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2 PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS COMO OBJETO DE

2.3 Acompanhamento e avaliação do PAA

2.3.1 Dados PAA – âmbito nacional

Inicialmente, apresentam-se os dados divulgados pelo Grupo Gestor do PAA. O GGPAA fez um levantamento do PAA, desde sua implementação em 2003 até o ano de 2010, intitulado “Balanço de Avaliação da Execução do PAA 2003 a 2010”. Esse relatório descritivo aborda acerca da execução das diferentes modalidades do PAA vigentes à época e busca

descrever para o leitor por meio de quadros, tabelas e gráficos qual a situação do programa e como ele se desenvolveu ao longo dos anos.

Esse relatório descreve além do conceito, da concepção e do papel do PAA na perspectiva da política nacional de segurança alimentar e nutricional, o uso e desempenho das modalidades do PAA e suas diferentes formas de operacionalização, a descrição dos recursos no território brasileiro a partir de seus executores, os principais produtos adquiridos e finaliza com os resultados e desafios identificados em pesquisas, seminários e demais instâncias. Assim, entre esses dados, optou-se por apresentar uma tabela resumo sobre a execução orçamentária de 2003 até 2010. Essa tabela descreve em números a quantia de recursos aplicados no programa, o número de agricultores familiares participantes, quantas pessoas foram atendidas com esses recursos e a quantia de alimentos adquiridos, em toneladas.

Tabela 1 – Execução orçamentária.

Fonte: Balanço de Avaliação da execução do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA 2003 a 2010.

Da tabela 1, pode-se verificar que o programa cresceu nesses 8 (oito) anos iniciais nos quatro quesitos apresentados. Atribui-se esse fato, conforme o relatório, à “ampliação do número de agricultores familiares participantes, de pessoas atendidas e da quantidade de alimentos adquiridos” (BALANÇO..., 2010, p. 6). Comparando os anos de 2003 e 2010, quanto aos recursos aplicados no PAA, verifica-se um incremento de 370% (trezentos e setenta por cento). Enquanto o volume de alimentos adquiridos em 2010 é de 240% (duzentos e quarenta por cento) superior ao do ano de 2003. Constata-se, assim, que nesse período – 2003 a 2010 – houve um importante incentivo por parte do Governo, em termos de recursos aplicados, para a ampliação e desenvolvimento do programa.

O relatório detalhou ainda os valores orçamentários, financeiros e de execução dos recursos do PAA por ano e por fonte de recursos – MDS ou MDA – conforme se examina nos gráficos a seguir apresentados.

Gráfico 1 – Valores orçamentários, financeiros e execução dos recursos do PAA por ano – recursos do MDS.

Fonte: Balanço de Avaliação da execução do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA 2003 a 2010.

Gráfico 2 – Valores orçamentários, financeiros e execução dos recursos do PAA por ano – recursos do MDA.

Fonte: Balanço de Avaliação da execução do Programa de Aquisição de Alimentos – PAA 2003 a 2010.

Quanto aos recursos do MDS, observa-se do gráfico 1 que no primeiro ano houve discrepância entre o orçamento previsto na Lei Orçamentária Anual (LOA) e a disponibilidade financeira e execução orçamentária. Contudo, nos demais anos, esses indicadores quase se igualaram. A partir de 2005, constata-se que houve complementação do orçamento, com exceção de 2008. Ou seja, em 2003, esperava-se gastar mais recursos com o programa, o que não ocorreu, contudo nos anos seguintes foram executados todos os recursos previstos e ainda

se fez necessário a complementação do mesmo. O relatório destaca também que, apesar da suplementação em 2009 e 2010, houve contingenciamento de recursos do Ministério (BALANÇO..., 2010, p. 7), assim, os recursos aplicados acabaram se limitando ao que inicialmente estava previsto.

Quanto ao MDA, gráfico 2, esse órgão passa a contribuir a partir de 2006 numa proporção menor, devido às limitações quanto aos produtos e à organização dos agricultores na modalidade Formação de Estoque (FE) que ficava sob responsabilidade do MDA. O relatório previa que, com o crescente nível e organização dos agricultores e da forma de acesso a essa modalidade, os valores de disponibilidade financeira e de execução orçamentários estariam mais compatíveis. Cabe ressaltar ademais que, a semelhança do que ocorreu com o MDS, em 2010, “[...] parte dos recursos orçamentários do MDA para a implementação do PAA foi contingenciada, o que inviabilizou uma execução mais expressiva de recursos no exercício” (BALANÇO..., 2010, p. 8) afirma o relatório. Conclui-se assim que 2010 foi um ano de contingenciamento para as modalidades do PAA.

Continuando o levantamento, a partir de 2011, utilizou-se os dados apresentados pelo site PAA-DATA. Esse site exibe diversas informações, classificando-as por: Estado, Munícipio, fornecedor, tipo de produto, recursos, entidades beneficiadas, volume de comercialização, etc. – entre os anos de 2011 a 2017. De acordo com a modalidade, são executores do programa: a Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), que representa a execução de âmbito federal; os Estados e/ou os Munícipios, conforme se verifica no quadro 3 abaixo apresentado.

Quadro 3 – Modalidades, fonte de recursos e executor do PAA.

Modalidade Fonte de

Recursos Executor

Apoio a Formação de Estoques pela

agricultura familiar MDS/MDA CONAB

Aquisição de Sementes MDS CONAB

Compra Direta da Agricultura Familiar MDS/MDA CONAB Incentivo à Produção e Consumo de

Leite – PAA leite MDS

Estados da região Nordeste e Norte de Minas Gerais.

Compra com Doação Simultânea MDS CONAB, estados e municípios.

Entre os diversos dados e informações do PAA-DATA, optou-se por reproduzir o mesmo quadro apresentado pelo Balanço de Avaliação da Execução do PAA 2003 a 2010 do GGPAA, buscando assim manter uma simetria entre os dados apresentadas para demonstrar a evolução do programa. Ademais, apresentou-se informações até o ano de 2017, tendo em vista que não há no sistema dados de 2018. Dessa forma, foi produzida a seguinte tabela:

Tabela 2 – Execução Orçamentária PAA a partir de 2011 – Brasil.

Período Recursos aplicados – R$ em milhões Nº de agricultores Familiares* Pessoas Atendidas Alimentos adquiridos (t) 2011 667,32 185.342 20.976.657 517.921 2012 839,21 209.845 22.518.088 529.033 2013 443,18 109.241 10.983.793 280.175 2014 583,83 126.952 202.012.657 336.155 2015 555,42 109.936 13.411.947 289.827 2016 417,40 91.668 16.510.504 133.909 2017 346,45 83.221 13.351.214 110.002 Fonte: PAA-DATA

*entidades e agricultores fornecedores

Observa-se, da tabela 2, que o ápice do programa foi em 2012 – quando foram aplicados R$ 839 milhões no PAA. A partir de 2012, há uma redução dos recursos executados, não se recuperando nos anos seguintes o volume de capital aplicado, apesar da pequena melhora em 2014 e 2015. Em 2016 e 2017, há novos contingenciamentos de recursos e esses voltam a cair, chegando a patamares inferiores aos aplicados nos anos de 2006 e 2007.

Observa-se ainda da tabela 2 que os recursos de 2013 são 52% inferiores aos executados em 2012, ou seja, naquele ano houve um vultoso corte no programa. Segundo o Resultado das Ações da CONAB em 2013, publicado em 2014, essa redução é justificada por diversos fatores, tais como, a seca ocorrida na época no Nordeste, a redução da demanda de Compra Direta, o cancelamento da modalidade Formação de Estoque com liquidação física, a remodelação dos normativos, entre outros fatores (VIANA et al., 2014, p. 5). Para Heling et al. (2017, p.60), esse corte se dá principalmente devido a uma

[...] intervenção investigativa realizada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) sobre a execução do PAA, apontando para existência de possíveis irregularidades em aproximadamente 7% (sete por cento) dos projetos analisados e demandando ao conselho gestor e a entidade executora do PAA a apresentação de “ajustes” nos normativos de acesso ao programa pelos agricultores familiares e suas organizações e a adoção de ações mais eficazes de fiscalização, monitoramento e avaliação sobre os projetos contratados, tanto nas entidades fornecedoras quanto nas entidades receberas.

Os dados mais recentes, apresentados pela CONAB no Compêndio de 2019, apontam informações referentes ao exercício de 2018 em breve resumo do programa desde a implementação. Esses foram os únicos dados encontrados de 2018, tratando-se de uma síntese do PAA, como se verifica na tabela 3 a seguir disposta:

Tabela 3. Evolução dos Recursos (R$) Sead/MDS aplicados na aquisição de produtos do PAA de 2003 a 2018.

Fonte: CONAB, 2019.

Essas informações levam em consideração as modalidades Compra com Doação Simultânea (CDS), Aquisição de Sementes, Compra Direta da Agricultura Familiar (CDAF) e Apoio à Formação de Estoques pela Agricultura Familiar (CPR Estoque) – modalidades executadas pela CONAB. Assim, não integram esses valores, as Compras Institucionais (CI) e o PAA-Leite. Cabe ressaltar também que no ano de 2018 não foi operacionalizada a modalidade CDAF, o que pode ter influenciado para os baixos índices expostos.

Conforme se verifica da tabela 3, o ano de 2018 foi menor inclusive que o ano de 2003 – ano de instituição do programa. Essas mudanças normativas, para melhorar a fiscalização do programa, somada a instabilidade gerada pelas ações policial e judicial ocorridas a partir de 2013 e a ampliação de procedimentos burocráticos em 2016 e 2017 causaram uma redução na efetividade do PAA (PORTO, 2016 apud HELING et al., 2017, p.60).

Nesse panorama, 2019 não tem sido um bom ano para o Programa de Aquisição de Alimentos tendo em vista a redução gradual do programa, os cortes e contingenciamentos previstos. Desde 2013, ele vem sofrendo restrições e contenção das verbas. Nessa perspectiva, em 2019, “[...] 55% do orçamento previsto na LOA foi cancelado. O Ministério do

Desenvolvimento Social está pleiteando uma recomposição orçamentária, via projeto de lei do executivo, de mais 210 milhões” (AGENCIA..., 2018), com isso constata-se que o programa tem recuado em vez de expandir.

Da mesma forma, conforme se verifica dos dados apresentados no próximo tópico, o Estado do Ceará vem apresentando evolução do programa semelhante ao exposto no âmbito nacional.