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Estabelecida a vila de Abrantes, na sessão de 22 de novembro de 1758, o Conselho deliberou a instituição das demais doze vilas e dedicaram-se a organizar todos os instrumentos necessários para as diligências.

FIGURA 8 - QUADRO DEMONSTRATIVO DAS ALDEIAS E ORAGOS DAS MISSÕES, ESPECIFICANDO AS NOVAS DENOMINAÇÕES DAS VILAS, LOCALIZAÇÃO E OS MINISTROS ENCARREGADOS PARA ESTABELECIMENTO EM 1758

Denominação da aldeia e orago das missões Nova denominação Localização Vila/freguesia - Capitania Ministro encarregado Nossa Senhora

da Escada Olivença São Jorge Ilhéus Luis Freire de Veras, Ouvidor e Corregedor desta Comarca da Bahia

Nossa Senhora das Candeias - Maraú

Barcelos Camamu Ilhéus Luis Freire de Veras Santo André e

São Miguel - Serinhaém

Santarém Camamu Ilhéus Luis Freire de Veras Nossa Senhora

da Conceição Natuba

Soure Freguesia do

Itapicuru Bahia José Gomes Ribeiro Juiz de Fora da Vila de Cachoeira Canabrava -

Santa Theresa Pombal Itapicuru Freguesia do - Girimoabo

Bahia Miguel de Ares Lobo de Carvalho Ouvidor e Corregedor da Comarca de Sergipe d’ El Rei Saco dos

Morcegos - da Ascensão

Mirandela Itapicuru - Bahia Miguel de Ares Lobo de Carvalho

Jerú - Nossa Senhora do Socorro

Távora Vila de Lagarto - Freguesia dos Campos do Rio Real

Sergipe d’El

Rei Miguel de Ares Lobo de Carvalho S. João dos Topis Trancoso Santa Cruz Porto Seguro Antônio da Costa Sousa, Capitão-Mor e Manoel da Cruz Freire, ouvidor da Capitania do Porto Seguro

Espírito Santo -

Patatiba Vila Verde Santa Cruz Porto Seguro Antônio da Costa Sousa e Manoel da Cruz Freire Reritiba (?) Vila Benavete Gurirapiru Espírito Santo Francisco de Sales Ribeiro Ouvidor e Corregedor da Comarca da Capitania do Espírito Santo

Reis Magos Vila de Almeida Vila da Vitória Espírito Santo Francisco de Sales Ribeiro Espírito Santo -

Ipitanga Vila de Abrantes Santo Amaro Capitania da Bahia João Ferreira e Bettencourt e Sá Juiz de Fora da Cidade da Bahia Nossa Senhora

da Conceição - Gentio Grem

Almada São Jorge Ilhéus Não foi designado ministro por falta de informações sobre o lugar

Elaboração da autora, com base em: AHU, doc. 10701. CONSULTA, fl. 57 (CD 17, 142, 2, p. 0277). Anexo n.35. Repartição das Aldeias que proximamente se mandar criar em Vilas, denominação de cada uma delas e dos Ministros que as foram erigir e demarcar. (Avulsos_Baia, 17, 142, 3, p. 0418; 0422; 0423-0433); AHU, doc. 10701. CONSULTA (CD 17, 142, 3, p. 0581/0582).

Primeiramente definiram, para “abreviar” o tempo dedicado a essa missão, designar vários “ministros” encarregando-os da empreitada, conforme a relação enviada como anexo à consulta. Cada um dos ministros designados recebeu no mês de dezembro de 1758, um conjunto de documentos elaborados pelo Tribunal, a partir da experiência adquirida com o estabelecimento da vila de Abrantes. Os documentos foram: provisão ordenando que os vigários entregassem os títulos das terras e os livros da igreja; provisão nominal detalhando as atribuições referentes ao cumprimento das ordens decretadas pelo rei para estabelecer as vilas e organizar o governo da câmara; cópias das instruções para criação das vilas, e, cópia do inquérito para proceder ao levantamento das informações sobre cada localidade286. Além desses documentos, o ouvidor Luis Freire de Veras apresentou um requerimento solicitando outros recursos financeiros, necessários ao desenvolvimento de seus trabalhos, onde pedia:

Sete varas pintadas, uma para o Juiz, duas para dois Vereadores, uma para o Procurador do Conselho, outra para o escrivão, e duas para os Almotacés; livros para registro dos trabalhos da Câmara; e se houvesse nesta Cidade”, um exemplar das Ordenações [Filipinas] para cada localidade287.

Os conselheiros continuaram debatendo as questões que foram formuladas durante a elaboração das provisões e das instruções a serem encaminhadas aos “ministros” encarregados para estabelecer as vilas. Alguns pontos eram claros na Carta Régia expedida ao vice-rei, em maio de 1758, e não permitiam interpretações nem modificações, e foram reproduzidas, tais como as relativas à organização do governo local, fazendo-se eleição entre os moradores indígenas, sendo que os ocupantes dos cargos deveriam ser preferencialmente índios.

286 AHU, doc. 10701. CONSULTA, fl. 57 (CD 17, 142, 2, p. 0277).: Anexo: n. 32: Ordem expedida pelo

Tribunal do Conselho ao provincial p. Honorato para que ele ordene aos vigários entregarem os livros da segunda e terceira espécie aos ministros. 28/11/1558; anexo n. 37: Provisão a Luiz Freire de Veras para estabelecer a vila nova de Olivença... 22/11/1758; anexo n. 38: Instruções particulares para estabelecimento

das vilas, 11/12/1759. ( Avulsos, CD 17, 142, 3, doc. 0562; 0569; 0571). Os documentos mencionados serão

analisados na segunda parte desta tese, em capítulo enfocando as vilas estabelecidas na Capitania de Ilhéus pelo ouvidor Luiz Freire de Veras.

287 AHU_ACL_CU_005, cx. 138, d. 10676 [Avulsos, CD, 17, 142, 1, doc. 0011]. CONSULTA do Conselho

Ultramarino ao Rei sobre o requerimento do ouvidor (da vila de Nova Abrantes [ dado inconsistente]) Luis Freire de Veras solicitando material necessário para o seu serviço. Bahia, 9 de dezembro de 1758. (2ª via de 29 de Janeiro de 1759). O requerimento foi enviado ao Tribunal em 20 de novembro e deferido pelos conselheiros em 09 de dezembro de 1758.

No que se referia à demarcação das terras, determinava-se que fosse feita respeitando os limites do aldeamento, podendo a área ser aumentada para que os índios não fossem prejudicados. O Conselho aprovou a seguinte resolução em relação à doação de mais terras, “não havendo outras livres, nas mesmas terras dos sesmeiros ou donatários, não prejudicando a propriedade notável”288. E buscaram esclarecer, usando as provisões, “que por propriedade notável se entendia ser somente Engenho de açúcar, ou casas grandes e nobres”289.

O conselheiro Mascarenhas retomou um argumento anterior visando alertar o que poderiam ser erros notáveis ou “impiedosos”: os casos de poucos índios terem muitas terras e os muitos pequenos sesmeiros, poucas, e um grande número de moradores, vivendo em pequenas e humildes casas dentro do que se demarcou como termo das vilas, tivesse de ser obrigados a sair. Sugeriu a necessidade de instruir bem os ministros encarregados do estabelecimento, para avaliarem cada caso individualmente e evitarem cometer erros. O Tribunal acatou as recomendações do conselheiro Mascarenhas, e incluindo nas instruções que verificassem se a quantidade de terras era suficiente ao sustento dos índios, e se existia a possibilidade de ampliação sem prejuízo dos vizinhos e dos índios. Mas alertaram que tal possibilidade era para ser mantida em segredo, não divulgando nem mesmo aos oficiais eleitos para as câmaras290.

O texto da consulta foi aprovado pelo Tribunal do Conselho em 22 de dezembro de 1758, assinada pelo vice-rei, presidente, e pelos conselheiros Mascarenhas, Barberino e Coutinho.

288 AHU, doc. 10701. CONSULTA, fl. 71-72. (CD 17, 142, 2, p. 0284-0285). 289 Ibidem.

CAPÍTULO 4

NOVAS ORDENS CHEGAM DO REINO: O

DIRETÓRIO DOS ÍNDIOS E O PARECER DO

TRIBUNAL ESPECIAL DO CONSELHO NA BAHIA

4.1 BAHIA E PORTUGAL, 1759: CORRESPONDÊNCIAS RECEBIDAS E ENVIADAS

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