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5. CRITÉRIOS DE ANÁLISE E CONSTRUÇÃO DO PAINEL DE

6.4 IMPACTOS NOS RECURSOS HÍDRICOS

6.4.1 Feições erosivas avançadas com repercussões nos corpos hídricos

As características do solo e do relevo são fundamentais para análise do indi- cador de feições erosivas. A bacia do rio Preto, como descrito anteriormente, apresenta extensos planaltos formados sobre capeamento sedimentar, sobretudo na porção norte. Um conjunto de serras com amplas cristas na sua área central e uma região deprimida correspondente ao baixo rio Preto.

Em diferentes áreas da bacia, com variadas composições edáficas, depen- dendo do nível de dissecação, há um tipo de erosão correspondente. Em áreas de colinas a erosão é laminar, abrangendo grande parte da paisagem, com raras feições erosivas em sulcos, voçorocas ou áreas de deslizamento. Nas áreas de encostas, em que os sedimen- tos sofrem o efeito da declividade do terreno, a presença de ravinamentos é recorrente (GOLDER/FAHMA, 2005).

As porções da bacia com coberturas de Cambissolo apresentam deficiência de água e com uso agrícola limitado. Essas porções coincidem com as de declividade acentuada e presença excessiva de frações grosseiras, como cascalhos e pedregosidades. São, portanto, impróprias à mecanização agrícola e altamente susceptíveis a processos erosivos (ibidem).

Nas áreas com coberturas latossólicas, em que se observa declives pouco acentuados, a interação solo-relevo confere ao solo maior resistência à erosão, pois por sua drenagem eficiente, a infiltração supera o escoamento superficial constituindo as principais áreas de recarga do lençol freático, por receberem considerável aporte hí- drico.

A situação descrita retrata bem as depressões hidromórficas, ou veredas, en- contradas na transição do alto para o médio rio Preto. Segundo BRAUN (1971), esses compartimentos apresentam-se como ambientes de recarga hídrica e comportam um grande número de anfiteatros modelados nos rebordos dos planos que os caracterizam. Por sobre os planos e em suas proximidades ocorrem rupturas com os rebordos erosivos (Figura 36).

O Plano Integrado de Gerenciamento dos Recursos Hídricos – PIGRH, ava- liando a dinâmica erosiva da área de estudo, reconhece três níveis de manifestação: alto, médio e baixo risco.

Segundo o documento, as áreas de alto risco erosivo se caracterizam por apresentar um processo crônico de erosão nas encostas. O pisoteio de animais e a ocor- rência de queimadas, além dos condicionantes geológicos, geotectônicos e geomorfoló- gicos, tornam os solos desprotegidos e sujeitos à ação erosiva. Nesta categoria se en- quadram coberturas de solo espessa (6 a 8m), com cobertura coluvionar laterítica de pequena espessura ou completamente fragmentada, com inclinação em torno de 20º, susceptíveis pela remoção da cobertura laterítica, desmatamento e desenvolvimento de atividades agrícolas.

As áreas de médio risco são as mesmas sujeitas aos fenômenos erosivos identificados na de alto risco, porém com processos erosivos estabilizados, principal- mente pela regeneração da cobertura vegetal nas feições de voçorocamento e ravina- mento.

Em encostas com inclinação próxima ou inferior a 10º, ravinas e sulcos de- senvolvidos em horizontes pouco espessos de solo, espessura inferior a 1,5m, resultante principalmente da ação de pisoteio do gado, favorece o escoamento superficial, redefi- nindo o nível de aprofundamento de drenagem, o desenvolvimento de erosão em sulcos, além de potenciar ocorrência de soil piping49 e desenvolvimento de voçorocas. As áreas de baixo risco apresentam-se como depressões posicionadas entre rebordos erosivos de chapadas.

Com base nos estudos de GOLDER/FAHMA (2005) quanto ao uso do solo na bacia do rio Preto, foram identificados dois padrões de dissecamento com dinâmicas e susceptibilidade distinta a processos erosivos. A Figura 37 localiza a tonalidade clara dos terrenos dissecados submetidos à pastagem, contrapondo-se aos terrenos planos onde pastagens e cultivos temporários apresentam-se como formas de uso mais caracte- rístico da área.

O referido estudo destaca que a tonalidade clara mostrada pela figura, repre- senta o domínio de dissecação e o campo cerrado desenvolvido sobre solos rasos, en- quanto que os tons mais escuros representam as superfícies planas utilizadas com culti- vos e pastagens (op. cit.: 40).

49 Erosão subsuperficial em que túneis, de diâmetro variando de centímetros até 1 m, são formados nos bancos de rios, riachos e voçorocas. Este processo é associado com saturação temporária, alto teor de sódio no solo e, em alguns casos, aos buracos de formigas, cupins e alguns onívoros. (GOL- DER/FAHMA, 2006).

Figura 36 – Ruptura dos planos com bordos erosivos em veredas Fonte: GOLDER/FAHMA (2005).

38-A

38- B

Figura 37 – Diferentes padrões de ocupação e processos erosivos na bacia do rio Preto Fonte: GOLDER/FAHAM (2005).

Estudos do PLANPAR (2006) alertam para o fato da bacia do rio Preto possuir um elevado potencial erosivo. As áreas de maior potencial erosivo, conforme evidencia a Figura 38, correspondem às escarpas íngremes dos planaltos e das Cristas de Unaí.

Figura 38 – Susceptibilidade erosiva da bacia do rio Preto Fonte: Adaptado de PLANPAR (2006).

As considerações quanto aos processos erosivos na bacia reforçam a neces- sidade de se pensar as ações e impactos diretos que as veredas vêm sofrendo com o vo- lume expressivo de carga de sedimentos mobilizáveis através do escoamento superficial concentrado. Aliado a isso, a preocupação de se conservar esses importantes ambientes, de recarga de aquíferos, como reserva de água em quantidade e qualidade para abaste- cimento público e manutenção ecológica da bacia.

A implementação do indicador, proposto para identificação das feições ero- sivas, se mostra necessário na identificação dos impactos ambientais dos projetos agrí- colas e a exploração dos recursos naturais por eles promovida. Quanto aos impactos ambientais, os recursos hídricos e os solos são os que, comumente, estão relacionados à degradação ambiental dos sistemas agrícolas. As considerações proporcionadas pelo indicador são apenas de caráter geral, é preciso estudos pontuais para melhor caracteri- zar as várias feições e repercussões dos processos erosivos no conjunto da bacia.