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Nível I Respeito pelos

2.6. Estado atual do Modelo de Responsabilidade

Conforme se poderá extrair do que foi dito o Modelo de Responsabilidade é citado com muita frequência na literatura relativamente ao ensino da responsabilidade. Muito associado inicialmente à intervenção junto de crianças e jovens em risco, este modelo tem, ao longo dos seus mais de trinta anos, servido de base de trabalho a educadores empenhados potenciando a criação e implementação de um envolvimento educativo que promove o comportamento pro-social.

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Um dos primeiros trabalhos, após as primeiras experiências em Chicago, é um estudo de caso, de autoria de Michael DeBusk e Don Hellison (DeBusk & Hellison, 1989), no estado de Montana, que examinou o impacto do modelo em 10 rapazes do 4º Ano (Ensino Básico) durante 6 semanas (Martinek & Hellison, 2009).

Desde então, o DRPS tem suscitado o interesse e o estudo de dezenas de investigadores que têm experimentado e avaliado diversas versões do modelo em diferentes contextos (e.g.,Buchanan, 2001; Cecchini, Montero, & Peña, 2003; Cutforth, 1997; DeBusk & Hellison, 1989; Escartí, Gutiérrez, Marín, Martínez, & Chacón, 2006; Gordon, 2010; Jiménez, 2006; Martinek & Hellison, 1997; Martinek, et al., 2001; Pardo, 2007; Parker & Stiehl, 2005; Regueiras, 2006; Watson, et al., 2003; Williamson & Hellison, 1992; Wright, et al., 2004)32. Ao mesmo tempo, a investigação foi abrangendo temas mais específicos do Modelo de Responsabilidade, como sejam a avaliação de resultados e a formação de professores e de monitores (Cutforth & Hellison, 1992; Gordon, 2010; Marín, Escartí, Pascual, & Gutiérrez, 2005; Pardo, 2008; Parker & Stiehl, 2005; Walsh, 2008b; Williamson & Hellison, 1992; Wright & Burton, 2008). É igualmente tema de conferências, formações e intercâmbios entre escolas e universidades.

Por tudo isto, o DRPS de Hellison encontra-se atualmente disseminado por vários países, dos Estados Unidos da América até à Nova Zelândia (Gordon, 2010), passando pelo Canadá (onde está consagrado nas orientações programáticas do Ministério da Educação para as escolas) (Saskatchewan, 1999), em Valência, Oviedo, Toledo e Madrid em Espanha (Escartí, et al., 2005; Pardo, 2008), Porto Alegre no Brasil (Monteiro, et al., 2008), em L’Aquila na Itália (Pardo, 2008). Há também conhecimento de experiências de introdução do modelo na Coreia através da investigadora Okseon Lee da Seul

Nacional University.

Nos Estados Unidos, onde apareceu, numerosas universidades desenvolveram programas físico-desportivos baseados no Modelo de Responsabilidade, das quais se destacam a University of Illinois em Chicago, a California State

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Referem-se, a título exemplificativo, apenas alguns dos trabalhos presentes na literatura da especialidade.

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University em los Angeles, a University of Northern Colorado em Greely, a University of North Carolina em Greensboro e a University of Denver. Mais

ainda, alguns professores destas seis universidades formaram uma associação chamada Urban Youth Leader Partnership que promove programas baseados no Modelo de Hellison.

Esta associação publicou um livro em 2000 intitulado Youth Development and Physical Activity: Linking Universities and Communities que, sendo uma referência importante para todos quanto se interessam por este tema, facilita a organização dos programas existente de acordo com o perfil dos participantes, duração do programa, conteúdos utilizados, cenários onde se desenrolaram, metodologia de investigação utilizada e resultados obtidos (Hellison, et al., 2000)

Em 2002, Hellison e Walsh, num artigo de revisão em que analisaram 26 estudos, fazem um ponto da situação avaliativo do Modelo de Responsabilidade e do seu impacto desde o início (Hellison & Walsh, 2002). Deste trabalho pôde concluir-se que a progressão do processo de ensino- aprendizagem não é rígida e a aquisição de responsabilidade relacionada com o autocontrolo e com o esforço evolui mais facilmente que a auto-direção e que a ajuda aos outros. Os autores também concluíram que a transferência resulta mais frequentemente em grupos pequenos e que este fator em programas dilatados no tempo facilita o sentimento de pertença. O desenvolvimento pessoal e social foi constatado por todos os estudos, quer nas suas componentes de desenvolvimento pessoal quer nas suas componentes de desenvolvimento social.

Também noutros países, vários estudos, acompanharam a disseminação do programa. Assim, em Espanha realizaram-se já alguns estudos baseados no Modelo de Responsabilidade. Por exemplo, Escartí e a sua equipa na Universidade de Valência iniciam em 2000 um trabalho de investigação de forma ininterrupta até à atualidade (Escartí, et al., 2009; Escartí, Gutiérrez, & Marín, 2010b; Escartí, et al., 2006; Escartí, Gutiérrez, & Pascual, 2011; Escartí, et al., 2005; Marín, 2007; Marín, et al., 2005). Ao mesmo tempo, em 2000, Pedro Jiménez da Universidade de Madrid desenvolvia uma tese de

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doutoramento sobre a educação de valores através do modelo de Hellison, tendo posteriormente publicado outros documentos, juntamente com Durán Gonzalez, orientador da sua tese, sobre o mesmo tema (Jiménez, 2006; Pardo, 2008). Outras teses de doutoramento e mestrado foram sendo apresentadas tendo como tema o Modelo de Responsabilidade, como sejam a de Maria Teresa Bizkarra (2003) da Universidade do País Basco em Bizkaia ou a de Diana Marín da Universidade de Valência (2007) Foram também apresentados vários outros estudos de entre os quais poderemos referir os realizados por Cecchini, Montero Alonso, Izquierdo, Contreras e Peña da Universidade de Oviedo (Cecchini, Montero, Alonso, Izquierdo, & Contreras, 2007; Cecchini, et al., 2003) e o realizado por Luiz Miguel Ruiz da Universidad de Castilla La.Mancha em Toledo, dando a conhecer a investigação de Tom Martinek, com o Project Effort (Ruiz, Graupera, Gutiérrez, & Nishida, 2004; Ruiz, et al., 2006). Em Portugal, no Porto, os primeiros trabalhos aparecem no início da década de 2002, na Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, na sequência de visitas feitas ao Projeto Effort, na Universidade de North Carolina em Greensboro, pelos professores António Fonseca, Nuno Corte-Real e Cláudia Dias. A primeira intervenção consistiu, num conjunto de sessões que se desenvolveram sob a forma de Clube de Desporto Escolar junto de adolescentes em risco de exclusão escolar (Regueiras, 2006). O segundo (Correia, 2007) foi também resultado de uma intervenção pedagógica junto de crianças em risco de insucesso escolar, numa escola de ensino Básico e Secundário. Mais recentemente, registaram-se outras intervenções das quais poderemos destacar uma desenvolvida em Aveiro, com jovens do sexo masculino do Centro de Acolhimento para Jovens em Risco (Nogueira, 2011); e em Gondomar, integrada nas aulas de Educação Física curricular (Corte-Real, 2011). A Faculdade de Desporto da Universidade do Porto tem desenvolvido linhas de investigação no âmbito deste modelo de intervenção, integradas no amplo campo do Desenvolvimento Positivo da Juventude.