• Nenhum resultado encontrado

Ensino Online, Educação a Distância e e-Learning

No documento Gamificação no ensino superior online (páginas 125-140)

PARTE I. ENQUADRAMENTO TEÓRICO

CAPÍTULO 4. ENSINO ONLINE E GAMIFICAÇÃO

4.2 Ensino Online, Educação a Distância e e-Learning

A digitalização, a internet, os computadores, os smartphones, os tablets, os media sociais fazem parte do quotidiano de milhões de pessoas. Inseridos na era digital, o recurso a estes elementos para fins de aprendizagem, seja formal, não formal ou informal, é um processo natural decorrente, como refere Bates (2015), de estamos imersos em tecnologia.

A tecnologia que temos hoje ao dispor quebra barreiras e dá rapidez no processo de ensino e aprendizagem, seja no acesso a informação, na partilha de conteúdos, ou na comunicação gerada. A comunicação síncrona e assíncrona, a interação mediada por canais de conversação, o desenvolvimento, construção colaborativa e distribuição de conteúdos através de media social estão ao dispor de qualquer sujeito com ligação à internet, no horário que pretender e no espaço geográfico onde estiver.

Em meados dos anos 70, o e-mail e as conferências mediadas por computador são adaptadas ao ensino por docentes, para utilização neste campo. Este comportamento gerou alterações na dinâmica de ensino e aprendizagem.

Não só modificou a relação entre docente, discente e currículo, como otimizou os obstáculos geográficos e temporais (Harasim, 1996). A digitalização possibilitou que a informação e o conhecimento fossem passíveis de serem consumidos mediante disponibilidade do estudante, de forma flexível, em qualquer horário e área geográfica (Wildemeersch & Jütte, 2017), desde que o estudante tivesse acesso à internet.

Nesta linha, a integração das tecnologias nos processos educativos rompe com os paradigmas de ensino instalados e em vigor (Aretio, 2017).

Apesar do termo tecnologia estar muito presente no dia a dia da era digital em que vivemos, como refere Bates (2015) ele adota diferentes conceções quando o aplicamos no seu sentido geral, ou quando especificamos a área da educação.

De acordo com Bates (2015), no sentido geral do termo, entende-se por tecnologia “as máquinas e ferramentas que podem ser utlizadas para resolver problemas reais do mundo” (pp. 235)7. No entanto, como descreve o mesmo

autor, quando se fala em tecnologia aplicada à área educacional, o termo tem de ser considerado mediante a realidade que é aplicado. Bates (2015) acredita que a tecnologia aplicada à educação é mais do que um conjunto de ferramentas, sendo um sistema que incorpora equipamentos como computadores, telecomunicações, programas - caso de Learning Management System (LMS) -, regras, protocolos, entre outros procedimentos necessários à sua boa utilização e apoio.

A tecnologia utilizada em educação é, assim, perspetivada como um meio de apoio ao ensino e à aprendizagem (Bates, 2015).

Os media sociais, pertencentes à Web 2.0, trouxeram a possibilidade de interagir, desenvolver projetos de forma colaborativa, divulgar conteúdo (Wildemeersch & Jütte, 2017), comunicar, partilhar informação, conhecimento, seguir trabalhos de autores que se aprecie, alargar o grupo de contactos profissionais e pessoais, independentemente da região onde cada pessoa se encontre. Os media sociais trouxeram proximidade de pessoas que não se julgava possível. A título de exemplo, um estudante pode ter na sua rede de contactos profissionais um professor de renome, não o conhecendo pessoalmente; alguém pode trabalhar colaborativamente com pessoas que vivem

noutro Continente e que, provavelmente, não se teriam cruzado, nem teriam tido a possibilidade de trabalhar em conjunto, se estas tecnologias não existissem.

O media social é uma subcategoria da tecnologia computacional, cobrindo diversas e diferentes tecnologias (Bates, 2015), como é o caso de blogs, wikis, redes sociais, profissionais, microblogging (Wildemeersch & Jütte, 2017; Bates, 2015).

As pessoas têm, assim, ao seu dispor uma panóplia de possibilidades de construção de trabalho colaborativo, desenvolvimento e difusão de informação, conhecimento, práticas de aprendizagem, comunicação síncrona – os intervenientes reúnem-se à mesma hora, virtualmente, independentemente da área geográfica onde se encontrem. É o caso de webinars - comunicação assíncrona – em que os intervenientes não têm de estar virtualmente juntos à mesma hora e podem estar em qualquer área geográfica. O material encontra-se disponível online e poderá ser consultado, mediante disponibilidade do próprio (caso de vídeos e podcasts). Para ambos os tipos de comunicação, os intervenientes têm de aceder à internet.

Esta possibilidade de aprendizagem, de comunicação, de trabalho, de distribuição de conteúdos remete-nos para tópicos como ensino e aprendizagem online, educação a distância e e-learning, que abordaremos de seguida.

O ensino online, como sentencia Harasim (1996) são aplicações educacionais em sistemas de rede informáticos. Podemos apresentar como exemplo os sistemas de conferência mediadas por computador, podendo esta comunicação ser síncrona ou assíncrona.

O ensino online trouxe mudança e inovação nas formas de ensino que até então eram utilizadas. A educação online, assente numa comunicação assíncrona, providencia oportunidades únicas para os estudantes terem uma participação ativa (Harasim, 1996) e alicerça-se no princípio da aprendizagem ativa (Aires, 2016). A comunicação ao ser assíncrona, dá flexibilidade ao estudante permitindo que este estruture o seu pensamento e conduza as suas respostas com um propósito construtivo. Ao retirar a pressão de ter uma resposta pronta, perspetiva-se que o contributo dado seja significativo para a comunidade,

com qualidade nas suas interações e que a participação seja reflexiva (Harasim, 1996).

Na perspetiva do ensino online e quando falamos deste, temos igualmente de referir a aprendizagem online. Ally (2004) refere que a aprendizagem online tem abarcado diferentes terminologias, caso de e-learning, aprendizagem através da internet, aprendizagem distribuída, aprendizagem virtual, aprendizagem assistida por computador, entre outras, o que dificulta a aceitação universal do termo.

Apesar de serem termos diferentes entre si, em todos há a ideia subjacente que o estudante está fisicamente distante do docente, que o estudante acede tecnologicamente aos materiais do curso, que a tecnologia é o meio de contacto e comunicação entre docente e discente e entre discentes e que o apoio providenciado aos estudantes é tecnológico (Ally, 2004). Deixamos a sugestão de definição de aprendizagem online pela perspetiva de Ally (2004). Para este autor, a aprendizagem online “é o uso da internet para aceder aos materiais de aprendizagem; para interagir com o conteúdo, instrutor e outros aprendentes; e para obter apoio durante o processo de aprendizagem, de forma a adquirir conhecimento, contruindo valor pessoal e crescer da experiência de aprendizagem” (pp. 5)8.

A aprendizagem online tem à sua disposição diversos meios, como é o caso de áudio, vídeo, simulações, texto (Bates, 2015), hipertexto, jogos, entre outros. Esta diversidade favorece os estudantes online que, assim, têm diferentes formas de apresentação do conteúdo pedagógico, cobrindo uma área maior de preferência de consumo dos materiais, aprendizagem, mas igualmente de contribuição e participação na aprendizagem pessoal e coletiva.

A aprendizagem online em ensino unicamente online é o tipo de aprendizagem-ensino que a realidade dos desenhos gamificados diferenciadores desenvolvidos e implementados serviram.

De acordo com Bates (2015), a aprendizagem unicamente online pressupõe que todo o ensino e aprendizagem são efetuados online, sem qualquer contacto

8 Tradução livre da autora: “online learning as the use of the Internet to access learning

materials; to interact with the content, instructor, and other learners; and to obtain support during the learning process, in order to acquire knowledge, to construct personal meaning, and to grow

presencial entre docentes e discentes, não havendo espaços físicos para tal. No caso do ensino universitário e, apesar de não haver um espaço físico para o ensino e aprendizagem, e como refere o mesmo autor, é um ensino acreditado pelas entidades competentes. Os cursos cobrem o mesmo currículo, as competências e os objetivos delineados, assim como a avaliação, são similares às que as entidades físicas propiciam (Bates, 2015).

Em Portugal, temos o caso da Universidade Aberta, a universidade pública de ensino a distância, com um ensino totalmente online, que leciona cursos para obtenção dos três graus académicos – licenciatura, mestrado e doutoramento - e cursos de outra natureza, como pós-graduações e cursos curtos, integrados no segmento Aprendizagem ao Longo da Vida.

Os cursos da UAb para obtenção de grau académico são cursos que necessitam e são acreditados pela entidade que os regula, a Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior.

Para o caso que aqui tratamos, a UAb que oferece um ensino totalmente online, não podemos deixar de referir educação a distância e e-learning, dois conceitos que, apesar de diferentes, entram em linha com o ensino online desenvolvido pela instituição de ensino superior aqui referida.

Educação a distância e e-learning são dois conceitos que integram o ensino online que abordamos, nomeadamente, a terceira geração de ensino a distância e o e-learning através da LMS Moodle, que iremos abordar mais à frente neste ponto.

Aires (2016) apresenta uma proposta de integração de conceitos ligados à educação online. Consideramos que a visão geral que a Figura 4.1. apresenta é um ponto de partida para especificar dois conceitos que se encontram ligados ao ensino online, de forma totalitária, a educação a distância e o e-learning.

Figura 4-1 Educação a Distância Online apresentada por Aires Aires, L. (2016)

Iremos apresentar algumas perspetivas sobre o ensino a distância, seus desafios e as diferentes gerações que o integram.

De acordo com Guri-Rosenblit (2005), a educação a distância e, como o nome anuncia, o ensino e a aprendizagem dão-se através de uma separação física entre docente e aprendentes.

A educação a distância alberga algumas características institucionais, de ensino, de aprendizagem e perfil de estudantes. A tecnologia, algo que começamos logo por referir no início deste ponto, assume um papel preponderante na era digital e no ensino a distância. No enlace deste pressuposto de separação física entre docente e discentes, a tecnologia providencia acesso à aprendizagem a quem se encontra geograficamente distante. Utiliza meios emergentes, novas tecnologias e associa experiências para produzir oportunidades de aprendizagem distribuída (Moore, Dickson-Deane, & Galyen, 2011). Assim, o suporte tecnológico é um instrumento convencional de trabalho,

estudo e aprendizagem, devido a não haver um professor presencial (Bates, 2005).

Como refere Gomes (2005), para a educação a distância antevê-se que as tecnologias são fundamentais quer para a transmissão de conteúdos, quer para a relação pedagógica, muito devido à liberdade de tempo e espaço que a educação a distância pressupõe.

O ensino a distância foi sucessivamente utilizando abordagens diferentes. Estas abordagens que marcaram diferentes épocas foram cunhadas por gerações do ensino a distância. Em 2011, Anderson e Dron apresentam três gerações de ensino a distância.

A primeira geração de ensino a distância foi por correspondência postal (Anderson & Dron, 2011). Toda a componente de ensino e de aprendizagem era realizada através de correspondência postal. Bates (2015) refere que o primeiro curso conferente de grau académico foi alcançado por correspondência na Universidade de Londres, em 1858. Os estudantes sofreram o mesmo processo de avaliação dos estudantes de ensino presencial, mas receberam uma lista de leituras a efetuar, por correio postal.

A segunda geração de ensino a distância é definida como mass media. Estamos a falar de televisão, rádio e filmes, onde o ensino e a aprendizagem eram realizados pelos media. A terceira geração assenta em tecnologias interativas – primeiro texto, depois vídeo e sequentemente a Web. Estas gerações não se anularam pela que a seguiu, existindo e podendo ser utilizadas as três até ao momento (Anderson & Dron, 2011).

Atualmente, e na era tecnológica, os estudantes estão ligados através da internet com o docente, e-tutor, ou alguém que assuma estas funções de apoio ao estudante e de avaliação do mesmo. Apesar da tecnologia poder ser diferente, a aprendizagem online, quando se dá na totalidade, é uma versão da educação a distância (Bates, 2015).

As gerações do ensino a distância, para além de estarem agregadas à era tecnológica, ou ausência da mesma, que lhe subjazia, tinha igualmente uma questão institucional adstrita. Como refere Garrison (2000), os modelos e abordagens para a educação a distância deverão conter questões institucionais,

providenciando uma visão e abordagem consistentes com os valores e objetivos dessa mesma instituição. Não obstante a vertente institucional, o autor refere ainda que o desafio para os teóricos do ensino a distância é prover uma compreensão das oportunidades, mas igualmente das limitações, da utilização de métodos e tecnologias, por forma a facilitar o ensino e a aprendizagem. Avança que esta visão forçará teorias que reflitam sobre a abordagem colaborativa, em oposição à aprendizagem independente que é advogada no ensino a distância tradicional.

Para Garrison (2000), o ensino adaptativo e a aplicabilidade das aprendizagens seriam igualmente situações a adotar, de acordo com esta perspetiva. Assim, continua o autor, a educação a distância seria caracterizada pela adaptabilidade do desenho no processo de ensino-aprendizagem, tornando possível experiências colaborativas e uma interação e comunicação tecnológica.

Há mesmo quem a considere uma fonte de inovação pelas diferentes formas e criatividade no processo de ensino e de aprendizagem, onde as comunidades de aprendizagem adquirem informação e conhecimento através dos media sociais. A diversidade de formatos de exposição do conteúdo pedagógico poderá potenciar interesse na aprendizagem, trazendo novas perspetivas do conhecimento (Aretio, 2017).

O ensino a distância como todo o tipo de ensino, tem as suas próprias limitações, mas igualmente os seus benefícios. Se por um lado, tem a mais-valia da liberdade do tempo e localização geográfica para aceder ao conteúdo das aulas, em que os estudantes o podem fazer a qualquer altura e em qualquer espaço, a partir do momento em que têm um dispositivo móvel e ligação à internet, por outro lado, a aprendizagem é um processo ativo e manter um nível de motivação satisfatório nos estudantes impelindo-os a produzir atividades com significado, relevância e com aplicabilidade várias (Ally, 2004), integrando conhecimentos adquiridos com novos e a novas situações é um desafio, por vezes, complexo de alcançar.

Os benefícios deste tipo de ensino e de que muito são aclamados – a liberdade geográfica e temporal - parecem ser duas questões de peso quando se fala em estudantes adultos com obrigações profissionais e familiares. Este tipo de

estudantes valoriza a liberdade de tempo e espaço geográfico (Anderson, 2004) sentem-se atraídos e entusiasmados com o ensino a distância e o número de inscritos neste tipo de ensino irá aumentar, preconiza Guri-Rosenblit (2005).

Galusha (1998) afirma que os estudantes que se inscrevem em cursos de ensino a distância o fazem por conveniência. Questões como falta de tempo para se deslocarem a uma instituição física, responsabilidades familiares e profissionais, são apontadas pela autora, enquanto que para Anderson (2004), é a liberdade temporal e a aprendizagem ao seu ritmo que motiva estes estudantes.

Há, contudo, importantes características que os estudantes têm ou adquirem, que são a autonomia (Bates, 2005), a disciplina e o trabalho.

A aprendizagem online, pertencente ao subsistema de toda a educação a distância, preocupa-se em providenciar experiências educacionais (Anderson, 2004). Para os estudantes, na aprendizagem online não há problemas quanto às diferenças horárias e espaços geográficos, pois os estudantes podem aceder aos materiais pedagógicos em qualquer local ou horário, desde que já disponíveis (Ally, 2004). Um dos grandes alcances da Web em termos educacionais é a possibilidade de comunicação e interação que ela providencia (Anderson, 2004). Nesta linha, e tendo sido utilizada uma secção da teoria no estádio do Desenho Gamificado dos desenhos gamificados diferenciadores deste projeto investigacional, o Teorema da Equivalência da Interação de Terry Anderson será referido de seguida.

O Teorema da Equivalência da Interação apresenta seis interações - interação estudante-estudante, interação estudante-professor, interação estudante- conteúdo, interação professor-professor, interação professor conteúdo e interação conteúdo-conteúdo -, sendo que para os desenhos gamificados diferenciadores apenas três interações, as que dizem respeito aos estudantes, foram consideradas e serão aqui descritas. Assim, Anderson (2004) descreve as interações estudante-estudante, estudante-professor e estudante-conteúdo, da seguinte forma:

Interação estudante-estudante: A importância do trabalho colaborativo e ganhos cognitivos em termos de aprendizagem, ganhos sociais e desenvolvimento de comunidades de aprendizagem.

Interação estudante-professor: No ensino online, esta interação é suportada por comunicação síncrona e/ou assíncrona, como textos, vídeos e áudio. De referir que este tipo de comunicação poderá criar expectativas de resposta rápida por parte do estudante, sobrecarregando o professor na função de acompanhamento e na quantidade de comunicação produzida.

Interação estudante-conteúdo: Esta interação está marcadamente presente no ensino formal. Através da Web, esta interação poderá tomar abordagens de imersão, como microambientes, espaços virtuais ou conteúdo interativo. Esta interação, pelas abordagens que lhe estão associadas, necessita de feedback rápido, que poderá ser providenciado pelo docente, mas igualmente por outros meios, como ferramentas eletrónicas de apoio.

O ambiente online é um intermediário efetivo para aprendizagem colaborativa e apoio à inteligência coletiva. A colaboração é a abordagem mais efetiva para aprendizagem cognitiva e social (Harasim, 1996). Para Pereira, Quintas-Mendes e Morgado (2012), as comunidades online de aprendizagem, favorecidas pela comunicação em rede e sustentadas por princípios de aprendizagem colaborativa são beneficiárias das componentes sociais, afetivas, cognitivas e motivacionais proporcionadas pela Web. Os cursos online fornecem uma relação de comunicação e maior proximidade comparativamente a uma época sem a existência da Web, ou dos canais de comunicação que, entretanto, foram criados, preconizam os autores.

Contudo, a participação numa comunidade de aprendizagem parece também revelar algumas consternações, mesmo quando a comunicação é assíncrona, pois interfere na liberdade de tempo dedicado escolhido individualmente pelo estudante. A participação poderá mesmo ser diminuta ou inexistente, mesmo quando os estudantes têm perceção que uma participação mais premente os ajudaria na criação de mais conhecimento e atenção (Anderson, 2004).

De acordo com Anderson (2004), a flexibilidade de uma comunidade virtual permite uma maior participação entre estudantes e docentes, mas a questão do ambiente virtual e por inexistência de um que satisfaça a necessidade e destreza de todos poderá ser uma barreira à participação.

Galusha (1998) apresenta ainda outras limitações, sendo as mais comuns que os estudantes reivindicam neste tipo de ensino. Falta de motivação para uma aprendizagem autónoma, tempo de feedback do professor, apoio dos colegas, alienação e isolamento são mesmo as dificuldades mais relatadas por este tipo de estudantes. Tanto que, a questão do isolamento tem mesmo sido um tópico bastante discutido entre investigadores na área (O’Neill, Singh, & O’Donoghue, 2004).

Estas questões prendem-se com competências de autorregulação do comportamento, como referido por Zimmerman (2000), sendo um dos fatores chave a automonitorização do desempenho que cada estudante faz sobre o seu percurso. Um estudante com autorregulação é autossuficiente, analisando e avaliando o seu percurso académico e resultados alcançados. Tal permite que o próprio ajuste o desempenho para alcançar resultados mais satisfatórios (Goulão, Seabra, Melaré, Henriques, & Cardoso, 2015).

Pereira, Mendes, Mota, Morgado e Aires (2004) enumeram desafios no ensino a distância e não problemáticas ou limitações, como sendo a auto-motivação, a auto-direção, a autonomia, a independência, a organização e gestão do tempo, a auto-disciplina e a adaptabilidade e abordagem ativa à aprendizagem.

No que ao estudante diz respeito, o ensino a distância é centrado no aluno (Galusha, 1998). Implica disciplina, perseverança, sacrifício, esforço e trabalho duro. Os estudantes deverão ainda ter competências específicas, como identificar necessidade de informação, sobrecarga da mesma, organização e habilidade de exposição de pensamentos, ser eficaz no uso de informação para resolver problemas, saber comunicar informação (Cabero, 2006) e ter destreza informática.

Para Keller (1999b), os estudantes de ensino a distância abraçam com entusiasmo este modo de ensino pelo controlo que esperam ter no seu processo de aprendizagem. No entanto, as desistências que acabam por haver ao longo do curso são relatadas pelos próprios no seguimento de sentimentos de tédio, falta de apoio e de diretrizes ou incentivos para acompanharem as cadeiras. A falta de motivação parece ser uma variável de causa destas situações de desistência.

A unidade de investigação do Departamento de Educação nos Estados Unidos refere no seu relatório de 2002 e traçando o perfil de estudantes que participam em ensino a distância aponta que o ensino a distância é atrativo e capta estudantes com responsabilidades familiares – nomeadamente casados e com filhos -, responsabilidades laborais e com limitação de tempo ou problemas de oferta na sua área de instituições físicas de ensino (U.S. Department of Education, 2002).

Nesta linha, Bates (2015) refere as investigações realizadas e que apontam que os cursos inteiramente online servem melhor os estudantes adultos, mais velhos e maduros, que já tenham algum nível de educação escolar e que já trabalhem, ou tenham obrigações familiares com menores sob o seu cuidado. Estes dados apontam uma tendência para a aprendizagem online ser mais direcionada a estudantes mais experientes e automotivados para realizarem um curso neste regime. Tal estará ligado ao facto de estudantes online terem de incorporar características de autodisciplina e motivação para alcançarem o que se predispuseram. Como também preconiza Bates (2015), não significa que estudantes sem estas características não possam realizar um curso online. Todavia, o estudante terá de se esforçar, trabalhar, gerir e disciplinar-se, de forma a concluir o curso.

Já O´Regan (2003) relata um estudo realizado numa universidade na Austrália, com recurso a metodologia qualitativa, onde se analisaram as entrevistas dadas pelos estudantes do ensino online, quanto às suas experiências, nomeadamente os comentários relatados das emoções que

No documento Gamificação no ensino superior online (páginas 125-140)