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Direito à moradia, direito à energia elétrica, direito à água, direito ao

5 O DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS E O

5.1 A aplicação dos direitos humanos no âmbito do direito interno brasileiro

5.1.2 Jurisprudência do STF sobre pobreza e direitos relacionados

5.1.2.5 Direito à moradia, direito à energia elétrica, direito à água, direito ao

As palavras-chave epigrafadas foram agrupadas em um único tópico, pois todas elas estão relacionadas ao terceiro indicador que integra o IPM e diz respeito ao padrão de vida.

A pesquisa realizada a partir da expressão “direito à moradia” retornou 18 resultados, mas a maior parte desses julgados não enfrenta a temática do cumprimento das obrigações estatais para a implementação desse direito, como se observa na tabela abaixo:

Tabela 5 – Acórdãos do STF que contêm a expressão “direito à moradia”

Tema principal Quantidade

Penhorabilidade do bem de família 8

Supressão do benefício de auxílio moradia de servidores públicos 2 Direito à moradia como componente do mínimo existencial - dever

do Estado de implementar políticas públicas mesmo diante do princípio da reserva do possível

3

Não conhecimento do recurso 5

Total 18

Fonte: Supremo Tribunal Federal

Conforme se extrai da tabela supra, 5 dos julgados encontrados trazem decisões não meritórias, isto é, decisões de não conhecimento do recurso com apoio na súmula 279 do STF, que inibe o conhecimento de recursos quando a ofensa à Constituição é indireta ou o recurso enseja o revolvimento de matéria fática. Outros 8 acórdãos tratam da questão da penhorabilidade do bem de família e 7 desses trabalham, especificamente, a possibilidade de penhorar o bem de família do fiador de contrato de aluguel. Tal matéria não contribui de modo significativo para o debate em torno da pobreza, objetivo específico deste trabalho.

Há, ainda, dois processos que têm como tema a supressão do benefício de auxílio moradia de servidores públicos, matéria estritamente administrativa e que também não se relaciona com a temática da pobreza, na medida em que servidores públicos não constituem, a princípio, um grupo social vulnerável.

Resta, portanto, a análise de 3 acórdãos. Um deles já fora analisado quando da pesquisa referente ao mínimo existencial. Nessa decisão, o direito à moradia é elencado, juntamente com outros direitos fundamentais, num rol de direitos que, para o STF, consubstancia o núcleo intangível dos indivíduos, o qual deve ser respeitado pelo Estado, a despeito do princípio da reserva do possível.

seguem a linha de pensamento já identificada nos tópicos anteriores, segundo a qual o Poder Judiciário pode impor ao Estado a adoção de medidas administrativas positivas e concretas com o fito de dar efetividade aos direitos fundamentais considerados essenciais e intangíveis. Bastante elucidativa, nesse sentido, a ementa a seguir:

Agravo regimental em recurso extraordinário com agravo. 2. Direito Constitucional. Direito à moradia e aluguel social. Chuvas. Residência interditada pela Defesa Civil. 3. Termo de compromisso. Solidariedade dos entes federativos, podendo a obrigação ser demandada de qualquer deles. Súmula 287. 4. Princípio da legalidade. Lei municipal nº 2.425/2007. Súmula 636. 5. Teoria da reserva do possível e separação dos poderes. Inaplicabilidade. Injusto inadimplemento de deveres constitucionais imputáveis ao estado. Cumprimento de políticas públicas previamente estabelecidas pelo Poder Executivo. 6. Agravo regimental a que se nega provimento. (BRASIL, 2015c).

Conforme se extrai do julgado acima, tal qual ocorre com o direito à saúde, existe solidariedade entre os entes estatais no que concerne ao direito à moradia. O outro julgado selecionado traz à tona, mais uma vez, a questão da defesa coletiva dos direitos sociais. A ementa é bastante simples e, na verdade, apenas confirma uma decisão monocrática de improcedência de agravo de instrumento, conforme se observa na ementa que segue transcrita. Todavia, do corpo da decisão, é possível extrair importante posicionamento do STF. Eis a ementa:

Agravo regimental no agravo de instrumento. Constitucional. Ação civil pública. Obrigação de fazer. Implementação de políticas públicas. Possibilidade. Violação do princípio da separação dos poderes. Não ocorrência. Precedentes. 1. O Poder Judiciário, em situações excepcionais, pode determinar que a Administração Pública adote medidas assecuratórias de direitos constitucionalmente reconhecidos como essenciais, sem que isso configure violação do princípio da separação de poderes. 2. Agravo regimental não provido. (BRASIL, 2012).

Na fundamentação da referida decisão colhe-se o elucidativo trecho:

[...] pacificou-se neste Tribunal o entendimento de que o Poder Judiciário, em situações excepcionais, pode determinar que a Administração Pública adote medidas assecuratórias de direitos constitucionalmente reconhecidos como essenciais, como é o caso do direito à integridade física e à moradia digna dos administrados, sem que isso configure violação do princípio da separação de poderes, uma vez que não se trata de ingerência ilegítima de um Poder na esfera de outro. (BRASIL, 2012).

Frise-se que, como resultado da decisão tomada pelo STF, foi confirmado acórdão proferido em sede de ação civil pública. Embora a questão da legitimidade do Ministério Público para pleitear a implementação de políticas públicas não tenha sido abordada diretamente, ela já foi enfrentada em outra oportunidade, como ressaltado no tópico referente ao direito à saúde. O que se mostra relevante, aqui, de todo modo, é a constatação da eficácia da ação coletiva enquanto meio para efetivação de direitos sociais relacionados à problemática da pobreza.

e “padrão de vida adequado” não retornaram nenhum resultado. Quanto ao termo “direito ao saneamento básico” a pesquisa realizada retornou um único resultado, mas que trata de matéria meramente tributária e que nada acrescenta ao debate empreendido no presente trabalho.

5.2 A implementação das normas de direitos humanos por meio dos mecanismos previstos