer uma arquitetura de hardware e suas interfaces para os provedores de informação que também apóiem o acesso a softwares, dispositivos e periféricos pelo telespecta- dor, além de pleitear o uso normal do meio TV. Ainda que hoje, primordialmente, se use um PC para o acesso à rede e seus serviços, novos sistemas de TV interativos experimentais estão usando a DTVi no acesso a redes capazes de prover conectivi- dade de usuários a diversos provedores de informação.

Para prover interatividade plena, um terminal deve ser um “processador de arquivos digitais multimídia” incluindo componentes de computador (CPU poderosa, memória, BIOS e sistema operacional), periféricos (leitor e gravador de DVD, contro- le remoto, impressora, HD) e o próprio monitor de vídeo, que pode ser um aparelho de TV (BORKO et al. 1998). Uma rede realmente interativa depende de terminais capazes de estabelecer comunicação através de canais de retorno e interfaces para serviços interativos e softwares com os mais diversos fins. O subsistema computa- cional consiste de um poderoso processador que processa em tempo real, operando a memória que executa sistemas de A/V/D. Enquanto ocorre esse processo de con- versão e apresentação, um aplicativo do tipo middleware produz elementos gráficos de interface para navegação. O subsistema de comunicação conecta o terminal à infra-estrutura de rede e o subsistema de controle periférico permite aos usuários conectarem a uma variedade de periféricos ao terminal receptor.

Esta convergência advinda da plasticidade dos meios digitalizados também permite uma inovação de grande impacto sócio-econômico. Com a padronização

permitida pelo código numérico em bits (mídia digital, tecnologia da informação e telecomunicações), cada vez mais adentram o campo uma da outra, em uma conseq uente convergência de usos e atuações. Há de se esperar que, assim como aconte- ceu com as transposições percussoras, a transformação da TV analógica em digital se fará de forma comedida, evitando grandes impactos comerciais, se modernizando por seguimentos e permitindo uma gradual transposição.

Inicialmente, apenas os estúdios e a base industrial substituirão seus equipa- mentos. Em uma fase posterior, se estabelece politicamente um padrão técnico uni- forme de distribuição e transmissão e, finalmente, surgem as primeiras experiências comerciais dos novos modelos de negócio. Em um futuro próximo, pode-se esperar grande diversidade de possibilidades resultantes da união deste aparato tecnológico em um terminal de TV inteligente acessando um sistema radiodifusão de plena inte- ratividade, integrando, por exemplo: (i) TV aberta, canais por assinatura e programas pay-per-view, (ii) TV de Alta Definição (HDTV), (iii) guias de programação eletrônica de conteúdo (EPG), (iv) canais de previsão meteorológica atualizados em tempo re- al, (v) informações de tráfego regionais e mapas, (vi) programação personalizada, (vii) gravação em HD pessoal ou virtual (PVR - Personal Video Recorder), (viii) na- vegadores de rede, (ix) entretenimentos interativos, (x) bibliotecas de áudio e rádio digital, (xi) envio de vídeo sob demanda, (xii) comércio eletrônico pela TV (T- commerce), (xiii) transações bancárias (T-banking), (xiv) reconhecimento de usuá- rios, (xv) propaganda focalizada, (xvi) governo eletrônico (T-govern), (xvii) serviços de utilidade pública, (xviii) prestação de serviços comunitários locais, (xix) interativi- dade com a central e mesmo em rede ponto a ponto, (xx) jogos multi-usuários, (xxi) interface da TV personalizada, (xxii) segurança eletrônica doméstica, (xxiii) serviços educacionais e instrutivos, como EAD, (xxiv) bibliotecas digitais multimídia, (xxv) versões eletrônicas de jornais e revistas impressos, (xxvi) canal de pequenos anún- cios e páginas amarelas, (xxvii) rede doméstica entre terminais, (xxviii) correio ele- trônico (T-mail), (xxix) fóruns temáticos, (xxx) telefonia pela TV (vídeo fone e telecon- ferências) e (xxxi) transmissão de dados privados através do espectro de rádio freq uência.

Por ocasião da discussão sobre a DTVi, os radiodifusores e as operadoras de telefonia brasileiros, especialmente as prestadoras da telefonia celular, colocaram-se em campos opostos não só quanto ao padrão a ser escolhido, mas também quanto

a aspectos como o modelo de exploração. Entre os pontos de divergência está na não necessidade, pelo sistema adotado, da mediação dos provedores de telefonia celular para a recepção, pelos aparelhos celulares, do sinal de DTVi transmitido por emissoras de TV. Na verdade, a escolha desse modelo de exploração promove um ganho na atual cadeia de valor do setor de TV, não permitindo, especialmente, que as empresas de telecomunicações passem a prestar serviços sobre a plataforma de DTVi, o que vai de encontro aos interesses dos radiodifusores e usuários.

Martins (2006) afirma que essa disputa pode não ser o melhor caminho. A complementaridade entre os setores de telecomunicações e de mídia pode se tornar interessante em um primeiro momento, uma vez que os modelos de negócio, cultu- ras organizacionais, valores e focos são distintos e podem se complementar. Co- nhecimentos típicos das difusoras (venda de espaço publicitário, serviço gratuito, broadcasting verticalizado, veículo de comunicação de massa) em associação com as experiências das telefônicas (venda de conectividade, serviço por assinatura ou pré-pago, multicasting, múltilplos players, comutação, identidade, intermitência e te- lefonia). O uso compartilhado de suas infra-estruturas e culturas organizacionais complementares podem abrir espaço para novos serviços e novas fontes de receita para ambos os atores.

As diferenças dos principais atores que trabalham com as redes de informa- ção (operadoras de TV a cabo e companhias telefônicas) são refletidas na forma como eles definem a infra-estrutura de rede futura para sistemas de DTVi. As novas tecnologias de linha digital permitem às companhias telefônicas oferecerem vídeos sob demanda e serviços interativos sobre a rede pré-existente de cobre trançado (cabos coaxiais). ADSL (Asymmetric Digital Subscriber Line) é o serviço usado pelo consumidor para aplicações que incluem transmissão de vídeo em boa qualidade, fazendo uso de alta tecnologia para máxima compressão, distribuído ponto-a-ponto em cima do número de IP. ADSL emprega técnica de multiplexação de freq uências com a divisão em pacotes para transmitir em vários tipos de canais em capacidade otimizada.

O sistema de TV a cabo é de uma só via, baseado em vídeo radio-difundindo em fios de cobre ou fibra ótica. Um típico sistema de cabo de 450 Mhz em cobre já equivale a todo espectro de freq uência de rádio de 50 a 450 MHz com 6 MHz dos

canais analógicos, rendendo uma capacidade de cerca de 65 canais analógicos, ou centenas de digitais. A última meta para um sistema interativo de TV a cabo é criar uma rede de serviços com infra-estrutura capaz de apoiar a radiodifusão televisiva digital, como também habilitar o acesso a vários serviços disponibilizados por prove- dores de conteúdo.

A fibra ótica está na base das futuras infra-estruturas tanto das redes de TV a cabo quanto da telefonia. A maior expectativa está na união destas redes e seus serviços numa “infovia” expressa global de comunicação, a FSN (full-service net- work), que consiste de uma hierarquia de sub-redes interconectadas convergindo para várias áreas de atuação que, entre outros serviços, poderia prover a DTVi. O sistema consiste de provedores de informação em vários níveis, como de entreteni- mento, educacional, institucional, bibliotecas digitais ou e-governo, associados a di- versos serviços interativos (BORKO,1998). Provedores de rede fornecem o transpor- te de mídia através de redes físicas integradas. Independente das estruturas que possam suportar sistemas digitais interativos, nelas novos serviços baseados em comunicação podem ser estabelecidos.

Para sistemas digitais, não é apenas a largura de banda dos canais que im- porta, mas também sua configuração de distribuição. Uma rede de telefonia pode ser vista como em forma de estrela, com linhas irradiando a partir de um centro. Ou seja, é improvável que não haja sempre um caminho livre dentre as possíveis conexões de uma casa a outro ponto de acesso. Por sua vez, a TV a cabo usa uma via em forma de laço, como as fileiras de luzinhas de natal, distribuindo o sinal a cada casa conectada ao fluxo principal. A largura da fibra usada para a TV é maior, mas a con- figuração de estrela da telefonia é mais apropriada para a nova forma de distribuição de conteúdo específico. Tendo em vista que uma infovia nada mais é que o movi- mento global de bits, basta colocar um provedor que as reúna em pacotes com o endereço certo do demandante que ele receberá em frações de segundos todo o conteúdo que solicita, mesmo que automaticamente em uma programação padrão. Funciona análogo ao sistema de correios, só que com envios de dados cada vez mais eficientes devido às constantes melhorias quanto a largura de banda, compres- são e taxa de transferência. Em um tempo aparentemente instantâneo, poder-se-ia receber toda a programação de TV para um dia de exibição. Todas as indústrias concernentes, uma após a outra, terão seu futuro alterado pelas inúmeras possibili-

dades de seus produtos, serviços e inevitavelmente seu negócio agregarem as po- tencialidades digitais, influindo, inclusive, no desenvolvimento social das nações. (NEGROPONTE 1995, p. 18, 38 e 39)

Desde sua assimilação, a Internet tem sido utilizada pela sociedade como uma infra-estrutura de informação global, e o deve ser ainda por muitos anos, mas seu monopólio neste campo pode não ser permanente (PRESS, 1993). Dois grupos disputam o futuro da comunicação digital mediada: a comunidade de usuários de Internet e a comunidade dos espectadores de DTVi. Ambos estão trabalhando hoje no mesmo segmento: a infra-estrutura de informação e comunicação, sem mencio- nar no paralelo ramo das telecomunicações, que pode ser inserido nos dois. En- quanto há semelhança no que eles buscam, também há significantes diferenças no negócio e em suas visões. As comunidades de Internet e de DTVi têm culturas dife- rentes, a primeira relacionada a culturas liberais e a segunda a obras científicas, têm na “melhoria do homem” seu objetivo, mas não comungam dos mesmos caminhos para tal, como mostra o Quadro 4. Evidentemente os públicos muitas vezes são os mesmos indivíduos em ocasiões distintas, hora internauta hora telespectador, e evi- dentemente é natural que haja uma influência das práticas de uma atividade na ou- tra. A aposta que se faz para o futuro é se estas comunidades se integração em uma prática de consumo de informação híbrida ou se configurarão em sistemas seme- lhantes porém especialistas a necessidades, posturas e culturas díspares

Internet DTVi

Aplicações

originais Sua pretensão inicial da expansão de uso eraapoiar a comunicação da comunidade de pesquisadores ou entre pessoas com interesses comuns. O foco esteve em mensagens de texto e na recuperação de informação. No entanto, aos poucos foi se tornando mais completa, segura e diversificada, agregando transações comerciais e financeiras, jogos interativos, áudio e vídeo.

Suas aplicações mais utilizadas são os filmes pay-per-view e compras pelo meio eletrônico. No entanto, devido a experiência do usuário com a interatividade e a melhoria dos softwares gerenciadores de conteúdo veiculado, cada vez mais surgem novas possibilidades. Com o uso de memória no servidor ou no receptor, ela pode ainda ter suas possibilidades incrementadas.

Público Inicialmente formada por militares e

pesquisadores, se expande mais rapidamente nos ambientes de trabalho e ensino em todo o mundo.

Tende a focar nos usuários dentro de suas casas. Com o advento da mobilidade, esse foco vem sendo estendido.

Formato

simbólico As transações são principalmente com imagensfixas com textos e fotos. As experiências com o áudio e vídeo em tempo real e animações estão em franca expansão, mas sua disseminação esbarra na capacidade das redes. Quanto maior a qualidade do arquivo, maior a largura de banda da rede necessária e maior o custo de manutenção desse tipo de acesso.

Nascido para trabalhar a imagem em movimento, assim como as telefônicas trabalham a comunicação auditiva, seu trabalho com imagens fixas (fotos e texto) é possível, mas são necessários aparelhos com periféricos de suporte e principalmente o estabelecimento de uma nova relação de uso com seu público.

Começou com teletipos, mas realmente foi construída ao redor das mesas de computador acessível pelos seus vários periféricos.

Se projetou ao redor da baixa-resolução televisiva fixa que é vista de longe e se valendo de um controle remoto.

Posição de acesso

Ambas podem estender seu uso para o posicionamento da outra e utilizando periféricos um do outro. O maior desafio não é técnico, pois várias iniciativas nesse sentido já ocorreram sem sucesso, pois não conseguiram alterar a relação mental de ferramenta e uso destinada a cada aparelho. Ou seja, “computador é computador” e “televisor é televisor” sem novas extensões de seu uso, o que não é muito racional, mas factual.

Extensão

Geográfica É global e cada vez atinge pessoas em recantosmais improváveis, pois seu acesso se torna mais barato e mais importante no imaginário dos povos.

Suas primeiras perspectivas ficavam no alcance regional, nacional por repetidoras, e internacional somente por assinatura em DHT. Tem usado principalmente a telefonia, mas

possui opções sem fios em expansão. Era primeiramente concentrada na TV a cabo,se estendendo para Satélites, DHT, MMDS e mais recentemente para DTV aberta.

Mídia

Ambas podem migrar para as estruturas de distribuição mais convenientes em relação a custo e banda, sem perda de qualidade do conteúdo. Países e regiões diferentes já utilizam estruturas diferentes de distribuição de TV e Internet. Na região amazônica, o melhor meio encontrado foi a estrutura de ondas de rádio para o acesso à Internet. Nos EUA, a transmissão de TV a cabo supera em muitas vezes a transmissão aberta de TV.

Produção de conteúdo

Sua liberdade de conteúdo possibilita ao usuário ser um publicador e um programador em potencial. Nela, seus usuários debatem assuntos em voga e expressam suas identidades, mesmo que escondidas em avatares.

É usada principalmente para radiodifusão e programação de produções audiovisuais organizadas em grandes corporações. Nela, a sociedade organizada assume o papel de voz autorizada a pautar as temáticas de seu tempo e espaço.

Orientação

econômica Começou sua orientação na educação e nacomunidade científica, mas já se firmou como via de comércio, o que reforçou um

direcionamento mercantil paralelo ao

informacional. Uma de suas vertentes focaliza em educação e serviços à comunidade, mas a liberdade de acesso e uso dá margens ao uso predominante de conteúdos menos prósperos, como certos tipos de jogos, conteúdo erótico, o que não necessariamente configura um vício do meio, mas uma tendência de comportamento natural do homem que merece atenção social.

Tem na educação e em comunidades de informação uma meta distante. A persuasão, a concentração de audiência e o lucro potencial dos anúncios é claramente o seu motivador principal.

Valor da

Informação Cresceu de uma comunidade acadêmica quefaz uso freq uente de informações para o compartilhamento de valores e embates ideológicos, além de abrigar as vozes de minorias em “guetos” eletrônicos e até mesmo quaisquer expressões solitárias sem

interlocutores. Mas seu maior uso vem convergindo para grandes portais de seleção e organização da informação, como o caso da Google, evidenciando a clara tendência de buscar ordem no caos da profusão constante de informações.

É baseada na venda de informações e entretenimento assinados, devidamente respeitando seus direitos de autoria e reconhecidos em sua credibilidade em prol da manutenção status quo.

Estágio Já está inserida na dinâmica produtiva e cultural mundial, a cada dia mais inerente e

indissociável dessas. Caminha junto com os interesses da humanidade e suas propriedades técnicas buscam contemplar estes interesses, seja para comércio, educação, entretenimento, informação, imagem em movimento, telefonia, comunidade, jogos, material erótico, ...

Está começando e ainda não revela grandes indícios do que pode se tornar. Se próspero, pode levar poucos anos até que um

significativo número de lares e empresas tenha acesso a todas as potencialidades da conectividade interativa em seus televisores e demais terminais.

O acesso à rede está se ampliando em várias novas formas e as tecnologias de redes digitais estão bastante disseminadas. Elas proliferam e se interconectam em inúmeras sub-redes de dados. Press (1993) afirma que a prática de redes fecha- das é um fenômeno derivado da maturidade da inclusão na Internet nas dinâmicas da sociedade. A utilização de Intranets se concentra nas nações mais industrializa- das, mas não somente para fins corporativos, como normalmente é utilizada. Novos provedores oferecem conectividade em Intranets em tempo integral como um serviço gratuito (dentro de escolas ou bibliotecas públicas) obtendo renda com a cobrança de uma taxa por downloads, impressões e anúncios ao fundo do navegador.

Sistemas BBS (Bulletin Board System) que começaram como sistemas de comunicação anterior à própria Internet, organizados por uma central, hoje se reco- nhece sua evolução em comunidades virtuais ao conectarem seus associados em redes limitadas, mesmo suportadas na própria Internet, são compostas por grupos de interesse comum através da assinatura de conteúdo eletrônico. Especializadas em diversos tópicos, desde comunidades locais ou segmentadas por relações pro- fissionais, valores cristãos, pornografia, facha etária, ou quaisquer temas peculiares. Muitas têm uma seção regular, atuação internacional e até conferências anuais. Esta segmentação de redes dentro de uma rede maior demonstra que, apesar do desejo das pessoas de se conectarem ao mundo, existe também o desejo de segmentar por temas de seu interesse, selecionando e organizando não só informação como tam- bém os demais atores que compartilham o processo interativo.

Convergência e segmentação não são incompatíveis. A convergência deve atuar nas funcionalidades possíveis dos diversos sistemas eletrônicos em rede, en- quanto a segmentação deve se pautar em ambientes de conteúdo e usuários defini- dos por um tema.

No Brasil, privilegiou-se o uso do espectro como rede de transmissão de in-