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Definição de objectivos e metodologia de trabalho

No documento A MÚSICA EM EXPOSIÇÃO: UMA (páginas 48-51)

4. A MÚSICA (O PATRIMÓNIO MUSICAL) ENQUANTO CONTEÚDO EXPOSITIVO EM CONTEXTO MUSEAL

4.1. Definição de objectivos e metodologia de trabalho

Nos capítulos anteriores caracterizei de forma geral o Museu da Música e diagnostiquei a sua exposição permanente, tendo identificado as suas principais carências e procurado a partir daí apontar prioridades para uma programação expositiva.

Em complemento ao trabalho que apresentei até este ponto, proponho-me agora extrair algumas conclusões acerca da forma como vários museus de temática musical (portugueses / europeus e americanos) responderam ao desafio de expor a música.

É certo que os museus são muito mais do que as suas exposições, nomeadamente no que toca à experiência da visita, que pode ser complementada por vários outros serviços. No entanto, a minha opção de análise passa por focar-me sobretudo na exposição, procurando dessa forma evitar dispersar-me relativamente ao que é o essencial deste trabalho.

Tendo em vista a redacção deste texto realizei, portanto, visitas a cinco museus: Museu do Fado e Museu da Música Portuguesa (Portugal), Musée de la Musique (Paris, França), Musée des Instruments de Musique (Bruxelas, Bélgica) e Haus der Musik (Viena, Áustria).39

Para alargar um pouco mais a natureza das minhas reflexões, analisei também os sites web de dez outros museus: Museum für Musikinstrumente der Universität Leipzig (Leipzig, Alemanha), Museu de la Música (Barcelona, Espanha), Museo Interactivo de la Musica (Málaga, Espanha), Museo Internazionale e biblioteca della

musica di Bologna (Bolonha, Itália), Horniman Museum (Londres, Reino Unido), Ringve Museum (Trondheim, Noruega), Musical Instrument Museum (Phoenix, Arizona, E.U.A.), Museum of Making Music (Carlsbad, California, E.U.A.), The Rock and Roll Hall of Fame and Museum (Cleveland, Ohio, E.U.A.) e National Music

Museum (Vermillion, South Dakota, E.U.A.).

39 Visitei o Musée des Instruments de Musique, a Haus der Musik e o Musée de la Musique numa viagem de uma semana, respectivamente nos dias 3, 5 e 7 de Abril de 2011. Já conhecia tanto o Museu do Fado como o Museu da Música Portuguesa, pelo que no âmbito deste trabalho realizei visitas mais focadas em Julho de 2011.

A escolha dos museus que visitei seguiu alguns critérios. No caso português escolhi os outros dois museus de temática musical que, juntamente com o Museu da Música, possuem neste momento projectos mais solidificados. Por questões que se prendem com a gestão do meu tempo, optei por deixar de fora o Museu de Etnomúsica da Bairrada. Seria minha intenção proceder à sua análise via internet, mas infelizmente trata-se de um museu ainda recente, pelo que não possuía à data deste trabalho um site web. Por motivos diferentes, deixei igualmente de fora o Museu da Música Mecânica, dado tratar-se de um projecto que não tinha ainda, também à data deste trabalho, aberto ao público. Por outro lado, optei por não incluir na minha análise o Museu Nacional de Etnologia, já que, apesar de possuir uma importante colecção de instrumentos musicais, não se trata de um museu de temática musical.

Passando aos internacionais, por questões de viabilidade financeira, excluí imediatamente a possibilidade de visitar museus americanos. Quanto aos europeus, teria muitas hipóteses por onde escolher. Nesse sentido, comecei por realizar uma visita preparatória via internet. A minha escolha acabaria por recair sobre os que identifiquei acima por se tratarem de três tipologias diferentes de museus de temática musical: um deles focado sobretudo nos instrumentos musicais (Musée des Instruments de Musique), outro abordando a música do ponto de vista das novas tecnologias (Haus der Musik) e por fim um último focado na música de forma genérica (Musée de la Musique). Para cada um destes museus existiriam alternativas bastante válidas. Assim sendo, acabei por escolher os três que me pareceram possuir os projectos museológicos mais interessantes.

Quanto às visitas virtuais, procurei mais uma vez escolher museus com diferentes e interessantes projectos de abordagem à música e com realidades locais variadas. Por motivos práticos que se prendem com os idiomas que domino, escolhi também museus cujos sites possuíssem conteúdos em inglês. Por outro lado, não tendo hipótese de conhecer presencialmente qualquer museu americano, optei aqui por escolher quatro representantes.

Como referi atrás, as visitas (presenciais e virtuais) que realizei tiveram como objectivo primordial identificar estratégias de exposição da música. Nesse sentido, a perspectiva que adoptei foi aquela que é apresentada por Ambrose e Paine no livro Museum Basics: "Research and observation in other museums and similar facilities can also provide very valuable data as well as ideas for your own developments. (...) Test for yourself the range and quality of services on offer.” (AMBROSE; PAINE, 2006: 26).

Procurei, por conseguinte, que das visitas que realizei resultassem ideias acerca das formas mais interessantes de comunicar a música e o seu património, identificando também que património é esse. O objectivo seria depois basear-me nessas ideias em benefício do programa expositivo para o Museu da

Música, tentando, nomeadamente, perceber como poderá a sua exposição distinguir-se positivamente relativamente às de outros museus, isto numa perspectiva de conquistar o seu próprio espaço.

Tendo em vista estes objectivos, preparei para as visitas presenciais um guião (ver Anexo 9) que tinha como propósito a sistematização dos elementos a recolher, sobretudo relativos à caracterização dos museus e à fruição das suas respectivas exposições permanentes. A ideia passava por garantir que os mesmos elementos seriam recolhidos para cada museu visitado, possibilitando, assim, uma posterior análise comparativa, mas também um conhecimento mais aprofundado dos cinco museus.

Já no caso das visitas virtuais optei por recolher um número muito mais reduzido de elementos (ver Anexo 10). Esta opção justificou-se acima de tudo por uma questão de exequibilidade, tanto porque uma análise aprofundada requeriria muito tempo, mas também porque não seria possível obter todos os elementos necessários apenas a partir de uma análise dos conteúdos disponíveis nos sites web dos museus.

Durante as visitas presenciais procurei, portanto, recolher tantos dados quanto possível. Tendo por base os elementos recolhidos e baseando-me, também, nos sites e na leitura dos roteiros dos museus, procurei depois sistematizar a informação referente a cada uma das cinco instituições visitadas (ver Anexos 11 a 15).

O próximo passo foi a definição de uma grelha para análise comparativa dos dados recolhidos (ver Anexo 10). Esta foi elaborada levando em linha de conta os objectivos que apresentei atrás. Assim sendo, a minha intenção foi permitir uma comparação dos dados de todos os museus, independentemente de os ter visitado presencialmente ou virtualmente.

Como tal havia que seleccionar um conjunto limitado de parâmetros de comparação. A escolha passou, portanto, por identificar quais seriam os mais relevantes tendo em vista os resultados que pretendia atingir. Escolhi, então, comparar as exposições permanentes do ponto de vista dos temas tratados, dos discursos expositivos adoptados, das colecções e dos conteúdos informativos. No sentido de perceber as opções tomadas por cada museu no contexto das suas missões, compilei também essa informação.

Tal como era suposto, ao sistematizar os elementos sobre os vários museus (em especial aqueles que visitei presencialmente) passei a conhecê-los de forma mais aprofundada. Por outro lado, ao reunir numa grelha dados referentes a todos os museus, tornou-se possível compará-los e, como tal, identificar tendências. Apresento de seguida as conclusões mais relevantes a que cheguei.

No documento A MÚSICA EM EXPOSIÇÃO: UMA (páginas 48-51)