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7 ASPECTOS METODOLÓGICOS DO PROJETO CIRCUITO DA CIÊNCIA

7.3 PESQUISA COMO PRINCÍPIO PEDAGÓGICO

O terceiro pressuposto e fundamento das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica (BRASIL, 2013) trata da relação entre o ato de pesquisar e educação no contexto da formação de professores para a educação básica. O impacto das novas tecnologias sobre as escolas afeta tanto os meios a serem utilizados nas instituições educativas, quanto os elementos do processo educativo, tais como a valorização da ideia da instituição escolar como centro do conhecimento; a transformação das infraestruturas; a modificação dos papeis do professor e do aluno; a influência sobre os modelos de organização e gestão; o surgimento de novas figuras e instituições no contexto educativo; e a influência sobre metodologias, estratégias e instrumentos

de avaliação. A produção acelerada de conhecimentos, característica deste novo século, traz para as escolas o desafio de fazer com que esses novos conhecimentos sejam socializados de modo a promover a elevação do nível geral de educação da população.

Na teia da relação entre o ato de pesquisar e educação, escolhemos introduzir a discussão da importância da aprendizagem colaborativa por estudantes do curso de licenciatura em química quando foram desafios em pensar e pesquisar os espaços de educação não formal previamente, na etapa de pré-campo, e no campo e pós-campo, quando eles elaboraram os relatórios no diário de bordo.

Dessa forma, ao propor este trabalho, a pesquisadora procurou promover atividades de pesquisa, por meio da interdisciplinaridade entre as disciplinas do núcleo das áreas das Ciências Naturais, procurando promover uma reflexão da prática docente a fim de aprimorar o ensino da disciplina de Química em processo, por meio do uso de diferentes estratégias de ensino, visando minimizar o fracasso escolar nesta área de conhecimento.

Desse modo, o processo de aprender por meio de pesquisas impulsiona a contextualização dos conteúdos disciplinares, previsto no Projeto Pedagógico do Curso (PPC) da licenciatura na perspectiva da interdisciplinaridade, e, ao mesmo tempo, oportunizar aos futuros professores de Química experimentar metodologias de ensino diversificadas, a fim de que, no porvir façam uso de diferentes práticas pedagógicas em suas práxis.

De acordo com Gokhale (1995), a aprendizagem colaborativa é um recurso na área de educação, que surge da necessidade de inserir metodologias interativas entre o aluno, ou usuário, em conjunto com o professor para que juntos busquem compreensão e interpretação da informação de assuntos determinados. O elemento essencial das comunidades de aprendizagem é a tendência a aprender trabalhando juntos, o professor e o estudante, para melhorar a educação.

Entretanto, normalmente surge de uma estratégia de ensino e na qual os alunos de vários níveis de performance passam a trabalhar juntos em pequenos grupos tendo uma única meta que proporciona a interatividade. Na aprendizagem colaborativa oportuniza cada membro a compartilhar os seus conhecimentos em um grupo/comunidade. Neste caso, o processo de ensino-aprendizagem não está somente envolvendo a relação professor-estudante, mas sim

todos aqueles que fazem parte do grupo de aprendizagem. Ou seja, os formandos aprendem com os seus pares e contribuem para a aprendizagem deles.

Para isso, segundo Gokhale (1995), recorre-se nomeadamente à aprendizagem via internet onde podemos ter a interação, a construção do conhecimento, a discussão e a reflexão, sempre com um fim comum que é a aprendizagem. Isso porque o ambiente virtual coloca o aluno como centro do processo e, no que se refere ao ensino a distância, este aborda os mesmos dois postos- chaves: um está baseado na construção do conhecimento do indivíduo em aprender e o outro consiste em um processo de aprendizagem social no qual todos trabalham em grupo. Tanto professores quanto estudantes interagem juntos intermédio do computador, independentemente do lugar e do tempo.

Por exemplo, no caso do pré-campo da visita ao Serviço Autônomo de Água e Esgoto de Aracruz, à Praia dos Quinze e ao manguezal do Piraquê-Açu, houve um estudo coletivo sobre o uso racional da água e sustentabilidade ambiental. Assim ao logo da execução do trabalho buscou-se contribuir para a formação de docentes competentes capazes de refletir sobre diferentes práticas docentes e propor o uso de novas metodologia, novas abordagens, novos experimentos usando recursos diversificados que contribuam para o processo de construção do conhecimento, por meio de um trabalho colaborativo usando como estratégia de ensino as aulas de campo nos espaços de educação não formal, como complemento na efetivação do processo de ensino e aprendizagem.

Para tanto, foram discutidos alguns trabalhos científicos para uma leitura prévia, seguido de uma rodada de conversa. Seguem a lista de trabalhos científicos que foram discutidos nas rodas de conversas no pré-campo:

1) MUCELIN, Carlos Alberto. BELLINI, Marta. Lixo e Impactos Ambientais perceptíveis no Ecossistema Urbano. Sociedade & Natureza, Uberlândia, 20 (1): 111-124, jun. 2008. 2) SILVA, Maria Susane Brito. DIAS, Eliza de Cássia Sousa. SANTOS, Samuel da Costa dos. Ocupação desordenada na área de Manguezal no bairro da Aldeia, município de Bragança- PA. In: Anais do III Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental. Goiânia, GO. Realizado de 19 a 22 de novembro de 2012. 2012.

3) FRANCISCO, Amanda Alcaide. POHLMANN, Paulo Henrique Mazieiro. FERREIRA, Marco Antônio. Tratamento Convencional de Águas para Abastecimento Humano: Uma Abordagem Teórica dos processos envolvidos e dos Indicadores de referência. In:

Anais do II Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental. Londrina, PR. Realizado de 06 a 09 de novembro de 2011. 2011.

4) SANTOS, Wesley Alves dos. SANTOS, Marcelo Alves dos. SANTOS, Patrícia Oliveira. MENDONÇA, Gabrielle Andrade. MOURA, Ana Sheila Alves. ARAÚJO, Hélio Mário de. Reflexão sobre a ocupação humana em áreas de mangues no bairro Coroa do Meio – Aracaju-SE. In: Anais do XVI Encontro Nacional de Geógrafos. Porto Alegre, RS. Realizado de 25 a 31 de julho de 2010. 2010.

5) NEVES, Luis Ricardo Ribeiro das. ZAGO, Mariana Alves Silva. O Lixo como passivo ambiental e a Política Nacional de Resíduos Sólidos – Os potenciais impactos e desafios da cidade de Vitória-ES. In: Anais do XVI ENGEMA, 2014.

6) SANTOS, Cláudia Regina dos. HORN FILHO, Norberto Olmiro. Impactos ambientais decorrentes da ocupação antrópica no pontal do Capri, Ilha de São Francisco do Sul, SC, Brasil. Geografias. Belo Horizonte 02(1) 34-46 janeiro-junho de 2006, 2006.

No quadro 21 apresenta uma análise das práticas realizadas durante o projeto “Circuito da Ciência” realizado em 2017, à luz da aprendizagem colaborativa. A proposta para elaboração das visitas aos espaços de educação não formal foi potencializada pela efetivação de um trabalho realizado numa abordagem colaborativa com discentes do curso de licenciatura em química, professores e técnicos, que durante todo o projeto procurou-se garantir espaços/tempo com debates voltados para a construção de saberes necessários a prática docente.

Quadro 21 - Análise de alguns contextos do projeto “Circuito da Ciência” à luz da

aprendizagem colaborativa na formação inicial de professores de Química, realizada em 2017. Ensino

Tradicional

Aprendizagem Colaborativa

Contexto

Sala de aula Ambiente de aprendizagem

Do momento de planejamento a execução das atividades as ações colaborativas foram decisivas para o sucesso do trabalho, em especial nas saídas a campo, em que as visitas a diferentes espaços educativos e suas especificidades exigiam do grupo coesão e colaboração.

O professor é autoridade

O professor é orientador

Com orientação do professor mediante os objetivos da proposta de trabalho, os grupos demonstraram autonomia na realização das atividades, tendo o docente como mediador das ações.

Centrada no professor

É centrada no estudante

Os GTs foram criados pela turma e os temas foram divididos de maneira democrática e responsável, as temáticas foram abordadas de maneira respeitosa, sendo o estudante o ator deste processo de construção e reflexão de uma sociedade justa.

Postura reativa, passiva

É proativa, investigadora

Os participantes demonstraram uma postura responsável, preocupados em contribuir com ações que possam ajudar na luta contra os desmandos com o nosso meio ambiente.

Ênfase no produto

Ênfase no processo O grupo disponibilizou-se a participar de ações futuras que possam contribuir com o processo de ensino e aprendizagem dos futuros professores, por meio de ações práticas que permitam a realização de atividades contextualizadas de maneira interdisciplinar.

Aprendizage m solidária

Aprendizagem em grupo

Além de todos os participantes do projeto trabalhar de forma colaborativa, os Gts que era formado por três componentes, apresentaram em suas ações concepções de um trabalho colaborativo, tendo em vista os objetivos propostos.

Ênfase na memorizaçã

o

Apropriação com significados

A contextualização dos conteúdos de acordo com os espaços visitados e as temáticas abordadas são ações propicia à aquisição de conhecimentos que versam entre as os aspectos históricos, culturais, científicos, tecnológicos, econômicos e socioambientais.

Fonte: Elaborado pela autora baseado em Brasil e Leite (2015)

Diante do exposto, percebe-se que a proposta deste trabalho é oportuna a perspectiva da abordagem colaborativa em face ao então ultrapassado ensino tradicional, visto que oportuniza o discente a construir seu conhecimento, por meio da mediação docente, usando estratégias de ensino compatíveis ao local e ao nível de escolaridade do educando, promove atividades em grupos que desenvolvam a interação entre os participante e garante espaços para debate o que estimula o aprendizado e contribui para o desenvolvimento do senso crítico.