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Estilos de aprendizagem refletem arraigadas características da estrutura cognitiva, incluindo “padrões de habilidade”

Capítulo 2 2 ESTADO DE CONHECIMENTO: o comprometimento discente com a

ELEMENTOS Emocional

9. Acomodar as preferências por estilos de aprendizagem auxilia as pessoas com menor sucesso acadêmico (KLAVAS, 1993).

2.2.1.2 Estilos de aprendizagem refletem arraigadas características da estrutura cognitiva, incluindo “padrões de habilidade”

Os estilos de aprendizagem dessa família não se constituem somente de hábitos ou tendem a específicos atos, mas são formados de hábitos generalizáveis de pensamento, estendíveis a todos os casos possíveis de aplicação, funcionando como uma base que suporta diferentes comportamentos. Assim, os estilos de aprendizagem nessa família não são suscetíveis ao treino, logo se tornam semelhantes às medidas de capacidade, e têm relação a certas características da personalidade, bem como nos processos cognitivos de controle. Essas estruturas cognitivas são concebidas a fim de orientar e modular uma função em relação às unidades e exigências da situação em foco (COFFIELD et al., 2004).

Diversos teóricos têm dedicado seus estudos a essa família de estilo de aprendizagem, tais como Riding (2002) e Messick (1984, 2008). Este último apresenta os estilos de aprendizagem como importantes variáveis atuando na organização e controle da atenção, dos

sentimentos e do pensamento. Ele considera os estilos uma ponte cognitiva, uma direção e um modelo efetivo. Riding (2002) aborda a questão do grau de dificuldade da tarefa e/ou a capacidade do estudante com a necessidade de uma maior variedade e/ou intensidade de estilos. Isto será explicado a seguir.

2.2.1.2.1 Richard J. Riding e a estratégia de aprendizagem

Riding tem pesquisado sobre estilo cognitivo de aprendizagem e de personalidade, e o termo estilo de aprendizagem é considerado por ele e Rayner (1998) como estratégia de aprendizagem. Estilos, para eles, têm outra conotação, têm uma base fisiológica, são fixos e estão na construção das características dos indivíduos, não podem ser mudados, enquanto que estratégias podem ser aprendidas e desenvolvidas e tornam os estilos tão eficazes quanto possíveis em uma determinada situação de aprendizagem. Para Riding (2002) a inteligência também é fixa na pessoa, e o desenvolvimento de estratégias vem compensar as possíveis limitações de inteligência e estilo, particularmente, aos alunos com dificuldades de aprendizagem.

O estilo foca-se na forma de desempenho do aluno e a capacidade (inteligência) é mais voltada ao nível de desenvolvimento. Capacidade tem um campo mais restrito de aplicação que o estilo. Capacidade tem valores definidos anexados a ela e o estilo tem distinção entre as dimensões, ou seja, algumas são melhores que outras. Isso implica que estilo e capacidade intervêm no desenvolvimento de determinada atividade. Quando a capacidade do aluno é menor, e a tarefa a ser realizada aumenta seu grau de dificuldade, há necessidade do aumento da utilização de estratégias de aprendizagem, a fim de tornar o estilo mais eficaz na situação desejada. Isto significa dizer que capacidade e estilo de aprendizagem são grandezas inversamente proporcionais. Uma representação gráfica é dada na figura 14 abaixo.

Para terem-se melhores resultados na aprendizagem, os alunos necessitam desenvolver estratégias de aprendizagem. Eles terão que estar conscientes do grau de dificuldade da tarefa e observar aspectos relacionados ao seu estilo e capacidade de aprendizagem a fim de associar a melhor estratégia possível que venha a contemplar a resolução de determinado problema. Para isso os “Alunos devem ser encorajados a desenvolver estratégias que lhes permitam aprender a utilizar os seus estilos de forma tão eficaz quanto possível, em uma gama de

situações, e, sobretudo quando a situação não se presta naturalmente fácil para o uso de seu estilo51.” (RIDING, 2002, p. 99).

Figura 14 – Capacidade, complexidade da tarefa e estilo

Fonte: Adaptado e traduzido de Riding (2002).

Encontrar caminhos que venham a desenvolver apropriadas estratégias de aprendizagem, contribui para que a mesma melhore, pois o aluno passa a se interessar mais pelo que está aprendendo, logo as chances de sucesso escolar se tornam maiores.

Riding e Rayner definem estilo cognitivo como “uma abordagem habitual e preferida do indivíduo para organizar e representar informações 52.” (1998, p. 8). Estilo cognitivo reflete o fazer a mais de uma pessoa. Afeta os caminhos através dos quais as coisas e ideias são vistas, influenciando na forma como as pessoas respondem, pensam e tomam decisões. Influencia nas atitudes para com outras pessoas, como também nos caminhos que escolhem para suas vidas. O estilo individual é considerado caminho automático à resposta de informações e situações, é algo constante que não pode ser mudado de vez em quando. Porém, quando as pessoas são conscientes de seus estilos elas podem desenvolver estratégias para utilizar mais efetivamente seus pontos fortes e limitar o efeito dos fracos (RIDING, 2002).

Estilo cognitivo, de acordo com Riding (2002), tem duas dimensões: a holístico- analítica e a verbal-imaginária. Cada dimensão representa um contínuo, e pode ser representado como indica a figura 15:

51 Tradução livre de: Pupil need to be encouraged to develop learning strategies which enable them to use their styles as effectively as possible in a range of situations, and particularly when the situation does not naturally lend itself to easy use by the style.

52 Tradução livre de: An individual‟s preferred and habitual approach to organising and representing information.

Necessário considerar o estilo Estilo menos importante Maior Menor Fácil Dificuldade da tarefa Dificuldade Capacidade

Figura 15 – As dimensões do estilo cognitivo

Fonte: Adaptado de Richard Riding (2002).

A dimensão verbal-imaginária é relacionada com a forma como a informação é representada, e a holístico-analítica tem a ver com a maneira como o material é estruturado. A posição da pessoa, em uma dimensão do estilo cognitivo, não afeta sua posição na outra. Contudo, a forma como elas se comportam, resultará da influência conjunta de ambas as dimensões.

A dimensão holístico-analítica refere-se às pessoas que têm uma visão global, ou vêem as coisas em partes, organizando as informações de forma holística ou em segmentos. Os holísticos têm a perspectiva do todo e apreciam o contexto geral, enquanto que os analíticos vêem a situação como uma coleção de partes e focam-se em um ou dois aspectos da situação num determinado momento, excluindo as outras partes. Os holísticos têm como ponto negativo a dificuldade em separar o todo, e quando o fazem incorrem no risco de desfocar o significado das partes que compõe o todo, uma vez que para eles é difícil distinguir as questões que compõem o conjunto de uma situação. Já os analíticos tendem a focarem-se em excesso num aspecto do todo por algum tempo, podendo distorcer ou exagerar nesse aspecto, e ainda correm a possibilidade de ficarem de fora do todo da situação, isso constitui o aspecto negativo dos analíticos. Estes têm como habilidades positivas a capacidade de analisar a situação em partes o que viabiliza a possibilidade de rapidamente chegarem ao centro do problema; são bons para detectarem as diferenças e identificarem as semelhanças. Já o ponto positivo dos holísticos corresponde à facilidade de ver o todo da questão, são pessoas de grande visão, consequentemente elas têm uma visão balanceada, isso evita atitudes ou visões extremas (RIDING, 2002).

Pessoas que têm uma visão intermediária percebem as vantagens de ambas as partes.

Analítico (Partes)

Imaginário (Figuras)

Holístico (Todo) Verbal (Palavras)

A segunda dimensão, verbal-imaginária, corresponde às pessoas extrovertidas e verbais que representam as informações verbalmente durante o pensamento ou mais introspectivas e que pensam por figuras mentais ou imagens (RIDING; RAYNER, 1998; RIDING; CHEEMA, 1991). Essa dimensão, segundo Riding (2002), tem dois efeitos fundamentais, a maneira como a informação é representada e o foco externo/interno de atenção, os quais implicam no comportamento, no resultado do ensino e nos relacionamentos.

A representação, primeiro efeito, é afetada pela maneira como as pessoas representam as informações durante o pensamento, e isso pode ser verbalmente ou por imagens. Quando uma pessoa lê, ela pode representar as ações associando-as às palavras ou construindo desenhos mentais do que leu. Pode-se, também, fazer as duas associações, ou pode-se ainda, pensar palavras, pensar em termos de desenhos mentais ou imagens. Sob essa perspectiva categorizam-se três grupos de pessoas: as verbalistas, as bimodais e imaginárias. As verbalistas consideram as informações por elas lidas, ouvidas ou vistas, através de associações verbais ou palavras, aprendem melhor lendo o texto, preferem usar a escrita como forma de representação. As imaginárias tendem a representar e/ou associar as informações lidas ou ouvidas através de desenhos e/ou representações de imagens mentais ou escritas, e aprendem melhor olhando as figuras, e por fim as bimodais que tendem a usar os dois modelos de representação. Estas categorias podem ser utilizadas em conjunto e isso pode influenciar positivamente a aprendizagem.

O segundo efeito, o foco externo/interno de atenção, refere-se à atividade que influencia o indivíduo. Verbalistas têm o foco de estímulo externo, têm o contexto social como uma extensão de si mesmo e são socialmente conscientes. Os imaginários têm maior foco interno e são mais passivos, eles vêem o grupo social mais distante deles e são menos conscientes socialmente.

O comportamento da aprendizagem é afetado pela interação da capacidade de trabalho da memória e pelo estilo cognitivo. Um estilo pode afetar a capacidade de memória mais do que outro (RIDING et al., 2002). A capacidade de trabalho da memória influencia no desempenho da aprendizagem de analíticos e verbalistas. Isto ocorre devido aos métodos elaborados de processamento de informações utilizados por esses dois estilos durante a aprendizagem. Elaboradas abordagens produzem bons resultados. Por outro lado os holísticos e imaginários empregam um método mais econômico de processamento, mais intuitivo, que chegam a conclusões através do todo, analisando todas as informações, porém processando-as por amostragens para chegar à informação. Holísticos e imaginários são pouco afetados pelo trabalho da memória enquanto que analíticos e verbalistas são mais afetados. Em suma, as

pessoas aprendem melhor quando as informações podem ser facilmente traduzidas em sua modalidade preferida de representação, e também o próprio conteúdo afeta o desempenho da aprendizagem à medida que passa a ter um significado prático.

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