• Nenhum resultado encontrado

Imposição das Normas do Banco e Supervisão das Aquisições

CAPÍTULO 5 POLÍTICAS BÁSICAS DE AQUISIÇÃO DO BANCO

5.8 Imposição das Normas do Banco e Supervisão das Aquisições

Nos termos do item 2.16, das Políticas Básicas de Aquisição do Banco Interamericano de Desenvolvimento, o Banco somente financiará aquisições que tenham sido realizadas de acordo com suas normas, não reconhecendo o Banco, despesas que não tenham sido realizadas de acordo com suas diretrizes.

Em relação à supervisão, o item 2.17 das normas do Banco preconiza:

O Banco supervisa (sic) estritamente não apenas as etapas críticas do processo de aquisição, como também a administração dos contratos. Assim o faz para salvaguardar a regra de economia e eficiência do uso de seus recursos, a execução eficiente dos projetos e os princípios básicos e políticas que adota em matéria de aquisições. Por sua vez, o mutuário deve prestar sua inteira colaboração ao Banco nessa supervisão. Como parte de

152 Banco Interamericano de Desenvolvimento, Políticas Básicas de Aquisição, item 2.11. 153 BRASIL. Lei no 8.666/93, com a redação dada pela Lei nº 8.883/94: República federativa do

Brasil, Brasília, DF, Disponível em: http :// www. planalto. gov.Br/. Acesso em: 10 de outubro de

um bom processo de aquisições, os mutuários manterão e colocarão à disposição do Banco todos os documentos e antecedentes relativos ao processo de aquisição, bem como à etapa posterior de administração dos respectivos contratos. Esses documentos e antecedentes representam elementos indispensáveis para que o Banco possa verificar se um contrato ou despesas se qualificam para o financiamento. O Banco supervisa (sic) com especial cuidado a preparação e o cumprimento do plano geral de aquisições, os documentos de licitação, os relatórios de pré-qualificação e os relatórios de avaliação de licitações e adjudicação de contratos. No caso de certos projetos especiais, o Banco realiza uma revisão ex post, ou seja, depois de o contrato ter sido formalizado pelo mutuário, em vez de durante cada etapa crítica da licitação, e somente por amostragem. Isto pode ocorrer, por exemplo, quando o projeto inclui várias obras pequenas que, por sua natureza ou distância geográfica, não podem ser agrupadas em licitações grandes. Se ficar comprovado que em alguma licitação não foram seguidas as regras do Banco, este não financiará o contrato em questão. Nesses casos, o Banco verifica se o mutuário conta com sistemas de execução e supervisão de aquisições adequados e fidedignos, capazes de satisfazer seus requisitos. A supervisão também se concentra, nesses casos, em quaisquer alterações materiais relativas à execução do contrato de aquisição, principalmente as que se referem à data de conclusão do contrato, que poderiam implicar aumentos de custo. Finalmente, o Banco examina com especial cuidado os protestos formulados por empreiteiros durante qualquer etapa do contrato. Este assunto é abordado especificamente no Capítulo VI.

Em casos excepcionais, o Banco pode ver-se obrigado a suspender os desembolsos de um empréstimo. Nesses casos, cabe ao mutuário a responsabilidade de informar aos fornecedores e empreiteiros sobre qualquer situação capaz de afetar os pagamentos que lhes são devidos.

A imposição de supervisão por parte do Banco deve ser encarada como medida de natureza salutar, eis que, qualquer medida que venha a aumentar a fiscalização sobre aquisições e contratações públicas deve ser aceita de bom grado.

Assim, nessas aquisições e contratações além da fiscalização dos Controles Interno e Externo, ter-se-á a fiscalização do Banco, o que é de grande valia para o correto emprego de recursos públicos.

De chamar à atenção negativamente, entretanto, a parte final do dispositivo, onde o Banco incumbe ao mutuário a responsabilidade de informar aos fornecedores e empreiteiros sobre qualquer situação capaz de afetar os pagamentos que lhes são devidos.

Tal eventualidade ocorreria em situações excepcionais em que o Banco fosse instado a suspender os desembolsos de um empréstimo.

Admitir tal hipótese, seria uma afronta ao inciso III, do § 2º, do art. 7º e ao art. 14, ambos da Lei 8.666/93, in verbis:

Art. 7º [...]

§ 2o As obras e os serviços somente poderão ser licitados quando: [...]

III- houver previsão de recursos orçamentários que assegurem o pagamento das obrigações decorrentes de obras ou serviços a serem executadas no exercício financeiro em curso, de acordo com o respectivo cronograma;

[...]

Art. 14. Nenhuma compra será feita sem a adequada caracterização de seu objeto e indicação dos recursos orçamentários para seu pagamento, sob pena de nulidade do ato e responsabilidade de quem lhe tiver dado causa154

.

Ora, a legislação nacional coíbe expressamente o agente público de realizar licitações quer para a contratação de obras ou serviços, quer para a aquisição de bens, sem indicação de recursos orçamentários.

O escopo da norma é inibir prática antiga existente na Administração Pública brasileira, em que o agente público nacional realizava licitações na expectativa de serem destinados créditos orçamentários para determinado projeto ou atividade.

Ocorria que, muitas vezes, a licitação era realizada e os recursos não eram descentralizados. Esse fato trazia inúmeros prejuízos aos particulares e, como via de conseqüência, fazia os fornecedores, prestadores de serviços e empreiteiros majorarem excessivamente seus preços, diante da incerteza de receberem aquilo que lhes era devido.

Assim, ainda que a hipótese seja remota e excepcional, não pode a Administração brasileira aceitar um precedente desse porte, até porque, o

154 BRASIL. Lei no 8.666/93, com a redação dada pela Lei nº 8.883/94: República federativa do

Brasil, Brasília, DF, Disponível em: http :// www. planalto. gov.Br/. Acesso em: 10 de outubro de

inadimplemento da obrigação seria do BID e a responsabilidade do órgão público nacional, a quem caberia, também, a atribuição de informar aos fornecedores acerca de qualquer situação capaz de afetar-lhes os pagamentos.