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CONCEPÇÕES DOCENTES SOBRE O ENSINO DA LÍNGUA-ENTREVISTAS

3. Escola Particular Portugal (EPaP).

Foram sujeitos da pesquisa quatro professoras dest escola, tendo as mesmas 29, 39, 45 e 60 anos de idade. Todas concluíram a Licenciatura como Professores do Ensino Básico e uma possui a variante em Matemática e Ciências Naturais. As professoras PPaP1 e a PPaP3 frequentaram as mesmas acções de formação, sendo essas realizadas em Matemática, Língua Portuguesa e Lançamento dos Programas EMRO. Já a professora PPaP2 realizou a formação mais recente em Novembro de 2006, sobre a Pedagogia de Jesus, destacando a sua participação nas III Jornada Psicológicas de Liderança em sala de aula e também uma formação no âmbito da informática. A professora PPaP4 diz não ter realizado formações que mereçam destaque e que no momento não se encontra matriculada em nenhuma. A docente que possui menos tempo de serviço é a PPaP4, com 7 anos, depois, com 18 anos, está a PPaP3, em seguida, com 25 anos de serviço, encontra-se a professora PPaP1, e, para concluir, a PPaP2 com 40 anos de serviço, estando há 15 anos a lecionar.

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3.1.Concepções.

3.1.a. Língua Portuguesa.

A preocupação com a aprendizagem das regras ortográficas (PPaP1/PPaP3) e gramaticais em geral (PPaP3/PPaP4), das competências orais (PPaP2/PPaP3), assim como a leitura, produção e interpretação de textos (PPaP2/PPaP3/PPaP4) e a leitura expressiva, foram apontadas por essas docentes como os conteúdos mais importantes a serem trabalhados na disciplina de Língua Portuguesa, sendo que para a PPaP1, PPaP 3 e PPaP4, as regras ortográficas e a gramática aparecem como os conteúdos mais fáceis de serem trabalhados. Já a PPaP2 considera ser mais fácil trabalhar questões ligadas à leitura e à escrita. O que parece trazer maiores dificuldades e preocupações às docentes PPaP1, PPaP3 e PPaP4, é o trabalho com a compreensão e interpretação do texto e a oralidade (PPaP2), já que, segundo essa professora, os meios de comunicação transmitem um vocabulário muito pobre.

“Na compreensão de textos, porque as crianças dificilmente se concentram, o que torna mais complicado a sua exploração”(entrevista PPaP1).

“Na prática da oralidade, porque a sociedade (meios de comunicação) transmite um vocabulário muito pobre para que em Língua Portuguesa a criança adquira uma linguagem rica” (entrevista PPaP2).

“Interpretação, porque exige da criança maior concentração e também trabalho dela e nosso” (entrevista PPaP3).

“Na interpretação de textos mais elaborados e mais longos, pois as crianças têm dificuldade em se concentrar e elaborar respostas completas” (entrevista PPaP4).

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3.1.b. Literatura Infantil.

A Literatura Infantil, segundo essas professoras, está presente nas salas de aulas e o seu trabalho é realizado das seguintes maneiras: Na sala de primeira série, a professora PPaP1 conta aos alunos histórias e eles a reproduzem através de desenho ou dramatizações. Para esta docente, a Literatura pode ajudar na aprendizagem, por se tratar de um texto que lhes chama a atenção e está de acordo com o seu universo infantil. A professora PPaP2 diz realizar um trabalho em todos os contextos, pois para ela não pode haver limites. Tudo é importante quando se trata de Literatura Infantil. A mesma afirma que a aprendizagem se torna mais fácil, já que o texto pode ser lido e relido até o aluno conseguir reter as informações. A professora PPaP3 diz contar histórias para os seus alunos, que através da escrita, oralidade, desenhos ou dramatizações fazem o seu reconto. Para ela, a Literatura vai de encontro aos interesses das crianças, ao seu “mundo imaginário” e “fantástico”, cativa os alunos e faz com que entendam melhor o conto ou histórias. O trabalho realizado pela professora PPaP4 fica limitado ao manual didáctico, pois, segundo ela, o tempo é muito limitado. Todavia, afirma que eles gostam muito de ler histórias, que captam a atenção das crianças e ajuda-os a adquirir o gosto pela leitura.

“Porque são histórias que captam a sua atenção e interesse, e vão de encontro ao seu mundo infantil” (entrevista PPaP1).

“Porque o texto pode ler-se e reler-se, o que permite que o aluno consiga reter com abundância as informações dos textos” (entrevista PPaP2).

“(...) porque vai de encontro aos interesses da criança e ao seu mundo do imaginário e do fantástico, cativando assim a sua atenção. Vai compreendendo melhor o conto ou história, porque este lhe diz algo e a cativa de modo especial” (entrevista PPaP3).

“Os alunos gostam de ler as histórias e vivem-nas intensamente. Este aspecto capta a sua atenção ajudando-os a adquirir o gosto pela leitura” (entrevista PPaP4).

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3.1.c. Livro didáctico.

O material utilizado como suporte para o trabalho com a Língua Portuguesa nesta escola é o manual didáctico. Este manual é escolhido por todas as docentes da escola, em um denominado Conselho Escolar, uma reunião em que a votação é realizada de forma secreta. Os livros escolhidos nesta reunião são utilizados nos próximos quatro anos de escolaridade. As professoras escolhem, entre os projectos apresentados pelas editoras, uma colecção que se possa trabalhar durante os quatro anos do primeiro ciclo. O manual que foi escolhido, “Colecção Bambi”, trabalha com os três anos de escolaridade do Primeiro ciclo e é utilizado no quarto ano o manual “Caminhos”. Os materiais utilizados nas aulas de Língua Portuguesa, fora o manual escolar que é seguido de forma rígida pelas docentes, são livros de Literatura Infantil (PPaP1/PPaP2 e PPaP3), cartazes (PPaP1), fotocópias de textos trazidos pela professora ou através de pesquisas que os alunos fazem (PPaP3 e PPaP4) e um livro que foi adoptado para treinar os alunos para a prova de aferição.

No que se refere ao manual didáctico, a professora PPaP1 diz que o manual adoptado não possui textos literários e que os textos presentes têm a finalidade de ensinar uma letra. Já a professora PPaP2 diz que os manuais estão muito bem elaborados, o que permite aos alunos uma boa percepção sobre o trabalho com o texto literário. O manual do terceiro ano de escolaridade, segundo a PPaP3, nem sempre apresenta questões elaboradas, pois muitas vezes o trabalho é feito de forma “incompleta” e “pobremente”. Concluindo, a visão que as professoras possuem sobre o manual didáctico que escolheram e trabalham: a PPaP4 afirma que, de forma geral, o trabalho realizado é bem simples, não exigindo dos alunos quase que nenhum tipo de raciocínio, o que, segundo ela, tem por consequência uma preguiça mental dos alunos.

“De um modo geral, a interpretação dos textos que se encontram no manual adoptado é bastante simples, não exige demasiado do aluno, o que leva a uma certa “preguiça mental”” (entrevista PPaP4).

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