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Estratégias de comunicação política: Um resumo

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Estratégias de comunicação política: Um resumo

Diante das informações apresentadas nos capítulos anteriores, cujo objetivo foi analisar a comunicação política de Campos Salles e a sua relação com o positivismo, foram apresentados argumentos contextualizados por aspectos históricos, biográficos, políticos e econômicos. Entretanto, surge a necessidade de uma derradeira e resumida abordagem, direcionada, exclusivamente, às principais estratégias de comunicação empreendidas pelo ex- presidente até assumir a chefia da República em 1898.

Este último capítulo é na verdade um apanhado geral de alguns trechos já discutidos nas páginas passadas, a preocupação neste momento é simplesmente isolar os elementos comunicacionais da trajetória política de Campos Salles a fim de fornecer uma sistematização panorâmica sobre a evolução dos mesmos – no âmbito municipal, estadual e federal.

Campos Salles iniciou, efetivamente, seu engajamento na vida política em 1866, começando a trabalhar sua imagem pública e definindo uma linha de conduta para seus esforços de comunicação política, através de cartas dirigidas aos eleitores e participação nos encontros promovidos pelo Partido Liberal. “Além da advocacia e das atividades correlatas, a militância política o atrai. Participa das lutas partidárias, integrando as hostes liberais” (DEBES, 1978a, p. 53).

Já naquela época, Campos Salles preocupava-se com a opinião pública, este aspecto foi evidenciado através das cartas dirigidas aos eleitores formadores de opinião, transcritas ao longo da presente pesquisa. Neste sentido, é possível considerar que sua comunicação política, em parceria com seu colega Jorge Miranda, foi muito eficaz naquele momento. Pois, mesmo não contando com o apoio efetivo dos dirigentes da agremiação liberal e dos che fes locais, que inclusive chegaram a preteri- los “substituindo-os por outros nomes não sufragados pelo eleitorado” (DEBES, 1978a, p. 60), conseguiram ser eleitos pelos votantes na segunda etapa daquela disputa eleitoral.

A eficácia das estratégias de comunicação de Campos Salles foi comprovada naquela sua primeira vitória como Deputado Provincial de São Paulo, no entanto, aquelas estratégias eram ainda intuitivas. Somente alguns anos depois, com a sua entrada no movimento republicano e o contato com as obras de seu irmão, Alberto Salles, e outras de fundamentação positivista, é que sua propaganda política iria ganhar maior planejamento e consistência teórica.

No ano de 1872 ocorreriam eleições municipais em todo Império, portanto a chegada do trem de ferro em Campinas transformou-se num grande evento político. Campos Salles, estando desligado do Partido Liberal e já fazendo parte das hostes republicanas, soube aproveitar muito bem aquele momento, realizando discursos durante o evento e participando das reuniões e jantares comemorativos. “Cessadas as vibrações decorrentes da realização de um dos maiores sonhos dos campineiros, (...) os republicanos locais passam a dedicar-se a seus objetivos políticos” (DEBES, 1978a, p. 102).

Os republicanos organizaram uma chapa e lançaram o nome de Campos Salles, tanto para vereador como para Juiz de Paz, no pleito de Campinas. De acordo com o Correio Paulistano, de 15 de setembro de 1872, apresentado por (DEBES, 1978a, p. 102-103):

Na luta que se travaria, liberais e conservadores, coligados, se apresentam para enfrentar os republicanos. (...) A liga lançou mão de todos os recursos para não entrada na Câmara de nenhum republicano, e os republicanos, por seu turno não pouparam esforços para o triunfo de seu candidato que era o Dr. Campos Salles.

Em 1873 foi realizado o Congresso Republicano de Itu (vide Capítulo 2), no qual foram tomadas importantes decisões sobre os rumos do movimento republicano em São Paulo, entre elas o lançamento das bases do Partido Republicano Paulista – também conhecido pela sigla PRP.

Como membro da Comissão Permanente, “verdadeiro órgão dirigente do Partido Republicano em São Paulo” (DEBES, 1975, p. 18), Campos Salles assume o cargo de secretário, ficando responsável por manter o contato entre os correligionários através das circulares publicadas na imprensa.

Contando com o empenho e financiamento dos republicanos paulistas, o jornal A Província de São Paulo é fundado em 1875 e posiciona-se como defensor dos princípios democráticos e das eleições diretas. Apesar disso, procura disfarçar sua origem republicana, definindo-se como “órgão de partido algum” e de “se abster completamente de questões políticas” (DEBES, 1978a, p. 134).

Chegava ao fim o mandato dos vereadores eleitos em 1872, era preciso seguir a diante. Novas eleições seriam travadas em 1876, com isso o Partido Republicano define uma linha mais agressiva e convoca seus membros para participarem daquela luta, recorrendo aos anúncios publicados pela imprensa.

As preocupações de Campos Salles seriam refletidas e aplicadas naquela campanha eleitoral, a qual pode ser considerada, de acordo com os argumentos apresentados a seguir, como sendo a que ele melhor elaborou e que contou com o maior planejamento de comunicação até aquele momento. Nas eleições de 1881, seu nome foi indicado para concorrer ao cargo de Deputado Provincial e Geral, representando o 7º distrito da província de São Paulo. Não conseguiu ser eleito para a Câmara dos Deputados na disputa ocorrida no dia 1º de novembro, porém seus esforços foram recompensados poucos dias depois, ao garantir uma das vagas da Assembléia Legislativa. Campos Salles tornou-se Deputado Provincial pela segunda vez, não representando os liberais, como em 1867, mas sim os republicanos.

Durante aquela campanha, a exemplo do que era feito na Inglaterra e em outros países, Campos Salles, além de outros membros do partido, percorreram as paróquias de seus distritos, expondo ao eleitorado suas propostas eleitorais. Fato que foi acompanhado e noticiado pelos jornais partidários. Aqueles comícios recebem na época o elegante nome de “Meetings Eleitorais”.

O Partido Republicano Paulista introduziu, na campanha daquele ano, uma inovação que contribuiria favoravelmente nos resultados observados nas urnas. No Congresso realizado em 1881, foi elaborado o “Programa dos Candidatos”, aquela fórmula enriquecia as propostas individuais de cada candidato.

Considerada uma estratégia inovadora pois, segundo DEBES (1975, p. 42), através daquele procedimento o novo agrupamento político afastava-se dos velhos partidos, afirmando publicamente, através da imprensa, os intuitos dos republicanos paulistas.

Novas eleições aconteceriam em 1884, daquela vez Campos Salles dedicaria toda sua atenção ao foco nacional, sua estratégia de comunicação deveria ir além dos comícios e conferências, e de fato foi.

Mesmo antes de serem definidas oficialmente as preferências do partido, Campos Salles iniciou sua campanha em busca de apoio para sua candidatura. Tendo seu nome como provável candidato à deputação geral, constando como pretendente do 7º distrito de São Paulo, ele realizou sua primeira conferência em Amparo, no dia 20 de setembro de 1884.

Naquela ocasião, assim como nas demais que ocorreriam durante a campanha de 1884, Campos Salles voltaria a afirmar os princípios contidos no “Programa dos Candidatos” de 1881, além de participar de um manifesto aos eleitores produzido juntamente com Prudente de Morais, Cesário Mota, Muniz de Souza, Martinho Prado Júnior, Francisco Glicério e Rangel Pestana, candidatos apresentados no boletim oficial do partido, datado de 27 de setembro de 1884 (DEBES, 1978a, p. 184).

Com relação às estratégias de comunicação interpessoal, Campos Salles engendrou uma articulação, ao lado de outros membros do partido, que viria a causar estranhamento e ser tachada de oportunista, inclusive pelo pesquisador José Maria dos SANTOS (1942). O Partido Liberal encontrava-se no poder, portanto conservadores e republicanos estavam na posição de oposicionistas, mesmo contando com propostas e idéias eleitorais essencialmente diferentes (apresentadas nos Capítulos 3 e 4) consideravam-se na mesma linha de interesse. Não é necessário argumentar que os candidatos não fariam modificações em suas bases, mas o objetivo de Campos Salles, assim como outros republicanos e conservadores, era compor uma aliança para o segundo turno, “favorecendo o candidato dessas agremiações que viesse a concorrer com o liberal. Neste caso, o partido alijado votaria no que se classificara” (DEBES, 1978a, p. 185). Em outras ocasiões, Campos Salles havia repudiado esse tipo de artimanha política, mas tornando-se mais experiente e conhecendo melhor o “jogo” do qual fazia parte, ele teve que ceder. Assim convencido, não mediu esforços para solidificar a coligação.

Aquele acordo não era suficiente para Campos Salles, em sua opinião o pleito seria definido em torno do projeto Dantas (vide Capítulo 3), por conta disso, as cores partidárias assumiriam um plano secundário. Convencido disso, sendo republicano e estando aliado abertamente aos conservadores, recorre também a um importante chefe da facção liberal de Socorro. Neste sentido, Campos Salles demonstrou um grande avanço em lidar com a opinião pública, conduzindo suas estratégias comunicacionais também nesta direção.

Todo o empenho de Campos Salles na campanha de 1884, e sua determinação em vencê- la, ainda seriam fortalecidos por um novo tipo de propaganda eleitoral. Os republicanos introduziam na imprensa uma forma de comunicação inovadora. “As vésperas do pleito, A Província estampa, na primeira página, material de propaganda individual dos candidatos, ilustrado com enorme retrato de cada um deles” (DEBES, 1978a, p. 187). A edição de 16 de novembro de 1884 seria dedicada a Campos Salles.

Além da apresentação de suas propostas eleitorais através da imprensa, Campos Salles ainda contava com o apoio de correligionários em artigos e notícias favoráveis à sua candidatura.

No dia 31 de dezembro de 1884, Campos Salles foi eleito Deputado Geral, recebendo 875 votos, contra 670 de seu adversário. Prudente de Morais, por São Paulo, e Álvaro Botelho, por Minas seriam os outros representantes republicanos na Corte.

Com o intuito de incrementar a propaganda partidária em São Paulo, o Clube Republicano de Campinas foi fundado em 1886, assim “o Partido Republicano vai entrar num período de grande agitação política: não de agitação revolucionária e puramente eleitoral, mas

de agitação doutrinária, de propaganda e de ensinamento” (DEBES, 1978a, p. 211). De fato, o novo clube iria desenvolver esforços de propaganda nunca antes vistos no país, os quais seriam aplicados, com certa freqüência, dali até os dias de hoje, nas estratégias de comunicação dos políticos brasileiros. Segundo DEBES (1978a, p. 210-211), a doutrinação democrática proposta pelos republicanos, dar-se- ia através de cursos regulares de ciências políticas, ao alcance de todos, além de conferências abertas sobre diversos assuntos e questões de política prática.

Simultaneamente ao Clube Republicano de Campinas, surgiram entidade congêneres em outras cidades. O Clube de Santos foi inaugurado em 1887, naquela ocasião Campos Salles ficou responsável por realizar a conferência inaugural, assim como também havia ocorrido na fundação do Clube de Rio Claro, quinze anos antes, em 1872. O envolvimento do ex-presidente em eventos como os mencionados, pode parecer de pouca importância, mas ao contrário disso, são detalhes muito estratégicos dentro da propaganda empreendida por ele. Campos Salles sempre esteve preocupado em manter seu nome em evidência junto aos membros do movimento republicano, esse aspecto vai definir a elevação de seu posicionamento político nos anos vindouros.

A indicação de Campos Salles para a Presidência da República, seguida pelo sucesso nas urnas, não ocorreu simplesmente devido às estratégias de comunicação. A vitória de Campos Salles deve ser vista a partir da conjugação de três fatores: comunicação, cenário político e sua competente atuação profissional. Sendo a primeira delas a responsável por potencializar e divulgar favoravelmente as demais.

O caminho de Campos Salles em direção à Presidência da República começou a ser definido com sua nomeação para Ministro da Justiça no Governo Provisório. Com a derrubada da Monarquia em 1889, seu nome passou a fazer parte da elite governante do país, sendo inclusive cogitado para assumir o Governo Provisório caso o Marechal Deodoro viesse a falecer, como foi apresentado na carta endereçada a D. Anna (tópico 4.3).

Mesmo assim, de acordo com sua própria autobiografia (CAMPOS SALLES, 1998), durante o Governo Provisório e após a eleição de Prudente de Moraes para a Presidência da República em 1894, Campos Salles sentia-se excluído do novo cenário político que estava sendo desenhado no Brasil. Mas, logo ele seria consolado, pois a Comissão Central do Partido Republicano Paulista já estava pensando em seu nome como candidato à Presidência do Estado de São Paulo.

Na reunião promovida pela Comissão, estavam presentes vinte e oito congressistas. Segundo DEBES (1978b, p. 398-399), mesmo contando com ampla competência para

escolher e indicar os nomes dos candidatos do Partido, a Comissão preferiu ouvir sua bancada na Câmara e no Senado. Os nomes de Campos Salles para Presidente e Peixoto Gomide para Vice-Presidente foram acatados plenamente pelos republicanos ali reunidos.

A indicação da candidatura foi oficializada pelo Partido Republicano Federal, portanto Campos Salles apressou-se em desligar-se da direção da Comissão Central do Partido em São Paulo, estando preocupado com a questão ética de sua autoridade política não influir em sua eleição. A opção assumida por Campos Salles, naquela ocasião, é comentada por LESSA (1999, p. 130): “Qualquer que tenha sido a sua posição anterior nas lutas políticas, o cidadão, uma vez eleito, passa a ser o Chefe do Estado. Ele deixa a superintendência dos interesses exclusivos do partido para assumir a alta gestão dos negócios da comunidade”.

Além de emitir agradecimentos como os expressos na carta acima, Campos Salles logo redigiu sua plataforma de Governo, voltando toda sua atenção à comunicação de sua campanha eleitoral. Mais uma vez aproveitando o excelente trabalho de pesquisa de Célio DEBES (1978b, p. 401), serão apresentadas a seguir as anotações sobre o documento, datado de 15 de janeiro de 1896, com a mencionada plataforma:

Fixaria seu pensamento sobre várias questões. “Se o eleito constitui-se o representante oficial da maioria, não se apaga, todavia, a distinção fundamental entre o chefe político e o depositário do poder”. Mas, adverte, o preferido da vontade popular, despojar-se-á de suas paixões e levará para a administração pública “só os grandes ideais que a alma do combatente acalentara como necessidades primordiais do progresso social”. Para desempenhar-se de semelhante missão, somente quem, como ele, tivesse vivido as pugnas políticas e houvesse forjado um ideário. Aquele que jamais pensara nos problemas da sociedade, nada teria, de seu, para pôr em prática. Por isso é que sustenta que “ser um Governo é saber o que se quer, e querer firmemente o que se pode querer. Donde resulta que a antiga fórmula – governar é prever – pode mais justamente ser substituída por esta outra – governar é querer”. Eis a profissão de fé de um voluntarioso, de um determinado.

O trabalho de comunicação de Campos Salles, através da imprensa, dos comícios e das cartas com sua plataforma de governo endereçadas aos líderes locais, além do total apoio do Partido Republicano Federal e Paulista, garantiram tranqüilamente resultado positivo na apuração dos votos, no pleito de 15 de fevereiro de 1896.

Segundo DEBES (1978b, p. 403), Campos Salles recebeu 43.898 votos, representando 53% do total de 80.000 eleitores alistados. Não teve opositor, pois aqueles que não votaram

nele, foi porque não compareceram às urnas, registrando um alto índice de abstenção, manifestação argumentada pelos adversários como sendo um protesto da opinião pública.

Somente ao assumir o controle político de São Paulo, em 1896, é que de fato, Campos Salles começou a pensar na possibilidade real de chefiar a nação. Seus esforços de comunicação tiveram como plataforma a atenção constante com as responsabilidades do cargo assumido, além de manter estreitas relações com os líderes do Partido Republicano Federal, e com os demais Partidos Republicanos espalhados pelo país.

O envolvimento de Campos Salles no episódio de Canudos e na ruptura do PRF, foram fatores de grande importância relacionados à sua candidatura presidencial. O Governo de Prudente de Morais passava por sérias dificuldades, e a própria República estava ameaçada. Entre as justificativas mais importantes, já apresentados no Capítulo 2, estavam o desentendimento no seio do Partido Republicano Federal e a Revolta de Canudos. Campos Salles esteve envolvido em ambos, e de certa forma seus esforços favoreceram suas estratégias de comunicação.

O evento de Canudos contava com o apoio dos monarquistas, em contrapartida, de acordo com DEBES (1978b, p. 421-422), o sentimento cívico da população proporcionou a organização de batalhões patrióticos em defesa da República. Em São Paulo, surgiu o “Batalhão Campos Salles”, contando com 200 inscritos chegava a ser praticamente uma brigada. Seu fardamento era baseado no batalhão Paulista, mas ostentava as iniciais C.S. Aquela representação simbólica indicava o forte reconhecimento popular do nome de Campos Salles, servindo como um eficaz meio de comunicação política.

A participação de São Paulo seria ainda mais intensa naquele conflito. Através de telegramas (vide Capítulo 4), Prudente de Morais solicitou a Campos Salles o envio de forças para combater Antônio Conselheiro.

O envolvimento paulista na contenção da revolta, aparentemente pode parecer como não tendo implicações efetivas com a propaganda política, no entanto, através daquela movimentação estratégica, Campos Salles iria garantir o apoio dos republicanos baianos, os quais representavam um dos mais fortes colégios eleitorais do país. Os eleitores baianos teriam grande peso na candidatura presidencial de Campos Salles, muito provavelmente agradecidos por seu empenho em promover a restauração da paz na Bahia.

O então Presidente de São Paulo também esteve envolvido em outro acontecimento, naquele mesmo período, que viria a refletir favoravelmente em sua campanha eleitoral. Foi sua participação pacificadora no desentendimento entre Governo e PRF, na verdade, a tentativa era reconciliar “o Chefe da Nação e o mentor do Partido a que estivera vinculado”

(DEBES, 1978b, p. 426). Aquela crise era motivada por diversos fatores e afetava a estabilidade política da nação.

Como foi apresentado no tópico 2.3 desta pesquisa, Campos Salles sempre manteve certo distanciamento das definições tomadas no PRF. Justamente por sua neutralidade, sendo uma figura naturalmente pacificadora e, principalmente, contando com imenso prestígio e respeito entre os republicanos, foi procurado tanto pelo lado favorável à Prudente Morais, como pelos representantes de Francisco Glicério.

Se por uma lado aquela cisão causava um mal estar entre políticos que anteriormente estavam fortemente unidos, por outro representava um grande triunfo nas mãos de Campos Salles. Seu valor pessoal ficou em evidência, devido a seu engajamento reconciliatório, e sua candidatura à Presidência da República ganhou brilho e destaque.

Seu nome não havia sido cogitado, até então, para suceder Prudente, às preferências do PRF recaíam sobre Bernardino de Campos, Quintino Bocaiúva e Júlio de Castilhos (positivista ortodoxo aguerrido e importante político republicano do Rio Grande do Sul). Sendo que, daqueles, Prudente tinha predileção pelo primeiro, seu Ministro da Fazenda.

Novamente, Campos Salles seria favorecido pela movimentação política. Bernardino era um fiel companheiro e tinha grande consideração por Campos Salles. Acima de tudo, em sua opinião, o então Presidente de São Paulo era um político mais experiente. Portanto, mesmo antes da efetivação da cisão no PRF, resolveu abrir mão da disputa presidencial, demonstrando apoio à seu amigo campineiro.

Com a saída de Bernardino da disputa eleitoral, o PRF teria que escolher outro candidato oficial para enfrentar Campos Salles nas urnas. A Comissão Central do Partido não conseguiu chegar a uma unanimidade entre os nomes remanescentes, demonstrando a intensa desarmonia que imperava em seu núcleo. O chefe da agremiação foi o que logrou menor preferênc ia, de acordo com (DEBES, 1978b, p. 431), Castilho recebeu 15 votos, Quintino 14 e Glicério 13. Diante do empate técnico, demonstrado através da distribuição equilibrada dos votos, a direção do Partido, pensando em não desagradar nenhum dos três, escolhe um quarto nome, Lauro Sodré.

O cenário eleitoral e a indicação de Campos Salles e Lauro Sodré, são assim analisados por Renato LESSA (1999, p. 127):

O ato final do governo Prudente foi o encaminhamento do processo sucessório. Diante da questão, o que havia sobrado do PRF dividia -se em duas alas: os “Republicanos” maioria pró-Prudente e os “Concentrados”, ainda leais à Glicério. O nome de Campos Sales foi lançado pela política baiana, seguindo-se o apoio de Pernambuco, Minas Gerais e São Paulo. A oposiç ão, reduzida a poucos gliceristas e ao Partido Republicano Riograndense (PRR), dirigido por Júlio de Castilhos, lança simbolicamente a candidatura de Lauro Sodré.

A candidatura oficial de Campos Salles foi lançada no Rio de Janeiro, no dia 12 de outubro de 1897, numa convenção realizada pelos republicanos aliados à Prudente de Morais, os quais representavam o Governo Federal. Sobre aquela opção estratégica, Alcindo GUANABARA (1983, p. 14) deixou registrada sua opinião:

Todos esperavam que os reacionários lançassem o seu grito de guerra sem comiseração, indicando um dos seus pró-homens para a Presidência a vagar. (...) Foi nessa conjuntura que a direção inteligente do grupo que dominava o governo lançou a candidatura do Sr. Campos Sales. Era um ato de submissão à opinião republicana, era o reconhecimento de sua própria impotência, era uma capitulação formal, que,

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