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Direcionamento de ações pró-conhecimento

1. Introdução

1.3 Revisão de literatura

1.3.4 Direcionamento de ações pró-conhecimento

Em vez de oferecer aos países em desenvolvimento um “único modelo” de sociedade de conhecimento, vale recordar que as inovações obtidas em muitas na- ções foram em grande parte devido a paciência e esforços combinados em áreas da educação em todos os níveis, na difusão de tecnologia, na pesquisa científica estra- tégica e na implementação efetiva de sistemas de inovação (UNESCO, 2005). Não adiantaria unir populações com fibras-óticas de extrema capacidade de transmissão de dados, a menos que o desenvolvimento de habilidades e esforços para produção de conteúdos apropriados mantiver o passo com o avanço da conectividade das tecnologias de informação e comunicação. Pois o elemento principal do sistema, o humano, requer ainda o desenvolvimento de novos instrumentos cognitivos e legais para perceber plenamente o potencial das tecnologias no desenvolvimento social.

Um obstáculo para alcançar uma efetiva promoção do conhecimento é a difi- culdade em se escolher o melhor direcionamento para os esforços da sociedade. Hoje, muitos países em desenvolvimento ainda estão com dificuldades para identifi- car os tipos de conhecimento que possuem ou que devem ser estimulados, e quais os mais críticos para impulsionar seu desenvolvimento elevando o valor do produto do trabalho dentro do sistema produtivo. É então importante elevar a consciência da sociedade sobre a riqueza do seu potencial conhecimento. Esses ativos devem ser levantados e entendidos para identificar como fazer sua inserção na dinâmica múlti- pla da globalização. É também importante identificar os pontos fracos da produção de conhecimento nas sociedades, com particular consideração ao acesso à informa-

ção. Iniciativas educativas e políticas de difusão de conhecimentos devem ser priori- zados, especialmente os que satisfazem necessidades urgentes em áreas como a- gricultura, preservação ambiental, saúde, indústria, serviços e segurança. Aumentar o valor de formas existentes de conhecimento deveria envolver avaliação de habili- dades de seu povo, tornando a todos ativos disponíveis em uma grande base aces- sível. Mesmo os ativos mais modestos devem ser considerados nas áreas de edu- cação, pesquisa científica, e desenvolvimento tecnológico. Tal ação pode resultar em estratégias eficazes para o desenvolvimento sustentável e redução da pobreza. (UNESCO, 2005, p. 188)

Bessa (2003, p. 13) afirma que nas últimas duas décadas as políticas para ci- ência e tecnologia desenvolveram-se substancialmente, uma vez que a competitivi- dade econômica clama por uma redefinição do papel do conhecimento na constru- ção das vantagens competitivas das empresas e na forma de organização dos Esta- dos. Concomitantemente, a adoção de programas ligados à Sociedade do conheci- mento reforçou a discussão sobre a necessidade de indicadores e análises técnicas, econômicas e sociais, para o desenvolvimento profícuo de mecanismos promotores. Neste período em que as estruturas tecnológicas encontram-se em pleno processo de transformação, os processos relacionados à Sociedade do conhecimento não podem ser descritos unicamente em termos tecnológicos, pois incorporam simulta- neamente determinações qualitativas de ordem sócio-cultural, ligadas à dimensão da experiência e do conhecimento. Assim, se faz necessária a identificação de novas oportunidades, o aperfeiçoamento das aplicações de estudos e políticas, a aquisição de maior entendimento e melhor visão de todos os atores econômicos e seus objeti- vos, em uma revisão dos pressupostos já estabelecidos. O processo de difusão e adoção de novas tecnologias exige um conjunto de conhecimentos e serviços efici- entes e amplamente disponíveis para uma efetiva transformação social.

Além disso, uma vez que os pressupostos dessa discussão estão amparados em algumas transformações importantes que se dão no âmbito da sociedade e da economia, mas sem um consenso sobre as formas de conceituá-los, verifica-se uma forte ambivalência a respeito de como aferir o desenvolvimento social e econômico resultante. Isso se reflete em uma tensão entre indicadores de compatibilidade inter- nacional e a formulação de estatísticas vinculadas às questões políticas específicas de cada país. Essas questões derivam da forma como são organizados os progra-

mas políticos, que por sua vez estão correlacionados a contextos históricos, gover- namentais e demográficos particulares, insinuando uma importância diferenciada para grupos étnicos, de perfil escolar da população, nível de renda, e tempo de ex- posição a conteúdo pertinente. Mesmo assim, as nações devem verter esforços para discernir pontos comuns nos indicadores genéricos coletados sistematicamente em diversos países. Com isso, seria possível consolidar resultados para um melhor en- tendimento das convergências e especificidades de cada povo em relação às mu- danças e diferenças nas dinâmicas, nos padrões e na difusão das novas TIC’s.

Segundo Mansell e Wehn (apud BESSA, 2003, p. 5), o grande desafio para a política de difusão tecnológica é equilibrar os investimentos em equipamentos com o desenvolvimento do capital humano. Os exemplos de Taiwan e Coréia do Sul de- monstram ser possível se tornar um líder em exportações de bens de TIC sem que o padrão de utilização doméstica seja muito afetado. Por esse motivo, a análise dos impactos das TICs sobre o crescimento econômico deve abranger uma diversidade de índices, tais como o grau de inclusão digital ou o número de computadores pes- soais, de linhas telefônicas, de produção e consumo de eletrônicos, de pontos de acesso de Internet, de difusão de televisores, de disponibilidade de recursos huma- nos qualificados, da extensão e qualidade dos sistemas educativos, e outros modos de tomar ciência de informações e se formar como interpretes críticos.

Os atores sociais interessados podem estudar a viabilidade de indicadores da sociedade do conhecimento que contribuem para estabelecer uma melhor definição de prioridades que apontam para dirimir a dívida digital. Instrumentos seguros de mensuração são indispensáveis para qualquer política e ação, quando envolvem a esfera pública, o setor privado ou a sociedade civil. É então necessário forjar, até onde possível, as ferramentas estatísticas que possam ser usadas para medir co- nhecimento junto a dados que reflitam prioritariamente o desenvolvimento humano e o equacionamento de sua distribuição. A amplitude e qualidade de um sistema de monitoramento requerem o compromisso de governos, entidades internacionais, or- ganizações não-governamentais, negócios privados e sociedade civil. Além da pro- dução científica, indicadores de tecnologia e desenvolvimento econômico, este es- forço de mensuração deve focar nas dimensões humanas, como educação, cultura e comunicação (UNESCO, 2005 p.194).

Na ausência de pesquisas específicas para mensurar o desenvolvimento da sociedade do conhecimento, só se conta com macro-análises de desenvolvimento para se inferir fatores estruturais comuns inerentes ao seu desenvolvimento de um país em relação os demais. As Tabelas 5, 6, 7 e 8 apresentam uma correlação de índices relativos ao desenvolvimento tecnológico, econômico, educacional e social para alguns países, consolidadas no Gráfico 2, retratando a contínua necessidade das nações adequarem suas estruturas em prol do desenvolvimento humano.

Exercícios como o representado que pretendem verificar o estágio de desen- volvimento de povos, embora não apresentem um claro direcionamento, podem aju- dar a justificar ações positivas, como da inclusão de um profícuo sistema de TV a- berta digital em sua forma de concepção interativa que corrobore com a intencional promoção do conhecimento com indissociável conseq uente aproximação do objeti- vo idealizado de todo o povo/nação, que é maximizar seu desenvolvimento social.

TABELA 5: Modelo comparativo do desenvolvimento tecnológico ente nações

Ano AUS RUS CHI ARG BRA MEX IRL RSA EUA

Penetração do uso redes

de digitais (Internet)17 2007 72,9 15,5 7,9 10,6 22,4 16,4 50,2 9,9 70,7 Número total de

televisores por 100

habitantes18 2003 50,5 42,2 30,6 20,1 19,6 24,1 45,3 13,5 74,1

Número total de telefones celulares ativos por 100

habitantes19 2005 90,6 83,8 30,2 57,0 46,2 46,0 101 72,4 74,0

TAI - Índice de Desenvolvimento

Tecnológico20 2000 59,0 30,0 - 38,0 31,0 39,0 57,0 34,0 73,0

Gastos em pesquisas científicas por PIB per

capto por habitantes / 1021 2005 58,3 12,4 5,4 4,98 6,7 5,1 44,4 6,6 113,5

Média 66,3 36,8 18,5 26,1 25,2 26,1 59,6 27,3 81,1 17 http://www.internetworldstats.com/list4.htm 18 http://www.nationmaster.com/graph/med_tel_percap-media-televisions-per-capita 19 http://www.nationmaster.com/graph/med_tel_mob_cel_percap-telephones-mobile-cellular-per- capita 20 http://hdr.undp.org/en/reports/global/hdr2002/papers/ip_desai-2.pdf 21 http://stats.uis.unesco.org/UNESCO

TABELA 6: Modelo comparativo do desenvolvimento econômico entre nações

Ano AUS RUS CHI ARG BRA MEX IRL RSA EUA

Acima da linha de miséria (% de pop. que

vivem com + $2 ao dia).22 2006 100,0 80,2 77,7 86,9 80,0 82,9 95,9 67,4 95,1 Coeficiente Gini inverso

(reside no número 100 a maior igualdade social possível)23

2005 64,8 87,9 89,1 92,6 78,8 88,4 96,5 65,9 95,6 PIB per capita PPC

(corrigido pelo poder de compra em milhares de US$)24

2007 36,3 59,5 56,0 51,7 43,3 45,3 64,1 40,6 55,0

Média 67,0 54,0 50,1 52,5 43,9 48,8 67,9 38,8 65,5

TABELA 7: Modelo comparativo do desenvolvimento educacional entre nações

Ano AUS RUS CHI ARG BRA MEX IRL RSA EUA

Gasto público com educação por aluno pelo PIB per capto

(multiplicado por 4)25

2007 66,0 14,7 5,3 13,3 9,7 12,8 43,1 9,8 45,8

Taxa de Matrícula Bruta

(exceto ensino infantil).26 2004 113 61,8 - 51,6 55,6 69,8 73,8 70,3 93,5 Taxa de matrículas em

nível superior pela

população jovem 18-2327 2005 65,1 88,3 68,7 89,6 87,5 79,0 97,7 77,8 92,8 Taxa de alfabetismo em adultos28 2005 99,9 63,5 18,7 51,9 20,4 20,3 51,9 13,4 69,1 PISA -Programa de Avaliação Internacional de Estudantes /929 2005 52,7 99,4 90,9 97,2 88,6 91,6 99,9 82,4 99,9 Média de anos de

educação formal adultos de 15 anos ou mais (multiplicado por 4)30 2006 43,6 47,4 30,0 37,7 37,6 39,1 50,9 - 47,3 Média 79,4 72,3 40,8 64,7 55,7 59,1 74,3 53,7 80,3 22 idem 23 http://www.photius.com/rankings/economy/distribution_of_family_income_gini_index_2007_0.html 24 https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/rankorder/2004rank.html 25 http://stats.uis.unesco.org/UNESCO 26 idem 27 http://www.census.gov/cgi-bin/ipc/idbrank.pl 28 https://www.cia.gov/library/publications/the-world-factbook/ 29 http://www.oecd.org/document/2/0,3343,en_32252351_32236191_39718850_1_1_1_1,00.html 30 http://www.nationmaster.com/red/graph/edu_ave_yea_of_sch_of_adu-education-average-years- schooling-adults

TABELA 8: Modelo comparativo do desenvolvimento social entre nações

Ano AUS RUS CHI ARG BRA MEX IRL RSA EUA

Tempo médio de vida das pessoas após o nascimento

em anos31 2005 80,9 65,2 72,5 74,8 71,7 75,6 78,4 50,8 77,9 Pontuação no Ranking de Qualidade de Vida (multiplicado por 10)32 2005 79,3 48,0 60,8 64,7 64,7 52,5 83,3 52,5 76,2 DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO(média) 66,3 36,8 18,5 26,1 25,2 26,1 59,6 27,3 81,1 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO(média) 67,0 54,0 50,1 52,5 43,9 48,8 67,9 38,8 65,5 DESENVOLVIMENTO EDUCATIVO (média) 79,4 72,3 40,8 64,7 55,7 59,1 74,3 53,7 80,3 Média 73,4 57,1 45,5 54,5 49,1 52,4 70,1 42,6 76,2 0,0 10,0 20,0 30,0 40,0 50,0 60,0 70,0 80,0 90,0 100,0

Argentina Austrália África do Sul Brasil China EUA Irlanda Mexico Rússia

Desenvolvimento Técnológico Desenvolvimento Econômico Desenvolvimento Educacional Desenvolvimento Social

Gráfico 2: Comparativo de desenvolvimento tecnológico, econômico, educacional e social

entre nações

31 http://hdr.undp.org/en/statistics/