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CAPÍTULO 3 NORMAS LICITATÓRIAS DO PROGRAMA DAS

3.6 Modalidades de Licitação

Em seu Manual de Convergência, o PNUD arrola três modalidades de licitação, que em muito se assemelham às três modalidades tradicionais estatuídas na Lei 8.666/93: Solicitação de Cotação, Solicitação de Proposta e Concorrência.

A Solicitação de Cotação é a modalidade de licitação entre interessados do ramo pertinente ao seu objeto e tem cabimento para obras e serviços de engenharia com valor estimado de até US$ 50,000.00 (cinquenta mil dólares), serviços técnicos profissionais especializados com valor estimado de até US$ 50,000.00 (cinqüenta mil dólares), e bens e serviços não referidos nos itens anteriores com valor estimado de até US$ 30,000.00 (trinta mil dólares)

Não tem como característica a universalidade de participantes já que um de seus requisitos é o envio do instrumento convocatório a apenas três licitantes, previamente cadastrados. Cuida, entretanto, da realização de competição, ainda que seja mínima já que, exige a ocorrência de, pelo menos três propostas válidas.

Também não é característica dessa modalidade, a ampla publicidade, já que o prazo de divulgação é de, no mínimo, 5 (cinco) dias úteis e o veículo de publicação é o sítio do PNUD.

Trata-se de uma modalidade simplificada de licitação, posto que o objeto de especificação deve ser de cognição simples e direta. Tem como critério de julgamento, o menor preço.

Essa modalidade em muito se assemelha com o Convite, previsto no art. 22, § 3º, da Lei 8.666/93, em razão do número de licitantes convocados, do número mínimo de propostas válidas, da restrita publicidade e do teto máximo de valor a que pode ser aplicada.

A segunda modalidade de licitação usada prevista no Manual de Convergência do PNUD é a Solicitação de Propostas. Na mesma esteira da Solicitação de Cotação, essa modalidade de licitação não tem como característica a universalidade, já que, é uma modalidade de licitação que prevê a participação de interessados devidamente cadastrados na correspondente área de concentração.

No que tange à universalidade, essa modalidade em muito se assemelha à Tomada de Preços prevista no art. 22, § 2º, da Lei 8.666/93, já que o cadastramento constitui a característica mais proeminente da modalidade nacional56.

Se naquilo que diz respeito à necessidade de cadastramento prévio, a Solicitação de Propostas se assemelha à Tomada de Preços, no que tange à publicidade, essa modalidade licitatória prescrita no Manual de Convergência tem como requisito divulgação do aviso de licitação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias da abertura das propostas, o que a aproxima da Concorrência, descrita no art. 22, § 1º, da Lei 8.666/93.57.

Quanto à faixa de valores, isto é, quanto ao cabimento, a regra do PNUD prevê que essa modalidade deva ser aplicada a obras e serviços de engenharia e a serviços técnicos profissionais especializados com valor estimado até US$ 500,000.00 (quinhentos mil dólares). Deve ser aplicada para outros bens e serviços com valor estimado de até US$ 200,00.00 (duzentos mil dólares).

Se cotejados com os valores previstos no art. 23 da Lei de Licitações brasileira, a Solicitação de Propostas seria equiparável à Tomada de Preços brasileira, modalidade destinada a transações de vulto médio58, considerado o câmbio em setembro de 2006, na razão de um dólar a dois reais e quinze centavos59.

Quanto à publicidade, entretanto, a regra alienígena é mais prudente que a regra nacional, já que esta prevê um prazo de publicidade de 15 (quinze) dias e aquela, um prazo mínimo de 30 (trinta) dias de antecedência da data de abertura

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FURTADO, Lucas Rocha. Curso de Licitações e Contratos Administrativos: teoria, prática e jurisprudência. São Paulo: Atlas, 2001. p. 109.

57PNUD. Op. cit. p. 32

58 MELLO, Celso Antonio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 1994,

p. 285.

das propostas para divulgação do aviso de licitação. Quanto a esse requisito, a regra prevista no Manual de Convergência, como dito é mais cautelosa e aproximaria a Solicitação de Propostas do PNUD, da Concorrência nacional. Conjugados, entretanto os demais requisitos e parâmetros, essa modalidade representa um paralelo à nossa Tomada de Preços.

No que diz respeito às modalidades de licitação, por fim, o Manual do PNUD apresenta a Concorrência, cujos requisitos são a possibilidade de participação de quaisquer interessados, desde que se submetam a uma fase de habilitação preliminar em que comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação para execução do objeto60.

A exigência de demonstrar na fase inicial de habilitação possuir os requisitos mínimos de qualificação para a execução do objeto é uma reprodução do § 1º, do art. 22, do Estatuto das Licitações nacional, in verbis:

Art. 22...

§ 1o Concorrência é a modalidade de licitação entre quaisquer interessados que, na fase inicial de habilitação preliminar, comprovem possuir os requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital para execução de seu objeto.61

Assim como na Concorrência nacional, na Concorrência prevista no Manual de Convergência qualquer interessado pode participar da licitação, em condições de maior amplitude do que se passa nas outras duas modalidades.

Na chamada fase de habilitação, examinam-se todas as condições de idoneidade para que o concorrente possa ter sua proposta apreciada. Ocorre que,

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PNUD. Op. cit. p. 32.

61

BRASIL. Lei no 8.666/93, com a redação dada pela Lei nº 8.883/94: República federativa do Brasil, Brasília, DF, Disponível em: http :// www. planalto. gov.Br/. Acesso em: 20 de setembro de 2006.

essa fase existe em todas as modalidades de licitação, sendo incorreto dizer que a Concorrência é a única modalidade em que existe uma fase prévia62.

Dessa forma, ao impor como requisito a exigência de uma fase inicial de habilitação preliminar em que o licitante comprove possuir o requisitos mínimos de qualificação exigidos no edital, o Organismo de Cooperação não desconfigurou a característica de universalidade inerente a um Concorrência, já que, como dito anteriormente, todas as modalidades possuem a fase de habilitação prévia. Tentou- se, tão-somente, reproduzir, in totum, a legislação nacional, que de idêntica forma pode conduzir os menos experimentados à errônea conclusão de que a Concorrência restringe a participação de licitantes, vinculando-os a cadastros prévios.

Com relação ao prazo de publicidade, a Concorrência nos termos em que está estatuída no Manual de Convergência pugna por um prazo mínimo de divulgação do aviso de licitação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias da abertura das propostas, sendo esse prazo igual àquele estipulado na Lei 8.666/93.

Quanto aos valores de incidência, a exemplo do que prevê a norma nacional, essa modalidade destina-se a contratações de grande vulto, devendo ser obrigatoriamente utilizada para obras e serviços de engenharia e serviços técnicos profissionais especializados com valor estimado de US$ 500,000.00 (quinhentos mil dólares) e para outros bens e serviços com valor estimado acima de US$ 200,000.00 (duzentos mil dólares), o que corresponderia a R$ 1.075.000,00 (um milhão e setenta e cinco mil reais) e a R$ 430.000,00 (quatrocentos e trinta mil reais),

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JUSTEN FILHO, Marçal. Comentários á lei de licitações e contratos administrativos. 7. ed. São Paulo: Dialética, 2000. p. 197.

considerada a taxa de câmbio do dia 20 de setembro de 200663. Tais valores, se considerados os parâmetros atuais de taxa de câmbio, representam uma postura mais conservadora, mais cartesiana e mais vinculante da norma alienígena em relação à norma nacional.

Conforme dispõe o Manual de Convergência do PNUD, as licitações devem ter por base a livre concorrência, o que pode ser perfeitamente interpretado como uma exortação ao Princípio da Competitividade, definido no § 1º, do art. 3º, da Lei 8.666/93.

Assim, em se tratando de licitação internacional / nacional aberta, sempre efetivada por meio da modalidade concorrência, utiliza-se, no âmbito internacional, como veículo de divulgação do certame, o Development Business que é a publicação que contempla os avisos de licitação do Sistema das Nações Unidas e das Instituições Financeiras Internacionais. A divulgação pode também ser feita em uma publicação de ampla circulação internacional64. A

ssim, esse tipo de publicidade atende ao espírito e aos Princípios elencados na legislação nacional, já que, fora do país, se vale de uma publicação oficial das Nações Unidas, podendo ser utilizado, alternativamente, veículo de ampla circulação internacional.

Já em âmbito nacional, a divulgação de uma licitação internacional / nacional aberta é sempre realizada em veículo de grande circulação nacional. Nesse caso, a norma alienígena converge, em parte, com a norma nacional. Assim, é que,

63

Fonte: Banco Central. Disponível em <http://www.bacen.gov.br/>. Acesso em 20 de setembro de 2006.

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embora atenda ao ditame insculpido no art.21, inciso III, da Lei 8.666/93, não atende às previsões dos incisos I e II, do mesmo artigo, in verbis:

Art. 21. Os avisos contendo os resumos dos editais das concorrências, das tomadas de preços, dos concursos e dos leilões, embora realizados no local da repartição interessada, deverão ser publicados com antecedência, no mínimo, por uma vez:

I - no Diário Oficial da União, quando se tratar de licitação feita por órgão ou entidade da Administração Pública Federal e, ainda, quando se tratar de obras financiadas parcial ou totalmente com recursos federais ou garantidas por instituições federais;

II - no Diário Oficial do Estado, ou do Distrito Federal quando se tratar, respectivamente, de licitação feita por órgão ou entidade da Administração Pública Estadual ou Municipal, ou do Distrito Federal;

III - em jornal diário de grande circulação no Estado e também, se houver, em jornal de circulação no Município ou na região onde será realizada a obra, prestado o serviço, fornecido, alienado ou alugado o bem, podendo ainda a Administração, conforme o vulto da licitação, utilizar-se de outros meios de divulgação para ampliar a área de competição65

.

Nada impede, no entanto, que a publicação seja feita em jornal oficial seja federal, estadual ou municipal conforme o caso, além da publicação em veículo de ampla circulação nacional conforme preconiza a norma estrangeira em perfeita consonância com o inciso III, do retroreproduzido dipositivo legal. A publicação de aviso de certame licitatório em jornais oficiais apenas complementa a norma estrangeira e de nenhuma forma a afrontará, muito pelo contrário, servirá para complementá-la, aumentando a adesão de empresas interessadas na licitação.

Em se tratando de licitação internacional / nacional limitada, sempre realizada por meio de Solicitação de Propostas ou de Solicitação de Cotação, o Manual de Convergência do PNUD requer a inscrição do licitante no Registro

65 BRASIL. Lei no 8.666/93, com a redação dada pela Lei nº 8.883/94: República federativa do Brasil,

Cadastral de Pré-Qualificadas em suas respectivas áreas de concentração, com o escopo, apenas, de otimizar a etapa de habilitação preliminar das licitações.

De forma similar a norma brasileira prevê existência de cadastros de fornecedores com o escopo de agilizar a fase de habilitação de um certame licitatório. Conforme foi abordado no item 3.5 deste trabalho, o PNUD preconiza a possibilidade de utilização de cadastro próprio para a realização de licitações, mas tem admitido a utilização do Sistema de Cadastro Unificado de Fornecedores (SICAF) do Governo Federal, para a realização de certames com recursos seus. O que a norma apresenta como possível barreira, o costume tem solucionado, através do bom senso.

O Manual do PNUD traz, ainda, uma alternativa de baixo custo pra captação de interessados no mercado em participar de um certame licitatório, que é a chamada Manifestação de Interesse. Tal solução deve ser aplicada sempre que, não for possível a identificação por meio de registro cadastral. A observação a ser feita nessa hipótese, é a mesma relativa aos registros cadastrais próprios já que o Organismo de Cooperação tem admitido o uso do SICAF.