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5. CRITÉRIOS DE ANÁLISE E CONSTRUÇÃO DO PAINEL DE

6.3 ESTADO QUALI-QUANTITATIVO

6.3.3 Percentual de amostras físico-químicas da água inconformes com os

Para a análise do percentual de amostras físico-químicas da água, inconfor- mes com os parâmetros legais, utilizou-se basicamente os ensaios sobre o Índice de Qualidade da Água – IQA. Esse indicador, desenvolvido pela National Sanitation Foundadion (EUA), possibilita a interpretação do grau de contaminação dos corpos de água, através dos parâmetros: pH, turbidez, temperatura da água, demanda bioquímica por oxigênio, coliformes fecais e oxigênio dissolvido, dentre outros. Para cada um dos parâmetros foi atribuído um peso, conforme o nível de importância desses para o IQA.

A análise tomou o recorte temporal os anos de 1997 a 2011, e a base de da- dos do IGAM, através de seus estudos de Monitoramento da qualidade das águas super- ficiais no estado de Minas Gerais - Relatório Trimestral. Os limites estabelecidos pela Resolução CONAMA 357/05 foram usados como referência na determinação das viola- ções das amostras, assim como o enquadramento do curso d’água em classe 2.

Na porção do alto rio Preto, mesmo na área que se insere dentro do Distrito Federal, não existem pontos de monitoramento da qualidade das águas, que sejam man- tidos pela CAESB ou pela ANA.

Segundo dados apresentados pelo PLANPAR (2006) a única estação de monitoramento de qualidade das águas localizado na bacia do rio Preto (PT00743), de- monstra que a qualidade de água, no ano de 2004, variava entre boa e média, obtendo segundo o programa IQACAL44, o valor de 65,8. Os principais indicadores de compro- metimento da qualidade das águas eram coliformes fecais, turbidez e fosfato. O aumen- to das ocorrências de sólidos suspensos, nutrientes, matéria orgânica e coliformes fecais, ocorre sempre em função da chegada do período chuvoso. Durantes esse período o IQA varia entre ruim e médio, como ilustra a Figura 33.

43 Lat.: -17º 18’ 15” Lon.: -46º 46’ 15”, altitude 600m.

44 Dados obtidos través do software IQACAL desenvolvido pela Fundação Centro Tecnológico do Estado de Minas Gerais - CETEC, que faz o cálculo de notas específicas de cada parâmetro, variando de 0 a 100.

Tabela 61 – Parâmetros de qualidade das águas na bacia do rio Preto inconformes com a legislação Parâmetros Inconformes % Violação do Parâmetro*

Amostragem Série Histórica 1º Trimestre 1997-2010 2011 2010 2009 Min. Méd. Máx. Turbidez 118 218 310 211 33 265 690 Coliformes 2700 28000 50 5000 50 2081 5000 Sólidos 79 179 226 140 52 204 534 Cor 371 353 328 521 25 150 390

* Deliberação Normativa COPAM/CERH - 01/2008. Fonte: IGAM (2011).

Segundo o relatório, as possíveis fontes de poluição, associadas à alteração dos resultados, são: pecuária, efluente industrial (laticínio, matadouro e fábrica de ali- mento), esgoto sanitário e carga difusa; agricultura, erosão e atividades minerárias45. Os estudos de monitoramento da qualidade da água do 1º trimestre de 2011 classificam o IQA da bacia do rio Preto como ruim. A Figura 33 retrata a falta de pontos de amostra- gem de subafluentes do rio Preto e ainda o classifica como médio em termos de conta- minação por tóxicos.

As áreas de mineração existentes ao longo da bacia, associadas ao manejo inadequado do solo agrícola, o desmatamento, os processos erosivos e o carreamento de sedimentos e nutrientes agregados, são alguns dos responsáveis pela concentração de sólidos suspensos nas amostras. Tais práticas acentuam as alterações nas amostras dos níveis de turbidez, fósforo, nitrogênio e coliformes fecais, sobretudo durante os períodos chuvosos.

45 A atividade mineraria na bacia se destaca principalmente pela exploração de calcário, ouro, chumbo, zinco, titânio, cádmio, fosfato, areia, ardósia, argila, dolomito, cascalho, quartzo e diamante industrial e água mineral. São 74 processos em regime de autorização pelo DNPM, 1 processo em regime de conces- são (calcário), 16 processos em regime de licenciamento, 13 processos solicitados que estão em análise e 81 processos em regime de área livre (85% calcário e 13% chumbo). A mineração é atividade potencial- mente poluente dos recursos hídricos e demandas estudos para identificação dos impactos diretos e indi- retos sobre a bacia (GOLDER/FAHMA, 2005).

Figura 33 – Qualidade das águas superficiais na bacia do rio Preto – São Francisco Fonte: IGAM (2011).

A série de análises, 1997 a 2004, apresentada pelo PLANPAR (2006), re- velou que, em função dos períodos de seca e chuva na bacia há grande oscilação dos parâmetros nas amostras. A Figura 34 retrata esse diferencial nas amostras em função dos períodos de chuva.

Figura 34 – Qualidade das águas na bacia do rio Preto Fonte: PLANPAR (2006).

As alterações nas amostras podem ser atribuídas a fatores naturais, como ao contexto pedológico da região. Desse modo, a afirmação demanda um maior universo de amostragem ao longo da bacia, assim como de análises de solos em pontos estratégi- cos, em que o uso de fertilizantes seja acentuado.

O uso do indicador caracterizou bem a porção do médio e baixo rio Preto, porções estas que possuem pontos de monitoramento do IQA mantidos pelo IGAM. Na porção do alto rio Preto não foi possível obter informações e apresentar as contribuições do indicador para a bacia. Vale ressaltar que a porção do alto rio Preto é de domínio federal, não fazendo parte das estações de monitoramento mantidas pelo IGAM. Tal fato é extremamente prejudicial à gestão dos recursos hídricos e limita a atuação do CBH-rio Preto, pois não é conhecido o atual estágio de contaminação e impacto sobre as águas da porção mais intensamente dominada pelas atividades agrícolas de grande porte.

A aplicação do indicador limitou-se a caracterização gerais, que teve como referência os tipos de solos encontrados na bacia. Um estudo minucioso, sobre os parâ- metros de qualidade do solo, é recomendado para a área de estudo, pois possibilitará o conhecimento das reais condições de suporte hídrico e de cultura agrícola.