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Estamos cientes de que ao lançarmos olhar para o nosso passado, para reconstruir no presente as nossas atividades formativas e profissionais em um processo evolutivo, estamos enunciando também as interações estabelecidas nas nossas histórias individuais, coletivas e os momentos nos quais diferentes fatores (sociais, políticos, pessoais, familiares) foram decisivos ou não no processo de aprendizagem da docência.

A nossa formação profissional no secundário é definidora da atual condição de nos tornarmos professoras, tendo sido permeada por circunstâncias sociais, históricas e familiares vivenciadas em todos os momentos do dia a dia, como o relato abaixo nos mostra:

Alga Marinha – Minha formação profissional (formal) começou nos anos de 1997 a 1981, quando iniciei o curso secundário de habilitação de magistério para o 1º grau (com habilitação para ser professora de ensino de 1º grau de 1ª a 4ª série). Depois, fiz um acréscimo com habilitação para o magistério, para ensinar alunos da 5ª e 6ª séries do 1º grau na área de letras (Língua Portuguesa, Inglesa e Educação Artística). [...] É importante salientar porque fiz habilitação para o magistério. Primeiramente porque na época não havia nenhuma universidade na cidade, apenas dois cursos de ensino de segundo graus [...]. Em segundo lugar, meu pai era empregado de fazenda de gado, com pequenos recursos para me manter na capital. Além do mais, eu tinha uma relação difícil com os cálculos. Porém observando a habilidade de liderança que tinha nos estudos de primeiro grau, pois sempre era líder de classe, assumia aulas quando o professor pedia para tomar conta da classe, [...] não via outro caminho senão ingressar no magistério. Por outro lado, minha cidade pobre do jeito que era, sem fábricas, sem indústrias, sem produção, sem perspectivas para o futuro. Aliás, o aluno tinha os seguintes caminhos: estudar para ser técnico em contabilidade do comércio da cidade, fazer magistério e tentar uma vaga nos concursos públicos, casar e ser dona de casa, morar no interior e passar a ser agricultora ou tomar conta dos terrenos dos ricos, ou, se quisesse fazer uma faculdade, viajar para Manaus [...]. O que fiz? Terminei os estudos já citados. Consegui um emprego na entidade ligada à igreja, chamada Movimento de Educação de Base – MEB [...]. Essa entidade foi o espaço de aprendizagem de grande valor para a minha formação profissional. Lá pude conhecer as ideias do

nosso querido Paulo Freire [...]. (Extrait da Autobiografia de Formação elaborada em 09 de outubro de 2008).

Na história narrada por Alga Marinha, devido à especificidade de sua condição familiar e diante das “opções” de escolha, o ser professora foi se construindo na heterogeneidade das situações vividas na experiência cotidiana, bem antes de ela decidir que seguiria essa carreira profissional.

Diante das alternativas, ela sabia o que não queria fazer – “tinha uma relação difícil com os cálculos” –, só lhe restava, portanto, ser professora. No entanto, a opção ou não pelo magistério não parece ser uma variante determinante na constituição da sua formação profissional, embora assumisse, enquanto aluna do curso normal e por sua capacidade de liderança, a sala de aula quando o professor pedia para tomar conta da classe.

Evidenciamos, por meio desse percurso, que a sua formação no Ensino Médio para o magistério, ainda que tivesse sido mais por uma questão socioeconômica dos pais e por não ter tido outra oportunidade para fazer um outro curso na cidade onde morava, fez com que refletisse sobre o modo de perceber o seu processo de formação e descobrisse que tinha afinidade para ensinar. E, assim, perante as experiências de vida em um momento dado de sua história, como filha, como aluna, a sua preparação para o exercício da docência já tinha iniciado, mesmo sem ter consciência disso, muito antes de saber que se tornaria professora.

No entanto, o fazer-se professora foi se configurando em momentos diferentes de sua vida. Sua formação docente foi se constituindo nas relações sociais vivenciadas ao longo de sua trajetória profissional e pessoal, como ela mesma relata:

Alga Marinha – [...] Meu marido era também na época professor de contabilidade... Fui graduada em Licenciatura plena em Letras-Português, Inglês [...]. Eu lecionava pela manhã, à tarde, e estudava à noite [...]. No curso de letras, sempre me dediquei. Lia bastante, amanhecia o dia fazendo trabalhos. Conheci professores que me incentivaram, que valorizaram o esforço que eu fazia e aqueles que também passavam sem deixar marcas [...]. Este ano de 2008, mais especificamente no mês de julho, concluo uma especialização em formação docente para o Ensino Superior pela FACEX [...]. Contudo penso que falta mais [...]. Este ano o meu caminho foi retomado de forma mais madura com a entrada na base de pesquisa. Penso poder colaborar, compartilhar, me empenhar e com tudo isso aprender e encontrar também uma direção na minha formação intelectual e profissional. (Extrait da Autobiografia de Formação elaborada em 09 de outubro de 2008).

É importante observar, nesse relato, que o curso de graduação, de forma sistemática, produziu efeito multiplicador muito interessante na sua maneira de ser e estar na profissão, além de subsidiar a tomada de decisão de ir em busca de outras atividades, teorias, conhecer propostas novas, como forma de ampliar o seu conhecimento. Como aluna dedicada aos estudos, recebia incentivo de alguns professores que deixaram suas marcas; enquanto

professora já formada e em atuação, ela percebia que o seu aprendizado ainda não estava consolidado.

Convém salientar que o modo distinto e singular de encarar a profissão docente em busca de um saber de referência é uma opção que cada um de nós tem de fazer como professor, conforme defende Nóvoa (1995, p. 24), pois “a possibilidade de produzir um outro conhecimento sobre os professores, mais adequado para compreender como pessoas e como profissionais, mais útil para descrever (e para mudar) as práticas educativas, é um desafio intelectual estimulante”.

O autor acrescenta que os professores devem se apropriar dos saberes de que são portadores para que possam trabalhar do ponto de vista teórico e conceitual, cuja perspectiva implica rever e apurar suas opções para refazer suas aprendizagens, acomodar inovações e assimilar mudanças.

Na sua narrativa, é importante considerar que o professor é a pessoa, e uma parte importante da pessoa é o professor. Nesse caso, o desenvolvimento pessoal nos processos formativos oportunizou a interação entre as dimensões pessoais e profissionais, o que permitiu assumir a sua formação, atribuindo-lhe um sentido. (NÓVOA, 2002).

Tal como essa, as outras narrativas mostram que a formação profissional em educação foi orientada por influência da família, às vezes de forma impositiva, ou por ser um curso que oportunizaria ingressar mais rápido no mercado de trabalho, ou ainda pelo fato de ter cursado Pedagogia. Vejamos alguns dos relatos conforme o extait a seguir:

Sereia do Mar – [...] Fui morar na capital para tentar o vestibular, como não passei [...] a minha mãe resolveu mandar a minha irmã mais velha e a mais nova para morarem comigo e estudarem. Como as minhas irmãs iam estudar na Escola Normal Oficial Antonino Freire, escola de formação de professores, minha mãe fez também com que eu me matriculasse. Para ela, esse seria o melhor caminho para filho de pobre, pois o curso oportunizaria ingressar mais rápido no mercado de trabalho [...]. Eu sentia certa resistência ao magistério por conta da forma como ingressei, uma imposição da minha mãe [...].

Água Viva – [...] No Ensino Médio fiz o curso técnico de Geologia na antiga ETFRN, hoje CEFET, por influência de meu avô materno, que, na época, trabalhava na mina de Brejuí, em Currais Novos. Apesar de feito o curso técnico não cheguei a concluir, pois fiz o vestibular e passei, optando assim pela universidade e pelo curso de Licenciatura em Educação Física, que outrora escolhi como a minha profissão [...].

Estrela do Mar – Eu morava em Macau, interior do Rio Grande do Norte. Vim para Natal cursar o Ensino Médio Científico, pois quem fazia o científico tinha mais possibilidade de ingressar na UFRN. Iniciei o curso de Pedagogia da UFRN em 1978 [...]. (Extrait da Autobiografia de Formação elaborada em 09 de outubro de 2008).

Conforme exposto nos enunciados, a nossa formação profissional é dinamizada por um conjunto de práticas e não por prática única, evidenciando assim que o curso de formação de professores contribuiu para o ingresso na profissão docente.

O extrait acima evidencia que a nossa trajetória formativa foi acompanhada de tensões, conflitos, imposições, dificuldades, tecidas e atravessadas por lógicas próprias decorrentes do contexto social e econômico que interferiram na escolha da profissão. Esses relatos são reveladores dos valores e representações que foram se formando sobre o magistério durante o percurso de formação de cada uma de nós.

Contudo, a narrativa de formação de Sereia do Mar mostra que no seu percurso, ainda no secundário, compartilhou do espaço da sala de aula, das tarefas e dos espaços de atuação dos professores, criando o seu método próprio para ensinar os colegas. Assim, na relação de ensino que estabeleceu com os colegas, as dúvidas e questões, os modos de fazer e o conhecimento foram compartilhados e sanados. Também o processo de escolarização vivido na universidade contribuiu para ter a certeza de que queria realmente ser professora, como explicita em sua fala:

Sereia do Mar – Eu sempre fui uma pessoa que gostei muito de estudar [...]. Como a condição dos meus pais não permitia que eu me deslocasse para a capital, fiz o meu primeiro curso secundário de técnico de contabilidade na cidade em que morava [...]. Apesar disso, eu gostava do curso e em alguns momentos eu ensinava na própria sala de aula para os colegas acerca do conteúdo trabalhado pelo professor, quando eles tinham dúvidas. Diziam que eu explicava melhor do que o professor. Penso que aqui já iniciava a minha carreira de professor, embora não tivesse consciência disso [...]. Na universidade, basicamente no curso de Pedagogia, eu tive a certeza que queria realmente ser professora [...]. Tive a oportunidade de fazer uma especialização em Educação Infantil [...]. (Extrait da Autobiografia de Formação elaborada em 09 de outubro de 2008).

Gonçalves (1995, p. 147) esclarece:

As carreiras dos professores desenvolvem-se por referência a duas dimensões complementares: a individual, centrada na natureza do seu eu, construído a nível consciente e inconsciente, e a grupal, ou coletiva, construída sobre as representações do campo escolar, influenciando e determinando aquelas.

As experiências como alunas dos referidos cursos tiveram papel formativo muito forte para que ocorresse a profissionalização, pois, durante a formação inicial e/ou continuada, principalmente no contato com a sala de aula, descobrimo-nos como professoras, a exemplo dos relatos a seguir:

Alga Marinha – Penso que a minha experiência no processo de ensinar e aprender começou muito antes de eu ingressar no curso do magistério, pois quando tinha 12 anos, logo após a minha primeira comunhão, fui convidada para ser catequista de crianças entre 7 e 10 anos [...] com 16, 17 anos prestei serviços no Pró-Gente, órgão ligado à FEBEM, dando reforço de Português, Matemática e cidadania para adolescente [...]. Trabalhei no Movimento de Educação de Base, como assistente educacional, na função de supervisora [...] dentro de mim e no meu agir eu já demonstrava aptidão para professora. Às vezes eu assumia a classe para os professores [...] quando fiz o adicional de Letras, eu pude ter experiência como estagiária, com alunos das outras séries (5ª a 8ª séries) [...] penso que os estudos realizados durante o ensino secundário foram importantes demais para a minha formação [...].

Sereia do Mar – Durante o período de aulas na escola normal, em alguns momentos, já exercia o magistério. [...] o estágio exercido nas escolas durante o curso contribuíram muito para a minha formação profissional [...] a metodologia usada por alguns professores [...] na universidade eu já estava mais consciente que queria mesmo ser professora, então eu prestava atenção para os movimentos dos professores em sala de aula [...] a participação em congressos estudantis [...] ter cursado a disciplina Metodologia do Ensino Pré-Escolar com uma professora que me incentivou muito a seguir a carreira de professora no Ensino Superior [...].

Água Viva – [...] participei da base de pesquisa Corporeidade e Educação, pois pesquisar e descobrir sempre foram alvos que busquei nos meus anos acadêmicos [...]. Participei ainda no curso de graduação de estágios extracurriculares em escolas públicas e privadas [...] que aguçaram a minha busca e o meu papel como educadora física [...] ainda na graduação, tive oportunidade de dar aulas em uma escola do interior do estado como professora de Biologia [...].

Estrela do Mar – Em sala de aula, recebi influência de alguns professores (Eva, Otávio e Basília) recém-chegados do mestrado, trazendo novas concepções de ensino e aprendizagem, inserindo no currículo reflexões sobre o posicionamento do pedagogo e o seu papel na sociedade [...]. Durante a minha participação no D.A de Pedagogia viajei para Bahia na delegação do Rio Grande do Norte para receber Paulo Freire, que voltava do exílio para o Brasil [...]. Neste contexto, ingressei numa escola particular religiosa para trabalhar como alfabetizadora, sendo o meu primeiro emprego [...]. Outra experiência valiosa como aluna foi a minha participação no Projeto Rondon, que proporcionava ao aluno universitário o exercício da experiência profissional em outro estado do Brasil, momento em pude exercer o papel de pedagoga na sociedade, preparando curso de capacitação em Alfabetização para professores no interior de Minas Gerais, ministrando palestra sobre a educação do excepcional e muitas outras palavras. A cada uma destas experiências eu percebia minha evolução e o meu crescimento profissional, todas as minhas vivências acrescentaram e contribuíram para a minha vida profissional. (Extrait da Autobiografia de Formação elaborada em 09 de outubro de 2008).

Observamos nas narrativas supracitadas que as nossas experiências como alunas são carregadas de sentidos para que nos tornássemos professoras, decorrentes de diferentes formas de apropriação dos saberes formativos e fontes de aprendizagem profissional, como as seguintes atividades: catequista, aulas de reforço no Pró-Gente, órgão ligado à FEBEM, assistente educacional no Movimento de Educação de Base (MEB), estágios em escolas, a metodologia e a influência de professores, congressos estudantis, participação em base de pesquisa, participação em diretório acadêmico, participação como alfabetizadora, ministrando cursos de capacitação no Projeto Rondon etc. De um modo geral, o reconhecimento das influências diversas vivenciadas dentro e fora do ambiente escolar e dos modos que tivemos acesso ao longo do nosso processo de formação tiveram repercussão na nossa consolidação como profissionais.

A experiência é qualificante. Ensinando se aprende, uma vez que essa experiência do trabalho é considerada necessária por algumas razões, como ressaltam Tardif e Lessard (2008, p. 285, grifo do autor), quando afirmam: “A formação inicial (na escola normal ou na universidade) não realiza suas promessas e força os professores a inventarem seu próprio conhecimento concreto de trabalho a partir de sua realização. Portanto, aprende-se a docência in locu”.

Diante das experiências vivenciadas por nós, podemos constatar que semelhante com o nosso estudo, a pesquisa de Ferreira (2006, p. 70) aponta:

[...] as narrativas de formação conduzem à reflexão, a associações, a estabelecer sentidos ao que foi vivido através de significados individuais e coletivos das diferentes experiências formadoras. Evidencia que o processo de formação demarca-se como constante e contínuo, articula-se aos diferentes tempos e espaços, implicando experiências e aprendizagens construídas ao longo da vida e perpassa o tempo de formação inicial e de aprendizagem institucionalizada da profissão [...].

As análises de nossas narrativas apontam, também, que o motivo que nos levou a tornar-nos professoras se deu de formas distintas e muito peculiares. Porém, predominam em todas as narrativas as conjunturas sociais, econômicas, familiares e o gostar de ensinar. Referindo-se a esse processo, os enunciados que estão associados às nossas decisões mostram:

Alga Marinha – Ensinar e aprender. Ter habilidade para liderar, orientar, organizar situações de aprendizagem. Ter como gerenciar e dirigir a minha própria vida financeira, contribuir com a melhoria na sociedade a que pertenço.

Estrela do Mar – Minha mãe teve pouco acesso à escola, mas sempre desejou ser professora, então quando eu nasci ela transferiu para mim esse desejo, quando eu fui pela primeira vez à escola fiquei encantada com aquela professora com o batom bem vermelho lendo belos contos de fada para uma classe em total silêncio, todos viajando por aquele mundo encantado, tínhamos medo de piscar os olhos e perder o encantamento daquele momento. Então entendi o desejo da minha mãe. E desde essa época que alimentei este sonho. (Extrait da Autobiografia de Formação elaborada em 09 de outubro de 2008).

Estrela do Mar rememora em seu relato que a sua primeira experiência com a escola foi positiva do ponto de vista da aprendizagem. O uso do batom vermelho pela sua professora, a leitura do conto de fada e a relação estabelecida com a sua mãe, como exemplificada na passagem acima transcrita, inauguraram na ocasião um verdadeiro “rito de iniciação” que, indubitavelmente, influenciou mais tarde na sua escolha profissional.

É importante ressaltar que a formação inicial dos professores e o seu desenvolvimento profissional são determinados, sobretudo, pelas aprendizagens feitas no decorrer de sua

escolaridade. De acordo com a sua condução, podemos compreender até que ponto a formação adquirida contribuiu ou não na construção da profissionalidade docente. Bueno (2003, p. 15-16) reforça essa constatação, acrescentando que os professores podem refazer seus percursos de formação ao lançarem um olhar para o passado:

[...] Os professores têm a oportunidade de refazer seus próprios percursos, e a análise dos mesmos tem uma série de desdobramentos que se revelam férteis para a instauração de práticas formativas. Eles podem reavaliar suas práticas e a própria vida profissional de modo concomitante, imprimindo novos significados à experiência passada e restabelecendo suas perspectivas futuras.

Complementando esse processo, o extrait abaixo se apresenta significativo:

Sereia do Mar – O ingresso no curso normal secundário por causa da minha mãe e o fato de ter passado no vestibular para Pedagogia. [...] a universidade se apresentou para mim como uma nova forma de ver o mundo [...]. Penso que foi na universidade cursando Pedagogia que me tornei professora, observando os meus professores e suas metodologias para ensinar os conteúdos.

Água Viva – Os principais motivos que me fizeram tornar-se professora foram a grande paixão que eu tenho por estudar, gostar de estar perto de pessoas, construindo relacionamentos, descobrir e redescobrir novas aprendizagens [...]. (Extrait da Autobiografia de Formação elaborada em 09 de outubro de 2008).

Segundo Fontana (2005, p. 125), um dos motivos pelos quais nos tornamos professoras, “[...] mais do que uma condição, foi também o processo pelo qual nos inserimos [...]”, deixando à mostra a contribuição da formação teórica e metodológica do trabalho pedagógico desenvolvido pelos professores na academia, que foi sendo elaborado num aprendizado para a docência, como também a paixão pelos estudos, a convivência com os pares para redescobrir novas aprendizagens, como descrito nos relatos formativos supracitados.

Recorremos ao pensamento de Vygotski (2005) para analisar os aspectos referentes à imagem que temos enquanto professoras, bem como a nossa identificação com essa profissão e os fatores que contribuem para construção da profissão docente. Para esse autor, a internalização consiste na reconstrução interior de atividade exterior em que o processo interpessoal transforma-se em processo intrapessoal. Assim, relembramos os encaminhamentos assumidos diante desse desafio conforme o extrait seguinte:

Alga Marinha – A imagem que tenho de mim mesma: penso que sou uma professora muito especial [...]. Sou autodidata [...]. Estudo sempre o conteúdo para ministrar aula [...] deixo claro os objetivos [...]. A vida de professor é uma eterna troca, partilha [...]. Por fim, me vejo como profissional da educação que constantemente reflete sua prática e a transforma sempre que necessário para haver melhor aprendizagem [...]. Sinto-me responsável por toda a escola [...].

Sereia do Mar – [...] Eu vejo em mim uma imagem positiva acerca da minha profissão de professora, porque ser professora significa uma busca incessante acerca do conhecimento [...]. É positiva, porque eu assumo a minha profissão com responsabilidade e hoje eu tenho certeza que eu não estou professora, eu sou professora, eu gosto de ensinar e ensino porque gosto [...]. Eu me identifico com a profissão quando estou ministrando aula e sei que o meu aluno aprendeu o conteúdo [...] a minha imagem de professora estou construindo a cada momento num processo contínuo de formação [...].

Água Viva – [...] Gosto da profissão que escolhi: professora. Procuro passar com clareza os conteúdos propostos pela disciplina de Educação Física [...].

Estrela do Mar – Hoje trabalho como professora em várias instituições e me vejo como uma excelente professora, preocupada com a aprendizagem dos alunos, sempre descobrindo novas formas de envolver o aluno para novas descobertas, novos conhecimentos e também muito preocupada com o desenvolvimento socioafetivo dos mesmos, sou respeitada pelos meus pares por possuir o saber na minha área de conhecimento, como também pelo senso de responsabilidade, dedicação com os alunos e comunidade escolar e continuo com os mesmos ideais de construir um mundo melhor, acreditando