• Nenhum resultado encontrado

II. A INTEGRAÇÃO NAS CONSTITUIÇÕES DOS ESTADOS MEMBROS DA

5. SEGUNDO ALARGAMENTO: 1981 a 1986

5.2. ESPANHA

5.2.1. Histórico da Constituição espanhola

A Espanha é uma monarquia constitucional parlamentar. A Constituição atual do Reino da Espanha, de 31 de outubro de 1978, entrou em vigor em 29 de dezembro do mesmo ano, como resultado de processo posterior ao fim da ditadura de quarenta anos do

232 Article 44.2. The President of the Republic shall by decree proclaim a referendum on crucial national

matters following a resolution voted by an absolute majority of the total number of Members of Parliament, taken upon proposal of the Cabinet.

A referendum on Bills passed by Parliament regulating important social matters, with the exception of the fiscal ones shall be proclaimed by decree by the President of the Republic, if this is decided by three-fifths of the total number of its members, following a proposal of twofifths of the total number of its members, and as the Standing Orders and the law for the application of the present paragraph provide. No more than two proposals to hold a referendum on a Bill can be introduced in the same parliamentary term.

Should a Bill be voted, the time-limit stated in article 42 paragraph 1 begins the day the referendum is held.

233 SPYROPOULOS, Philippos C.; FORTSAKIS, Theodore P. IEL Constitutional Law. Constitutional law in Hellas. Kluwer International Law, p.129.

234 Article 80 1. No salary, pension, subsidy or remuneration shall be entered in the State budget or granted,

unless it is provided for by statute concerning the organization or other special statute.

2. The minting or issuing of currency shall be regulated by law.** Interpretative clause: Paragraph 2 does not impede the participation of Greece in the process for European economic and monetary unification, in the wider context of European integration, in accordance with the provisions of article 28.

94

General Francisco Franco. Com a morte do General Franco em 1975, Juan Carlos de Borbón I foi proclamado Rei da Espanha, e com uma série de medidas desmantelou a estrutura do regime franquista, respeitando os canais previamente estabelecidos pelas leis do regime. A Constituição de 1978 substituiu uma série de seis leis de caráter constitucional elaboradas pelo regime franquista entre 1938 e 1958. Com isso, o Rei deixou de ter grande relevância política, uma vez que as decisões são tomadas pelo governo, em claro paralelo com a frase de Adolphe Thiers: ―Le roi règne mais il ne gouverne pas‖.236

A Espanha manteve a figura do Rei como chefe de Estado, responsável por servir de árbitro e moderador, assegurando o funcionamento das instituições públicas espanholas.237 O poder legislativo é representado por um Parlamento bicameral (Cortes Generales) diretamente eleito e composto por deputados e senadores que representam membros eleitos de províncias e comunidades autônomas. O governo é dirigido pelo Primeiro Ministro e um conselho de ministros com poderes executivos e administrativos.

A Espanha é dividida em cinquenta províncias, que, singularmente ou em grupo, formam dezessete comunidades autônomas, com status legal diferenciado. As comunidades são agrupadas em cinco regiões. Cada comunidade tem Parlamento e poder executivo próprios, além de uma lei fundamental, que enumera o poder legislativo concedido ou reconhecido a cada uma das comunidades autônomas.

5.2.2. Análise de artigos selecionados

Os artigos analisados da Constituição da Espanha encontram-se no capítulo intitulado ―De los Tratados Internacionales‖. A Espanha atribui a uma organização (ou instituição) internacional o exercício de competências provenientes da Constituição. Menciona também que compete às Cortes Generales ou ao governo, conforme o caso, a

236 ROBLEDO, Agustín Ruiz. IEL Constitutional Law. Constitutional law in Spain. Kluwer International

Law, p.26-30.

237Artículo 56.1. El Rey es el Jefe del Estado, símbolo de su unidad y permanencia, arbitra y modera el funcionamiento regular de las instituciones, asume la más alta representación del Estado español en las relaciones internacionales, especialmente con las naciones de su comunidad histórica, y ejerce las funciones que le atribuyen expresamente la Constitución y las leyes. (...)

95

garantia e o cumprimento de tratados e resoluções emanadas de organismos internacionais ou supranacionais titulares de tal atribuição. A menção a organismo supranacional faz clara alusão à UE, que, conforme a Constituição espanhola, poderá receber atribuições nela previstas.238 Este artigo, elaborado para a acessão da Espanha às Comunidades Europeias, é uma cláusula constitucional aberta, que permite a alteração de atribuição de instituições espanholas sem a modificação do texto constitucional. Os efeitos da alteração de atribuições são similares a uma reforma constitucional, sem que uma reforma seja efetivamente necessária. Até o momento, as autorizações por lei orgânica de que trata este artigo foram feitas de modo quase unânime.239

O artigo 94 menciona a necessidade de autorização das Cortes Generales para tratados que lidem com determinados assuntos, dentre os quais podemos inserir os tratados da UE, que terão, de qualquer modo, e no mínimo, caráter político.240

A celebração de tratado que possa entrar em conflito com a Constituição requer prévia revisão constitucional.241 Esta estipulação é particularmente relevante no contexto da integração, em que muitas disposições de tratados poderiam, por incompatibilidade com o ordenamento interno, não ser adotadas. É interessante notar a previsão de um processo de emenda constitucional especificamente voltado para os tratados internacionais.

Com a disposição do art. 95.1, a Constituição demonstra sua condição hierárquica superior em relação aos tratados. O art. 95 prevê a possibilidade de que o governo ou uma das câmaras do Parlamento peça ao Tribunal Constitucional declaração acerca da

238 Artículo 93. Mediante ley orgánica se podrá autorizar la celebración de tratados por los que se atribuya a

una organización o institución internacional el ejercicio de competencias derivadas de la Constitución. Corresponde a las Cortes Generales o al Gobierno, según los casos, la garantía del cumplimiento de estos tratados y de las resoluciones emanadas de los organismos internacionales o supranacionales titulares de la cesión.

239 ROBLEDO, Agustín Ruiz. IEL Constitutional Law. Constitutional law in Spain. Kluwer International

Law, p.54.

240 Artículo 94.1. La prestación del consentimiento del Estado para obligarse por medio de tratados o

convenios requerirá la previa autorización de las Cortes Generales, en los siguientes casos:

a) Tratados de carácter político. b) Tratados o convenios de carácter militar. c) Tratados o convenios que afecten a la integridad territorial del Estado o a los derechos y deberes fundamentales establecidos en El Título I. d) Tratados o convenios que impliquen obligaciones financieras para la Hacienda Pública. e) Tratados o convenios que supongan modificación o derogación de alguna ley o exijan medidas legislativas para su ejecución. 2. El Congreso y el Senado serán inmediatamente informados de la conclusión de los restantes tratados o convenios.

241 Artículo 95. 1. La celebración de un tratado internacional que contenga estipulaciones contrarias a la

Constitución exigirá la previa revisión constitucional. 2. El Gobierno o cualquiera de las Cámaras puede requerir al Tribunal Constitucional para que declare si existe o no esa contradicción.

96

existência de contradição entre o tratado e a Constituição. Até o momento, a prerrogativa foi utilizada apenas uma vez, para a ratificação do Tratado de Maastricht. Na declaração 1/1992, de 01 de julho de 1992, o Tribunal Constitucional determinou, em controle prévio, que para a ratificação do Tratado de Maastricht seria necessário modificar o art. 13.2 da Constituição, pois o artigo concedia aos estrangeiros apenas o direito de votar nas eleições municipais, e o Tratado concedia a eles o direito de ser candidatos nessas eleições (sufrágio passivo). Como resultado, a Constituição espanhola foi emendada, com introdução de expressão relacionada à participação política dos estrangeiros.242 Até o momento, essa foi a única emenda feita à Constituição espanhola.243

A Constituição prevê a possibilidade de controle posterior de constitucionalidade de tratados (art. 27 da Lei Orgânica do Tribunal Constitucional), seja devido a conflito com a Constituição ou por não se ter seguido o procedimento necessário para ratificação. As decisões do Tribunal Constitucional são vinculantes a todas as instituições espanholas.

Uma vez validamente celebrados, os tratados serão parte integrante do ordenamento interno a partir de sua publicação, e suas disposições somente poderão ser alteradas conforme estabelecido no próprio tratado ou nas normas de direito internacional. Essa disposição, novamente, parece atentar à conjuntura da União Europeia, protegendo as disposições dos tratados de possíveis normas internas que as contrariem.244

Apesar de não definir as hipóteses nas quais deverá haver referendo, a Constituição espanhola afirma que as ―decisões políticas de especial transcendência‖ poderão ser submetidas a referendo de toda a população.245 Serão submetidos a referendo

242 Artículo 13.1. Los extranjeros gozarán en España de las libertades públicas que garantiza el presente Título en los términos que establezcan los tratados y la ley. 2. Solamente los españoles serán titulares de los derechos reconocidos en el artículo 23, salvo lo que, atendiendo a criterios de reciprocidad, pueda establecerse por tratado o ley para el derecho de sufragio activo y pasivo en las elecciones municipales. (nota da autora: o art.23 trata dos direitos de participação política)

243 ROBLEDO, Agustín Ruiz. IEL Constitutional Law. Constitutional law in Spain. Kluwer International

Law, p.55/56.

244 Artículo 96.1. Los tratados internacionales válidamente celebrados, una vez publicados oficialmente en

España, formarán parte del ordenamiento interno. Sus disposiciones sólo podrán ser derogadas, modificadas o suspendidas en la forma prevista en los propios tratados o de acuerdo con las normas generales del Derecho internacional.2. Para la denuncia de los tratados y convenios internacionales se utilizará el mismo procedimiento previsto para su aprobación en el artículo 94.

245 Artículo 92. 1. Las decisiones políticas de especial trascendencia podrán ser sometidas a referéndum

97

os projetos de reforma constitucional, desde que assim solicitado por um décimo dos membros de qualquer das Câmaras espanholas.246