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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.5 DEFINIÇÕES CONSTITUTIVAS E OPERACIONAIS

A DC emerge da fundamentação teórica, e se refere ao conceito determinado por algum autor da variável ou termo que será utilizado na pesquisa. A DO representa a operacionalização da DC e se refere a como a variável ou termo será identificado, verificado ou medido na prática (VIERA, 2006).

As DCs e DOs serviram para estruturar o roteiro das entrevistas, o trabalho de campo e as análises da pesquisa. Foram oito pares de definições, apresentados a seguir:

Os critérios adotados para participar da comunidade moral, ou seja, que propriedade ou característica é necessário possuir para ter seus interesses considerados moralmente (CARVALHO, 2007), ou preocupação com as consequências de ações sobre os mesmos (SINGER, 2008).

1) Critérios para consideração moral (DO):

São operacionalizados nesta pesquisa por meio dos seguintes indicadores: Típicos de uma ética antropocêntrica:

• Racionalidade, linguagem, autoconsciência (SINGER, 2008; FELIPE, 2009). • Cultura, tradição, crenças, percepções, entorpecimento psíquico (JOY, 2014). • Convívio (SERPELL; PAUL, 2003; THOMAS, 2010; LIMA, 2016)

Típicos de uma ética animal:

• Senciência (SINGER, 2008).

• Subjetividade, consciência de sua vida e uma vivência individual do seu próprio bem-estar: sujeitos-de-uma-vida (REGAN, 2006).

Demanda social por consideração moral aos animais não-humanos (DC):

Os pleitos principais vindos da sociedade e Estado relacionados a questões éticas no tratamento dos animais não-humanos. São principalmente dois: o uso do animal de forma a reduzir ou evitar o sofrimento desnecessário: bem-estar animal (MAPA, 2016; WAP, 2015; 2016) a não utilização dos animais: ética animal (REGAN, 2006; NACONECY, 2006).

Demanda social por consideração moral aos animais não-humanos (DO): São operacionalizados nesta pesquisa por meio dos seguintes indicadores: Bem-estar animal (MAPA, 2016; WAP, 2015; 2016).

Ética animal (REGAN, 2006; NACONECY, 2006).

2) Bem-estar animal (DC):

Leis, normas e políticas que regulamentam o uso de animais não-humanos, de forma a reduzir seu sofrimento. Um animal tem bem-estar quando está seguro, saudável, confortável, bem nutrido, livre para expressar comportamentos naturais e sem sofrer de estados mentais negativos, como dor, frustração e estresse (MAPA, 2016).

2) Bem-estar animal (DO)

São operacionalizados nesta pesquisa por meio dos seguintes indicadores:

As cinco liberdades: livre de sede, fome e má-nutrição, livre de desconforto, livre de dor, injúria e doença, livre para expressar seu comportamento normal, livre de medo e diestresse (LUDTKE et al., 2015 p. 7).

Evitar sofrimento desnecessário, redução do estresse (LUDTKE et al., 2015). Abate humanitário (LUDTKE et al., 2015).

Legislação brasileira sobre bem-estar animal (MAPA, 2016).

Motivações para o bem-estar animal: racionalidade econômica (JOY, 2014), ética (REGAN, 2006; SINGER, 2008).

Redução do mal-estar animal (NACONECY, 2009).

Maus-tratos, confinamento e mutilações (REGAN, 2006; SINGER, 2008; JOY, 2014; CARVALHO, 2015).

Uso instrumental e violação do direito à vida (REGAN, 2006).

3) Ética animal (DC):

Vertentes da ética que ampliam a consideração moral aos animais não-humanos, geralmente devido a sua senciência (capacidade de sentir) (SINGER, 2008) ou subjetividade (REGAN, 2006).

3) Ética animal (DO):

São operacionalizados nesta pesquisa por meio dos seguintes indicadores: Senciência (SINGER, 2008).

Subjetividade, consciência de sua vida e uma vivência individual do seu próprio bem-estar: sujeitos-de-uma-vida (REGAN, 2006).

Jaulas vazias e não jaulas maiores: Direito à vida e valor intrínseco (não instrumental), não uso dos animais (REGAN, 2006).

Legislação brasileira (BRASIL, 2016).

4) Dark Side das organizações (DC):

São os subprodutos negativos de atividades organizacionais (LINSTEAD, MARÉCHAL, GRIFFIN, 2014) resultados de ações não-intencionais (VAUGHAN, 1999) ou mau comportamentos: antiético, ilegal, desprezível ou repreensível (LINSTEAD,

MARÉCHAL, GRIFFIN, 2010), com impactos negativos para consumidores, trabalhadores, meio ambiente, comunidades (MEDEIROS, 2015; 2013)

4) Dark Side das organizações (DO):

São operacionalizados nesta pesquisa por meio dos seguintes indicadores:

Ocultamento ou esquecimento de questões (LINSTEAD, MARÉCHAL, GRIFFIN, 2014; 2010)

Aspectos ideológicos (LINSTEAD, MARÉCHAL, GRIFFIN, 2014) e sua reprodução e a implementação através de instituições ideológicas como a política, mídia e educação (DIJK, 2006).

Relações de poder e dominação, exploração (LINSTEAD, MARÉCHAL, GRIFFIN, 2014).

Abuso de poder, agressão, violência, assassinato, crimes contra o consumidor, fraudes, corrupção, crimes ambientais, manipulação política (articulações entre governos e organizações), mentir, gerenciar impressão, enganar (LINSTEAD, MARÉCHAL, GRIFFIN, 2010).

Problemas de saúde e psicológicos devido ao trabalho (CARNEOSSO, 2011; JOY, 2014; BARAN, ROGELBERG; CLAUSEN, 2016).

Aspectos não intencionais que aparecem como desfecho secundários ou efeitos colaterais do sistema: erro, má conduta e desastres (VAUGHAN, 1999).

5) Dark Side das organizações Ampliado pela Ética Animal (DC):

São os subprodutos negativos de atividades organizacionais (LINSTEAD, MARÉCHAL, GRIFFIN, 2014) resultados de ações não-intencionais (VAUGHAN, 1999) ou mau comportamentos: antiético, ilegal, desprezível ou repreensível (LINSTEAD, MARÉCHAL, GRIFFIN, 2010), com impactos negativos para consumidores, trabalhadores, meio ambiente, comunidades (MEDEIROS, 2015; 2013) e sobre os animais.

5) Dark Side das organizações Ampliado pela Ética Animal (DO): São operacionalizados nesta pesquisa por meio dos seguintes indicadores:

Dito desconexo para adequação à legislação e para transmitir a imagem ao consumidor de uma empresa que tem preocupação com os animais (REGAN, 2006).

Ideologia Carnista: percepção e esquema mental, mecanismos de defesa: a negação através da invisibilidade (dos animais e da ideologia), a justificação através de perpetuação de

mitos (3Ns: comer carne é natural, normal e necessário) e distorções cognitivas (abstrações de que os animais são desprovidos de personalidade ou individualidade) (JOY, 2014), referente ausente (ADAMS, 2012).

Carnocracia (JOY, 2014).

Abertura seletiva das informações divulgadas sobre o tratamento dos animais (HOLMBERG; IDELAND, 2010)

Maus-tratos, confinamento e mutilações (REGAN, 2006; SINGER, 2008; JOY, 2014; CARVALHO, 2015).

Uso instrumental e violação do direito à vida (REGAN, 2006).

6) Estratégias de comunicação das empresas para responder às demandas sociais por consideração moral aos animais não-humanos (DC):

Ações realizadas pelas empresas da indústria de carne e leite relacionadas aos aspectos de bem-estar e ética animal divulgadas através de seus canais de comunicação (propaganda em televisão, sites, documentos oficiais)

6) Estratégias de comunicação das empresas para responder às demandas sociais por consideração moral aos animais não-humanos (DO):

São operacionalizados nesta pesquisa por meio dos seguintes indicadores: Ocultamento da realidade

• Tornando os animais invisível, ou invisibilizando a ideologia carnista (JOY, 2014)

• Abertura seletiva das informações divulgadas sobre o tratamento dos animais (HOLMBERG; IDELAND, 2010)

• Ocultando a realidade através do referente ausente (ADAMS, 2012). Distorção da realidade

• Dito desconexo transmitindo a imagem ao consumidor de uma empresa que tem preocupação com os animais (REGAN, 2006).

• Estratégia de discurso: auto apresentação positiva e apresentação negativa do outro (DIJK, 2006)

7) Obstáculos para inclusão da consideração moral dos animais não-humanos (DC):

Alguns dos principais empecilhos para uma mudança em nossa sociedade que contemple a consideração moral dos animais não-humanos.

7) Obstáculos para inclusão da consideração moral dos animais não-humanos (DO):

São operacionalizados nesta pesquisa por meio dos seguintes indicadores: Empresa: Influência do lobby das empresas (REGAN, 2006; JOY, 2014) Stakeholders:

• Atuação dos consumidores e organizações de ativistas pelos direitos animais (REGAN, 2006; JOY 2014)

• Posição dos legisladores e fiscalizadores (REGAN, 2006).

A partir da fundamentação teórica e escolha das definições constitutivas e operacionais o trabalho de campo foi realizado e seus dados foram analisados. No próximo capítulo apresento os resultados da análise de dados da pesquisa.

4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS