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Requisitos da exposição

No documento A MÚSICA EM EXPOSIÇÃO: UMA (páginas 99-103)

5. PROPOSTA DE PROGRAMA EXPOSITIVO

5.4. Requisitos da exposição

Com o ponto anterior terminei a apresentação das três áreas e respectivos núcleos e secções que deverão constituir a exposição permanente do Museu da Música. Embora pensadas tendo por base pressupostos diferentes, as três áreas em questão deverão ser coerentes entre si.

Essa coerência está na temática que abordam (a música), no entanto, deverá igualmente transparecer das opções expositivas adoptadas.

Uma dessas opções será a existência clara de um discurso, da qual resulta que a exposição terá um circuito expositivo sequencial. Quer isto dizer que, dentro das três grandes áreas expositivas, a apreensão optimizada de alguns conteúdos implicará um contacto prévio com outros.

Assim sendo, a partir do momento em que o visitante inicia a sua visita será conduzido de área em área e, dentro destas, de núcleo em núcleo, até chegar ao final. Os diferentes espaços estabelecem relações de causa e efeito com outros atrás e mais à frente no discurso expositivo. Essas relações deverão, portanto, ser explicitadas graficamente através de plantas / mapas, permitindo assim ao visitante uma maior percepção da exposição como um todo.

Apesar de pensada para ser apreciada em sequência, a exposição terá a particularidade de permitir ao visitante a liberdade de escolher qual das três áreas visitará primeiro, já que o acesso a cada uma delas poderá ser feito de forma independente.

Esse acesso terá como ponto de partida um jardim, cuja função será também a de assegurar a transição entre as três áreas. Este deverá ser projectado para que simbolicamente represente as ondas sonoras no seu percurso do emissor até ao receptor.

Este espaço terá também uma função essencialmente prática, pelo que deverá possuir um bar onde os visitantes possam fazer uma refeição ligeira, áreas com bancos à sombra onde possam relaxar e conviver um pouco, um pequeno palco para concertos ao ar livre, sanitários e ainda um parque para crianças construído tendo por base motivos musicais.

Estas infraestruturas deverão ser pensadas tendo em conta potenciais riscos para as colecções, pelo que será preciso assegurar que os espaços de acesso à exposição estejam preparados para detectar e filtrar esses riscos. Por outro lado, deverão, na medida do possível, poder também ser utilizadas durante o Inverno sem que isso signifique um desconforto para os visitantes.

A preocupação com o bem estar dos visitantes deverá estender-se à existência de lugares de estacionamento e de uma cafetaria / restaurante nas imediações. Deverá também estar presente na exposição, pelo que será importante a existência de sanitários (para adultos e crianças) e fraldários (em locais estratégicos), assim como de bancos que, ao longo do percurso, os visitantes possam utilizar para descansar um pouco ou apreciar melhor alguns dos conteúdos.

O espaço para instalação das colecções terá que ser amplo, aberto e com um bom pé direito. Pretende-se dessa forma poder seleccionar as peças que se entenderem necessárias para uma comunicação eficaz das mensagens subjacentes à exposição, sem com isso sobrecarregar o espaço disponível.

A opção por um espaço amplo justifica-se, igualmente, em função da dimensão de algumas peças, em especial as máquinas do núcleo subordinado ao fabrico de suportes fonográficos (ver 5.2.3.), as telas de José Malhoa, consagrando Beethoven e a música, que deverão integrar o núcleo dedicado ao músico (ver

5.2.1.2.) ou o órgão de Joaquim Fontanes, que deverá fazer parte do núcleo referente aos instrumentos musicais (ver 5.2.1.4.).

Por outro lado, as características do espaço serão bastante relevantes tendo em conta o conceito expositivo e a museografia que se pretende adoptar. Como tal, esse espaço deverá possibilitar uma utilização combinada de luz, som e elementos cenográficos e plásticos, de modo a que o resultado final possa ser uma exposição atractiva para um público jovem, dinâmico e moderno, sem com isso excluir outros públicos.

Os espaços deverão ainda ser pensados tendo em vista o respeito pelos requisitos gerais de conservação das colecções em exposição (humidade, temperatura, iluminação ou outros), assim como da sua protecção, nomeadamente através do recurso a suportes museográficos adequados, utilização de vitrinas e colocação de barreiras psicológicas de acesso. Este material expográfico deverá ser suficientemente flexível, garantindo também que quaisquer acções de manutenção da exposição possam ser realizadas sem problemas de maior. Pelo mesmo motivo, deverão existir instalações de apoio, em particular armazéns onde possam ser acondicionados os referidos materiais.

Numa outra perspectiva, será importante que, como um prolongamento / complemento da exposição, o Museu proporcione aos seus públicos uma programação cultural pensada, equilibrada e regular, constituída, nomeadamente, por concertos, workshops, conferências, exposições temporárias e visitas e actividades desenvolvidas pelo serviço educativo. Estes eventos deverão decorrer em espaços próprios, o que pressuporá, respectivamente, a existência de um auditório, de uma galeria de exposições e de uma sala para as actividades do serviço educativo. O Museu deverá ainda possuir uma loja que, situada à saída da exposição, possua, igualmente, um acesso independente a partir do exterior.

Os conteúdos deverão ser trabalhados no sentido de serem tão acessíveis quanto possível, isto tendo em conta o carácter pedagógico que se pretende que a exposição tenha. Quer isto dizer que toda a informação expositiva deverá ser sintética, clara e simples, livre de termos muito técnicos ou que não possam ser explicados no local.

Relativamente à forma como os temas da exposição são abordados, o ponto essencial será o respeito pela diferença. A exposição deverá, portanto, reflectir todas as expressões musicais, procurando não privilegiar umas em detrimento de outras. As opções tomadas deverão ser sempre coerentes e justificadas, nomeadamente nos catálogos e roteiros que o Museu produza.

Para cada um dos núcleos deverão ser produzidos textos de parede introdutórios com informações de carácter mais genérico, capazes de auxiliar o visitante a situar-se no contexto geral da exposição e da área em que se encontra.

Junto aos vários conjuntos de conteúdos na exposição existirão, igualmente, textos de parede que contextualizarão os temas tratados. Estes serão, em casos especiais, complementados com informação adicional a disponibilizar em legendas desenvolvidas de algumas das peças expostas.

Nas situações em que seja necessário aprofundar a informação disponibilizada nos vários textos de parede e legendas, serão produzidas folhas de sala passíveis de ser consultadas no decorrer da exposição ou acessíveis a partir do site do Museu, nomeadamente através de dispositivos móveis. Entre estes conteúdos deverão incluir-se, por exemplo, materiais pedagógicos para públicos escolares.

Para que a hierarquia da informação na exposição seja facilmente apreendida pelos visitantes, os diferentes tipos de materiais deverão possuir características gráficas distintas e coerentes ao longo de todo o percurso. Como tal, as três áreas da exposição, juntamente com os respectivos núcleos e secções, deverão ser identificadas com títulos.

Esta preocupação com a percepção da hierarquia e sequência da informação deverá ser estendida aos elementos gráficos utilizados (em particular, as ilustrações), que deverão ser coerentes ao longo dos diferentes espaços.

Por outro lado, para que a circulação de uma área para outra seja evidente para o visitante, serão utilizadas diferentes cores de fundo, devendo o código adoptado constar das plantas espalhadas ao longo do circuito com a indicação cromática das diferentes áreas e núcleos. Esta informação deverá também integrar folhetos distribuídos aos visitantes à entrada.

Os vários conteúdos mencionados deverão estar disponíveis em português (a língua principal), assim como em inglês e espanhol, podendo, no caso dos textos de parede e legendas desenvolvidas, ser acedidos com recurso aos áudio-guias que serão distribuídos à entrada. Para isso, o visitante apenas terá que marcar no seu áudio-guia o código respectivo que estará indicado juntos aos conteúdos.

Os áudio-guias serão essenciais para uma melhor fruição da exposição, já que além de permitirem o acesso aos diferentes conteúdos em português, inglês e espanhol, possibilitarão ainda ao visitante a audição das diversas gravações e vídeos disponibilizados ao longo do percurso. Serão, além disso, muito importantes para crianças, público para quem deverão ser adaptados alguns dos conteúdos da exposição, e para cidadãos com incapacidades visuais.

Os vídeos mencionados deverão ser legendados, possibilitando a sua compreensão por pessoas com incapacidades auditivas. A selecção da língua das legendas deverá ser feita junto dos monitores.

Tanto os vídeos como as gravações funcionarão em loop, pelo que a sua audição implicará a sincronização do som com o áudio-guia, algo que acontecerá após a marcação do código respectivo.

As várias gravações disponíveis na exposição, acrescidas de outras igualmente importantes, deverão integrar CD com compilações organizadas por épocas e/ou géneros, devidamente enquadradas por textos de especialistas, e que estarão à venda na loja do Museu, assim possibilitando ao visitante levar um pouco da exposição consigo e, ao mesmo tempo, servindo como forma de divulgação do património musical português.

Nesta mesma loja deverá ser possível adquirir um conjunto significativo de produtos relacionados com música, em particular todo o merchandise do Museu e as suas publicações. Entre estas últimas, não deverão faltar catálogos ou roteiros cujos conteúdos aprofundem, de um ponto de vista científico, as várias temáticas tratadas na exposição, assim dando a conhecer os resultados da investigação desenvolvida.

Essa investigação terá que ser continuada em harmonia com a missão do Museu. Como tal, deverá ser regularmente traduzida num programa de comunicação pensado e equilibrado que amplifique e reperspective, com novas e diferentes abordagens, a exposição e as suas colecções e temas.

O objectivo será que, dessa forma, se dê continuidade ao processo de documentação das colecções do Museu, beneficiando continuamente a qualidade e quantidade dos dados existentes, assim como a própria experiência de participação na dinâmica da instituição. Precisamente com esse objectivo em vista, deverão disponibilizar-se, tanto no decurso da exposição como no site do Museu, conteúdos incitando os visitantes que possuam informação relevante a transmitirem o seu próprio testemunho sobre os temas tratados.

No documento A MÚSICA EM EXPOSIÇÃO: UMA (páginas 99-103)