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1. Determinação da unidade mínima da rede 2. Mapeamento dos pontos fixos

a) Enfoque atual – descrição dos elementos

b) Enfoque genético – história de acréscimos e remoções dos elementos 3. Identificação da proposta de cuidado oferecida por cada unidade mínima 4. Identificação da responsabilidade de cada unidade

5. Avaliação do acesso a cada unidade

A rede e suas relações: dimensão Conectividade

Existindo os pontos fixos, podem ocorrer determinadas relações entre estes pontos, por

meio das quais se compõe o espaço virtual denominado de “rede”. Independente do campo de

conhecimento, há dois aspectos fundamentais das redes: os pontos fixos, estáveis; e as relações produzidas entre esses pontos, que podem ser descritas como fluxos, conexões ou vínculos. Tais termos parecem ser usados indiscriminadamente na literatura, e mesmo as definições lexicais não apresentam distinção clara entre eles. Mas, fugindo do rigor técnico

para trabalhar as imagens evocadas pelas palavras, acreditamos que “fluxos” trazem a ideia de

movimento: algo transita por entre pontos estáveis a partir das condições de possibilidade criadas por estas relações, ou o inverso – as relações são criadas a partir da existência do

trânsito entre estes pontos. Já “conexão” dá a ideia de contato, um ponto de encontro entre

elementos distintos, enquanto que “vínculo” expressa uma imagem de interdependência ou outro efeito minimamente persistente produzido a partir desse trânsito ou contato.

Congregamos tais noções sob a nomenclatura de “conectividade”, na tentativa de abarcar as

várias facetas apresentadas.

Há uma grande variedade de relações possíveis entre os serviços de saúde, apresentando significativas diferenças no modo como acontecem, suas condições e efeitos práticos. Ainda que todas possam ser consideradas relações entre os serviços, um encaminhamento, um contato telefônico, uma visita institucional ou uma interconsulta são procedimentos bastante diferentes tecnicamente, respondem a necessidades distintas e demandam condições materiais e humanas completamente diversas. Dessa forma, torna-se necessário precisar quais são os tipos de relação que acontecem entre cada serviço, com qual objetivo, e sob que condições e expectativas elas são realizadas.

Alguns autores defendem que uma alta capacidade de conectividade é um fator de boa qualidade para as redes, gerando efeitos positivos, sendo chamado de “modo de

má qualidade, gerando efeitos negativos como a ausência de movimento e estando associada a

um “funcionamento frio” (OLIVEIRA; PASSOS, 2009).

Mas como se avalia empiricamente a conectividade? Na vertente de análise de redes sociais, tanto a quantidade como diferentes qualidades das relações são elementos básicos de análise (WASSERMAN; FAUST, 1994). Variedade, durabilidade, frequência, continuidade/descontinuidade, recorrência, intensidade e reciprocidade são qualidades de relações utilizadas nessa vertente, que poderiam ser incorporados em nosso modelo analítico. Contudo, considerando que adotamos uma abordagem qualitativa em nossa investigação, demos primazia aos elementos que nos permitiram compreender (verstehen) as relações. Interessa-nos, portanto, a perspectiva pessoal dos profissionais que participam dessas relações, no tocante às dimensões citadas6. Priorizamos também a variabilidade das conexões como qualidade importante, no sentido de demarcar as diferenças entre cada modalidade de relação.

A conectividade não é uma caraterística estanque, englobando também a capacidade de estabelecer novas conexões. Desse modo, pretende-se analisar não apenas as relações atuais, mas também identificar movimentos de ruptura que ocorreram nos serviços para o estabelecimento de novos tipos de relações, e que elementos do processo de trabalho facilitam ou dificultam essa fluidez.

Apesar de serem compostas por fluxos, Santos (2008) ressalta que as redes possuem uma forma material, tendo por isso exigências materiais para que o fluxo se estabeleça e alcance os efeitos desejados. No caso de um encaminhamento, por exemplo, o efeito seria o deslocamento de uma pessoa para outro serviço. Os aspectos materiais dessa relação incluiriam as condições de acessibilidade do serviço de destino, tanto em termos geográficos como sócio-organizacionais (DONABEDIAN 1973 apud TRAVASSOS; MARTINS, 2004). O conhecimento desses condicionantes dos serviços de destino por parte dos profissionais do serviço de origem é necessário para que eles possam antecipar adequadamente a eficácia ou falha em um possível encaminhamento.

Além disso, em alguns casos é necessário que requisitos do serviço de destino sejam cumpridos, que vão podem incluir a adequação do paciente ao perfil de clientela do serviço, ou contemplar outras exigências formais de entrada: formulário específico de encaminhamento devidamente preenchido; relatório médico; autorização de uma central de

6 Outro recurso bastante interessante, mas que não foi possível utilizarmos, é o cruzamento com perspectivas

de outros grupos de interesse envolvidos, como usuários e gestores, conforme previsto nas avaliações de quarta geração. (GUBA; LINCOLN, 2011; SCHNEIDER et al., 2009)

marcação de consultas, etc. O não cumprimento dessas condições pode significar que um encaminhamento realizado não tenha êxito, não se estabelecendo de fato o contato entre as instituições. Desse modo, é interessante avaliar se há uma concordância entre o serviço de origem e de destino em relação ao que é necessário para que a relação se estabeleça, assim como a avaliação das partes envolvidas acerca dessa relação.

Os diferentes tipos de relação entre serviços têm condicionalidades diferentes, de forma que cada modalidade de relação considerada relevante deve ser analisada individualmente, incluindo os efeitos dessa conectividade: o que é produzido (ou não) a partir das conexões e fluxos.

Desse modo, a dimensão “conectividade” encontra-se sistematizada da seguinte forma: