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ESPAÇO SOCIAL DA ESCOLA ESTADUAL ZILA MAMEDE, EM NATAL/RN

Jacqueline Tavares da Silva A Escola Estadual Zila Mamede, localizada no conjunto Pajuçara I, foi fundada no ano de 1986 e, a princípio, oferecia a Educação Infantil e o Ensino Fundamental. A partir de 1998, a escola passou a ofertar o Ensino Médio. A instituição foi construída no intuito de atender aos conjuntos de Pajuçara I e II, Parque das Dunas e Potengi.

A estrutura física conta com uma quadra de esportes, laboratório de ciências, sala dos professores, direção, biblioteca, cozinha com refeitório, almoxarifado, sala do mais educação, sala de multimídia, 11 salas de aula, banheiros masculino e feminino, cantina, sala de informática e secretaria. Todas as salas são identificadas por números e pelo nome das disciplinas. Ao adentrar essa parte estrutural, tivemos o nosso primeiro contato com o espaço da escola. Pierre Bourdieu em seu livro,

Razões práticas, afirma que:

O pesquisador, ao mesmo tempo mais modesto e mais ambicioso do que curioso pelos exotismos, objetiva apreender estruturas e mecanismos que, ainda que por razões diferentes, escapam tanto ao olhar nativo, quanto ao olhar estrangeiro, tais como os princípios de construção do espaço social ou os mecanismos de reprodução desse espaço [...] (BOURDIEU, 1996, p. 15).

SOCIOLOGIA

NO ENSINO MÉDIO:

UMA ANÁLISE SOCIOLÓGICA

DO ESPAÇO SOCIAL

DA ESCOLA ESTADUAL

ZILA MAMEDE, EM NATAL/RN

SOCIOLOGIA NO ENSINO MÉDIO: UMA ANÁLISE SOCIOLÓGICA DO ESPAÇO SOCIAL DA ESCOLA ESTADUAL ZILA MAMEDE, EM NATAL/RN

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Minha preocupação nessa análise foi identificar esses mecanismos e práticas que formam o cotidiano escolar e que, por muitas vezes, escapam aos olhares de seus integrantes em suas interações sociais diárias na formação desse espaço.

Ainda sobre a organização da escola, percebemos que, na estrutura física das salas, a oferta das disciplinas possui um modelo bem diferente do que estamos acostumados. Cada sala de aula é destinada ao ensino de uma disciplina especifica; português, matemática, dentre outras, fazendo com que haja uma rotatividade dos alunos, seguindo para a sala de suas respectivas aulas no dia considerado, apenas a disciplina de Sociologia é realizada na sala de artes.

A escola busca, através da rede social Facebook1,

envolver e manter os alunos e os pais de alunos informados sobre atividades e reuniões a serem realizadas, bem como informar sobre situações do dia a dia, incentivando e envol- vendo os alunos em projetos como feira de ciência e cultura, oficina de espanhol e prática de esporte. Com isso busca inserir a família desses estudantes e a comunidade em assuntos da instituição, pois se observa pouco interesse destes em fazer parte da construção de conhecimentos dos estudantes. Diante disso, Bourdieu, salienta que:

[...], todo o meu empreendimento cientifico se inspira na convicção de que não podemos capturar a lógica mais profunda do mundo social a não ser submergindo na particularidade de uma realidade empírica, historica- mente situada e datada, para construí-la, porém, como “caso particular do possível”, [...] (BOURDIEU, 1996, p. 15).

Logo, foi mergulhando na particularidade da EE Zila Mamede, que desenvolvi a proposta cientifica de análise desse espaço social da escola ao submergir nessa realidade empírica. Sendo assim, à luz de Bourdieu, partimos para a nossa experi- ência de campo, observando e participando do cotidiano da escola, como professora estagiária de Sociologia nas turmas do Ensino Médio. Dentro dessa perspectiva, temos a clareza de que, em uma instituição escolar, a construção social e os mecanismos ali observados são identificados como um caso particular da lógica social que a rege.

Ao chegar à escola para levar a documentação e assinar os termos de compromisso, deparei-me com os alunos, de um lado conversando, de outro correndo, alguns funcionários também estavam conversando entre si e com celulares nas mãos interagindo, virtualmente, com outras pessoas. Indo para a sala da direção falar com o diretor, encontramos alunos ouvindo música com seus fones de ouvido, uns gritam, perce- bemos que se trata de alunos com idades diferentes. Chegando à sala do diretor, o encontramos meio atordoado com tantas atividades, seja falando ao telefone, respondendo a perguntas dos estudantes sobre o horário de aula, liberando uma turma mais cedo por falta de professor, seja parando um pouco para me atender, pois, precisavam apresentar-me como estudante da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), licencianda do curso de Ciências Sociais, solicitando uma oportunidade de estágio. Após, resolvida a burocracia, o diretor me encaminhou para a sala dos professores, para conhecer a professora de Sociologia. Ao entrar a sala, vi um ambiente orga- nizado com mesas, TV, bebedouro e banheiro, tudo preparado para os professores poderem ter seus minutos de intervalo. Apresentei-me à professora, combinamos os dias e horários

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do estágio e saímos para conhecer as demais dependências da escola. Com isso, já comecei a observar algumas diferenças que compõem esse espaço escolar.

Bourdieu, afirma que:

Essa ideia de diferença, de separação, está no funda- mento da própria noção de espaço, conjunto de posições distintas e coexistentes, exteriores umas ás outras, defi- nidas umas em relação às outras por sua exterioridade mútua e por relações de proximidade, de vizinhança ou de distanciamento e, também, por relações de ordem [...] (BOURDIEU, 1996, p. 18).

São nessas separações entre salas, desde a sala do diretor, de professores, da secretaria, da cozinha e salas de aulas, que se observa o distanciamento, a proximidade e a vizinhança que estabelecem a relação de ordem do prédio escolar. Após conhecer um pouco as dependências da instituição escolar, voltei no dia marcado para começarmos o estágio. Dirigindo- me à sala dos professores, encontrei a professora de Sociologia assistindo a um telejornal, esperando o alarme tocar para ministrar sua primeira aula no período da manhã e me levar para iniciarmos as observações como rege o estágio supervi- sionado de formação de professores III. E assim, tive o primeiro contato com as turmas.