• Nenhum resultado encontrado

Capítulo 2 2 ESTADO DE CONHECIMENTO: o comprometimento discente com a

ELEMENTOS Emocional

9. Acomodar as preferências por estilos de aprendizagem auxilia as pessoas com menor sucesso acadêmico (KLAVAS, 1993).

2.2.1.4 Estilos de aprendizagem de preferência flexível e estável

Para os pesquisadores dessa família, um estilo de aprendizagem não é um traço fixo, mas sim uma preferência diferencial para a aprendizagem, a qual varia de acordo com cada situação. Destacam-se nessa família de estilos de aprendizagem os trabalhos de Kolb (1981, 1984); os estudos de Honey e Mumford (2006) baseados em torno dos quatro estágios do ciclo de aprendizagem de Kolb (ativo, reflexivo, teórico e pragmático) e o modelo de Felder e Silverman54 (1988), voltado para o contexto da Engenharia. O mesmo é inspirado no modelo de Kolb e tem por objetivo o equilíbrio entre os métodos de ensino. Apresenta-se a seguir a aprendizagem e seus estágios segundo Kolb.

2.2.1.4.1 David Kolb: aprendizagem e seus quatro estágios

A carreira estudantil é gerada e modelada na comunidade universitária que é responsável pelo desenvolvimento intelectual, moral e pessoal de seus membros. Entretanto, a ênfase a tais aspectos é, na maioria das vezes, dada de forma linear, desconsiderando a diversidade de vias existentes entre as diferentes disciplinas e profissões que podem

54 Maiores informações acerca desse modelo disponível em: <http://www.ncsu.edu/felder-

proporcionar o crescimento e desenvolvimento humano. Existe uma inadequação fundamental entre aprendizagem pessoal e os estilos de aprendizagem que demanda cada disciplina (KOLB, 1981).

Que disciplinas inclinam para diferentes estilos de aprendizagem, é evidente a partir das variações entre as suas principais tarefas, tecnologias e produtos, os critérios de excelência acadêmica e da produtividade, os métodos pedagógicos, métodos de pesquisa, e os métodos para registrar e descrever o conhecimento. Disciplinas mostram a variação sociocultural, as diferenças de professores e a demografia de estudantes, personalidade e aptidões, bem como as diferenças de valores e normas dos grupos55. (KOLB, 1981, p. 233).

Neste sentido, estudar as disciplinas a partir da perspectiva de aprendizagem do aluno oferece a possibilidade de um maior sucesso estudantil, “particularmente se a aprendizagem é definida não no sentido estreito psicológico de modificação de comportamento, mas no sentido mais lato de aquisição de conhecimentos 56.” (KOLB, 1981, p. 234).

Cada disciplina tem seu compromisso com a aprendizagem do aluno, assim um conjunto de diferentes disciplinas proporciona uma melhor formação ao final do curso. A aquisição de conhecimentos nas disciplinas acadêmicas, sob a perspectiva do processo de aprendizagem, define uma variedade de verdades e interações e uma maior compreensão de como os alunos adquirem conhecimento através de diferentes formas. Isto é, o processo de desenvolvimento do aluno é um produto da interação entre as suas escolhas e experiências de socialização em disciplinas acadêmicas.

Investigações e teorias voltadas ao desenvolvimento intelectual e estilo cognitivo dos alunos têm apresentado resultados positivos ao processo de aprendizagem. Os trabalhos de Kolb (1981; 1984) centram-se em uma abordagem de aprendizagem que visa integrar fatores cognitivos e socioemocionais em uma teoria de aprendizagem experimental, o Modelo Experimental de Aprendizagem. Esse modelo integra uma variedade de linhas de pesquisa sobre o desenvolvimento cognitivo e estilos cognitivos, resultando num processo de aprendizagem consistente com a estrutura da cognição humana e com as fases de crescimento e desenvolvimento humano. Tem como característica a experiência durante o processo de aprendizagem, o que a diferencia de outras teorias cognitivas de aprendizagem. O processo de

55 Tradução livre de: That disciplines incline to different styles of learning is evident from the variations among their primary tasks, technologies and products, criteria for academic excellence and productivity, teaching methods, research methods, and methods for recording and portraying knowledge. Disciplines even show sociocultural variation, differences in faculty and student demographics, personality and aptitudes, as well as differences in values and group norms.

56 Tradução livre de: Particularly if learning is defined not in the narrow psychological sense of modification of behavior but in the broader sense of acquisition of knowledge.

aprendizagem é conceitualizado de tal forma que as diferenças nos estilos individuais de aprendizagem e ambientes de aprendizagem podem ser identificadas.

Kolb (1981, 1984) postulou que a aprendizagem é concebida como um ciclo de quatro estágios, envolvendo quatro modelos adaptativos de aprendizagem: Experiência Concreta, Observação Reflexiva, Conceitualização Abstrata e Experimentação Ativa.

Figura 18 – Estrutura da dimensão fundamental ao processo de aprendizagem experimental e o resultado básico das formas de conhecimento

Fonte: Traduzido e adaptado de Kolb (1984).

A experiência concreta é tida como base para observação e reflexão que são utilizadas para construir uma ideia, conceitos e generalizações; tais implicações são testadas em novas situações, gerando novas experiências, evidenciando o ciclo.

Os quatro estágios da aprendizagem de Kolb (1984) indicam que a aprendizagem exige habilidades que são opostos polares, isto é, experiências concretas por um lado e conceitualização abstrata por outro; experimentação ativa versus a observação reflexiva.

Aspectos como percepção e imitação, de acordo com a figura 18 correspondem ao processo de apreensão, e imagem mental corresponde ao processo de compreensão. Para o aspecto operativo há uma correspondência entre ação e processo de extensão, e entre operações intelectuais e o processo de intenção. Assim, de acordo com Kolb (1984), a

Entendimento via apreensão Entendimento via compreensão Transformação via intenção Transformação via extensão Conhecimento assimilativo Conhecimento divergente Conhecimento adaptável Conhecimento convergente Experiência Concreta Observação reflexiva Experimentação ativa Conceitualização abstrata

aprendizagem é o processo pelo qual o conhecimento é criado através da transformação da experiência. Esta é entendida através da apreensão e transformada através da intenção, resulta no conhecimento divergente. O conhecimento assimilativo resulta da experiência entendida através da compreensão e transformação por meio da intenção. A experiência entendida através da compreensão e transformada por meio da extensão resulta no conhecimento convergente. E por fim, quando as experiências são entendidas por apreensão e transformadas por extensão, resulta o conhecimento adaptável.

O ponto central dessa ideia é que aprendizagem, logo conhecimento, requer experiência e alguma transformação. Experiência e transformação isoladas não resultam em aprendizagem. No processo de aprendizagem, há um movimento intercalando o papel de ator e espectador ao mesmo personagem, ou seja, a aprendizagem ocorre da interação entre os quatro estágios apresentados. Portanto, para que ocorra uma aprendizagem de qualidade há a necessidade dessa interação, ou seja, há a necessidade de uma participação do aluno tanto como ator como espectador.

Esse modelo estrutural de aprendizagem pode ser governado por um ou todos os processos, interagindo simultaneamente. Kolb (1984) compara a estrutura desse modelo a um instrumento musical, pois o processo de aprendizagem musical representa uma sucessão e uma combinação de notas tocadas no instrumento ao longo do tempo, onde as melodias e temas têm uma forma única. A esses padrões únicos ele chama de estilos de aprendizagem, os quais não são concebidos como traços de personalidade, mas sim como possibilidades no tratamento das estruturas flexíveis de aprendizagem humana. Nestas estruturas encontram-se possibilidades de melhor pensar os estados ou orientações a fim de se alcançar a estabilidade através de padrões de operação compatíveis com as atividades em foco, o que melhora as competências.

De acordo com Kolb (1981), cada um de nós desenvolve seu estilo de aprendizagem, o qual tem pontos fortes e fracos, ou seja, o ser humano tem uma estrutura flexível para a aprendizagem. Assim, a combinação de todas as quatro formas de aprendizagem – apreensão transformada por extensão (adaptável); apreensão transformada por intenção (divergente); compreensão transformada por intenção (assimilativa) e compreensão transformada por extensão (convergente) – pode produzir altos níveis de aprendizagem, uma vez que contempla o estilo maior de cada pessoa associado aos demais.

Estilos de aprendizagem individuais são complexos e difíceis de serem colocados dentro de simples tipologias. Neste sentido, as pesquisas do Kolb acerca de estilos de aprendizagem começam examinando as diferenças generalizadas nas orientações de aprendizagem,

baseando-se no grau com que as pessoas enfatizam os quatro modelos do processo de aprendizagem. Essa medida é feita através de um teste de autorrelato, chamado o Learning

Style Inventoty (LSI).

Este instrumento desenvolvido por Kolb (1976a), foi utilizado para medir diferenças em estilos de aprendizagem junto às duas dimensões básicas de domínio cognitivo: concreto- abstrato e ativo-reflexivo. Os resultados estatísticos identificaram quatro tipos de estilos de aprendizagem:

1. Convergente. Estilo de aprendizagem que enfatiza conceituação abstrata e

Documentos relacionados