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Danças de Salão Nas palavras de Rosado (2007):

DA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE DANÇA Nas palavras de Teresa Estrela:

CAPÍTULO 2 – DO ENSINO DA DANÇA E DA SUA RELAÇÃO COM A MÚSICA

2.3 DA MÚSICA NO ENSINO DAS DANÇAS SOCIAIS

2.3.1 Danças de Salão Nas palavras de Rosado (2007):

“Assiste-se nos últimos anos a um crescente aumento de interesse pelas danças de salão, quer na sua vertente competitiva (recentemente designada de dança desportiva), quer na vertente de exibição/ espectáculo (animações, espectáculos, concursos televisivos) tal como, e essencialmente, na vertente social. São cada vez mais as pessoas de todas as idades e de ambos os sexos que procuram esta atividade física como forma de combater o sedentarismo, numa perpectiva de integração social, de pertença a um grupo, de lazer e ocupação de tempos livres” (Rosado, 2007: 149, 150).

Por isso mesmo defendemos a sua inclusão neste estudo sobre a formação musical dos atuais e futuros professores de dança.

Num âmbito generalizado, podemos defini-las como danças de pares, normalmente executadas por um elemento feminino e por um elemento masculino, com um ambiente musical específico.

O termo “de salão” veio pela necessidade de salas grandes, os salões, para que fosse possível realizar as evoluções das danças. Com o desenvolvimento da dança social, teve início a organização das danças de salão como um estilo próprio. Além das pessoas que dançavam socialmente existiam também as que dançavam com finalidade competitiva. As danças dividiram-se entre sociais e de competição.

Foram os ingleses os primeiros que percorreram vários países para encontrar a síntese de cada ritmo, codificando a forma de o dançar, para criarem as primeiras competições.

A origem de cada dança, a postura, a forma de locomoção, a música que as acompanha e a utilização do espaço são características específicas e passaram a definir a divisão das danças de salão entre danças modernas e latinas.

A International Dance Sport Federation (IDSF), órgão responsável pelas danças de competição, assume que dez ritmos fazem parte de duas modalidades de dança, sendo eles:

 Danças Modernas: Valsa Vienense; Valsa Lenta/Inglesa; Tango; Foxtrot e Quickstep.

 Danças Latinas ou Latino-Americanas: Samba, Cha-Cha-Cha, Rumba Cubano, Paso Doble e Jive.

Rosado (1998, 2007) analisa estas danças de acordo com: o espaço físico - progressão espacial de cada uma das referidas danças; o espaço partilhável – relações entre o par (posições fechadas e posições abertas); e com a caracterização musical de cada uma das danças.

Sobre esta ultima, a autora defende que a apresentação de cada uma das danças, na maioria dos livros técnicos de danças de salão, começa por referir a respetiva caracterização em relação a quatro pontos fundamentais: compasso, acentuação, tempo e timing

 A VALSA VIENENSE – desenvolvida na Europa Central, a partir da dança folclórica Austríaca “Lander”, a valsa chega a Viena no século XIX, onde se torna muito popular. A música de Johan Strauss ajudou à popularização deste tipo de valsa que se caracteriza por ser de ritmo rápido, normalmente escrita em compasso de 3/4 ou 6/8, com cerca de 180 tempos/pulsações por minuto e com uma forte acentuação no primeiro tempo. A acentuação do primeiro tempo é normalmente conseguida, em termos musicais, por um ataque nas notas mais graves, ou por uma acentuação do baixo. A dança segue esse acento dando, no primeiro tempo do compasso, um passo mais largo, ao qual se seguem dois mais curtos e circulares. A ligação entre a música e a dança é assim estrita, e podemos descrever o ritmo de ambas como: 1 2 3, 1 2 3.

 A VALSA LENTA OU INGLESA - É uma variação mais lenta da Valsa Vienense, mantendo o compasso 3/4. Desenvolvida principalmente em Boston, nos Estados Unidos, viria a tornar-se mais famosa com o desenvolvimento da versão Inglesa ou estilo internacional, que continua até aos dias de hoje. As características musicais e coreográficas são muito parecidas com as da valsa vienense, sendo a música mais lenta, com cerca de 90 pulsações por minuto e uma forte acentuação no primeiro tempo.

 O TANGO – Dança popular Argentina, chega a Paris em 1910 onde, pelo seu caráter sensual, conquista a Europa do início de século. Na conferência europeia de professores de dança que teve lugar em Londres, em 1921, o Tango é estandardizado num estilo mais lento do que a sua versão original argentina. A música é normalmente escrita em 2/4, ou 4/4 com um acompanhamento rítmico sincopado e tocada a uma velocidade de cerca de 130 pulsações por minuto. Embora seja uma dança latina, na área das danças de salão de competição é classificada juntamente com as danças modernas.

 O FOXTROT – Descende do Rag-Time Norte-Americano do início do século XX, tendo-se estabelecido como estilo de dança em Inglaterra, por volta de 1920. A sua característica principal é o facto de conjugar passos de dança com passos “de andar”. A música está normalmente em 4/4, a pulsação varia entre os 120 e os 136 batimentos por minuto, e a coreografia caracteriza-se numa sequência de passos: Lento – Lento – Rápido – Rápido – Lento – Rápido – Rápido.

 O QUICKSTEP – Também descendente do Rag-Time Americano, o Quick Step será a mais alegre, viva, rápida e leve de todas as “danças modernas” de competição. A música é também escrita em 4/4, não tendo nenhuma acentuação especial, mas caracterizando-se por ser uma música fluída, com marcação do contratempo e do swing do jazz e tem uma pulsação que ronda os 200 a 208 batimentos por minuto.

Às denominadas danças latinas, pertencem:

 O SAMBA – Dança brasileira, caracteriza-se por movimentos circulares da pélvis. Desde 1963 que o samba faz parte das danças latinas de competição, é dançado ao som de um ritmo sincopado, numa música rápida com cerca de 100 pulsações por minuto, normalmente escrita em 2/4 e que se caracteriza por ter uma forte acentuação no tempo, num ritmo do tipo: 1 e2, 1 e2.

 CHA-CHA-CHA – É das mais recentes danças de salão. Surge em Cuba, por volta de 1950, vai buscar o seu nome ao “som” dos três passos seguidos que a caracterizam, muitas vezes acentuados pelo uso de maracas na música, que está num compasso de 4/4 e tem uma velocidade média de 128 pulsações por minuto. Começando em anacruse, o ritmo da dança poderia ser descrito da seguinte forma: 4e1, 2, 3, 4e 1, 2, 3, 4e1.

 RUMBA – é a mais lenta das danças latinas de competição, escrita em 4/4, com uma velocidade de cerca de 100 pulsações por minuto, caracteriza-se por começar em anacruse, num ritmo do tipo: 2, 3, 4, (1), e por ser uma música fluida, tipo balada, para acompanhar uma dança com movimentos bastante complexos da anca e da pélvis, originários da tradições africanas.

 PASO DOBLE – Uma dança a pares espanhola, rápida, caracterizada pela acentuação em cada segundo passo, num caráter quase de marcha, com movimentos rápidos, diretos e incisivos. A sua música está muito associada ao toureio espanhol, é escrita em 2/4 e tocada a uma velocidade que ronda as 120 pulsações por minuto.

 JIVE – Descende do Blues Americano e associa-se a músicas que vão desde o Boogie Woogie ao Rock’n’Roll. A música é rápida, em 4/4, com cerca de 180 pulsações por

minuto. A dança é rápida, de movimentos firmes e diretos, num ritmo do estilo 1, 2, 1 e2.

Estas danças, músicas e ritmos estabelecem um padrão considerado integralmente apenas em competições.

No âmbito social, também existem as mesmas modalidades de dança, modernas e latinas, mas não aparecem todos os dez ritmos estabelecidos pela IDSF.

Nas escolas de danças de salão, os ritmos e tipos ensinados podem variar. Há a constância de alguns ritmos, a ausência de outros e a inserção de muitos que, por terem surgido mais recentemente, ainda não entraram na classificação oficial de competição.

Dançar numa escola é uma atividade social e permite flexibilidade para determinar quais os ritmos que irão compor a estrutura do curso de dança de salão de acordo com a cultura, preferência e procura do público (Cassari, 2010).

Recordamos Zeiner-Henriksen (2010), citado no início deste ponto, que defende que neste tipo de danças sociais, a análise da relação entre a música e a dança pode-se centrar na necessidade que a música tem de orientar e estruturar o movimento, valorizando não só características que se prendem com o tempo e o ritmo, mas também com a “energia” que uma música pode transmitir ou o ambiente que pode proporcionar.