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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.2 TENDÊNCIAS PARA A EDUCAÇÃO BÁSICA

No contexto internacional, o relatório da Unesco (2003), resultado da Conferência Mundial sobre Ciência realizada em Santo Domingo em 1999, e a Declaração sobre Ciências e a Utilização do conhecimento científico, realizada em Budapeste em 1999, apontou, entre outras coisas, a necessidade de articular educação científica com as questões de direitos humanos, diversidade e inclusão social, sobretudo para a construção de um mundo mais humano, possibilitando o convívio entre os povos e culturas diferentes.

Assim, é fundamental investir na inovação das práticas pedagógicas escolares, a fim de eliminar os preconceitos existentes na humanidade e conscientizar a população sobre o papel da ciência. Para isso, ressaltou o texto a necessidade de se investir em formação inicial e continuada de professores.

As orientações curriculares no Brasil, com a publicação das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (BRASIL, 2013), trazem os pressupostos e fundamentos para o ensino médio com qualidade social, a saber: (1) trabalho, ciência, tecnologia e cultura: dimensões da

formação humana; (2) trabalho como princípio educativo; (3) pesquisa como princípio pedagógico; (4) direitos humanos como princípio norteador; e (5) sustentabilidade ambiental como meta universal.

Além disso, considerando a publicação da Medida Provisória No. 746/2016 (BRASIL, 2016), que alterou o Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei Federal No 9.394/1996, torna-se importante pensar em práticas interdisciplinares. Nesse sentido, buscamos contribuir, no âmbito das Ciências da Natureza, na inovação das práticas escolares que, embora não possa por si só resolver as desigualdades sociointelectuais, é possível ampliar as condições de inclusão social, ao promover o acesso à ciência, à tecnologia, à cultura e ao trabalho.

Anteriormente, as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (BRASIL, 2006) e os Parâmetros Curriculares Nacionais de Ciências Naturais (BRASIL, 1998) recomendavam a realização de estudos locais e regionais com atividades motivadoras para os estudantes, de modo a articular os ambientes da sala de aula com os ambientes além da sala de aula, tais como as praças, museus, centros culturais e científicos, indústrias, órgãos públicos, entre outros. Estes ambientes são potenciais espaços de educação não formal, contribuindo para a diversificação da prática docente, o que pode melhorar o processo de ensino e de aprendizagem.

No que diz respeito ao futuro professor da educação básica, o artigo 205 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, relata que a educação é direito de todos e dever do Estado e da família, e deve ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.

De acordo com o artigo 225, todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Então, segundo o item VI do parágrafo primeiro, desse artigo, para assegurar a efetividade do direito, incumbe ao Poder Público, promover a educação ambiental em todos os níveis de ensino e a conscientização pública para a preservação do meio ambiente. Esses princípios fundamentam a importância do desenvolvimento deste trabalho, que busca aproximar as questões socioambientais às práticas escolares.

A importância de se introduzir debates sobre questões ambientais estão presentes também na LDB de 1996, Lei No 9.394, de 20 de dezembro de 1996. O artigo 32 que aborda o ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, tem o objetivo de promover a formação básica do cidadão, entre outras, no item II, promover a compreensão do ambiente natural e social, do sistema político, da tecnologia, das artes e dos valores em que se fundamenta a sociedade. No entanto, a parte diversificada dos currículos de que trata o artigo 26, definida em cada sistema de ensino, deverá estar harmonizada à Base Nacional Comum Curricular e ser articulada a partir do contexto histórico, econômico, social, ambiental e cultural. Já o artigo 35, relata que o ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidade, entre outras, promover a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores.

Esses conhecimentos devem ser articulados às práticas pedagógicas do professor da educação básica e, portanto, podem e devem ser debatidas no itinerário formativo dos futuros professores da educação básica. Essa afirmativa é corroborada no artigo 45 que abrange a finalidade da educação superior, entre elas, a promoção da divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicações ou de outras formas de comunicação.

A Lei No 9.795, de 27 de abril de 1999, que dispõe sobre a educação ambiental, institui a Política Nacional de Educação Ambiental (PNEA), no artigo primeiro, define a educação ambiental como sendo os processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial à sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade. Entretanto, o artigo segundo relata que a educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não formal.

Diante dessas questões, a presença da educação ambiental na formação inicial do licenciando contribuirá para a construção desses espaços educadores, caracterizados por possuírem a intencionalidade pedagógica, de serem referências de sustentabilidade socioambiental, isto é, espaços que mantêm uma relação equilibrada com o meio ambiente.

Desta forma, acredita-se que é possível contribuir na recriação da escola que, embora não possa por si só resolver as desigualdades sociais, é possível ampliar as condições de inclusão social, ao possibilitar o acesso à ciência, à tecnologia, à cultura e ao trabalho. Além disto, com relação ao Plano Nacional da Educação (PNE) com suas 20 metas estruturantes para a garantia do direito à educação básica com qualidade, ressalta-se a meta 03 que trata da inovação das práticas pedagógica da educação básica, considerando as necessidades, demandas e contextualizações dos sistemas de ensino (BRASIL, 2014).