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4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 Escolha e delimitação do caso

O processo ou unidade de análise investigado, conhecido como fiscalização ou ação de monitoramento, foi concebido em resposta às demandas da Controladoria Geral da União (CGU) e do TCU. Conforme registrado no item 9.2 do Relatório de Gestão do exercício de 2013, estes órgãos recomendaram que a UFRN estabelecesse rotinas sistemáticas de acompanhamento e fiscalização para os contratos acadêmicos firmados com a FUNPEC, resultando, à época, na constituição do setor de fiscalização, atual Divisão de Fiscalização de Projetos Acadêmicos (DFPA).

A DFPA é parte da estrutura organizacional da UFRN, autarquia vinculada ao Ministério da Educação, criada em 25 de junho de 1958, através de lei estadual, sendo federalizada em 18 de dezembro de 1960. Segundo o Art. 2º do Regimento Geral da Universidade, sua gestão universitária é realizada por meio de órgãos colegiados deliberativos, assim como por órgãos executivos, que nos níveis da administração central, acadêmica e suplementar, representam, respectivamente, a administração superior, a administração escolar e a administração suplementar (UFRN, 2019a).

A Reitoria é o órgão executivo da administração superior ao qual compete dirigir, administrar, planejar, coordenar e fiscalizar as atividades da UFRN. Sua estrutura administrativa comporta oito Pró-Reitorias, que segundo seu regimento interno representam órgãos auxiliares da direção superior incumbidos de funções de assessoramento, supervisão, coordenação e fomento de atividades estratégicas específicas, em consonância com o Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da Universidade (UFRN, 2019b).

Dentre essas Pró-Reitorias, encontra-se a Pró-Reitoria de Planejamento (PROPLAN), órgão responsável pela coordenação do sistema de planejamento institucional da UFRN. De acordo com o Regimento Interno da Reitoria, uma das competências da PROPLAN, refere-se à coordenação do processo de formalização e gestão de convênios, contratos e demais instrumentos jurídicos, com ou sem recursos financeiros, que estabeleçam relação jurídica entre a Universidade, a Fundação de Apoio e/ou outros agentes financiadores de projetos acadêmicos (UFRN, 2019b).

Nesse sentido, a estrutura organizacional da PROPLAN, como se observa na figura 09, dispõe da Diretoria de Projetos Acadêmicos (DPA), responsável por orientar a comunidade acadêmica, realizar análises, elaborar instrumentos jurídicos, autorizar atualizações e fiscalizar o cumprimento de metas acadêmicas nos projetos acadêmicos da Universidade.

Figura 09: Organograma da PROPLAN

Fonte: (PROPLAN, 2020).

A fiscalização do cumprimento de metas acadêmicas nos projetos acadêmicos da UFRN, como já informado na introdução do presente estudo, compete à DFPA, uma das divisões da DPA, que operacionaliza o processo por meio das atividades desenvolvidas pelos fiscais de projeto acadêmico.

A atuação dos fiscais é realizada de maneira mais próxima aos coordenadores (gestores dos projetos acadêmicos), que segundo os incisos III e IV do Art. 11 da Resolução nº 061/2016-CONSAD/UFRN, dentre outras, possuem as seguintes responsabilidades:

III – apresentar relatórios de prestação de contas parciais ou final para projetos do tipo A e B, conforme estabelecido no instrumento jurídico.

IV – prestar aos órgãos competentes, quando solicitado, todas as informações necessárias à prestação de contas físico-financeira, para os projetos do tipo A e B.

Visando apreciar administrativamente os relatórios e informações disponibilizados pelas coordenações dos projetos, de modo que se ateste a boa e regular execução dos resultados físico-acadêmicos programados, foram atribuídas aos fiscais da PROPLAN, de acordo com os incisos I a IV do Art. 13 da Resolução nº 061/2016-CONSAD/UFRN, as seguintes atividades:

I – acompanhar o cumprimento das metas acadêmicas;

II – verificar o fiel cumprimento dos resultados previstos nos instrumentos contratuais dos projetos acadêmicos (art. 6º do Decreto nº 2.271/19977);

7 Revogado pelo Decreto nº 9.507/2018.

III – apresentar relatório de fiscalização das atividades acadêmicas realizadas, atestando a regular execução do objeto contratual e o cumprimento das metas e resultados acadêmicos do respectivo projeto.

IV – assistir e subsidiar o coordenador do projeto no tocante às falhas relacionadas às ações descritas aos incisos I e II.

Percebe-se, conforme descrito na parte introdutória da pesquisa, que a situação problema identificada está diretamente ligada às atribuições legais dos coordenadores e fiscais dos projetos acadêmicos. Razão pela qual, a definição dos objetivos da pesquisa incorporou elementos que visam facilitar a execução das mencionadas responsabilidades, de modo que o processo de fiscalização seja, não apenas eficaz, mas eficiente em suas ações.

Definido o caso ser investigado, sua correta delimitação torna-se um passo importante, já que, segundo Yin (2015, p. 36), “ajudará a determinar o escopo de sua coleta de dados e, particularmente, como irá distinguir os dados sobre o sujeito do seu estudo de caso (fenômeno) dos dados externos ao caso (o contexto)”. Assim, a população e o conjunto amostral do estudo são determinados a seguir.

4.1.1 População e amostra

Entendendo a população do estudo como “um conjunto definido de elementos que possuem determinadas características,” consoante Gil (2008, p. 94), sendo representada pela totalidade dos sujeitos passíveis de investigação; a população desta pesquisa compreende 55 indivíduos. Os coordenadores de projetos acadêmicos representam sua maior parcela com 52 sujeitos. O restante compreende 03 fiscais que atuam junto à PROPLAN.

Na definição da amostra, optou-se por uma amostragem não probabilística ou intencional. Para Gil (2008, p. 94), a amostra por tipicidade ou intencional “consiste em selecionar um subgrupo da população que, com base nas informações disponíveis, possa ser considerado representativo de toda a população”, competindo ao pesquisador determinar os critérios que definirão os indivíduos a serem escolhidos.

Dessa forma, foram selecionados 13 coordenadores que executam projetos de forma contínua, que já apresentaram prestações de contas técnicas e que juntos gerenciam mais de 85% dos recursos utilizados pelos projetos desenvolvidos na Universidade. Complementando a amostra, dentre os três fiscais que atuam na análise das prestações de contas técnicas, dois foram incluídos, totalizando assim 15 indivíduos. O 3º fiscal é o próprio pesquisador, que naturalmente foi excluído.

Para preservar o anonimato dos entrevistados, na fase de análise e discussão dos resultados do estudo, as falas dos coordenadores e fiscais foram identificadas por uma combinação alfanumérica, C1, [...], C14, e F1 e F2, respectivamente. A definição dos códigos para os fiscais deu-se pela ordem de realização das entrevistas. Já para os coordenadores foi estabelecida uma classificação, em ordem crescente, com base no valor orçamentário sob a responsabilidade de cada gestor. Ademais, quando uma fala menciona um nome próprio, capaz de identificar o entrevistado, utilizou-se apenas a primeira letra do nome, para pessoas, e reticências para lugares, produtos e serviços oferecidos.

No quadro 15, é possível visualizar a lista dos coordenadores e fiscais convidados a participar da pesquisa, a quantidade individual e coletiva de projetos coordenados, e por fim a soma dos recursos sob a responsabilidade de cada gestor e o valor global dessa carteira de projetos.

Quadro 15: Representação do conjunto amostral da pesquisa

Coordenadores/Fiscais Projetos coordenados Orçamento (R$)

C1 05 227.729.190,00 C2 02 80.717.032,42 C3 01 24.500.000,00 C4 04 18.220.869,56 C5 02 14.610.145,05 C6 01 13.766.685,56 C7 01 9.656.797,07 C8 02 8.343.088,00 C9 01 5.424.388,59 C10 01 5.115.289,81 C11 01 4.501.598,34 C12 01 4.220.284,42 C13 01 3.241.312,47 F1 --- --- F2 --- --- Total 23 421.656.131,29

Fonte: Elaborado pelo autor (2020).