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2 Revisão da literatura

3.8 Critérios de validade e confiabilidade na pesquisa

As pesquisas qualitativas, devido à própria subjetividade, apresentam constantes questionamentos acerca da qualidade científica dos resultados. De maneira geral, a qualidade de uma pesquisa é retratada sobre como os aspectos de validade e confiabilidade são assegurados. A validade preocupa-se com o fato de as medidas ou dados obtidos pelo pesquisador possuírem valor de representação e se os fenômenos estão corretamente denominados. A confiabilidade recai em analisar se os procedimentos da pesquisa podem ser repetidos persistentemente e geram o mesmo resultado. Nesse sentido, a validade e a confiabilidade podem conferir credibilidade aos resultados.

No entanto, como uma pesquisa qualitativa não tem como princípio a representação para outros grupos sociais, e nem a repetição persistente que gere um mesmo resultado, garantir a validade (interna e externa) e a confiabilidade dos dados se torna uma das principais preocupações do processo de pesquisa. Um dos caminhos que vem sendo utilizado para solucionar essa questão é a busca de critérios próprios da pesquisa qualitativa, mas que sejam equivalentes quanto às suas funções aos critérios de validade e confiabilidade da pesquisa quantitativa. Não se trata de competir com os critérios existentes, porém, nem de rejeitá-los.

Para Patton (1990), a credibilidade de uma pesquisa qualitativa depende essencialmente de três elementos: 1) técnicas e métodos rigorosos para coletar dados de alta qualidade e para analisá-los levando em consideração as questões de validade, confiabilidade e triangulação; 2) a

credibilidade do pesquisador; 3) crença nos métodos qualitativos, na análise indutiva e no pensamento holístico. Nesse sentido, a validade e confiabilidade em pesquisa qualitativa dependem das habilidades, da sensibilidade, do rigor, da competência e da integridade do observador, para que os achados sejam uteis e confiáveis (PATTON, 1990).

Como reforçam Carson et al. (2005), a confiabilidade e a validade dependem: a) do uso cuidadoso, da interpretação e do acesso à literatura apropriada, desde que seja para referenciar os construtos teóricos centrais da pesquisa, ou para servir como uma teoria de base; b) da justificação cuidadosa das metodologias aplicadas no estudo qualitativo e seus respectivos méritos e vantagens; c) da estruturação cuidadosa da análise dos dados para garantir uma descrição rica e completa, particularmente sobre os dados de fundamental importância para explicar o fenômeno estudado.

Por ser tratar de uma pesquisa de cunho interpretativista, a validade interna corresponde ao nível de congruência dos achados com a realidade, sendo essa, para a pesquisa qualitativa, holística, multidimensional e em constante mudança, uma vez que os indivíduos têm sua própria maneira de concebê-la. Aqui está sendo investigada a construção da realidade a partir das pessoas envolvidas e apresenta-se uma interpretação dos significados que elas dão às suas vidas, suas experiências ou como entendem certos processos (MERRIAM, 2002). Para colher tais informações de forma que garantisse a validade dos dados, seguiram-se as sugestões de Carson et al. (2005), de que as pesquisas de campo fossem realizadas no ambiente natural do fenômeno e os entrevistados escolhidos pela sua relevância e não pela representatividade, pois o valor dos resultados da pesquisa qualitativa depende da relevância e adequação ao contexto-base do fenômeno.

Para o caso das entrevistas, o número de pessoas investigadas e o tempo de duração das entrevistas também se apresentou como forma de garantir a validação dos dados. Seguiram-se as orientações de Seidman (2013) e as de Godoi e Mattos (2006) relacionadas ao critério de saturação das respostas.

Para a confiabilidade dos dados, houve a necessidade de demonstrar que os dados foram consistentes com a realidade tal como entendida pelos participantes do estudo, já que o critério de repetição aplicado em pesquisas quantitativas não é adequado ao tipo de estudo aqui utilizado. Nesse sentido, a forma de promover essa consistência foi informando em detalhes como os dados

foram coletados, como as categorias foram derivadas e como as decisões foram tomadas ao longo do estudo. Estes se referem à transparência e clareza nos procedimentos (BAUER; GASKELL, 2007) e foram detalhados anteriormente na sessão de metodologia.

Além disso, por se tratar de uma pesquisa no qual a interação pesquisador-pesquisado é constante, a reflexividade do pesquisador também se coloca como um dos critérios para a confiabilidade dos dados. A reflexividade se apresenta como uma auto-reflexão do investigador durante o trabalho de campo, observando seu papel durante a pesquisa assim como suas interações, consigo e com outros, tendo a consciência de que os entrevistados possuem perspectivas diferentes e que a condução das entrevistas deve ser guiada pelo foco de pesquisa (PATTON, 2002; FERREIRA; TORRECILHA; MACHADO, 2012).

Esse olhar a si mesmo e aos outros se torna importante para que a subjetividade do pesquisador não acabe por influenciar ou direcionar as respostas e interferir no desenvolvimento do fenômeno, nesse caso as experiências de consumo, apesar de reconhecer que não é possível um afastamento completo durante a sua avaliação (MERRIAN, 2002). A pesquisadora utilizou este critério durante a análise dos dados na medida em que foram surgindo inconsistências sob a forma de contradições nas falas dos entrevistados, mas sem deixar de considerá-las como parte dos resultados. O importante era tentar compreender a interpretação das experiências tal como expressados pelos entrevistados. Com isto, tentou-se evitar possíveis vieses na interpretação dos dados.

Portanto, a transparência na busca dos dados e documentação rigorosa dos procedimentos de investigação assim como a validade instrumental (uso de dois instrumentos que reproduzem os mesmos resultados) são parâmetros que pressupõe a validação e a confiabilidade num processo qualitativo de pesquisa e que foram perseguidos na construção desta tese.

Finalizando a etapa dos procedimentos metodológicos, no capitulo seguinte se apresenta a análise e discussão dos dados.

Figura 7 (3) Estrutura da organização da tese – análise e discussão dos dados Introdução

Considerações finais

Referências bibliográficas Apêndices

Análise da interpretação das experiências

Experiência antes do consumo no cluster criativo de turismo

Experiência durante o consumo cluster criativo de turismo

Experiência após o consumo no cluster criativo de turismo

Experiências co-criadas em cluster criativo de turismo

Imagem do destino e imagem de sustentabilidade do destino

Imagem do destino antes da experiência

Imagem do destino após a experiência

Imagem de sustentabilidade do destino após a experiência

Elementos do cluster criativo de turismo

Como a co-criação se relaciona com a formação da imagem de sustentabilidade a partir da interpretação da experiência de consumo?

Proposição resultante da pesquisa

Referencial teórico

Metodologia