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6 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO

6.1 Definição de metas e resultados acadêmicos

Como já evidenciado, mesmo não sendo uma necessidade informacional resultante do processo, pois antecede à submissão do projeto; a fase de planejamento define os objetivos, metas e resultados acadêmicos, determinando diretamente as futuras demandas informacionais pertinentes à execução físico-acadêmica do projeto, tanto para os coordenadores quanto para os fiscais.

A legislação atual que regulamenta o desenvolvimento dos projetos acadêmicos executados com o apoio da FUNPEC e os normativos internos da UFRN, não possuem diretrizes específicas a serem observados na definição de tais metas e resultados esperados. O § 1º do Art. 6º do Decreto nº 7.423/2010, por exemplo, limita-se a determinar que tais projetos sejam baseados em um plano de trabalho, no qual sejam precisamente definidos: objeto, projeto básico, prazo de execução limitado no tempo, bem como os resultados esperados, metas e respectivos indicadores.

Já a Resolução nº 061/2016 CONSAD/UFRN, apenas estabelece que o projeto acadêmico seja cadastrado conforme o modelo instituído nos sistemas SIG-UFRN. Atualmente, durante a fase de submissão do projeto, o SIPAC conduz os coordenadores na elaboração de metas com base nos objetivos específicos do projeto, que por sua vez derivam do objetivo geral (objeto a ser alcançado). Já os resultados acadêmicos normalmente surgem como entregas decorrentes da execução destas metas.

A legislação, contudo, é clara ao determinar que o objeto do projeto não deve ser genérico, como se observa no parágrafo único do Art. 8º do mencionado Decreto: “É vedado o uso de instrumentos de contratos, convênios, acordos e ajustes ou respectivos aditivos com objeto genérico”. Dessa forma, a delimitação exata do objeto a ser entregue é o primeiro passo do percurso trilhado durante o planejamento da proposta, pois mitigará os riscos relacionados à perda de foco ou desvio de finalidade durante a execução do projeto.

Esta delimitação também atende ao Art. 3º, inciso III da Lei nº 8.958/1994, que proíbe a utilização dos recursos (humanos, materiais e financeiros) em finalidade diversa da prevista nos projetos de ensino, pesquisa e extensão e de desenvolvimento institucional, científico e tecnológico e de estímulo à inovação.

Por seu turno, o Art. 1º da Portaria Interministerial nº 424/2016 define o termo “meta” como a parcela quantificável do objeto descrita no plano de trabalho. Contudo, da mesma forma que os outros normativos não especifica parâmetros a serem observados durante sua formulação.

Diante de normativos que tratam do tema apenas de forma genérica, a participação da Divisão de Fiscalização de Projetos Acadêmicos (DFPA), ainda no estágio de submissão do projeto, segundo C1, C2, C5, C8, C9, C10, C13, C14, F1 e F2, pode suprir a ausência de critérios específicos (legais e institucionais) a serem observados na formulação das metas e dos resultados acadêmicos, conforme resumem as falas a seguir:

A fiscalização iria dizer para o gestor do projeto, o coordenador: Olha professor, isso que o senhor está dizendo aqui que vai entregar não está claro pra gente. Como está sendo mensurado isso? Porque aí sim, eu estou fazendo um acordo de conformidades dos entregáveis desde o início (C1). Eu acho que sim, porque pode nos auxiliar. Muitas vezes ao elaborar a meta deixar claro indicadores que permitam a gente melhorar a aferição. Essa interação, acho que pode auxiliar sim. Pode ajudar (C13). Acredito que sim, até porque o nosso foco é a operação, o foco do pessoal da PROPLAN tem a ver muito com o método, a metodologia de desenvolvimento dos projetos, especificação dos projetos, fiscalização dos projetos (C14). Acredito que sim, pois as metas estabelecidas pelos coordenadores dos projetos na submissão nem sempre podem ser tidas como metas de fato (F1).

Entretanto, C4 não concorda com essa participação ao expor o seguinte ponto de vista: “Não vejo necessidade não. Posso não tá compreendendo o papel do setor. Mas eu não vejo necessidade não. Eu acho que não é o setor de fiscalização que vai definir as metas comigo, nem os produtos, mas sim o demandante”.

Nessa linha, C9 entende que a participação da DFPA poderia ser limitada ao aconselhamento e sinalização quanto à indicação de entregas mais mensuráveis, mais fáceis de serem posteriormente comprovadas. Assim, para ele, este limite evitaria a criação de um passo adicional na submissão e o risco de ser algo obrigatório e vinculante para o prosseguimento do processo.

Outros coordenadores também demonstraram preocupação similar, ao apontarem esta mesma possibilidade:

Só tem que ter cuidado, se eu coloco uma etapa dessa e não burocratizo mais (C1). Eu acho que é útil, mas eu tenho um temor. Eu acho que é importante isso, como fazer isso de forma que não engesse a tramitação do projeto. Porque existe um time a partir do momento em que você tem o edital (C10).

Vale destacar que atualmente a DFPA já participa informalmente, em alguns casos, do processo de submissão. Tal situação é destaca por F2, que ao responder se a participação

da DFPA neste estágio poderia contribuir para a formulação de entregas mensuráveis, trouxe a seguinte perspectiva:

Sim. Não é raro a gente encontrar o desalinhamento das reais intenções do coordenador com as metas e os objetivos a serem alcançados a partir do projeto. Então, sim. Eu acho que é uma situação que a gente já contribui. Isso foi acordado entre o setor, a central de serviços, isso já foi conversado informalmente, já passado pela coordenação da DPA. E a gente na medida do possível quando a gente é solicitado, a gente faz essa contribuição.

Ante o exposto, depreende-se que a DFPA pode, em certa medida, contribuir para que os coordenadores apresentem metas e resultados acadêmicos efetivamente mensuráveis. Porém, considerando que esta participação ainda não possui parâmetros claros, e pode provocar situações que dificultem a tramitação do processo de submissão do projeto, a formalização e o estabelecimento de limites a serem seguidos pela DFPA, nesta fase inicial, devem ser objeto de atenção por parte dos gestores da PROPLAN.

Um desses limites é apontado pelo item 9.2.7 do Acórdão nº 2.731/2008 - TCU – Plenário, que determinou às Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) a adoção, dentre outras, da seguinte providência:

Firmem seus contratos atentando para a devida segregação de funções e responsabilidades, no que tange à propositura, homologação, assinatura, coordenação e fiscalização, de modo a impedir a concentração dessas funções exclusivamente em um único servidor, em especial nos coordenadores de projetos. Como visto, as funções exercidas pelos atores em cada estágio do projeto não podem ser cumulativas. Por conseguinte, durante a submissão da proposta, a interação do fiscal com a coordenação do projeto, não deve ultrapassar as fronteiras sugeridas por C9, pois caso contrário este agente estaria assumindo a responsabilidade do coordenador, no que tange à proposição das metas e resultados, conforme alertou C4 anteriormente.

Em resumo, F2 entende que quanto mais cedo ocorrer a interação entre o coordenador e a DFPA, mais salutar será a relação desses agentes durante as ações de monitoramento. Para ele, essa relação poderia ser iniciada já na submissão do projeto, não só no sentido de orientação na definição de metas e resultados, mas, também para que o coordenador tenha ciência de sua responsabilidade quanto à prestação contas de todas as entregas pactuadas no plano de trabalho do projeto e no contrato assinado junto à FUNPEC.

Além da participação da DFPA no processo de submissão, faz-se necessário também que a UFRN capacite os professores que gerenciam projetos acadêmicos, ou que pretendem gerenciá-los, visando preencher não só as eventuais lacunas de conhecimento, evidenciadas

no capítulo anterior, mas outros hiatos não abarcados pelo presente estudo, relativos à proposição, gestão e encerramento de empreendimentos executados com o apoio da FUNPEC.

Tal capacitação é justificada por C1, ao constatar que as competências inerentes às funções de professor, pesquisador e coordenador de projeto acadêmico, são totalmente diferentes. Assim, ele expôs os requisitos a serem observados, caso a UFRN oferecera um treinamento formal aos coordenadores:

É superimportante que antes de um professor coordenar um projeto, ele ter minimamente uma formação. Essa formação não precisa ser presencial, a própria PROPLAN junto com as Pró-reitorias de Extensão, de Pesquisa, de Graduação e de Pós-graduação, podem elaborar um curso mediato por tecnologia. Um curso que fala das resoluções, de como encaminhar um projeto, quais são as boas práticas, o que se deve fazer pra se ter um fluxo mais natural de prestação de contas.

Apesar das particularidades inerentes a cada projeto, adicionalmente é preciso que a Resolução 061/2016-CONSAD/UFRN estabeleça critérios e parâmetros mínimos a serem observados durante a elaboração das metas e resultados acadêmicos dos projetos desenvolvidos com apoio da FUNPEC. Depreende-se que esta formalização dará mais segurança ao coordenador do projeto, quando este definir suas entregas, e à DFPA e demais setores da Universidade, quando recomendarem mudanças nas metas ou resultados, pois terão um normativo institucional dirigindo suas observações, culminando na concepção de entregas plausíveis e mensuráveis. Tais diretrizes podem fazer parte dos anexos da citada resolução.