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CAPÍTULO 3 NORMAS LICITATÓRIAS DO PROGRAMA DAS

3.7 Documentos de Licitação

Sob o título Documentos de Licitação, o Manual de Convergência do PNUD enumera os documentos alertando que devem conter todas as informações necessárias ao perfeito entendimento do objeto e apropriação dos custos e, ainda, que os prazos fixados para os licitantes deverão assegurar de acordo com as

dimensões e complexidade do objeto, tempo suficiente para a elaboração das propostas. Claramente buscou o Organismo de Cooperação Internacional privilegiar a busca da proposta mais vantajosa.

Seguindo esse diapasão o Manual de Convergência passa a enumerar os documentos imprescindíveis a instruir um processo licitatório. Dessa forma, impõe que um processo licitatório deve conter:

10.1 Geral [...]

d) Conforme o caso, os documentos de licitação deverão conter o seguinte: i. Publicação do Aviso de Licitação/Envio de Solicitação;

ii. Edital de Concorrência/Solicitação de Proposta/de Cotação; iii. Especificações Técnicas/Termo de Referência/ Memorial de obras; iv. requisitos para Habilitação e Critérios de Avaliação;

v. Modelo de Proposta; vi. Modelo de Contrato; vii. Anexos Especiais66..

O dispositivo embora discorra, aparentemente, sobre questões formais, de fato busca um entrelaçamento com a legislação nacional, posto que, ao prever a obrigatoriedade da existência de especificações técnicas, de um termo de referência, de um memorial de obras, de requisitos para habilitação e critérios de avaliação, de um modelo de proposta, de contrato e, ainda, da existência de anexos especiais, em verdade, afasta-se do continente e caminha para o conteúdo, estabelecendo a necessidade da existência de critérios objetivos para julgamento das propostas, e de vinculação indelével ao instrumento convocatório.

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A regra alienígena dispõe ainda acerca da necessidade de se fixar o idioma de formulação das propostas, do número necessário de vias, do prazo de validade das propostas, da documentação adicional que o licitante é obrigado a fornecer juntamente com sua proposta, dos procedimentos para a expedição de adendos aos documentos e solicitação, dos procedimentos para responder a questionamentos dos interessados, das instruções para embalagem, rotulação e endereçamento de propostas, dos procedimentos para de abertura de propostas, dos procedimentos a serem seguidos no caso de erros aritméticos e demais erros encontrados nas propostas durante o período de avaliação, de informações pormenorizadas sobre critérios de avaliação e de regras referentes à desqualificação / rejeição das propostas 67.

Tais ditames se afiguram muito mais com questões formais, embora se deva ressaltar a importância de alguns deles no desenrolar de um certame licitatório. Assim é que, ao alertar o elaborador do edital para estipular o prazo de validade das propostas, o Manual de Convergência do PNUD prima pelo princípio da isonomia, já que, se, por ventura o condutor de um certame não fixar tal dado de forma peremptória, poderá vir a ocorrer uma distorção na formulação das propostas pelos participantes, já que dificilmente, os prazos dispostos serão os mesmos. Dessa forma, seria extremamente difícil, senão impossível cotejar propostas com prazos de validade diferenciados.

De se destacar, também, a obrigatoriedade de existência de especificações técnicas, termo de referência ou memorial de obras. A existência de especificações técnicas claras e precisas, torna claro, preciso e perfeito o entendimento do objeto

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do edital, propiciando uma maior qualidade na elaboração das propostas e, conseqüente aferição do material, obra ou serviço ofertado pelo participante.

Não menos importante é o dispositivo que preconiza a necessidade de procedimentos para responder a questionamentos dos interessados. Embora a natureza da imposição pareça de natureza meramente formal, embute em si mesma a reverência ao princípio da isonomia, já que, nos termos do item 10.8.1 do Manual de Convergência, qualquer interessado que desejar esclarecimentos deve encaminhar suas indagações por escrito e suas respostas devem ser enviadas a todos os interessados, sem citar a origem dos questionamentos68.

Responder individualmente a um questionamento em um certame licitatório é, sem sombra de dúvida, privilegiar o licitante que formulou a indagação, em detrimento dos outros. Dessa forma, foram bem aqueles que elaboraram o Manual de Convergência, posto que reverenciaram o princípio da igualdade.

Na mesma esteira, tiveram a preocupação de não identificar a origem do questionamento, evitando que participantes venham a ter conhecimento da existência de outros, propiciando, muitas vezes, conluios indesejáveis, mais conhecidos como cartéis.

De extrema importância, também, o alerta acerca da necessidade de informações pormenorizadas sobre critérios de avaliação, assim como regras referentes à desqualificação /rejeição das propostas. Tais cuidados estão atrelados ao princípio do julgamento objetivo e, indubitavelmente, dão mais transparência à competição.

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Um ponto importante, entretanto, deve ser destacado, e se refere à omissão do Manual, quanto à necessidade imperiosa da existência de um orçamento detalhado de dos custos, no caso de obras e serviços.

Embora o documento chame a atenção para a necessidade de apropriação dos custos do objeto, não elenca como obrigatória a necessidade de planilha de composição de custos, no caso de obras e serviços.

Relevante consignar que a legislação nacional prevê tal obrigatoriedade, no art. 7, § 2º, do Estatuto das Licitações Públicas, in verbis:

Art. 7º [...]

§ 2o As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando:

I - houver projeto básico aprovado pela autoridade competente e disponível para exame dos interessados em participar do processo licitatório;

II - existir orçamento detalhado em planilhas que expressem a composição de todos os seus custos unitários69

;

A existência de uma planilha de composição de custos, no caso de obras e serviços, é de extrema importância, já que serve de parâmetro para que o agente público tenha uma idéia do preço praticado pelo mercado em relação àquela obra ou serviço.

69 BRASIL. Lei no 8.666/93, com a redação dada pela Lei nº 8.883/94: República federativa do Brasil,