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Estilos de aprendizagem de personalidade relativamente estável

Capítulo 2 2 ESTADO DE CONHECIMENTO: o comprometimento discente com a

ELEMENTOS Emocional

9. Acomodar as preferências por estilos de aprendizagem auxilia as pessoas com menor sucesso acadêmico (KLAVAS, 1993).

2.2.1.3 Estilos de aprendizagem de personalidade relativamente estável

O aspecto comum acerca do estilo de aprendizagem dos modelos agrupados nessa família diz respeito às expressões observáveis de um tipo de personalidade relativamente estável. Dentre os autores que se ocupam dessa família menciona-se: Jackson53 (2002, 2009) com seu modelo híbrido de aprendizagem na personalidade; para ele estilos de aprendizagem são um subconjunto da personalidade que tem uma base biológica; Já Miller (1988, 1991) apresenta um modelo de personalidade estruturado na percepção, memória e pensamento que talvez possa proporcionar uma base conceitual útil para a compreensão das diferenças individuais na aprendizagem; e Apter (2001) com sua Teoria da Inversão, a qual apresenta-se a seguir.

2.2.1.3.1 Michael J. Apter: Teoria da Inversão

Apter é um psicólogo pesquisador que tem dedicado anos de estudo no desenvolvimento da Teoria da Inversão. Esta teoria é definida como uma teoria de estrutura fenomenológica (estrutura da experiência) da motivação, emoção e personalidade.

A Teoria da Inversão de Apter (2001) fornece uma análise da experiência da vida diária, proporcionando assim uma estrutura para a compreensão do comportamento e das experiências das pessoas, isto é, analisa experiências da vida mental. Mostra a personalidade do ser humano em termos dinâmicos, pois para ele a personalidade não é um tipo fixo, mas sim uma ação recíproca entre a inversão dos estados motivacionais, onde as diferenças interindividuais não podem ser compreendidas sem referência às diferenças intraindividuais. Os diferentes tipos de personalidade e/ou estilos emocionais estão baseados em um valor e/ou motivo, seja ele de liberdade, controle ou realização. Isto significa que as pessoas vão ver o mundo e atuar nele de maneiras diferentes em situações diferentes, e que o estado

53 Maiores informações a respeito dessa teoria disponíveis em:

motivacional é um fator interveniente nessa atuação. Portanto, a Teoria da Inversão enfatiza a inconstância, inconsistência e a complexidade do comportamento.

No sentido acima apontado, a Teoria da Inversão constitui-se em uma teoria da personalidade, e não em um estilo de aprendizagem. Entretanto, a aprendizagem não pode ser entendida isolada da motivação e/ou da emoção. E essa teoria torna-se relevante quando aplicada aos estilos de aprendizagem, pois sua força encontra-se na capacidade de identificar a necessidade da inversão, a necessidade de mudar de estado, a fim de que um novo estado venha responder às necessidades atuais. Este estado pode ser autoidentificado como também identificado por outras pessoas.

A vida mental, estudada por Apter (2001), é percebida sob quatro domínios: meio-fim, normas, operações e relacionamentos, e suas mudanças são vistas no interior de cada domínio bem como entre eles.

Meio e fim corresponde à consciência de um direcionamento e das rotas que implicam esse direcionamento, como também a consciência de onde se está indo, de propósitos, de ações e do que se está fazendo para se chegar ao fim desejado.

O domínio das normas é estruturado em termos de regras que regem o modo de comportamento, tais como leis, ordens, hábitos rotineiros e outros.

O terceiro domínio corresponde às experiências referentes às operações, ou seja, as pessoas sempre estão conscientes quando estão interagindo com alguma coisa ou alguém, quando interagem com uma ideia ou imagem, operações que envolvem dinheiro, palavras etc. O último domínio refere-se às experiências de relacionamentos, nas quais as pessoas estão conscientes do que se passa entre elas, se a relação é direta, se pode ser aberta ou fechada, formal ou não. O cerne da Teoria da Inversão está em duas maneiras opostas de experienciar cada um dos quatro domínios, como pode ser visto na figura 16.

De acordo com Apter (2003), os estados opostos sério e humor denotam as seguintes características: os sérios têm as metas, valores e ambições voltadas para o futuro, pensam no futuro, evitam os riscos à excitação e à ansiedade, não conhecem o humor ou a alegria. Já no estado caracterizado como humor as pessoas levam as situações mais na brincadeira, têm momentos de alta energia, centram-se no presente, gostam da excitação, evitam o tédio, não têm ambições e vivem o presente.

Os conformistas têm características como deveres, normas, tradição de valores, buscam identidade no grupo, apoiam-se no que os outros fazem e experimentam a raiva. Enquanto que os rebeldes desejam liberdade, mudanças e consideram regras como algo restrito, eles tem valores de inovação, não apresentam constrangimentos e querem fazer seu próprio caminho.

Figura 16 – Domínios da Teoria da Inversão

Fonte: Traduzido e adaptado de Apter (2001).

O estado de domínio é caracterizado por valores de controle e força, busca-se nesse estado a competência e o orgulho, tem-se o sentimento de poder. No seu estado oposto, a simpatia, busca-se relacionamentos, conexão pessoal e há valores de compaixão.

O último par de opostos denota por um lado, a auto-orientação focando nas necessidades pessoais, tem valores de autoconhecimento e responsabilidades pessoais, do outro lado há generosidade, doação, foca nas necessidades dos outros e há a valorização do grupo.

A estrutura apresentada na figura 16, composta de oito estados motivacionais, representa um conjunto de motivos psicológicos experimentáveis, através do qual a vida mental é organizada no período em que quatro elementos do conjunto estão ativados. Esse estado que parte de um conjunto de motivações psicológicas básicas e que são experimentadas é chamado de estado metamotivacional. Esse estado, quando interpretado de uma maneira particular, é dito um estilo motivacional, ou seja, quando é dada especial atenção ao modo geral de ver e agir que está relacionado com a motivação em foco.

Dos oito estados, quatro estão ativos em um determinado momento e são definidos de acordo com cada situação e momento vivido, sendo que as emoções e sentimentos vêm de um ou outro desses oito estados motivacionais, onde o reverso atua regularmente, isto é, há a passagem do estado de um par ativo para outro estado do par. Reversões existem, são saudáveis e necessárias, uma vez que equilibram as necessidades emocionais e relacionam o estilo pessoal às necessidades de uma situação ou às características de outra pessoa.

Há três tipos de fatores que influencia na ocorrência do reverso, a saciedade, a contingência e a frustração. O nível de saciedade provém do período em questão e é influenciado pela dominância, enquanto que os dois últimos são provenientes do estado do

MEIOS-

FINS NORMAS OPERA-ÇÕES RELACIONA-MENTOS

Sério Conformismo Domínio Auto/Eu

ambiente, ou seja, da situação. Esses três fatores atuam no estado metamotivacional, e este determina intervalos de sentimentos e de emoções, os quais por sua vez conduzem ao comportamento/desempenho. Entretanto, o comportamento vai ser determinado de acordo com o atual sentimento e emoção, isto é, de acordo com o estado metamotivacional em foco, e também dependerá da estratégia favorita da pessoa, bem como do tempo, esforço e comprometimento que a pessoa investe na atividade, chegando-se assim a um determinado resultado, e de acordo com o desempenho desse resultado irá se determinar quais as emoções e os sentimentos que surgirão a seguir e qual estado será o mais focado. Assim, o resultado alcançado representará uma nova situação, originando um novo ciclo de estados, sentimentos e comportamentos (APTER, 2001, 2003). Esse ciclo atua em cada um dos estados que compõe o conjunto de motivos psicológicos experimentáveis. Isso é indicado na figura 17 como estado metamotivacional.

Figura 17 – Padrão de influências subjacentes à experiência e comportamento, de acordo com a Teoria da Inversão

Fonte: Traduzido e adaptado de Apter (2001).

Condição/Situação Domínio

Contingência/Frustração Saciedade

Estado Metamotivacional

Intervalo de Emoções Sentimento Atual

Foco

Estratégia/Esforço

Comportamento

Resultados

Há na Teoria da Inversão a estrutura sincrônica de oito pares de estados e há a estrutura diacrônica (representada na figura 17), ou seja, na primeira os estados ocorrem ao mesmo tempo e na segunda a evolução é temporal.

A Teoria da Inversão é uma ferramenta que possibilita explorar e compreender a personalidade de cada um, as mudanças pessoais e oportuniza o reconhecimento das emoções, o que as motiva e a relação entre elas. Permite, também, responder às novas formas de emoções.

As reversões, embora sejam um tanto involuntárias, podem ser desencadeadas por mudanças ambientais percebidas, gerando então um controle voluntário, onde cada estado motivacional é dirigido pela necessidade psicológica que é caracterizada por um particular estilo de interação com o mundo. Assim, devido ao controle e/ou esforço voluntário, os resultados da aprendizagem podem ser melhores. Percebe-se, então, que do esforço empenhado dá-se um novo comportamento que, quando comprometido com o objetivo em foco, proporciona melhores resultados.

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