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5. CRITÉRIOS DE ANÁLISE E CONSTRUÇÃO DO PAINEL DE

6.4 IMPACTOS NOS RECURSOS HÍDRICOS

6.4.2 Corpos d'água poluídos

O Índice de Qualidade da Água não analisa a maioria dos parâmetros de to- xidade das águas. Desse modo os parâmetros de toxidade considerados, tais quais os li- mites da Classe de Enquadramento, estabelecidos pela DN CONAMA 357/05, foram: cobre, cádmio, chumbo, cianeto, amônia, arsênio, bário, cromo, mercúrio, nitrato, ni- trito, zinco e índice de fenóis.

Segundo estudo do PLANPAR (2006), ensaios ecotoxicológicos das amos- tras da estação PT007, única disponível na bacia, a jusante da cidade de Unaí, aponta- ram situação preocupante. Foi detectado efeito deletério (morte, alterações fisiológicas e redução da fecundidade) sobre microcrustáceo Ceriodophnia dubia, o que representa elevado percentual de resultados positivos das amostras (op. cit.: 147). A Figura 39 re- sume o resultado percentual dos testes que, dentre outras observações, apontam a neces- sidade de um monitoramento mais detalhado da qualidade das águas na bacia.

Figura 39 – Percentual dos resultados de ensaios ecotoxicológicos da bacia do rio Preto Fonte: PLANPAR (2006).

O Relatório da Qualidade das Águas de Minas Gerais, elaborado pelo IGAM, numa série histórica de análises na bacia de 1997-2010, menciona que as amos- tras que obtiveram maior desconformidade com a legislação na bacia do rio Preto foram os fenóis e o manganês. A Tabela 62 traz os percentuais de desconformidade, os valores mínimo, médio e máximo detectado nas amostras.

22%

57%

Negativos Positivos

Tabela 62 – Parâmetros de toxidade das águas na bacia do rio Preto inconformes com a legislação

Parâmetros

Inconformes do Parâmetro*% Violação

Amostragem Série Histórica 1º Trimestre 1997-2010 2011 2010 2009 Min. Méd. Máx. Fenóis 33 0,004 0,001 0,001 0,001 0,003 0,013 Manganês 84 0,184 0,208 0,181 0,003 0,196 0,461 * Deliberação Normativa COPAM/CERH - 01/2008.

Fonte: IGAM (2011).

O mesmo estudo do IGAM não demonstrou alteração na demanda bioquí- mica de oxigênio (DBO), algo que indica que suas águas têm pouco volume de material orgânico. Logo o volume de oxigênio dissolvido (OD) também apresentou valores nor- mais, ou seja, acima do limite estabelecido pelo instrumento legal.

O manganês seguiu a mesma tendência em relação a alguns parâmetros de qualidade das águas analisados anteriormente, ou seja, a alteração das amostras também se dá em função da chegada do período chuvoso. A Figura 40 retrata a oscilação nas amostras e estabelece relação entre a vazão. Os meses com maior vazão são também os que apresentam maior concentração.

Figura 40 – Variação de manganês nas águas da bacia do rio Preto – 2004 Fonte: PLANPAR (2006).

As amostras (1997-2004) detectaram elevado teor de fenóis50 no início da série e redução a partir da de 1998. Os fenóis são compostos orgânicos muito tóxicos, sobretudo aos organismos aquáticos. A contaminação das águas por fenóis pode estar

50No estado de Minas Gerais, segundo a Deliberação Normativa 10/86, o limite de fenóis é de 0,001 mg/L . Os limites propostos pela Resolução CONAMA nº 357/05 recomendam de 0,003 mg/l , menos restritivo que a legislação estadual vigente.

associada a diferentes fontes poluentes associadas a efluentes e pesticidas. A Figura 41 traz a representação dos dados da série de amostras.

Deliberação Normativa 10/86 Resolução CONAMA 357/05 Figura 41 – Ocorrência de fenóis na bacia do rio Preto Fonte: Adaptado de PLANPAR (2006).

As alterações observadas nas amostras, sobretudo quanto a manganês e aos fenóis, podem estar associadas ao uso elevado de fertilizantes na região, já que essa e outras substâncias, como o cobre, cádmio e chumbo, são alguns dos micronutrientes essenciais à fertilização e correção de solos agrícolas.

Quanto à contaminação das águas subterrâneas, conforme o estudo de CAMPOS & SILVA (1998) e a pesquisa documental realizada, não há uma caracteriza- ção concisa quanto aos atributos físicos dos recursos hidrogeológicos. Apesar de seus estudos se aplicarem em apenas a porção do alto rio Preto, o Plano Diretor do Paracatu, que abrange a maior porção da bacia, não relata informações quanto à contaminação desses aquíferos.

Entretanto, em função da predominância de latossolos que, dentre suas ca- racterísticas físicas, se destacam pela elevada condutividade hidráulica, há grande quan- tidade de áreas de risco de contaminação de águas subterrâneas, sobretudo, por serem estes solos de uso agrícola intensivo.

As principais fontes potencialmente poluidoras das águas subterrâneas são: postos de combustíveis, cemitérios, depósitos de lixo, poços, agricultura intensiva, ocu- pação urbana, garagens e oficinas, indústrias e estações de tratamento de esgoto. As regiões de chapada e de dissecação intermediária são as mais frágeis e sujeitas à conta- minação dos aquíferos, justamente as áreas da bacia em que a ocupação ocorreu sem planejamento prévio (ibidem). A Tabela 63 enumera algumas dessas fontes.

Tabela 63 – Fontes de poluição difusa e potencial poluidor no alto rio Preto Grupo de

Fontes Poluidoras Quantitativo Porte Potencial Poluidor Enquadramento Classe de

Lixões e aterros sanitários 1 unidade P M 1

Cemitérios 1 unidade P M 1

Assentamentos urbanos e

resíduos domésticos 127,4 l/s de esgoto não tratado M M 3 Atividades industriais

e de serviços - - - -

Atividades agrícolas e

pecuárias 9042 ha G M 5

Observações: P = pequeno, M = médio, G = Grande. Fonte: GOLDER/FAHMA (2005).

Com base no monitoramento físico-químico feito pela COPASA e no in- ventário hidrogeológico realizado pela CETEC em 1976, o Plano Diretor do Paracatu disponibilizou algumas informações quanto aos aquíferos, porém sem regionalizá-los nas bacias, caso da bacia do rio Preto.

Os aquíferos do tipo granular e cárstico são predominantes em toda extensão da bacia. Nos granulares as análises demonstraram baixos valores para conteúdo de só- lidos dissolvidos, dureza e concentrações de cloretos e sulfatos. Devido ao conteúdo de dióxido de carbono dissolvido, em geral as águas são ácidas, com pH abaixo de 7. Nos aquíferos cársticos fissurados, sistema Bambuí, a dureza das águas atingiu o valor mé- dio de 106,1 e máxima de 362 mg/l As concentrações de cloreto e sulfato, res- pectivamente, os valores médios de 8,1 e 3 mg/l(PLANPAR, 2006).

Apesar dos resultados pouco alarmantes, mas também sem atualização peri- ódica, há de se atentar para o fato de que a atividade na superfície potencializa, em lon- go prazo, sobretudo em bacias hidrográficas agrícolas, a entrada de maiores quantidade de compostos químicos nos sistemas superficiais e subterrâneos. Em um processo lento,

contínuo e silencioso, a alteração do estado trófico da água a torna imprópria ao consu- mo, e/ou demanda processos químicos para torná-la apta ao consumo humano. Dos so- los ao meio aquático os contaminantes, comprometem lençóis subterrâneos e também alimentos que, como compostos da dieta humana, representam um dos graves proble- mas de saúde pública advindos da contaminação das águas.

Como já comentado, anteriormente, não há estações de monitoramento das águas no alto rio Preto. O indicador obteve maior eficiência na porção mineira da bacia, monitorada pelas estações mantidas pelo IGAM. Para eficiência na aplicação do indica- dor é importante que haja monitoramento periódico dos níveis de toxidez encontrados nas águas, bem como a identificação das fontes poluidoras.