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3 Ciência como arte

3.2 Ciência como criação simbólica

3.2.2 Distintas fases do pensamento simbólico

Até aqui, procuramos encontrar no discurso científico características típicas que justifiquem sua compreensão através da noção de formas simbólicas. Porém, como podemos discutir sua especificidade? Se podemos, através dessa noção, encontrar características comuns a atividades

tão diversas como o mito e a religião, a linguagem, a arte, a história e a ciência, é evidente que precisaremos também discutir os diferentes sentidos que ela adquire em cada contexto.

Cassirer propõe um processo evolutivo de formas simbólicas que se sobrepõem até alcan- çar o estágio associado ao pensamento científico. A sucessão dessas fases não se dá por um processo de substituição, mas de sobreposição. A uma função expressiva inicial, sobrepõe-se a

função representativa e por fim a função significativa. Assim, é sempre possível encontrar, nas

formas mais desenvolvidas, elementos provenientes de etapas mais “primitivas” do desenvol- vimento da percepção, da expressão e do pensamento humanos. Essa progressão a estruturas formais cada vez mais complexas permite um crescente aprofundamento da experiência. En- tretanto, as possibilidades de construção simbólica são múltiplas, garantindo que haja também distintas direções de profundidade de forma que, apesar da concepção evolucionista subjacente, não pode existir uma construção simbólica que possa esgotar a complexidade do real, havendo uma relação de complementaridade entre as distintas formas simbólicas:

“Enquanto não ultrapassamos o mundo das impressões sensíveis, não fazemos mais que tocar a superfície da realidade; a percepção da profundidade das coi- sas exige sempre um esforço de nossas energias ativas e construtivas. Como estas energias não se movem em uma única direção e não tendem a um mesmo fim, tampouco podem nos proporcionar o mesmo aspecto da realidade” (CAS- SIRER, 1953a, p. 236-7).

Ademais, essa evolução não é compreendida por ele como uma transformação de distintas fases da “interpretação” de uma suposta base empírica sempre estável. Ao contrário, na medida em que as formas simbólicas são responsáveis pelo processo de objetivação da experiência, é a constituição de uma certa estrutura simbólica que permite uma certa forma de apreensão e percepção do mundo. Em contraposição às doutrinas “sensacionistas” da percepção que, em consonância com o pensamento de filósofos como Hume e Berkeley, compreendem a percep- ção como um processo de reprodução fotográfica de estímulos “atômicos” dados, Cassirer se alinha a concepções da escola da psicologia da forma (Gestalt), que ressaltam o atrelamento da percepção ao reconhecimento de uma certa estrutura formal9.

Função expressiva. O mundo objetivo não nos é dado direta e mecanicamente pelos sen-

tidos, mas é produto de uma construção. Muito antes de percebermos (separadamente) uma multiplicidade de cores, de corpos quentes e frios, de odores, de sons graves e agudos, perce- bíamos um mundo fluido e inconstante, algumas vezes ameaçador, outras protetor, amigável. 9Thomas Kuhn, também inspirado por analogias com experimentos associados à psicologia da Gestalt (figura 3.2), chega a afirmar que: “durante as revoluções, os cientistas veem coisas novas e diferentes quando, empregando instrumentos familiares, olham para os mesmos pontos já examinados anteriormente. É como se a comunidade profissional tivesse sido subitamente transportada para um novo planeta, onde objetos familiares são vistos sob uma luz diferente e a eles se agregam objetos desconhecidos” (KUHN, 1998, p. 145-6).

A palavra “antes” refere-se aqui tanto ao contexto de nossa história cultural, como pessoal. A criança, aponta Cassirer, não se interessa por cores simples, mas por rostos humanos. Apesar da enorme complexidade de processamento de estímulos que demanda, ela reconhece o rosto da mãe com poucos meses de vida e é capaz de perceber estados de ânimo diversos nesse rosto com pouco mais de um ano. Nesse sentido, o “fenômeno expressivo”, como Cassirer denomina essa primeira fase de apreensão e expressão do mundo, é caracterizado pela apreensão de um mundo vivo, ativo e não um mundo de objetos: é marcado pela experiência do “tu”, e não pela experiência do “isto”, que lhe é posterior (CASSIRER, 1976, p. 81). O pensamento mitológico e mágico é um exemplar típico, para o autor, dessa fase. Não há ainda a distinção entre o “real” e o “ideal”, nem tampouco entre a “realidade” e a “aparência”. Não há uma essência por trás das aparências, mas, ao contrário, a aparência é a própria essência. Não existe a representação: qualquer fenômeno é sempre uma presença:

“Quando, em uma cerimônia mágica, por exemplo, para fazer chover se espa- lha água, esta água de modo algum serve só como símbolo ou ‘análogo’ da verdadeira ‘chuva’, mas está unida a esta pelo vínculo de uma ‘simpatia’ ori- ginária. O próprio demônio da chuva está vivo, patente e encarnado em cada gota de água” (CASSIRER, 1976, p. 87).

É um engano, segundo o autor, supor no fenômeno expressivo um ato de personificação, um mecanismo pelo qual se transformaria a realidade empírica das coisas e suas propriedades (como por exemplo as gotas d’água) em uma realidade de sujeitos ativos e anímicos (o deus da chuva). Essa interpretação pressuporia como já dadas as representações de “sujeitos” e “objetos”, elementos simbólicos ausentes nesta relação expressiva com o mundo. Ao contrário, o mito “cria” uma espécie de luta entre o eu e o mundo, através da qual esses dois polos alcançam sua forma e configuração fixas (CASSIRER, 1976, p. 90).

Função representativa. É especialmente o desenvolvimento da linguagem o motor para o

surgimento de uma nova função, que Cassirer denomina a função representativa. A imagem de uma deidade ou o seu nome, embora não se pretenda que deixem de ser a própria divindade

presente, se convertem em mecanismos através dos quais fenômenos espacial e temporalmente

separados uns dos outros podem ser reconhecidos como manifestações de um mesmo sujeito (CASSIRER, 1976, p. 132). Da mesma forma, na medida em que a linguagem passa a envol- ver, além dos sons e gestos que expressam o estado de ânimo e as sensações atuais do sujeito, elementos capazes de representar o mundo externo, como por exemplo os gestos indicativos que permitem “alcançar à distância” um determinado objeto, temos a possibilidade de uma estabi- lização do mundo de nossas percepções e da constituição intuitiva de objetos. O aparecimento da função representativa, marcada pela utilização e reconhecimento de um conteúdo intuitivo

sensível como representante de outro, pela compreensão de uma impressão sensível como um

elemento simbólico, inaugura, para o autor, uma nova era, em que a atitude interna frente à rea-

lidade se transforma e surge um novo tipo de relação sujeito-objeto. O testemunho do processo educativo da cega-surda-muda Helen Keller permite-nos perceber, de maneira particularmente emocionante, as implicações dessa transição. Eis o registro de sua professora do exato momento em que ela “descobre” o sentido e a função da linguagem humana:

“Preciso escrever algumas linhas esta manhã porque ocorreu algo realmente importante. Helen deu o segundo grande passo em sua educação. Aprendeu que cada coisa tem um nome e que o alfabeto manual é a chave para tudo o que deseja conhecer. . . Esta manhã, enquanto estava se lavando, desejou conhecer o nome da ‘água’. Quando quer conhecer o nome de alguma coisa, aponta em sua direção e acaricia minha mão. Eu soletrei ‘a-g-u-a’ e já não pensei mais no assunto até depois do café da manhã. . . Mais tarde, fomos à fonte e fiz com que Helen segurasse a jarra sob a torneira enquanto eu acionava a bomba. Enquanto saía a água fria e enchia a jarra, soletrei ‘a-g-u-a’ sobre a mão aberta de Helen. A palavra, que se juntava à sensação da água fria que caía sobre sua mão, pareceu instigá-la. Ela soltou a jarra e ficou como que em êxtase. Seu rosto parecia resplandecer. Soletrou ‘a-g-u-a’ várias vezes. Inclinou-se em direção ao chão e perguntou pelo seu nome e apontou para a fonte e, girando rapidamente, perguntou pelo meu nome. Soletrei ‘professora’. Ao voltar à casa, estava muito excitada e aprendeu o nome do todos os objetos em que tocava. (. . . ) Voava de objeto em objeto, perguntando pelo nome de cada coisa e me beijando de pura alegria” (CASSIRER, 1953a, p. 58-9).

O fato de a linguagem adquirir uma nova função representativa não elimina completamente seus elementos expressivos. O uso de onomatopeias e, de forma geral, a sonoridade da fala, sua musicalidade, são exemplos de recursos associados à função expressiva, que buscam antes captar e tornar presente o próprio “rosto” dos fenômenos que realizar sua representação objetiva. Vemos, dessa forma, como vai se dando a sobreposição das diversas funções simbólicas. Em particular, a poesia faz amplo uso dessa dimensão expressiva da linguagem e nela submerge como se ela fosse “uma fonte originária de eterna juventude” (CASSIRER, 1976, p. 135).

Nossa percepção de objetos mais ou menos fixos dotados de atributos variáveis, localizados

espacial e temporalmente é, para Cassirer, já derivada da função representativa. Não se trata

de um produto mecânico de sensações imediatas, mas de um processo de construção, de uma

representação intuitiva. Dificilmente nos damos conta desse processo uma vez que ele está

permanentemente em ação, impedindo-nos um olhar distanciado sobre sua atuação. Não temos acesso a uma suposta percepção prévia em que pudéssemos contemplar um permanente fluxo de tons cromáticos em infinita e infinitesimal variação: o “conteúdo” de nossa percepção já é, desde o início, dotado de uma “forma”. Se a função expressiva se exercia na configuração da experiência do “tu”, a função representativa se dá na experiência do “isto”. Nos dois casos,

Figura 3.2: Exemplos de figuras que propiciam distintas percepções visuais, dependendo da “forma” como as vemos.

porém, não derivamos o “tu” e o “isto”, mas os temos imediatamente, em uma modalidade específica e originária de visão (CASSIRER, 1976, p. 149).

O caráter funcional, ativo e construtivo da percepção espaço-temporal de coisas e seus atri- butos se revela por nossa capacidade de perceber visualmente situações diversas de iluminação, de cor e de forma (como aquelas devidas à mudança de ponto de vista) e identificá-las como correspondendo a variações acidentais de um mesmo objeto, de forma que chegamos inclusive a operar uma “correção” de nossa percepção, minimizando as “distorções” percebidas. Além do mais, como demonstram as experiências de reconhecimento visual associadas à psicologia da gestalt, dependendo de uma certa “escolha”, a percepção de certas figuras especiais (como as exemplificadas na figura 3.2) pode variar radicalmente. Cassirer compara essas características da percepção intuitiva ao papel que a teoria de grupo possui nas diversas geometrias. Ao es- tabelecer as transformações que preservam a identidade de um objeto geométrico, decorrentes das simetrias que são atribuídas ao espaço, define-se quais figuras são equivalentes a quais para

cada geometria. Por exemplo, elipses e circunferências são figuras distintas para a geometria

euclidiana, que reconhece apenas as simetrias por deslocamento, rotação, reflexão e mudança de escala. Já para a geometria projetiva, que considera também como iguais figuras que cor- respondam a uma transformação projetiva uma da outra, elipses e circunferências são a mesma figura. Da mesma forma, dependendo do “critério” intuitivo utilizado, uma mesma percepção pode adquirir significados e valores muito diferentes com relação à estrutura total da realidade espacial (CASSIRER, 1976, p. 193). Dessa forma, mesmo a percepção “individual” já depende de uma certa estrutura, de um certo contexto e não pode ser reduzida a um “dado” independente e imutável. Muito embora pertençam a níveis de abstração muito distintos, por terem em co- mum a função de construção do conhecimento objetivo, a percepção do espaço intuitivo e as diversas geometrias possuem traços que podem ser identificados como semelhantes, ainda que

não possam ser estritamente identificados:

“Nesse sentido, o sistema de conceitos fundamentais com os quais a geometria euclidiana lida tem, por assim dizer, um análogo superior e um inferior. Se nos dirigimos ‘para cima’, atingimos a sistematização abrangente alcançada pela teoria de grupo; se nos dirigimos ‘para baixo’, atingimos aqueles ‘esquemas’ que já estão presentes na percepção e na intuição imediata” (CASSIRER, 1944, p. 31).

Função significativa. A passagem da função representativa para a função significativa está

associada, para Cassirer, justamente à busca por uma explicitação consciente das formas que permitem apontar para um determinado “objeto”, reunir uma diversidade intuitiva na unidade analítica de um conceito. O que, na função representativa, se dá de forma implícita e inconsci- ente, na função significativa será o foco principal. A preocupação com a questão da verdade é, para o autor, o motor que move esse desenvolvimento. Todos os postulados e todas as estruturas conceituais devem inserir-se em um complexo intelectual que a tudo abarque. É por esse motivo que o pensamento não pode mais contentar-se com as configurações já terminadas oferecidas pelo mundo da intuição, mas deve passar a construir com inteira liberdade e por meio de sua própria atividade um reino de símbolos (CASSIRER, 1976, p. 335). É interessante ressaltar que o compromisso com a busca “da verdade” é diretamente correlacionado à “inteira liberdade” na construção simbólica.

O autor não entende um conceito como uma enumeração dos objetos que compõem uma determinada classe, mas como a explicitação de uma regra, de uma relação que permite decidir quais objetos devem ou não pertencer àquela classe. Conceber e relacionar são atos correlatos, recíprocos (CASSIRER, 1976, p. 350). Os conceitos não se estruturam por uma espécie de média que recolhe os elementos comuns a uma multiplicidade, eliminando os não comuns. Ao contrário, a reunião de uma multiplicidade em um conceito se dá pelo reconhecimento de uma estrutura em que os distintos elementos correspondem, cada um em seu lugar e em relação com os demais, aos diversos momentos da totalidade de sentido e função do conceito (CASSIRER, 1976, p. 356). A conceituação permite, dessa forma, ao mesmo tempo, a síntese de uma multiplicidade e o esclarecimento analítico da função exercida por cada elemento em relação aos demais. Uma curva matemática, por exemplo, pode ser definida pela regra associada à equação que é verdadeira para os pontos pertencentes à curva e falsa para os demais, de forma que os diversos pontos que a compõem não são reunidos pelo que têm em comum, mas pela relação que guardam uns com os outros. Da mesma forma, o conceito de símbolo, que aqui abordamos, é definido não apenas pelas características comuns de todos aqueles elementos que

são considerados membros dessa categoria, mas principalmente pelas diferentes articulações que este conceito adquire nos diferentes contextos e nos diferentes estágios aos quais se aplica:

“Toda função de ‘representação’ implica um ato de identificação e um ato de diferenciação e, além disso, ambos precisam ser concebidos não como uma mera justaposição, mas como uma autêntica inter-relação, quer dizer, a identi- ficação deve ser levada a cabo na diferenciação e a diferenciação na identifica- ção” (CASSIRER, 1976, 367).

Pensemos, como exemplo, a respeito dos distintos sentidos que a operação de negação ad- quire se pensada no contexto das funções expressiva, representativa ou significativa. Em sua dimensão expressiva, a negação representa uma contra-vontade, a negação de um desejo que temos ou aquela que exercemos contra alguma imposição a que somos submetidos, mas não desejamos. No contexto da função representativa, entendida em sentido substancial, a nega- ção é envolvida em toda sorte de paradoxos, como aqueles elencados pela escola eleática, que mostram o absurdo de afirmar a existência do não-ser. Já no universo conceitual, associado à função significativa, a negação passa a ser um tipo específico de relação entre símbolos ou entre sentenças simbólicas. Cassirer defenderá a fundamental importância da capacidade de conceber o não-acontecido, o meramente possível, assim como o impossível. Em consonân- cia com o pensamento de Platão, afirma que todo “é” em um enunciado predicativo só pode ser inteiramente compreendido se correlaciona-se a um “não-ser”. O conceito não chegará a determinar idealmente o “real” enquanto permanecer dentro dos limites dessa realidade (CAS- SIRER, 1976, p. 357). Esse “distanciamento” que o simbolismo estabelece com relação ao real, esse “descolamento” do universo simplesmente factual, possui relevância em diversas dimen- sões do pensamento humano, tanto éticas (pense-se no valor das “utopias"), como científicas, expressando claramente a contraposição entre o pensamento do autor e aquele de tradição posi- tivista:

“Os empiristas e os positivistas sempre sustentaram que a tarefa superior do conhecimento humano consiste em nos proporcionar os fatos e nada mais que os fatos: uma teoria que não seja baseada em fatos seria um castelo no ar. (...) Mas o que quer dizer, qual o sentido de um fato científico? É patente que nenhum fato desse tipo nos aparece na observação fortuita ou na mera acu- mulação de dados provenientes da experiência sensível. Os fatos da ciência implicam sempre um elemento teórico, o que quer dizer um elemento simbó- lico. Muitos, senão a maioria, dos fatos científicos que modificaram o curso da história das ciências foram hipotéticos antes de chegarem a ser observáveis. (...) Se enfatizou com razão que as concepções que conduziram ao descobri- mento do princípio da inércia não eram de modo algum evidentes ou naturais para os gregos, e, da mesma forma, para as pessoas da Idade Média, estas concepções teriam parecido como evidentemente falsas e até absurdas. No entanto, sem a ajuda dessas concepções totalmente irreais, Galileu não teria

conseguido propor sua teoria do movimento; tampouco ele poderia ter desen- volvido ‘uma ciência nova que trata de um tema muito antigo”’ (CASSIRER, 1953a, p. 90-1).

Penso na expressão “desmaterialização da matéria”. Concebida de forma estática e em sentido substancial, trata-se de um paradoxo sem sentido. Entretanto, se relacionada a um mo- vimento do pensamento conceitual, associado à mudança de sentido dessa palavra, à passagem de uma estrutura conceitual em que “matéria” referia-se a uma imagem intuitiva, uma caracte- rística “em-si”, para outra em que se torna um conceito derivado, a expressão adquire fertilidade de sentido. Ela representa o movimento de pensamento através do qual as antigas propriedades dessa “matéria” desproblematizada e irracional passam a ser consequências de outras relações conceituais: sua impenetrabilidade associa-se a forças repulsivas ou a barreiras de energia, sua inércia deve-se à energia associada à configuração em que se encontra, etc. E o uso da palavra energia aqui é muito diferente do uso anterior da palavra matéria: ela não se refere a uma ima- gem intuitiva, mas a um conceito que permite atribuir a cada relação, a cada configuração, um valor definido de sua magnitude.

Este exemplo ilustra a função que Cassirer atribui aos conceitos: “o conceito não é tanto um caminho aberto pelo qual avança o pensamento, como um método, um procedimento de abertura criado por ele” (CASSIRER, 1976, p. 358). É por essa sua função de abertura que faz-se fundamental a maior liberdade conceitual, inclusive frente ao mundo de nossas intuições sensíveis. Torna-se evidente o caráter criativo da função conceitual. Repito aqui a citação que abriu a presente sessão e me pergunto: ela não poderia aplicar-se também ao trabalho artístico?

“O conceito é um livre traço de linhas que é necessário tentar uma e outra vez a fim de fazer ressaltar com clareza a organização interna do reino da intuição empírica e também a dos objetos lógico-ideais” (CASSIRER, 1976, p. 359).

3.2.3

As dimensões expressiva, representativa e significativa do pensa-