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SÍNTESE DA REVISÃO FEITA SOBRE O ENSINO DA DANÇA E A SUA RELAÇÃO COM A MÚSICA

DA FORMAÇÃO DOS PROFESSORES DE DANÇA Nas palavras de Teresa Estrela:

CAPÍTULO 2 – DO ENSINO DA DANÇA E DA SUA RELAÇÃO COM A MÚSICA

2.6 SÍNTESE DA REVISÃO FEITA SOBRE O ENSINO DA DANÇA E A SUA RELAÇÃO COM A MÚSICA

Iniciámos este capítulo fazendo uma revisão sobre a evolução da dança teatral em Portugal, ao longo do século XX, procurando ainda identificar algumas das características da dança teatral no contexto europeu e internacional na atualidade.

Serviu este ponto para identificar algumas das alterações que se têm vindo a verificar na dança contemporânea das últimas décadas, nomeadamente no que diz respeito à sua ligação com as outras expressões artísticas em geral e com a música em particular.

Seguidamente procurámos traçar, ainda que de forma breve, o papel da música no ensino das diversas técnicas e tipos de dança identificados como mais difundidos no nosso país.

Serviu este ponto para identificar as diversas formas como a música pode aparecer no domínio do ensino da dança. Se na técnica de dança clássica a música tem sido um suporte fundamentalmente rítmico e estruturante ao nível dos tempos e das frases requeridas para a execução dos vários exercícios que promovem o desenvolvimento dos alunos, já na técnica de dança contemporânea, embora o ritmo continue a ser estruturante, o ambiente, caráter ou até mesmo o tipo de música utilizada desempenham também um papel fundamental. Observámos que a dança criativa para crianças faz uma utilização mais livre da música, servindo esta de estímulo não só através do ritmo, mas também do caráter, do ambiente, dos instrumentos que utiliza, ou até da “mensagem” da letra cantada. No ensino das danças sociais, verificámos que o ritmo da música está de tal forma associado à dança a que se destina, que se pode reconhecer a dança só através da audição da música e vise-versa, mas vimos também que em muitas delas, nomeadamente no sapateado, no flamenco, nas danças orientais e nos estilos brodway, jazz e musicais, é muitas vezes pedido aos próprios bailarinos que “atuem como músicos”, seja através do ritmo que impõem sonoramente com os pés, das palmas que fazem parte da coreografia, dos instrumentos que tocam enquanto dançam (castanholas, sagats, etc.) ou inclusive, da sua participação como cantores (em particular nos estilos brodway e musicais).

Sobre a relação entre a música e a dança em contexto educacional, começámos por ver os exemplos dos grandes pedagogos que ao longo do século XX, estabeleceram pontes fundamentais entre estas duas expressões artísticas, na educação. A Delsarte, Dalcroze e Laban devemos muito do que é a relação entre a música e a dança na educação, do que é aprender música através do movimento e do que é aprender dança através da música, e os seus contributos foram tão fundamentais que continuam, ainda hoje, a ser não só matéria de estudo, mas a base de muitos outros “métodos” de ensino, desenhados desde então.

De seguida procurámos rever o que a literatura diz sobre os possíveis conteúdos de uma formação em música especificamente desenhada para estudantes de dança, futuros bailarinos e professores de dança, dando especial ênfase ao trabalho rítmico, mas ilustrando também outros conteúdos possíveis e importantes no desenvolvimento musical do estudante de dança, nomeadamente os defendidos por Zallman, Teck e Leitão.

Serviu este ponto para realçar a importância do estudo rigoroso e aprofundado do ritmo, por parte dos estudantes de dança, mas também de outros conteúdos, que passam pelo desenvolvimento de uma escuta musical atenta, ativa e crítica, atenta às várias formas como o movimento se pode relacionar com a música e com o som.

Fizemos ainda uma breve abordagem ao ensino da música no ensino superior de dança em Portugal, sintetizando os planos de estudo e objetivos das unidades curriculares relacionadas com a música nas licenciaturas de dança da FMH e da ESD.

Reconhecemos no entanto que embora nestes capítulos tenhamos procurado fazer uma revisão da literatura sobre o muito que já se estudou não só sobre a relação da dança e da música em contexto performativo, mas também no contexto do ensino da dança, continuamos a encontrar pouca investigação (quase nenhuma no caso específico do nossos país) sobre o que pode e deve ser a abordagem à música na formação dos futuros professores de dança.

Acreditamos também que em pleno século XXI, com as mutações artísticas e tecnológicas que descrevemos no início do capítulo, é essencial ao professor (de dança,

de música ou de qualquer outra expressão artística), uma enorme abertura aos novos caminhos da arte e uma vontade e procura de constante atualização.

Como vimos no primeiro capítulo deste trabalho, Garcia (2009) defende que a natureza do ensino exige que os professores se empenhem numa formação contínua e ao longo da vida, não só pela rápida evolução da sociedade do conhecimento, mas também porque ensinar é muito mais do que “transmitir conhecimentos”, e nesse sentido o professor tem de estar continuamente a refletir, do forma crítica, as suas práticas e a integrar o saber académico com o saber prático e com o saber transversal.

Procurámos assim, ao longo destes dois capítulos, contextualizar a formação em música dos professores de dança, revendo a literatura sobre a formação de professores e sobre a relação entre a música e a dança em contexto educativo.

Na segunda parte deste trabalho descreveremos o estudo empírico realizado, tanto no que diz respeito à metodologia de investigação seguida, como à recolha e tratamento de dados, procurando, nas conclusões, a interligação da informação obtida através do estudo empírico com a informação recolhida neste enquadramento teórico.

PARTE II – DESENVOLVIMENTO DA INVESTIGAÇÃO EMPÍRICA