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6 PROJETO DE ENSINO “CIRCUITO DA CIÊNCIA”

6.6 ETAPA IV PÓS-CAMPO

Durante o mês de junho e julho de 2017, foram realizadas algumas reuniões com rodas de conversas e palestras para produzir um balanço do projeto “Circuito da Ciência”. A etapa do pós-campo foi um dos momentos do projeto como todo que se produziu diversas discursões, debates, socialização de conhecimentos, realizada sempre com um professor convidado para palestrar sobre as temáticas abordadas neste trabalho. Por exemplo, após a visita à Serviço Autônomo de Água e Esgoto (SAAE), o professor Felipe Rangel Sarmenghi proferiu uma palestra com o tema “Controle Ambiental da Água”. Momento em que possibilitou esclarecimentos de dúvidas sobre alguns termos vistos durante a visita. Ao tratar de um assunto tão importante para a humanidade, observou-se que os debates não se esgotaram e que havia uma preocupação em contribuir para melhoria da qualidade da água, consequentemente, para uma vida sustentável.

A figura 25 apresenta um exemplo da produção textual realizada durante uma roda de conversas no pós-campo. Por exemplo, uma estudante apresentou um resumo da atividade realizada na etapa pós-campo, relatando alguns momentos da visita de tratamento de água evidenciando claramente a complexidade do sistema de tratamento de água. No relato, a estudante tenta responder o número de etapas, os produtos químicos utilizados, e as caraterísticas da água ao final do processo de purificação.

Segundo a Estudante M1 - [...] Não tinha noção da grandiosidade e cuidado com o tratamento de água. Dentre várias considerações escritas e reflexões feita pelo grupo durante o momento da etapa pós-campo, foi possível perceber a importância de realizar atividades neste formato com futuros profissionais da educação, os quais levaram consigo boas experiências de práticas exitosas para suas futuras práticas como docentes.

Para concluir a etapa de pós-campo de mais uma visita, o professor Sidnei Quezada Meireles Leite realizou uma palestra sobre o movimento CTS/CTSA, enfatizando a importância de se trabalhar temáticas sociocientíficas na formação inicial de professor, envolvendo questões locais e regionais. Após a palestra, os estudantes aproveitaram o momento para tirar dúvidas sobre a temática e a importância de dialogar entre espaços de educação formal e não formal. Na figura 25 está apresentado trechos escritos por estudantes sobre a avaliação das etapas de campo, com a produção textual durante as rodas de conversas do projeto Circuito da Ciência.

Figura 25 - Relato de uma estudante sobre a etapa de campo realizada durante a visita à Serviço Autônomo de Água e Esgoto, do projeto Circuito da Ciência.

Fonte: Elaborado pela autora (2017)

Figura 26 - Avaliação das etapas de campo, com a produção textual durante as rodas de conversas do projeto Circuito da Ciência.

As visitas aos espaços de educação não formal de Aracruz-ES encerraram para o cronograma do projeto de ensino “Circuito da Ciência”. Com a convicção de que todos os envolvidos com o projeto tiveram momentos de reflexão e que os objetivos do projeto foram alcançados com sucesso.

Para produzir um resumo da avaliação geral da intervenção pedagógica, foi construída uma Matriz SOWT – ou Matriz FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças), que é uma ferramenta utilizada para fazer análise de cenário (ou análise de ambiente), sendo usada como base para gestão e planejamento estratégico de uma administração de processo, neste caso, um processo educacional, mas podendo, devido a sua simplicidade, ser utilizada para qualquer tipo de análise de cenário, desde a criação de um projeto pequeno à gestão de um grande empreendimento. De acordo com Severo e Silva (2015), o termo SWOT é uma sigla oriunda do idioma inglês, e é um acrónimo de Forças (Strengths), Fraquezas (Weaknesses), Oportunidades (Opportunities) e Ameaças (Threats). A técnica é creditada a Albert Humphrey, que foi líder de pesquisa na Universidade de Stanford nas décadas de 1960 e 1970, usando dados da revista Fortune das 500 maiores corporações. No quadro 19 apresenta a Matriz FOFA construída a partir das rodas de conversas realizadas durante o projeto de ensino “Circuito da Ciência”.

Do ponto de vista do projeto “Circuito da Ciência”, ao observar os pontos que ajudam a realizar um projeto de ensino desta natureza, identificou-se, por exemplo, a existência do curso de licenciatura em Química com possibilidades de realizar atividades extraclasse, a existência de componentes curriculares no curso de licenciatura que dialogam com a proposta do projeto “Circuito da Ciência”, a existência de discussões sobre o uso de espaços de educação não formal no contexto da formação inicial de professores e a disponibilidade financeira e cultural da instituição em acolher projetos que exijam deslocamento dos estudantes para realização de aula de campo. Entretanto, ao observar as fraquezas, o estudo prévio apontou que o curso de licenciatura é realizado durante o turno da noite, há pouco tempo livre dos estudantes para realização de atividades extraclasse, nem sempre é possível conciliar o tempo livre dos estudantes com a agenda livre do local a ser visitado, e a inexistência de informações disponíveis nos canais de interlocução, que possam diante mão ajudar a construir um planejamento prévio.

Do ponto de vista da cidade de Aracruz, local onde foi realizado o projeto de ensino, ao observar os pontos que ajudam a desenvolver um projeto desta natureza, identificou-se, por exemplo, a existência de uma composição turística e ecológica da cidade de Aracruz que oportuniza a realização de projetos de ensino desta natureza, espaços com potencial para pesquisas científicas, atividade pesqueira ativa, espaços propícios à prática de esporte e lazer, insumos para a exploração das atividades artesanais, presença de grandes indústrias, atividade marisqueira, presença de algas calcárias, presença de animais, conservação dos ecossistemas, exploração sustentável do manguezal e rio, manguezal com rica biodiversidade, pequena estrutura para descarga próxima á ponte do rio Piraquê-Açu, entre outras.

Entretanto, ao observar as fraquezas, o estudo prévio apontou que há contaminação do manguezal, despejo de esgoto residencial / industrial in natura no rio e no mar, processo de erosão, presença de resíduo sólido (lixo), desmatamento, balneabilidade da água comprometimento, riscos de contaminação pela água poluída, forte indício de poluição do ar, terra e solo, pelas indústrias, ocupação urbana da margem do rio, vegetação degradada, construções desordenadas, lixo deixado pelos turistas, uso de churrasqueiras muito próximo às castanheiras na praia, esgotos ainda sem tratamento, estacionamento irregular sobre a restinga, pesca e caça predatória compromete a biodiversidade e a sustentabilidade, entre outros pontos que incorrem na existência de fraquezas.

Quadro 19 - Avaliação geral da intervenção pedagógica por meio de uma Matriz FOFA (Forças, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças) sobre o projeto “Circuito da Ciência”.

Ajuda Atrapalha Inte rna (O rg a niza çã o ) FORÇAS

A existência do curso de licenciatura em Química com possibilidades de realizar

atividades extraclasse.

A existência de componentes curriculares no curso de licenciatura que dialogam com a proposta do projeto “Circuito da Ciência”. A inexistência de discussões sobre o uso de espaços de educação não formal no contexto da

formação inicial de professores. A disponibilidade financeira e cultural da instituição em acolher projetos que exijam deslocamento dos estudantes para realização de

aula de campo.

Possibilidade de estudar temas complementares no processo formativo dos estudantes de

química.

FRAQUEZAS

O curso de licenciatura é realizado durante o turno da noite.

Pouco tempo livre dos estudantes para realização de atividades extraclasse. Nem sempre é possível conciliar o tempo livre dos estudantes com a agenda livre do local a ser

visitado.

A inexistência de informações disponíveis nos canais de interlocução, que possam diante mão ajudar a construir um planejamento prévio.

E x ter na (a mb ient e) OPORTUNIDADES

A existência da composição turística e ecológica da cidade de Aracruz que oportuniza a realização de projetos de ensino desta natureza.

Espaços com potencial para pesquisas científicas;

Atividade pesqueira ativa;

Espaços propícios à prática de esporte e lazer; Insumos para a exploração das atividades

artesanais.

Presença de grandes indústrias; Atividade marisqueira; Presença de algas calcárias;

Presença de animais; Conservação dos ecossistemas; Exploração sustentável do manguezal e rio

Turismo acadêmico e náutico; Manguezal com rica biodiversidade; Pequena estrutura para descarga próxima á ponte

do rio Piraquê-Açu; Recifes de arenitos preservados;

Praias com vegetação baixa; Projeto de preservação de restinga; Extração de caranguejo, guaiamum, sururu,

ameixa e lambreta;

Pesca de camarão e pequenos peixes para isca, siri;

Rico potencial para o desenvolvimento de programas de educação em Ciências que possam

contribuir para preservação do meio ambiente.

AMEAÇAS

Contaminação do manguezal; Despejo de esgoto residencial / industrial in

natura no rio e no mar; Processo de erosão; Presença de resíduo sólido (lixo):

Desmatamento;

Balneabilidade da água comprometimento; Riscos de contaminação pela água poluída; Forte indício de poluição do ar, terra e solo,

pelas indústrias;

Ocupação urbana da margem do rio; Vegetação degradada; Construções desordenadas; Lixo deixado pelos turistas; Uso de churrasqueiras muito próximo às

castanheiras na praia; Esgotos ainda sem tratamento; Estacionamento irregular sobre a restinga;

Pesca e caça predatória compromete a biodiversidade e a sustentabilidade; Lixo inclusive trazido pela correnteza do rio

Piraquê-Açu; Ausência de lixeiras;

Captura irregular de caranguejo uçá na época de defeso (andada) e com uso de armadilha

“redinha” e de guaiamum; Fiscalização insuficiente; Descargas de efluentes domésticos à

eutrofização;

Pesticidas à contaminação por substancias tóxicas;

Ocupação irregular com aterros para moradias e extensão de quintais.