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Presidente da República

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Capítulo 4 – Rumo à Presidência da República

4.5. Presidente da República

O caminho de Campos Salles em direção à Presidência da República começou a ser definido com sua nomeação para Ministro da Justiça no Governo Provisório. Com a derrubada da Monarquia, seu nome passou a fazer parte da elite governante do país, sendo inclusive cogitado para assumir o Governo Provisório caso o Marechal Deodoro viesse a falecer, como foi apresentado na carta endereçada a D. Anna (tópico 4.3).

Entretanto, somente ao assumir o controle político de São Paulo, em 1896, é que de fato, Campos Salles começou a pensar na possibilidade real de chefiar a nação. Seus esforços de comunicação tiveram como plataforma a atenção constante com as responsabilidades do cargo assumido, além de manter estreitas relações com os líderes do Partido Republicano Federal, e com os demais Partidos Republicanos espalhados pelo país.

No Estado de São Paulo, cuidou dos problemas de saneamento. Também garantiu incentivos a imigração, a fim de favorecer a ampliação das diversas áreas produtivas. Tomou duras atitudes com as facções paulistas engajadas na restauração do Império, mandando fechar o Centro Monarquista.

Não pretende-se aqui fazer uma extensa explanação sobre as diversas atribuições de Campos Salles à frente do Estado de São Paulo. Apesar de serem interessantes e constituírem a trajetória política do ex-presidente, elas são consideradas como estando fora do foco principal desta pesquisa, e podem ser consultadas com profundidade em excelentes obras de historiadores e cientistas políticos brasileiros, como Célio Débes, Raimundo de Menezes,

Alcindo Guanabara, Antônio Joaquim Ribas, Renato Lessa, José Sebastião Witter, entre outros.

Neste momento, parece mais conveniente tratar do envolvimento de Campos Salles no episódio de Canudos e na ruptura do PRF, principais fatos relacionados à sua candidatura presidencial. O Governo de Prudente de Morais passava por sérias dificuldades, e a própria República estava ameaçada. Entre as justificativas mais importantes, já apresentados no Capítulo 2, estavam o desentendimento no seio do Partido Republicano Federal e a Revolta de Canudos. Campos Salles esteve envolvido em ambos, e de certa forma seus esforços favoreceram suas estratégias de comunicação.

O evento de Canudos contava com o apoio dos monarquistas, em contrapartida, de acordo com DEBES (1978b, p. 421-422), o sentimento cívico da população proporcionou a organização de batalhões patrióticos em defesa da República. Em São Paulo, surgiu o “Batalhão Campos Salles”, contando com 200 inscritos chegava a ser praticamente uma brigada. Seu fardamento era baseado no batalhão Paulista, mas ostentava as iniciais C.S. Aquela representação simbólica indicava o forte reconhecimento popular do nome de Campos Salles, servindo como um eficaz meio de comunicação política.

A participação de São Paulo seria ainda mais intensa naquele conflito. Através de telegramas, Prudente de Morais solicitou a Campos Salles o envio de forças para combater Antônio Conselheiro. A troca de correspondência é comentada por DEBES (1978b, p. 422- 423):

“Rio, 27 de julho de 1897

Ao Dr. Campos Salles – São Paulo

Urgente

General Oscar está ocupando parte Canudos, pede reforço com urgência para sitiar. Diga-me se São Paulo pode auxiliar-nos pondo a nossa disposição um dos seus corpos de polícia. Ministro Guerra vai Bahia dirigir de perto operações. Auxílio pedido é necessário. Saudações.

A resposta afirmativa não tarda.

“São Paulo, 28 de julho de 1897

Urgente

Dr. Prudente de Moraes – Palácio

Sendo aqui conhecida a necessidade de novas expedições para Canudos todos os corpos da Brigada Policial deste Estado inclusive seu comandante geral ofereceram-se para marchar. Aceitei o oferecimento do 1º Batalhão com 21 oficiais e 400 praças armadas e municiadas que aguardam ordem do Governo Federal para marchar, só lhes faltando barracas e mochilas. Saudações.

Campos Salles.”

Insistindo na disposição de atender ao apelo do Presidente da República, envia -lhe Campos Salles outro despacho.

“São Paulo, 29 de julho de 1897 Dr. Prudente de Moraes – Palácio

Peço dizer com urgência e necessária antecedência qual dia em que Batalhão deverá embarcar em Santos. Isto é necessário para aprontação. A força mostra-se satisfeita e entusiasmada.

Campos Salles.”

A informação solicitada é dada de imediato.

“Rio, 29 de julho de 1897 Dr. Campos Salles – São Paulo

Pelo expresso devem embarcar aí amanhã as mochilas para o 1º Batalhão. Mande receber. As barracas receberá ao chegar a Bahia. No dia 1º de agosto deve entrar em Santos vapor Itaituba, da Companhia Lage, pronto para receber e conduzir à Bahia o batalhão. Providenciado bom tratamento oficiais e praças. Saudações.

As informações contidas nos telegramas acima, confirmam novamente o respeito e a facilidade de diálogo que Campos Salles mantinha com os militares. Além disso, o envolvimento paulista na contenção da revolta, aparentemente pode parecer como não tendo implicações efetivas com a propaganda política, porém, como será apresentado adiante, os republicanos baianos viriam a formar um dos mais fortes centros de apoio à candidatura presidencial de Campos Salles, muito provavelmente agradecidos por seu empenho em promover a restauração da paz na Bahia.

O então Presidente de São Paulo também esteve envolvido em outro acontecimento, naquele mesmo período, que viria a refletir favoravelmente em sua campanha eleitoral. Foi sua participação pacificadora no desentendimento entre Governo e PRF, na verdade, a tentativa era reconciliar “o Chefe da Nação e o mentor do Partido a que estivera vinculado” (DEBES, 1978b, p. 426). Aquela crise era motivada por diversos fatores e afetava a estabilidade política da nação.

Como foi apresentado no tópico 2.3 desta pesquisa, Campos Salles sempre manteve certo distanciamento das definições tomadas no PRF. Justamente por sua neutralidade, sendo uma figura naturalmente pacificadora e, principalmente, contando com imenso prestígio e respeito entre os republicanos, foi procurado tanto pelo lado favorável à Prudente Morais, como pelos representantes de Francisco Glicério.

Apressam-se elementos de ambas as facções em evitar o desenlace. Recorrem ao Presidente de São Paulo, a quem encarregam da mediação. Rodolfo Miranda, fiel ao chefe do PRF, telegrafa a Campos Salles, sublinhando ser “urgente e indisensável sua boa e valiosa intervenção para evitar novas desgraças à República”. Da parte dos partidários de Prudente, o apelo é feito por Bernardino de Campos, igualmente por via telegráfica. “Amigos aceitam a sua intervenção para impedir que a autoridade legal representada no Governo seja substituída pela anarquia. (...) Seu prestígio e a sua posição alheia aos fatos muito poderão conseguir, urgindo fazer o que for possível” (DEBES, 1978b, p. 426).

Em sua autobiografia, CAMPOS SALLES (1998) descreve com detalhes seus esforços para reconciliar os republicanos, e restabelecer a união no seio do PRF. No entanto, apesar de seu sincero empenho, não obteve sucesso. Na sessão da Comissão Central realizada no dia 7 de julho de 1897, o rompimento foi oficializado.

Se por uma lado aquela cisão causava um mal estar entre políticos que anteriormente estavam fortemente unidos, por outro representava um grande triunfo nas mãos de Campos Salles. Seu valor pessoal ficou em evidência, devido a seu engajamento reconciliatório, e sua candidatura à Presidência da República ganhou brilho e destaque.

Seu nome não havia sido cogitado, até então, para suceder Prudente, às preferências do PRF recaíam sobre Bernardino de Campos, Quintino Bocaiúva e Júlio de Castilhos (positivista ortodoxo aguerrido e importante político republicano do Rio Grande do Sul). Sendo que, daqueles, Prudente tinha predileção pelo primeiro, seu Ministro da Fazenda.

Novamente, Campos Salles seria favorecido pela movimentação política. Bernardino era um fiel companheiro e tinha grande consideração por Campos Salles. Acima de tudo, em sua opinião, o então Presidente de São Paulo era um político mais experiente. Portanto, mesmo antes da efetivação da cisão no PRF, resolveu abrir mão da disputa presidencial, demonstrando apoio à seu amigo campineiro, através de extensa carta apresentada por DEBES (1978b, p. 428-430):

Capital Federal, 18 de junho de 1897 Ferraz

(...) Seo nome surgiu dentre as esperanças dos politicos que rodeam o governo, como centro de aspirações pela ordem constitucional, sustentada por um republicano historico, de nome feito e capacidade comprovada. Nenhum dos senões oppostos a outros, nenhuma suspeição possível, nenhuma contestação a não ser de ordem geographica. Creio que esta ultima é opposta pelo Rio Grande, ao qual está, segundo sou informado, ligado o Glicerio de pés e mãos. O norte – Bahia, Pernambuco – dizem-me que aceitam. Não fallei directamente a esse lado, porem mandei fallar, receoso de que a minha situação de patricio e de Ministro fosse compromettedora. Minas é esphinge. Rio ainda não pude penetrar.

A Prudente dirigi-me francamente, por não dever agir sem elle e tive calorosa approvação. (...)

Adeus, até lá.

O amo. atto. Bernardino.

Com a saída de Bernardino da disputa eleitoral, o PRF teria que escolher outro candidato oficial para enfrentar Campos Salles nas urnas. A Comissão Central do Partido não

conseguiu chegar a uma unanimidade entre os nomes remanescentes, demonstrando a intensa desarmonia que imperava em seu núcleo. O chefe da agremiação foi o que logrou menor preferência, de acordo com (DEBES, 1978b, p. 431), Castilho recebeu 15 votos, Quintino 14 e Glicério 13. Diante do empate técnico, demonstrado através da distribuição equilibrada dos votos, a direção do Partido, pensando em não desagradar nenhum dos três, escolhe um quarto nome, Lauro Sodré.

O cenário eleitoral e a indicação de Campos Salles e Lauro Sodré, são assim analisados por Renato LESSA (1999, p. 127):

O ato final do governo Prudente foi o encaminhamento do processo sucessório. Diante da questão, o que havia sobrado do PRF dividia -se em duas alas: os “Republicanos” maioria pró-Prudente e os “Concentrados”, ainda leais à Glicério. O nome de Campos Sales foi lançado pela política baiana, seguindo-se o apoio de Pernambuco, Minas Gerais e São Paulo. A oposição, reduzida a poucos gliceristas e ao Partido Republicano Riograndense (PRR), dirigido por Júlio de Castilhos, lança simbolicamente a candidatura de Lauro Sodré.

Com a quebra do PRF, o Presidente da República contava apenas com o apoio dos chefes estaduais. Ao lado de Glicério encontravam-se elementos rebeldes e reacionários, entre eles os positivas ortodoxos do Sul do país. Aquele agrupamento disforme e anárquico chegou a promover uma oposição extrema, culminando com a tentativa de assassinato do Presidente, no dia 5 de novembro de 1897. Sobre o fato, argumenta LESSA (1999, p. 122): “O atentado, único na história do País, deu ao Presidente os recursos políticos que não conseguira obter dentro da dinâmica dos poderes constitucionais. As atribuições presidenciais são maximizadas graças a um contexto de total fragmentação do tecido político”.

A propaganda a favor de uma república ditatorial, como a que era feita pelos adeptos de Comte, não podia inspirar simpatia aos políticos liberais da tradição monarquista que se haviam apoderado da jovem república. Os positivistas não atentavam, porém, para isso. Seguiam, serenos, a linha traçada por Augusto Comte. Bastavam-lhes as afirmações do mestre, desatentos que sempre viveram da realidade que os envolvia. Ainda pouco tempo antes do atentado, em Setembro de 1897, publicavam eles uma tradução portuguesa do trabalho de Jorge Lagarrigne, “A Ditadura Republicana”, excelente opúsculo de propaganda política, cuja vulgarização entre nós, escrevia Miguel Lemos, corresponde a uma urgente necessidade.

A candidatura oficial de Campos Salles foi lançada no Rio de Janeiro, no dia 12 de outubro de 1897, numa convenção realizada pelos republicanos aliados à Prudente de Morais, os quais representavam o Governo Federal. Sobre aquela opção estratégica, Alcindo GUANABARA (1983, p. 14) deixou registrada sua opinião:

Todos esperavam que os reacionários lançassem o seu grito de guerra sem comiseração, indicando um dos seus pró-homens para a Presidência a vagar. (...) Foi nessa conjuntura que a direção inteligente do grupo que dominava o governo lançou a candidatura do Sr. Campos Sales. Era um ato de submissão à opinião republicana, era o reconhecimento de sua própria impotência, era uma capitulação formal, que, entretanto, se fazia com o grande alarido de quem triunfava por completo. Esperava-se da astúcia o que se não tinha podido conseguir da força.

Na opinião de (WITTER, 1999, p. 130), Glicério já não exercia a mesma capacidade de liderança de outros tempos, sendo assim, seu partido acabaria desaparecendo por completo após os acontecimentos de 1897 e a eleição de Campos Salles. Na seqüência argumenta:

A participação ativa de Campos Salles na vida política republicana, desde o Manifesto de 1870, é fato conhecido. A sua participação nas lides político-partidárias quer do Partido Republicano, quer do Partido Republicano Federal, também demonstram o seu interesse pela situação do país. Tentou, é indiscutível, juntamente com outros políticos paulistas conseguir, através do PRF, uma integração política nacional, tendo compreendido a dificuldade e quase a impossibilidade dessa tarefa, pelo menos durante os primeiros anos da República (WITTER, 1999, p. 132).

Aproveitando a situação, Campos Salles deu início à sua campanha eleitoral, manifestando-se ao eleitorado através de seu Programa de Governo, lançado inicialmente em São Paulo, num banquete promovido pelo Partido Republicano Paulista. Em suas próprias palavras, CAMPOS SALLES (1998, p. 85) afirmou: “O meu programa seria, pois, o programa do partido”.

De acordo com DEBES (1978b, p. 436):

Era o programa consciente de quem conhecia as aflições porque passava a Nação e tinha, maduramente refletidas, as bases para aliviá -las. (...) Dele diria um adversário: “essa bela plataforma (...) ecoaria no coração nacional como a esperança súbita de uma nova vida para a República”.

É notável que Campos Salles contava com muito prestígio mesmo entre seus adversários e, na verdade, naquela eleição não haveria candidato algum à sua altura. O Partido Republicano Federal estava desorientado, não possuindo uma opção unânime entre seus membros. O Governo Federal, assim como a maioria dos Governos Estaduais, encontravam em Campos Salles a melhor alternativa para trazer estabilidade para a República.

Além da divulgação de sua proposta de Governo, Campos Salles também desenvolveu outros esforços de comunicação, entre eles é interessante transcrever uma longa carta enviada ao político e amigo Assis Brasil, um forte adversário político de Júlio de Castilhos no Rio Grande do Sul, na qual foram demonstrados argumentos sobre os partidos políticos (DEBES, 1978b, p. 436-438):

Gabinete do Presidente do Estado de São Paulo, em 24 de Novembro de 1897. Meu Caro Assis Brasil.

Recebi com muita satisfação e li com particular interesse a sua carta de 25 de outubro. Contem ella informações de grande utilidade e de que poderei tirar praticas (sic) se me chegar a vez de dirigir o governo da República. À essa hora você terá, talvez, lido minha plataforma, que de algum modo contem a resposta à sua carta. Dou como existente um partido, hoje denominado Partido Republicano, com o qual devo governar, visto que é por elle que terei de ser eleito. Para normalisar a vida governativa da Republica julgo indispensável apoia -la sobre um partido, meio unico de dar-lhe unidade. Nestas condições tenho como necessário encorporar os elementos da força política e dar-lhes concentração partidaria, em vez de procurar e adquirir allianças, que possam ter caracter ephemero, por isso mesmo que se constituam para fins transitorios. Em vez de alliados prefiro correligionarios. O que houve até aqui é prova de que as vastas agremiações, sem a solidariedade que gera a disciplina partidaria, longe de favorecerem o governo, concorrem para embaraça-lo e desnortea- lo. O Glycerismo, que é o partido de todo mundo é a confusão, a Babel politica. É preciso acabar com isso. Nessas idéias, o Presidente da Republica deve governar em cada Estado, com os elementos politicos que se filiarem ao seu partido. Esses serão, não os seus alliados, mas os seus co-religionarios no Estado, pois que farão parte, na politica federal, de um só e mesmo partido, com os mesmos intuitos e sob a mesma disciplina. Como deve prever, não farei exceção para o Rio Grande ou outro qualquer Estado. O principio, para produsir resultados praticos, será applicado com rigorosa exactidão em toda a parte. Ora, não creio que os amigos de Castilhos, apoz a posição que têm assumido nos ultimos sucessos, assignalando-se por uma orientação inteiramente desviada da nossa queiram ou possam querer, não uma simples aproximação, mas uma completa identificação politica comnosco. Ao contrario, o que aqui consta é que trara-se de tirar das ruinas do Glycerismo um partido novo sob a direcção de Castilhos, que é chamado para cuidar da sua organisação logo que deixe o governo do Rio Grande. Esse partido será necessariamente, na sua indole e nas suas tendencias, caracterisado por sua conduta rival, permanentemente contraria ao Governo e ao Partido que o apoia no presente e no futuro, se a 1º de março triumphar o pensamento da situação actual, como aliás se conjectura. Vê v. que, se os seus amigos se organisarem, filiados ao Partido Republicano, terão direito, não às sympathias, mas ao apoio dedicado do Governo Federal, como co-religionarios que serão.

Na minha plataforma referi-me também às relações com os Governos dos Estados, declarando-me contrario à politica intervencionista: quer diser, não perturbar a politica e os negocios internos dos Estados: não intervir para depor e organisar governos: aceitar o que estiver constituido, dar-lhe todas as garantias, embora o prestigio partidario tenha de aproveitar somente, exclusivamente aos co-religionarios. Guardado este respeito à autonomia dos Estados, eliminem-se tambem as causas de perturbação interna e evita-se a reprodução das praxes do antigo regimen, em que a acção politica concentrava-se no Governo geral. Foi muito de proposito que consagrei alguns preceitos com endereço ao gasparismo habituado (no original, habituando) a imposições, ao mesmo tempo que nada faria sem o concurso do Centro. Creio ter correspondido à franqueza com que v. fallou-me. Isto vae escripto, como na intimidade, sem preocupações nem reservas, ficando v. completamente habilitado, para tomar uma deliberação e aconselhar seus amigos.

Abraça-o

O velho amo. e Ador.

Campos Salles

A força de convencimento das palavras de Campos Salles e sua habilidade com a escrita ficam evidentes no texto acima. Assim, ficou caracterizada sua campanha eleitoral rumo a Presidência da República, sua comunicação foi totalmente direcionada aos principais políticos do país, capazes de formar opinião e garantir os votos necessários. Campos Salles não empreendeu grandes comícios, como nos tempos da mobilização republicana, seu nome já estava consolidado junto à massa de eleitores. Suas estratégias comunicacionais, naquele momento, foram em busca da obtenção de apoio e endosso dos grandes líderes políticos do país. Neste sentido, obteve grande êxito.

O resultado nas urnas já era esperado. E, de fato, foi indubitavelmente favorável a Manuel Ferraz de Campos Salles.

Eleições de 1º de março de 1898 Para Presidente:

M. F. de Campos Salles 420.286 Severino dos Santos Vieira 363

Lauro Sodré 38.929 Afonso A. Moreira Pena 169

Júlio P. Castilhos 621 José Cesário de F. Alvim 93

Dionísio E. C. Cerqueira 454 Rui Barbosa 52

Gal. Quintino Bocaiúva 421 Crispim J. Bias Forte 52

Luís Viana 382 E outros menos votados

Para Vice-Presidente:

F. de A. Rosa e Silva 412.074 Luís Viana 1.859

F. Lobo L. Pereira 40.629 E outros menos votados

Fonte: PORTO (2002, p. 166-167)

Interessante anotar uma última e curiosa informação sobre a eleição presidencial de Campos Salles. Eleito ele foi, sobre isso a história política do país não levanta dúvidas. Entretanto, a partir da pesquisa aqui empreendida, foram constatados números de votos divergentes, com relação aos expostos acima.

Raimundo de MENEZES (1974, p. 143-144) aproxima-se, apresentando 420.286 votos para Campos Salles e 39.929 para Lauro Sodré. Mas estranhamente, e sem maiores justificativas, Célio DEBES (1978b, p. 438) cita a obra de Edgard Carone (A República Velha) e registra 174.578 votos para Campos Salles e 16.534 para seu principal opositor.

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