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URBANO-INDUSTRIAL CAMPINENSE – 1960/

SUBSETORES DE ATIVIDADE

3.4 A ESTRUTURA INDUSTRIAL MADURA –

Na década de 1970, o governo federal se utilizou do Departamento Nacional de Estradas e Rodagens (DNER) para estimular o crescimento econômico, por meio da pavimentação e construção de estradas e pontes, favorecendo a comunica- ção e o desenvolvimento das cidades privilegiadas por esse investimento. Entre 1975 e 1977, o DNER foi responsável pela construção de 880 km de estradas na Paraíba (MAIA, 1978). Mas a expansão e o melhoramento das estradas, nesse período, dife- rente da expansão ocorrida no início do século, repercutiram negativamente para a economia campinense, pois possibilita- ram aos demais municípios da Paraíba, em especial os do alto sertão, manterem relações comerciais com outras cidades, com a mesma facilidade que mantinham com Campina Grande38.

38Pereira (1998) mostrou bem os aspectos aparentemente contraditórios do

desenvolvimento das estradas e rodagens sobre a economia de Campina Grande, no que se refere tanto aos efeitos de estímulos (Cap. 1), quanto aos de desestímulos (Cap. 2).

TABELA 3.2 – Comparativo das Rendas Estaduais geradas em

Campina Grande e João Pessoa (1961 a 1979).

Ano AbsolutoCampina Grande% Absoluto João Pessoa% AbsolutoParaíba %

1961 622 27.78 456 20.38 2.240 100 1962 1.084 28.03 734 18.97 3.869 100 1963 2.166 27.04 1.485 18.53 8.869 100 1964 4.802 27.81 2.988 17.31 17.265 100 1965 7.319 28.90 4.813 19.01 35.318 100 1966 8.996 27.96 6.268 19.48 32.418 100 1967 9.122 24.14 7.469 19.76 37.782 100 1968 11.954 24.33 11.565 23.53 49.131 100 1969 15.374 21.21 14.171 19.55 72.418 100 1970 18.750 23.32 19.331 24.04 80.404 100 1971 22.346 23.57 23.720 25.02 94.795 100 1972 30.342 22.73 30.898 23.28 132.733 100 1973 47.332 22.68 41.879 20.07 208.689 100 1974 59.713 21.70 63.419 23.05 275.053 100 1975 82.028 24.06 94.313 27.67 340.848 100 1976 132.536 24.30 164.190 30.11 545.298 100 1977 166.417 21.94 241.156 31.80 758.234 100 1978 264.567 22.40 372.637 31.55 1.180.928 100 1979 434.373 21.79 638.328 32.02 1.993.448 100 Fonte: Pereira (1998).

Esse contexto contribui para o pequeno crescimento do emprego e para o declínio do número de estabelecimentos, veri- ficados na primeira metade dos anos 1970. É nesse período que se dá o ponto máximo de inflexão no crescimento econômico do município de Campina Grande. Até 1970 a pujança econô- mica campinense é crescente. A partir de 1970, ocorreu um crescimento econômico menor, fazendo com que o município, gradualmente, perdesse importância econômica no estado em relação à capital. Ao fim da década, a crise econômica brasileira, fruto da crise do petróleo e dos juros, encerrou a vanguarda da

economia campinense no estado. Os dados da Tabela 3.2 eviden- ciam bem esse contexto. Em 1970, a capital do estado superou Campina Grande na formação da renda estadual.

A ação dos órgãos de desenvolvimento econômico, em especial, da SUDENE, modificou essa estrutura industrial, ampliando a participação das indústrias dinâmicas. Segundo o censo de 1970, a indústria empregou 4.466. Desse contingen- te, a indústria têxtil (22,5%) e a metalúrgica (22,4%) ocupavam as primeiras posições na formação do emprego na estrutura industrial campinense, seguidas pela indústria de produtos alimentares, com 11,3%, e, em quarto lugar, a indústria de produtos de minerais não metálicos, com 7,0% do pessoal ocupado. A indústria química diminuiu sua participação para 4,9%, representando um declínio absoluto de 111 empregos em relação aos dados de 1960. Inicialmente, pode-se observar nesses dados que as indústrias dinâmicas ampliaram sua participação na formação do emprego industrial em Campina Grande. Se, em 1960, entre as quatro indústrias que mais empregavam, encon- trava-se apenas uma classificada como dinâmica (indústria química), em 1970, entre as quatros primeiras, encontrar-se-ão duas indústrias ditas dinâmicas, ou seja, a indústria metalúrgica e a de produtos minerais não metálicos.

TABELA 3.3 – Número de estabelecimentos e de operários nos

subsetores de atividade econômica do município de Campina Grande – PB.

SUBSETORES DE ATIVIDADE

ECONÔMICA

1970

Estabelecimentos % Operários % Média

Extração de minerais 7 2,4 23 0,5 3,3 Prod. Minerais Não

Metalúrgica 20 6,8 1001 22,4 50,1 Mecânica 26 8,8 85 1,9 3,3 Material elétrico e de

comunicações 14 4,8 55 1,2 3,9 Const. e Mont. de Mat.

de Transp. 10 3,4 34 0,8 3,4 Madeira 16 5,4 146 3,3 9,1 Mobiliário 24 8,2 113 2,5 4,7 Papel e papelão 3 1,0 120 2,7 40,0 Borracha 5 1,7 44 1,0 8,8 Couros, Peles e Prod.

Similares 6 2,0 171 3,8 28,5 Química, Farm. e veterinária 7 2,4 221 4,9 31,6 Indústria de perfumaria, sabões e velas 8 2,7 68 1,5 8,5 Indústria de matérias plásticas 2 0,7 20 0,4 10,0 Têxtil 7 2,4 1003 22,5 143,3 Vest., Calç. e Art.

de Tecidos 18 6,1 293 6,6 16,3 Produtos Alimentares 78 26,5 504 11,3 6,5 Bebidas 2 0,7 69 1,5 34,5 Editorial e Gráfica 11 3,7 132 3,0 12,0 Diversos 6 2,0 53 1,2 8,8 TOTAL 294 100,0 4466 100,0 15,2

Fonte: IBGE – Censo Industrial de 1970.

O que chama a atenção é o substancial crescimento da metalurgia, que, dez anos antes, empregava pouco mais de 4% da mão-de-obra industrial, passando a empregar 22,4 %. Esse crescimento é fruto, em grande parte, dos projetos industriais incentivados pelo governo federal e financiados pelo Artigo 34/18 (GUIMARÃES NETO, 1989). O segmento têxtil praticamente não alterou o número de empregos, embora tenha reduzido em quase metade o número de estabelecimentos. O

elevado aumento da média de operários empregados por esta- belecimento, com a redução desses últimos, revela um aumento no grau de concentração do segmento. O setor tradicional redu- ziu-se razoavelmente, de 76,1%, em 1960, para 54,1%, em 1970. O crescimento da metalurgia contribuiu para a ascensão do segmento dinâmico na formação do emprego na indústria. No início dos anos 1970, a indústria do município pode ser carac- terizada como um polo têxtil-metalúrgico.

Utilizando dados do Cadastro Industrial do Estado da Paraíba (FIEP), foi possível chegar a constatações semelhan- tes. Esses dados, expostos na Tabela 3.4, mostram que, entre os 24 ramos de produção existentes em Campina Grande, a maioria apresentou crescimento no número de operários e de estabelecimentos, entre 1969 e 1979. Somente quatro subseto- res apresentaram declínio no número de operários, enquanto nove apresentaram declínio no número de estabelecimen- tos, implicando, assim, crescimento na média de operários por estabelecimentos39.

Diferentemente dos dados do IBGE, o cadastro industrial apresenta números mais elevados tanto para os estabelecimentos quanto para o número de operários e inclui a indústria da cons- trução civil. Aliás, esse é um segmento que mostrou significativo crescimento do número de operários nos anos 1970, constituin- do-se ao fim da década no segmento que mais empregava na indústria. Quanto aos demais segmentos, no rank de importân- cia, similarmente aos dados do censo, o cadastro demonstra ser a metalurgia e, em seguida, a indústria têxtil, respectivamente, embora com número superiores, os mais significativos.

39Para cinco subsetores, não foi realizado o cálculo, devido à falta

TABELA 3.4 – Número de estabelecimentos, operários e média

de trabalhadores por estabelecimento industrial por subsetor de