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Da Reunião Familiar

No documento Lei de Migração Comentada (páginas 134-140)

Seção V

§ 1o O visto ou a residência permanentes poderão ser concedidos, a título de reunião familiar: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)

O visto de residência para reunião familiar foi previsto inicial-mente, no art. 44.2, da Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os Trabalhadores Migrantes e dos Membros das suas Famílias, de 1990, da ONU:

Artigo 44º [...] 2. Os Estados Partes adoptam todas as medidas que julguem adequadas e nas respectivas es-feras de competência para facilitar a reunificação dos trabalhadores migrantes com os cônjuges, ou com as pessoas cuja relação com o trabalhador migrante produza efeitos equivalentes ao casamento, segundo a legislação aplicável, bem como com os filhos me-nores, dependentes, não casados (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS, 1990, n. p.).

O Brasil não é signatário dessa Convenção, mas ainda na vi-gência da Lei 6.815/1980, assegurou o direito de reunificação fami-liar, nela previsto, inicialmente por meio da Resolução Normativa nº 108, do Conselho Nacional de Imigração, que tratava da concessão de visto temporário ou permanente e permanência definitiva a título de reunião familiar.

Em 2016, a Lei nº 13.344, de 2016 incorporou a possibilidade de visto de unificação familiar na Lei 6.815/1980, visando a bene-ficiar as vítimas de tráfico de pessoas que recebiam autorização de residência permanente no país.

A Lei 13.445/2017 manteve a unificação familiar como hipó-tese de autorização de visto ou autorização de residência visando a assegurar o direito à reunião familiar do migrante com seu cônjuge

a) o direito das gentes confia à apreciação de cada Estado determinar como se adquire e se perde a sua nacionalidade; b) nenhum Estado pode determinar as condições de aquisição e perda de uma nacionalidade estrangeira; c) a apreciação estatal, na determinação da matéria, acha-se limitada pelo Direito Internacio-nal; d) as limitações resultam dos tratados, do costu-me e dos princípios gerais de Direito, universalcostu-men- universalmen-te reconhecidos; e) uma declaração de nacionalidade feita por um Estado, no exercício de sua competência, tem efeitos jurídicos com relação aos demais Estados;

f) não o terá, porém, se a declaração transgredir os limites impostos pelo direito das gentes; g) os Esta-dos só podem conferir sua nacionalidade a pessoas que com eles tenham relação real e estreita, tais como a filiação e o nascimento, no seu território; h) a natu-ralização de um estrangeiro juridicamente capaz não poderá efetivar-se sem o seu consentimento; i) uma naturalização que não exija o consentimento dos in-teressados só é possível em

ou companheiro e seus filhos, familiares e dependentes, previsto no art. 4º, III, da Lei 13.445/2017.

O caso do visto de unificação familiar, ilustra que embora a Convenção dos Trabalhadores Migrantes da ONU ainda não tenha sido ratificada pelo Brasil, exerceu influência no processo de huma-nização da política migratória brasileira

No âmbito constitucional, é mister destacar que o visto ou au-torização de residência para unificação familiar conferidos ao imi-grante harmoniza a política migratória com o preceito constitucional de proteção à família pelo Estado, previsto no art. 226 da Constitui-ção de 1988.

Fará jus, assim, à unificação familiar o cônjuge ou companhei-ro, sem discriminação alguma, i.e., independentemente se se trata de casal heteroafetivo ou homoafetivo; o(a) filho(a) de imigrante bene-ficiário de autorização de residência, ou que tenha filho brasileiro ou imigrante beneficiário de autorização de residência; ascendente, des-cendente até o segundo grau ou irmão de brasileiro ou de imigrante beneficiário de autorização de residência; ou que tenha brasileiro sob sua tutela ou guarda.

O parágrafo único do dispositivo, vetado pelo Presidente da Re-pública, previa ainda a hipótese de que: “concessão de visto ou de auto-rização de residência para fins de reunião familiar poderá ser estendida, por meio de ato fundamentado, a outras hipóteses de parentesco, depen-dência afetiva e fatores de sociabilidade” (BRASIL, 2017, n. p.).

O veto assim, não permitiu a ampliação do conceito de família para além dos laços de sangue, não segue a tendência do moderno di-reito de família que prestigia os vínculos afetivos, além dos vínculos meramente sanguíneos (DIAS, 2015).

REFERÊNCIAS

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TRIBUNAL REGIONAL FEDERAL DA 4ª REGIÃO. Apelação Cível 50006704020164047017 PR 5000670-40.2016.4.04.7017, Relator: Rô-mulo Pizzolatti, data de julgamento: 07/08/2018.

CAPÍTULO IV

DA ENTRADA E DA SAÍDA DO

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