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Prioridades para a exposição permanente

No documento A MÚSICA EM EXPOSIÇÃO: UMA (páginas 46-48)

3. A EXPOSIÇÃO PERMANENTE DO MUSEU DA MÚSICA

3.4. Prioridades para a exposição permanente

Sendo a exposição um elemento fundamental da comunicação do Museu36, impõe-se uma tentativa

de resposta aos problemas detectados no diagnóstico realizado, pelo que apresento de seguida uma síntese dos aspectos que considerei mais prioritários.

Desde logo, a exposição deverá alargar o seu âmbito a todos os géneros musicais e, acima de tudo, ser mais informativa, musical e interactiva.

Para isso será necessário um espaço expositivo suficientemente amplo, flexível e funcional, de preferência integrando um edifício atractivo do ponto de vista arquitectónico. Esse espaço deverá possibilitar a apresentação de mais e diferentes colecções e informação, assim como de diversas soluções expositivas, proporcionando aos visitantes uma melhor fruição do que é a música como um todo.

Só dessa forma será possível fazer jus ao nome de baptismo da instituição, resolvendo o equívoco comunicacional que resulta da exposição actual estar mais adequada a um museu de instrumentos musicais.

Uma nova exposição deverá, por conseguinte, apoiar-se num conceito preparatório que possa resultar na apresentação da música sob mais perspectivas que não apenas a dos instrumentos. Este conceito deverá, por sua vez, ser consolidado e validado a partir de um conhecimento do acervo do Museu e, genericamente, do património musical português. Desse conhecimento deverá, também, resultar uma atitude activa, selectiva e estratégica de desenvolvimento do acervo, o que implicará a adopção de uma política de incorporações oficial, devidamente apoiada num programa de investigação.

Por outro lado, a exposição deverá também ser pensada tendo em conta vários públicos-alvo, logo à partida aquele que já é o mais assíduo da actual exposição do Museu da Música, ou seja, as escolas. Por esse motivo, os conteúdos a apresentar deverão ter preocupações pedagógicas, sendo importante que estejam harmonizados com os currículos escolares para que mais facilmente lhes sirvam de complemento.37

O cuidado com os aspectos pedagógicos deverá, por sua vez, ser equilibrado com elementos de natureza lúdica, assim garantindo que a exposição possa igualmente ser apelativa para aquele que deverá ser outro dos grandes públicos-alvo: as famílias.

A música tem um carácter universal e potencialidades multimédia que a tornam propícia a apropriações multidisciplinares. O objectivo será, portanto, que essas qualidades possam ser realçadas do

36 “Exhibitions seem to be as much what museums are about as plays are what theatres are about.” (LORD; LORD, 2002: 12).

37 “Exhibitions that complement school curricula are likely to bring school tour groups, and that response can draw whole families to the museum via positive reviews from students.” (LORD; LORD, 2002: 42).

ponto de vista do entretenimento um pouco por toda a exposição, em especial para que as famílias sintam vontade de regressar. Este factor deverá, portanto, merecer alguma atenção, já que da capacidade de motivar o regresso dos visitantes, resultará parte do sucesso da exposição.

Esse sucesso estará também muito ligado à forma como o Museu e a exposição conseguirem, ou não, agregar em torno de si os diferentes profissionais dos vários quadrantes que constituem o meio musical português. Estes deverão, por conseguinte, ser outro dos grandes públicos-alvo. Quer isto dizer que o seu trabalho terá de estar reflectido na exposição numa perspectiva integradora e equilibrada. O Museu deverá, portanto, fundamentar as suas opções expositivas em critérios claros, abstendo-se de tomar partido de modo a não ferir susceptibilidades. Tendo em conta estes objectivos, os diferentes profissionais deverão desde o início ser convidados a dar o seu contributo para o processo de preparação da exposição.38

Esta deverá também ser concebida com um foco na realidade portuguesa: garantindo que se estabeleça uma maior proximidade afectiva com os visitantes nacionais, mas também despertando a vontade de descoberta por parte dos visitantes estrangeiros; distinguindo-se de outros museus de temática musical internacionais; e, ao mesmo tempo, adequando-se à própria missão do Museu, nomeadamente enquanto instituição de carácter nacional.

O património musical nacional deverá, portanto, estar em destaque, em particular aqueles que são os ex-libris das colecções do Museu. Nesse sentido, é preciso que a exposição passe a mensagem de que é necessário que esse património seja salvaguardado, aproveitando simultaneamente para o valorizar e divulgar, mas tendo sempre a preocupação de o fazer com uma perspectiva integradora e não nacionalista.

Para a implementação de um projecto com estas características será ainda importante que não se repitam os erros do passado, garantindo, desta feita, que o Museu possa ter à sua disposição meios financeiros e humanos adequados.

Estes deverão, nomeadamente, ser direccionados para o cumprimento de um programa de comunicação que seja um prolongamento / complemento à exposição permanente. Este programa deverá, de forma pensada, equilibrada e regular, apresentar os resultados da investigação efectuada em torno do acervo, em particular através de catálogos, artigos, conferências, concertos, exposições ou mesmo das próprias actividades do Serviço Educativo.

Tendo em conta estes objectivos, assim como a qualidade dos serviços prestados pelo Museu, será essencial que, nas proximidades da exposição, existam ainda espaços de lazer e áreas onde seja possível

38 “Museums have found that, when they share the authority for developing the exhibition idea or interpreting the collection with the communities who have a vested interest in the collection or with audiences for whom the exhibition is

realizar exposições temporárias, concertos, workshops, conferências ou actividades do Serviço Educativo, sem esquecer uma cafetaria / restaurante, sanitários (para crianças e adultos) e fraldários.

4. A MÚSICA (O PATRIMÓNIO MUSICAL) ENQUANTO CONTEÚDO EXPOSITIVO EM

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