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Diferenças entre eficácia do precedente judicial, coisa julgada e eficácia da intervenção

3 A APLICABILIDADE DA TEORIA DO PRECEDENTE JUDICIAL NO BRASIL

3.3 EFICÁCIA

3.3.1 Diferenças entre eficácia do precedente judicial, coisa julgada e eficácia da intervenção

JÚNIOR, Jaldemiro Rodrigues. Precedentes vinculantes e irretroatividade do direito no sistema processual

brasileiro: Os Precedentes dos Tribunais Superiores e sua Eficácia Temporal. Curitiba: Juruá, 2012, p.80).

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MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p.261-262.

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DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de Direito Processual

Civil. 8. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: Jus Podivm, 2013, v. 2., p.433-434.

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DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de Direito Processual

A eficácia do precedente judicial não pode ser confundida com a coisa julgada e com a eficácia da intervenção. Isso porque os seus limites objetivos, subjetivos,

instrumentos de controle27 e finalidades28 são distintos.

Enquanto a coisa julgada tem como limite objetivo o dispositivo da decisão

(norma jurídica individual)29 e a eficácia da intervenção incide sobre a fundamentação de fato

e de direito da decisão30, o limite objetivo da eficácia do precedente judicial recai sobre a

ratio decidendi (norma jurídica geral extraída da fundamentação da decisão)31.

Com relação aos limites subjetivos, a coisa julgada atinge, como regra32, as

partes (art. 472, do CPC), a eficácia da intervenção alcança o assistente simples (art. 55, do CPC) e a eficácia da norma jurídica geral do precedente judicial atinge a todos (erga

omnes)33.

A coisa julgada e a eficácia da intervenção são controladas repressivamente, ao passo que a eficácia da norma jurídica geral pode ser controlada preventiva e repressivamente. A coisa julgada é controlada por meio da ação rescisória (arts. 485 a 495, do CPC), da querela nullitatis (arts. 475-L, I, e 741, I, do CPC), da desconstituição de sentença inconstitucional (arts. 475-L, §1°, e 741, parágrafo único, do CPC) e da correção de erro

material (art. 463, I, do CPC)34.

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DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de Direito Processual

Civil. 8. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: Jus Podivm, 2013, v. 2., p.449.

28

MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p.138-140.

29

NOGUEIRA, Gustavo Santana. Stare Decisis et Non Quieta Movere: a vinculação aos Precedentes no Direito Comparado e Brasileiro. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p.212-213; DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de Direito Processual Civil. 8. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: Jus Podivm, 2013, v. 2., p.449. A coisa julgada formal torna imutável a decisão apenas dentro do processo em que foi proferida, não irradiando seus efeitos para processos futuros. A coisa julgada material projeta o efeito da imutabilidade para fora do processo. O art. 469, do CPC, prevê que não fazem coisa julgada os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da sentença, a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença e a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentalmente no processo.

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DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de Direito Processual

Civil. 8. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: Jus Podivm, 2013, v. 2., p.449.

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NOGUEIRA, Gustavo Santana. Stare Decisis et Non Quieta Movere: a vinculação aos Precedentes no Direito Comparado e Brasileiro. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p.212-213; DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de Direito Processual Civil. 8. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: Jus Podivm, 2013, v. 2., p.449.

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O art. 42, §3°, do CPC, prevê hipótese de coisa julgada ultra partes no plano individual. Trata-se do caso em que a sentença atingirá o substituído processual (adquirente ou cessionário de coisa ou do direito litigioso).

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DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de Direito Processual

Civil. 8. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: Jus Podivm, 2013, v. 2., p.449.

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NOGUEIRA, Gustavo Santana. Stare Decisis et Non Quieta Movere: a vinculação aos Precedentes no Direito Comparado e Brasileiro. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p.213; DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de Direito Processual Civil. 8. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: Jus Podivm, 2013, v. 2., p.449.

A eficácia da intervenção, de seu turno, é controlada através da exceptio male

gestis processus (art. 55, I e II, do CPC)35.

A eficácia do precedente judicial, por seu lado, pode ser controlada, antes da formação do precedente, através da intervenção do amicus curiae, por exemplo (ver item 5.3.2 deste trabalho) e da técnica de confronto, interpretação e aplicação do precedente judicial, distinguishing (ver itens 2.3 e 3.4.1 deste trabalho). Repressivamente, a eficácia do precedente judicial pode ser controlada pelos mecanismos de superação do precedente

judicial36 (ver itens 2.4 e 3.4.2), pelos recursos e meios de impugnação das decisões

jurisdicionais, tipicamente previstos, e pela reclamação constitucional, conforme o caso. Por fim, quanto à finalidade, a coisa julgada visa tutelar a confiança do jurisdicionado no ato estatal que decidiu seu caso, assegurando que a condição favorável atribuída por este ato não lhe será retirada, salvo se for desconstituída, por um dos instrumentos de controle acima expostos. Trata-se da confiança (uma das acepções da segurança jurídica) depositada pelo cidadão na imutabilidade do ato do poder jurisdicional e

na aplicação do direito em determinando caso concreto37.

A eficácia do precedente judicial, no que toca aos fins, confere ao jurisdicionado a expectativa (uma das dimensões de segurança jurídica) de que determinada decisão será proferida em determinando sentido. É a confiança na orientação advinda da jurisdição, que visa garantir a estabilidade da aplicação do direito, admitindo-se a revogação,

em determinadas situações38.

Diferenciada a eficácia do precedente judicial da coisa julgada e da eficácia da intervenção, devem-se averiguar os fatores que conduzem à atribuição dessa eficácia no ordenamento jurídico brasileiro e a classificação dos precedentes judiciais, de acordo com esse critério (eficácia).

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NOGUEIRA, Gustavo Santana. Stare Decisis et Non Quieta Movere: a vinculação aos Precedentes no Direito Comparado e Brasileiro. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2011, p.213; DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de Direito Processual Civil. 8. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: Jus Podivm, 2013, v. 2., p.449.

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DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de Direito Processual

Civil. 8. ed. rev., ampl. e atual. Salvador: Jus Podivm, 2013, v. 2., p.449; NOGUEIRA, Gustavo Santana. Stare Decisis et Non Quieta Movere: a vinculação aos Precedentes no Direito Comparado e Brasileiro. Rio de Janeiro:

Lumen Juris, 2011, p.213.

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MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p.138-140; ÁVILA, Humberto. Segurança jurídica: entre permanência, mudança e realização no Direito Tributário. 2. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Malheiros, 2012, p.130; CABRAL, Antonio do Passo. Coisa

julgada e preclusões dinâmicas: entre continuidade, mudança e transição de posições processuais estáveis.

Salvador: Jus Podivm, 2013, p.291-298.

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MARINONI, Luiz Guilherme. Precedentes Obrigatórios. 2. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2011, p.138-140.