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Desenvolvimentos Contemporâneos da Filosofia da Técnica dos Engenheiros: Peter Kroes, Anthonie Meijers, Marteen Franssen e Mario Bunge

Da Fábrica à Internet: A Problematização Filosófica da Técnica e a sua Relação com o Séc

3.2. A Filosofia da Técnica dos Engenheiros e a sua Relação com a Filosofia Analítica

3.2.2. Desenvolvimentos Contemporâneos da Filosofia da Técnica dos Engenheiros: Peter Kroes, Anthonie Meijers, Marteen Franssen e Mario Bunge

Enquanto conceção analítica que se desenvolve em torno da temática da técnica moderna, a abordagem que é levada a cabo pela Filosofia da Técnica dos Engenheiros terá de edificar-se a partir de uma fundamentação empírica, concreta, do tema sobre o qual se debruça a sua análise. A proximidade entre este ramo de investigação filosófica e os restantes ramos da Filosofia Analítica mostra-se de novo aqui, na necessidade que encontra em delimitar os fundamentos empíricos do seu objeto de estudo. Assim, e no que diz respeito à fundamentação empírica da Filosofia da Técnica dos Engenheiros, verifica-se que esta é construída a partir de uma perspetiva muito próxima da abordagem que a Filosofia Analítica elabora em torno dos fundamentos empíricos sob os quais se edifica epistemologicamente a ciência moderna. Porém, enquanto a ciência moderna encontra os seus fundamentos empíricos nos elementos naturais sobre os quais

(Engelmeier and Veblen); religious experience is united with technological creativity (Dessauer and García Bacca). (…) Engineering philosophy of technology might even be termed a technological philosophy, one that uses technological criteria and paradigms to question and to judge other other aspects of human affairs, and thus deepen or extend technological consciousness.” (Tradução da nossa

desenvolve os seus estudos — sejam estes os astros, átomos, organismos biológicos, minerais, etc. —, no que à Filosofia da Técnica diz respeito, esta fundamentação torna- se mais difícil de determinar. Aqueles que até aqui se têm vindo a denominar como dispositivos tecnológicos, ao contrário dos elementos naturais sobre os quais se debruça a investigação científica, possuem uma existência que é por si mesma já dependente do domínio abstrato que os define como tais. A técnica, ao contrário da ciência, encontra-se por isso empiricamente fundamentada em elementos que dela dependem, uma vez que a existência dos dispositivos tecnológicos não seria possível sem uma técnica que os determine de antemão como tais (Cf., FRANSSEN, Op. Cit, pp. 186-187).72

As questões metafísicas que aqui se podem levantar, vêm assim reforçar a necessidade de delimitar uma fundamentação empírica concreta da técnica que se mostre capaz de as evitar. Uma vez que a problematização da «técnica» que é levada a cabo por esta tradição da Filosofia da Técnica assenta em pressupostos analíticos, as dificuldades inerentes ao problema da sua fundamentação empírica assentam sobretudo nas questões que se encontram subjacentes à determinação de uma estrutura modelo sob a qual se possam enquadrar todos os dispositivos tecnológicos. De facto, não é possível determinar num objeto físico concreto a estrutura normativa modelo pela qual possam ser delimitados todos os dispositivos tecnológicos que, por seu turno, se constituem como fundamentação empírica da «técnica» e, pela mesma via, também da abordagem analítica que delimita o contexto da Filosofia da Técnica dos Engenheiros. Por uma arma ou um computador não se enquadrarem na delimitação que é feita por uma estrutura normativa particular, i.e., por não cumprirem com os desígnios normativos que empiricamente delimitam uma das suas possíveis configurações, não podem deixar de ser considerados como as armas ou computadores que são. Pois, se a estrutura normativa que define uma arma se determinar como «aquilo que permite pôr término à

vida humana ou animal», as armas que se enquadram na sub-categoria de «não letais»

não podem ser empiricamente determinadas como armas. Do mesmo modo, alguns elementos naturais que não são armas (tais como algumas doenças ou até alguns dos mecanismos naturais de defesa de alguns animais) podem vir a ser empiricamente determinados como armas, mesmo não o sendo. O mesmo poderá também demonstrar- se no que diz respeito aos computadores. Pois se definirmos a estrutura normativa de um computador a partir do modelo empírico que é representado pelo «computador digital», os modelos analógicos seus antecessores não poderão ser empiricamente determinados como computadores, uma vez que não partilham das mesmas

características estruturais normativas. Para além disso, e partindo dessa mesma estrutura normativa que é construída a partir do «computador digital», muitos outros dispositivos tecnológicos que não podem ser compreendidos como computadores poderão, no entanto, ser determinados sob essa designação (e.g. smartphones, tablets, etc.), dificultando por essa via a possibilidade de construir uma determinação empírica concreta do dispositivo tecnológico que poderá ser alvo de análise.

É sobretudo por esta razão que a abordagem proposta por Peter Kroes e Anthonie Meijers — que visa salientar a natureza híbrida dos dispositivos tecnológicos — tem vindo a ganhar terreno no que diz respeito às propostas que se têm vindo a apresentar como possíveis soluções para o problema da determinação empírica dos fundamentos da Filosofia da Técnica (Cf., KROES/MEIJERS, 2006, pp. 1-4). De acordo com Kroes e Meijers, a determinação empírica dos dispositivos tecnológicos terá obrigatoriamente que evidenciar o duplo caráter pelo qual estes se encontram empiricamente determinados. Um dispositivo tecnológico, embora se corresponda sempre com um objeto que existe empiricamente — i.e., com um objeto físico —, não pode, no entanto, ser inteiramente determinado por essa via pelas razões que foram já referenciadas. Neste sentido, a determinação empírica de um dispositivo tecnológico terá de caminhar a par com a sua determinação formal, pois para além de uma estrutura normativa que pode ser delimitada empiricamente, a determinação empírica de um dispositivo tecnológico é também dependente da sua determinação «funcional», i.e., da sua «função», do «para quê» que lhe foi imprimido aquando do seu design (Cf., KROES/MEIJERS, Op. Cit., pp. 1-4).73

Nas palavras de Kroes e Meijers:

«Vistos a partir desta perspetiva, poder-se-á dizer que os artefactos técnicos possuem uma dupla natureza: eles são i) estruturas físicas desenhadas de acordo com ii) funções referentes à intencionalidade humana. Esta conceptualização dos artefactos técnicos, como objetos físicos e funcionais, combina duas formas fundamentalmente diferentes de olhar para o mundo. A primeira, pela qual somos capazes de construir uma conceção do mundo que o representa constituído por objetos físicos que interagem de acordo com conexões causais. A segunda, pela qual somos capazes de conceber partes do mundo que são constituídas por agentes, sobretudo por seres humanos, que são capazes de representar o mundo e agir sobre ele com base na sua razão. Assim, os artefactos técnicos, quando compreendidos como estruturas físicas, enquadram-se na conceção física do mundo; quando compreendidos como possuidores de funções relativas a intenções, enquadram-se sobre a conceção intencional. Ambas as conceptualizações são necessárias para caracterizar

os artefactos técnicos. O que faz dos artefactos técnicos objetos “híbridos” que apenas podem ser descritos corretamente de uma forma que possa combinar as conceções físicas e intencionais do mundo. (Cit., KROES/MEIJERS, Op. Cit., p. 2)»74

Contrariamente aos objetos físicos que fundamentam empiricamente as ciências, e, por consequência, também a abordagem analítica que pode ser feita acerca delas, os dispositivos tecnológicos não se apresentam como um fundamento cuja determinação possa ser construída unicamente a partir da sua manifestação empírica, i.e., a partir da sua existência enquanto objeto físico aí presente. Ao contrário dos elementos naturais que fornecem a fundamentação empírica necessária ao desenvolvimento da ciência moderna, um dispositivo tecnológico, quando perspetivado a partir de uma abordagem analítica, não pode ser concebido como um objeto autónomo, i.e., independente dos sujeitos que são responsáveis pelo seu design e pela sua subsequente utilização. A qualquer dispositivo tecnológico subjaz uma «intenção» que nele foi impressa, e que o determina a par da sua existência física. Franssen sublinha que é por esta razão que é de crucial importância para as conceções analíticas da técnica moderna debruçar-se sobre a questão da determinação empírica daquilo que pode compreender-se como um dispositivo tecnológico, nomeadamente no que diz respeito ao modo como a sua «funcionalidade» é determinada. Pois, e tal como foi já referido, é na determinação empírica deste conceito onde se encontram os pressupostos da objetividade almejada pela Filosofia da Técnica dos Engenheiros, nomeadamente no que diz respeito ao tratamento das questões inerentes à técnica moderna (Cf., FRANSSEN, Op. Cit., pp. 184-188).

O problema da determinação empírica dos fundamentos que vêm legitimar a abordagem analítica que caracteriza a Filosofia da Técnica dos Engenheiros, vem demonstrar ainda um outro ponto de aproximação entre esta tradição e os pressupostos teóricos do Positivismo Lógico. Pois mesmo tendo em conta que a «linguagem» se mostra como algo substancialmente diferente da «técnica»; do mesmo modo que os dispositivos tecnológicos, a sua determinação empírica não pode ser determinada

74 “Seen from this perspetive, technical artifacts can be said to have a dual nature: they are (i) designed

physical structures, which realize (ii) functions, which refer to human intentionality. This conceptualization of technical artifacts, as physical and as functional objects, combines two fundamentally different ways of viewing our world. One, we can conceive of the world as consisting of physical objects interacting through causal connections. Two, we can conceive of parts of it as consisting of agents, primarily human beings, who intentionally represent the world and act in it on the basis of reasons. In so far as technical artifacts are physical structures they fit into the physical conception of the world; in so far as they have intentionality-related functions, they fit into the intentional conception. Both conceptualizations are necessary for characterizing technical artifacts. This makes technical artifacts ‘hybrid’ objects that can only be described adequately in a way that somehow combines the physical and intentional conceptualizations of the world.” (Tradução da nossa responsabilidade).

apenas a partir das suas manifestações empíricas. Mesmo quando é determinada a partir da sua materialização enquanto «fala» ou enquanto «escrita», a determinação empírica da «linguagem» é elaborada não só a partir da sua manifestação enquanto objeto “físico”, que se manifesta empiricamente, mas também a partir da sua «função», da estrutura intencional que determina o seu uso, em suma, da sua dependência do ser humano. Neste sentido, e do mesmo modo que a determinação que pode ser feita de um dispositivo tecnológico, a determinação empírica da «linguagem» parte de uma fundamentação híbrida, que se enraíza, por um lado, na sua realização empírica e, por outro, na sua dimensão formal. A «linguagem» apresenta-se por isso como um objeto cuja fundamentação se aproxima bastante da fundamentação empírica na qual se enraíza também a «técnica». Pois, tal como acontece com os dispositivos tecnológicos, tanto a «língua», como a «fala», assim como a «escrita», apresentam-se analiticamente como elementos empíricos que se encontram previamente dependentes de uma «linguagem» que os determina enquanto tais.

Para além disso, poder-se-á ainda destacar que mesmo quando os conceitos de «linguagem» e «técnica» são analisados isoladamente — i.e., independentemente da relação que estabelecem com o mundo (enquanto objetos) e com os seus utilizadores (enquanto função) —, continuam a mostrar-se como dois objetos de estudo muito semelhantes na medida em que por si sós nada significam. Na conceção que nestas tradições filosóficas se elabora acerca da «técnica» e da «linguagem», a sua determinação empírica encontra-se quase inteiramente dependente dos seus utilizadores. A determinação empírica da «linguagem», assim como a da «técnica», é construída a partir de uma perspetiva operacional, «instrumentalista», que determina empiricamente os conceitos em análise a partir das suas características intencionais, do seu para quê; a partir da razão humana que dá sentido à existência de cada um dos objetos em análise. Numa perspetiva estritamente analítica, tanto a linguagem como a técnica surgem empiricamente determinados como medium's, como instrumentos desprovidos de substância e que, por consequência, por si sós nada significam.

Com a abordagem analítica característica das propostas que integram a Filosofia da Técnica dos Engenheiros que até aqui foram apresentadas, é possível evidenciar que em ambas prevalece uma conceptualização estritamente formal da técnica. Tanto na análise que se desenvolve em torno do design tecnológico, como naquela que é desenvolvida em torno dos dispositivos tecnológicos enquanto fundamentação empírica da Filosofia da Técnica dos Engenheiros, a reflexão filosófica que aqui se desenvolve mostra-se fundamentalmente preocupada com a clarificação das vias normativas pelas

quais se poderá promover o progresso tecnológico, deixando outros importantes aspetos filosóficos da técnica de parte, ou então deslocando-os para um domínio secundário do seu âmbito de questionamento.

Contudo, tal não quer dizer que todas as propostas que delimitam o contexto de investigação da Filosofia da Técnica dos Engenheiros partilhem desta orientação. Mario Bunge, embora compreendido como um autor que se enquadra no domínio da tradição analítica que compõe o âmbito de investigação da Filosofia da Técnica dos Engenheiros é, no entanto, um autor que concebe uma proposta de análise que pode ser desenvolvida em torno do tema da técnica moderna, e que procura simultaneamente distanciar-se da perspetiva estritamente formal que é dominante neste contexto. A proposta apresentada por Bunge encontra grande parte da sua inspiração na Filosofia das Ciências, e procura por essa via construir uma epistemologia da técnica que procura demonstrar quais são os seus mais importantes inputs e outputs filosóficos.75

Embora considere que a técnica moderna se constitui em si mesma como um domínio temático substancialmente diferente da ciência moderna, Bunge compreende que a primeira se encontra, contudo, numa relação de dependência para com a segunda. Neste sentido, o autor considera que a grande maioria dos inputs filosóficos que podem ser evidenciados relativamente à temática da técnica moderna, são uma herança direta das questões filosóficas que se levantam relativamente às implicações epistemológicas da ciência moderna. Para Bunge, as questões do design tecnológico responsável pela criação e desenvolvimento dos dispositivos tecnológicos, às quais se tem vindo a fazer uma constante referência, são neste sentido um reflexo das questões epistemológicas que se levantam em torno das metodologias adotadas pela ciência moderna, e sobre as quais recai a reflexão desenvolvida no contexto da Filosofia das Ciências contemporânea. Do mesmo modo, as questões sociais, ontológicas, e metafísicas que podem ser levantadas acerca daquilo que a técnica moderna é, assim como da sua relação com a cultura e a humanidade, de acordo com o pensamento de Bunge, são uma herança manifesta do modo como a técnica se encontra inevitavelmente inserida no

75 Mario Bunge utiliza aqui a terminologia computacional de input e output para poder dar a compreender

em que sentidos se poderão pensar os elementos filosóficos presentes na técnica moderna. Neste sentido, Bunge entende como inputs filosóficos o tipo de questões que a técnica vai buscar à filosofia, i.e., os problemas filosóficos que a técnica vem herdar enquanto conceito que se encontra também dependente da história e da cultura. Já como outputs filosóficos, Bunge define o tipo de questões filosóficas que são levantadas pela própria técnica, i.e., os problemas de reflexão que o desenvolvimento tecnológico veio levantar para o pensamento filosófico. Em suma, para Bunge, a reflexão filosófica que pode ser feita em torno da técnica pode ser levada a cabo em dois sentidos: i) acerca das questões filosóficas que a técnica recebe da cultura e da história onde se encontra inserida e ii) acerca dos novos problemas que a técnica vem levantar para o contexto da investigação que se desenvolve em filosofia. Cf., BUNGE, 1979, pp. 191-200.

contexto da história e da cultura modernas e que, inevitavelmente, vêm influenciar o modo como a técnica moderna pode vir a ser compreendida.

Mario Bunge não deixa, contudo, de evidenciar o facto de que a técnica moderna é em si mesma um domínio conceptual diferente da ciência e que, para além disso, é também um elemento capaz de exercer uma forte influência no desenrolar da história e da cultura humanas nas quais se encontra inserida, e com as quais também interage. Para Bunge, a técnica, embora dependente da ciência e do contexto histórico-cultural onde se encontra, não é por isso um conceito passivo, mostrando-se mesmo capaz de influenciar com o seu desenvolvimento os próprios âmbitos do saber com os quais interage. Aqueles que Bunge considera como os outputs filosóficos da técnica moderna, são eles mesmos uma evidência do poder que a técnica pode exercer sobre a ciência e sobre o contexto histórico-cultural onde se encontra inserida, uma vez que se mostra capaz de levantar questões filosóficas que lhe são próprias e originais, e também porque não se encontram acerca dela precedentes na tradição de questionamento que é delimitada pela Filosofia da Ciência, ou em questões que são características dos restantes âmbitos disciplinares tradicionais da filosofia (Cf., FRANSSEN, Op. Cit., pp. 191-200).76

Partindo da sua inspiração epistemológica, de entre os vários outputs filosóficos que são resultantes da existência da técnica moderna no atual contexto sócio-histórico, Bunge faz sobretudo destaque das questões que a técnica tem vindo impôr sobre o modo como o ser humano concebe o saber em geral, ou até mesmo sobre a sua própria conceção de conhecimento científico. Ao contrário das ciências puras, cujo saber resulta, fundamentalmente, de uma investigação desinteressada, que se elabora em torno dos vários elementos que constituem o mundo natural, o saber que caracteriza a técnica moderna apresenta-se como um saber valorativamente determinado, podendo ser mesmo considerado como tendencioso em algumas das suas manifestações mais características. O saber que resulta da aplicação da técnica moderna, na medida em que se encontra instrumentalmente delimitado, é um saber que tem sempre em vista um fim previamente conhecido. Em suma, e enquanto no contexto da investigação científica o saber se constitui como o próprio fim que é almejado pela ciência, a investigação técnica que é desenvolvida em torno de alguns elementos naturais, é feita de acordo com um propósito específico, tendo sempre em vista um fim previamente determinado, e por essa razão, definido a partir de um interesse particular. Neste sentido, o saber técnico é também em si mesmo um saber interessado, instrumental.

Por esta razão, Bunge considera que a delimitação instrumental do conhecimento é por isso um dos mais importantes problemas filosóficos que vem a ser levantado pela técnica moderna, um dos seus outputs mais característicos, e que em si mesmo levanta outras questões de caráter epistemológico, antropológico e, segundo Bunge, sobretudo ético.

Nas palavras de Bunge:

«A atitude pragmática para com o conhecimento reflete-se, particularmente, na forma como a tecnologia trata o conceito de verdade. Embora na prática adote a conceção correspondente da verdade enquanto adequação da mente ou do intelecto com a coisa, ele só se irá preocupar com dados reais, hipóteses, e teorias desde que estas o conduzam de encontro com os fins por si almejados. Por diversas vezes irá preferir meias-verdades a uma verdade complexa. É isto o que deve fazer, uma vez que se encontra sempre sobre a pressão de produzir resultados úteis. (Cit., BUNGE, Op. Cit., pp. 194-195)» 77

Porém, e não obstante o afastamento do autor argentino perante a conceção estritamente formal que predomina no contexto de investigação em Filosofia da Técnica dos Engenheiros, a sua proposta não deixa de ser compreendida como uma conceção analítica do problema da técnica. Tal como foi já referido, Bunge encontra-se fundamentalmente preocupado em construir uma epistemologia da técnica que vai buscar a maior parte da sua inspiração à Filosofia das Ciências. Do mesmo modo que as restantes propostas até aqui referenciadas, Bunge procura também propor uma teoria analítica da técnica moderna que tem em vista uma delimitação do tema que parte de uma conceção normativa da técnica. Mesmo embora sejam por ele destacadas algumas

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