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EVIDÊNCIAS DA ESTRUTURA FATORIAL, VALIDADE E CONFIABILIDADE DA DRIVE FOR MUSCULARITY SCALE

Lista de Siglas e Abreviaturas ADF Asymptotic Distribution of Fit / Estimação Assintoticamente Livre de Distribuição

A NEXO 3 A PROVAÇÃO DO C OMITÊ DE É TICA EM P ESQUISA

2.2 V OZES M ASCULINAS NA I MAGEM C ORPORAL

2.2.2 A NSIEDADE F ÍSICO S OCIAL , A VALIADA PELA S OCIAL P HYSIQUE A NXIETY S CALE

2.2.3.2 EVIDÊNCIAS DA ESTRUTURA FATORIAL, VALIDADE E CONFIABILIDADE DA DRIVE FOR MUSCULARITY SCALE

A Drive for Muscularity Scale (DMS) (McCREARY, SASSE, 2000) foi formulada a partir das opiniões de “malhadores entusiastas” (weight-training enthusiasts), conforme descrito pelos autores, sobre suas motivações para treinar e seus sentimentos após perderem uma sessão de treino. Foi validada com uma amostra de 197 adolescentes e adultos jovens Canadenses, de ambos os sexos (homens: n=96) entre 16 a 24 anos (idade média=18 anos). Com 15 itens, a escala demonstrou boa consistência interna, com α = 0,84 para os rapazes, α = 0,78 para as moças e α =0, 84 na população como um todo. Para determinar a validade discriminante da nova escala, os autores testaram a hipótese de que a Drive for Muscularity Scale não deveria se correlacionar ou apenas correlacionar-se fracamente à Drive to Thinness Scale. Assim, poder- se-ia ter evidências de que Drive for Muscularity não era apenas o oposto de Drive to Thinness, mas um novo construto. Na amostra masculina, o escore da Drive for Muscularity Scale não se correlacionou com Body Dissatisfaction Scale (do Eating Disorder Inventory) e correlacionou-se moderadamente (r=0,37, p<0,001) com Eating Attitudes Test. Na amostra feminina, não houve correlações significantes entre o escore da Drive for Muscularity Scale e os escores da outras escalas. Para obter evidências de validade concorrente, McCreary e Sasse (2000), realizaram uma ANOVA 2 (rapazes e moças) x 2(sim/não) para determinar diferenças nos escores da Drive

for Muscularity Scale entre aqueles que estavam tentando ganhar peso. Os resultados

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mais altos, em relação àqueles que não tentavam ganhar peso (F (1,186) = 68,60, p<0,001). Numa segunda análise, correlacionaram o escore da Drive for Muscularity Scale com a frequência semanal de exercícios. Os resultados indicaram correlação positiva baixa (r=0,24, p<0,001). Por fim, McCreary e Sasse (2000) testaram a correlação entre o escores da Drive for

Muscularity Scale, Rosenberg Self-Esteem Scale e Center of Epidemiologic Studies Depression Scale, concluindo sua análise da validade convergente. Observaram que na amostra masculina, Drive for Muscularity correlacionou-se negativamente com a autoestima (r=-0,41, p<0,001) e

positivamente com depressão (p=0,32, p<0,001). Na amostra feminina, não foram observadas correlações significantes. Devido ao reduzido número amostral, este estudo de criação não explorou a estrutura fatorial da DMS.

McCreary et al. (2004) fizeram a análise fatorial exploratória da escala. Foi recrutada uma amostra de 630 pessoas, entre mulheres e moças adolescentes (n=354) e homens e rapazes adolescentes (n=276). A idade média desta amostra foi de 17, 5 anos (± 3, 9 anos) com idade variando entre 13 e 78 anos. A análise fatorial demonstrou haver dois fatores para a população masculina. O primeiro fator foi chamado de “orientação à musculatura” (muscularity-oriented body image), e diz respeito a crenças sobre a musculatura, sendo formado pelos itens 1, 7, 9, 11, 13, 14 e 15. Este fator obteve α = 0,88. O segundo fator foi chamado de “comportamentos para ficar forte” (muscularity-oriented behaviors) e foi constituído pelos itens 2, 3, 4, 5, 6, 8 e 12. Além dos comportamentos inclui também preocupações com o treino e com a alimentação. Quanto à consistência interna, obteve α = 0,81. Os dois fatores explicam 51,53% da variância. Para as mulheres, foi achado num primeiro momento, quatro fatores para a escala: dois grandes fatores e dois menores – com apenas dois itens cada. Numa análise posterior, McCreary et al. (2004) identificaram que os dois fatores menores contribuíam pouco para a escala e foram eliminados. Os dois fatores que restaram, que explicam 39,33% da variância, são idênticos aos da escala masculina, com algumas diferenças nos itens que os compõem. Os autores concluem que para as mulheres não faz muito sentido usar os fatores, e sim a escala como um todo. Justamente por isso, os autores não recomendam que seja feita análise entre os sexos usando os escores dos fatores, apenas o escore total da escala. A escala final de McCreary et al. (2004) tem 14 itens, pois o item 10 (I think about taking anabolic steroids) foi

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eliminado, por baixa carga fatorial. Os autores recomendam que ele não seja usado em investigações sobre a Drive for Muscularity na população em geral, mas recomendam que a escala deva ser reavaliada em uma amostra de levantadores de pesos profissionais, onde a escolha pelo esteroide anabolizante possa ter outra dimensão.

Cafri e Thompson (2004) testaram a convergência de cinco escalas, desenvolvidas para avaliar a aparência muscular: Somatomorphic Matrix, Drive for Muscularity

Scale, Contour Drawing Rating Scale, Male Figure Drawings e Muscularity Rating Scale. Para

avaliar a convergência das escalas que abordam a questão da muscularidade, na amostra masculina, os pesquisadores avaliaram a convergência entre três medidas: o índice de muscularidade da Somatomorphic Matrix, o primeiro fator da Drive for Muscularity Scale: “orientação à musculatura” e a Male Figure Drawings.

A amostra do estudo foi composta por 76 rapazes e 103 moças, todos estudantes universitários americanos. A faixa de idade da amostra masculina variou entre 18 a 29 anos, sendo a idade média da amostra de 21,12 (±2,6) anos. Os resultados indicaram valores baixos a moderados de correlação entre as três medidas, indicando que cada uma delas avalia um aspecto diferente da muscularidade. Frente a estas baixas correlações os pesquisadores tentaram determinar qual das medidas teria melhor validade concorrente, para determinar qual seria a escala mais adequada para avaliar a Drive for Muscularity nos estudos da Imagem Corporal. Após conduzirem uma análise de regressão, Cafri e Thompson (2004) concluíram que a Drive for Muscularity Scale exibiu, nessa amostra, a melhor validade concorrente. O teste- reteste desta escala indicou bons valores de confiabilidade, obtendo r=0,93 (p<0,001) para a escala geral, r=0,84 para o fator 1,“orientação à musculatura”, e r=0,96 (p<0,001) para o fator 2, “comportamentos para ficar forte”.

Wojtowicz e Von Ranson (2006) avaliaram a consistência interna, a validade convergente, discriminante e concorrente da Drive for Muscularity Scale e da Swansea

Muscularity Attitudes Questionnaire (SMAQ)23. Analisaram dados de uma amostra de 53 rapazes

e 51 moças, todos universitários que se exercitavam – com a frequência mínima de duas vezes

23 Nesse momento, vamos nos ater a reportar apenas os dados relevantes à primeira escala, pois a Swansea

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por semana – e não se exercitavam regularmente com pesos. Os autores retiraram o item 10 da DMS na análise dos resultados, seguindo as recomendações de McCreary et al. (2004).

Na análise da confiabilidade interna, trabalharam com a medida de correlação corrigida item-escala24 . Os valores para os itens da DMS variaram entre 0,24 a 0,65 para a amostra total. Especificamente para os homens, variou entre 0,25 e 0,68 para o fator 1, “orientação à musculatura”, e entre 0,42 a 0,77 para o fator 2, “comportamentos para ficar forte”. O item 15 (I think that my legs are not muscular enough) teve o pior resultado, ficando abaixo do valor mínimo recomendado. Os autores calcularam também o valor de alpha de Cronbach para a DMS, obtendo em toda a amostra α= 0,84 para a escala total. Considerando apenas a população masculina, obteve-se α= 0,92, para o fator 1 e α=0,67 para a o fator 2. Quando os autores dividiram a amostra masculina entre aqueles que não se exercitavam e que se exercitavam com pesos, os valores do alpha de Cronbach continuaram elevados. Para o fator 1, α= 0,80 e para o fator 2 α=0,73, considerando-se apenas a amostra que não se exercitava regularmente. Para a amostra que se exercitava regularmente, α=0,78 para o fator 1 e α=0,87 para o fator 2.

Quanto a validade convergente, Wojtowicz e Von Ranson (2006) encontraram valores altos de correlação positiva entre as duas escalas – DMS e SMAQ – e entre os fatores de cada uma delas. Na análise da validade discriminante, a expectativa dos pesquisadores era de encontrar correlações negativas entre a DMS e os fatores Body Dissatisfaction Scale e Drive to

Thinness Scale, do Eating Disorders Inventory – que avaliam questões relativas a preocupação

com a perda de peso e da vontade de ser magro. Entretanto, para a escala total e o fator 1 encontraram correlações positivas moderadas. As demais correlações foram baixas ou não significantes (Quadro 5).

24

A correlação corrigida item-escala mede a força das relações entre cada item e a soma total dos outros itens da escala, e com isso, indica a extensão em que cada um dos itens se relaciona com o construto medida pela escala. Valores acima de 0,30 são tidos como bons, com altos valores indicando melhores itens (NUNNALY, BERNSTEIN, 1994).

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Quadro 5 - Valores das correlações entre as escalas EDI, DMS e SMAQ

Drive to Muscularity Scale

Escala geral Subescala 1 : orientação Subescala 2: comportamentos SMAQ (escala geral) 0,82** 0,67** 0,81**

SMAQ,fator DFM 0,80** 0,59** 0,63** SMAQ,fator PAM 0,69** 0,56** 0,48**

EDI BD 0,015 0,32* -0,05

EDI DT 0,39* 0,026 0,031

Nota: SMAQ = Swansea Muscularity Attitures Questionnaire; DFM = Busca pela musculatura; PAM = Atributos

positivos da musculatura; EDI = Eating Disorders Inventory; BD = Body Dissatisfaction Scale; DT = Drive to Thinness subscale. * p< 0,05 ** p< 0,01

Fonte: Wotjowicz, e Von Ranson (2006). Modificado pela autora

Na análise da validade concorrente, Wojtowicz e Von Ranson (2006) verificaram que a amostra de rapazes que se exercitavam teve um escore mais elevado no fator 2, “comportamentos orientados à musculatura”, em relação aos rapazes que não se exercitavam. Contudo, não foram identificadas diferenças no fator 1, “orientação à musculatura”, entre os dois grupos de rapazes.

Morrison, Morrison e McCann (2006) revisaram criticamente as principais escalas que tinham sido publicadas até então para avaliar o construto Drive for Muscularity. Especificamente sobre a DMS os autores afirmam que até aquele ano era incerto se a DMS teria uma estrutura fatorial unidimensional – para qual foi criada originalmente – ou de dois fatores. Baseiam essa afirmação apontando quatro pontos, considerados por eles falhas metodológicas no estudo de McCreary et al. (2004), que investigou a validade fatorial da DMS e propôs o modelo bidimensional. A primeira crítica versa sobre a técnica estatística empregada na análise fatorial da DMS. Para Morrison, Morrison e McCann (2006), McCreary et al. (2004) não deveriam ter usado a análise de componentes principais e sim, a análise fatorial exploratória. O uso da análise dos componentes principais é recomendado para obter uma redução de dados, enquanto na análise fatorial exploratória permite detectar a estrutura da escala. Ademais, argumentam Morrison, Morrison e McCann (2006) a análise dos componentes principais não distingue as variâncias individuais e compartilhadas e por isso, não reconhece erros aleatórios.

A segunda crítica é sobre a escolha de usar a rotação Varimax – que pressupõem que os dois construtos em análise sejam não correlacionados. Como McCreary et al. (2004) reportaram existir uma correlação moderada entre os dois fatores (r= 0,43), tal escolha

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se mostra incorreta. Morrison, Morrison e McCann (2006) sugerem que a rotação oblíqua fosse mais apropriada para este caso.

Terceiro, Morrison, Morrison e McCann (2006) argumentam o uso da análise de componentes principais para a identificação de um fator de primeira ordem tem sido

questionada na literatura25, assim como o uso exclusivo da regra dos eigenvaluesacima de 126

para a manutenção dos itens.

A quarta e última crítica é sobre a amostra. Para Morrison, Morrison e McCann (2006) os dados da amostra mais jovem e da amostra mais velha deveriam ter sido olhadas separadamente por McCreary et al. (2004), já que a adolescência pode ser um fator importante no construto analisado. Para Morrison, Morrison e McCann (2006) esta possível variabilidade da amostra pode ter tido implicações na estrutura fatorial da escala. Apesar das críticas, o modelo bidimensional permanece sendo usado nas pesquisas posteriores à publicação deste capítulo de

livro (BERGERON, TYLKA, 2007; CHITTESTER, HAUSENBLAS, 2009; KARAZSIA, CROWTHER, 2009;

McCREARY, SAUCIER, 2009; NOWELL, RICCIARDELLI, 2008)

Litt e Dodge (2008) avaliaram a validade preditiva da DMS. Aplicaram uma versão on line da DMS numa amostra de 167 universitários, todos do sexo masculino, em dois momentos com um intervalo de seis meses. Além da DMS, pediram dados sobre o uso de substâncias para melhora do desempenho esportivo – como esteroides anabolizantes e suplementos alimentares, sobre a frequência semanal de exercícios com pesos e outros dados demográficos, como idade, peso, altura, etnia. Para verificar a validade preditiva da DMS, Litt e Dodge (2008) testaram a validade de duas hipóteses: (1) os fatores da DMS predizem alterações no consumo de substâncias para melhora da performance esportiva, num intervalo de 6 meses: quanto maior o escore da escala, maiores as chances de aumentar/iniciar o uso destas substâncias; (2) os fatores da DMS predizem alterações no comportamento atual em relação a prática de exercícios com peso.

25 Para sustentar este argumento, os autores indicam uma referência bibliográfica: RUBIO, D.M, BERG-WEGER, M,

TEBB, S.S, Using A Structural Equation Modeling to test for multidimentionality. Structutal Equation Modeling, v. 8, p.613 - 626, 2001

26

Para sustentar este argumento, os autores indicam uma referência bibliográfica: O’ CONNOR, B.P. SPSS and SAS programs for determining the munber of components using parallel analysis and Velicer’s MAP test. Behaviour

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Quanto à primeira hipótese, o teste de regressão indicou que tanto o consumo inicial de substâncias para melhora do desempenho esportivo quanto o fator 2, “comportamentos em relação à musculatura”, são preditores significantes para o consumo atual de substâncias para a melhora do desempenho esportivo. Cada 1 ponto a mais no escore do fator 2 prediz um aumento no consumo destas substâncias, por um fator multiplicativo de 3,24 (exp β = 3,24, p < 0,05 = 1,73-0,06). Entretanto, o fator 1, “orientação à musculatura”, não foi um fator preditivo significante. Quanto à segunda hipótese – a de alterações em relação à pratica de exercícios – o teste de regressão linear indicou que tanto o histórico de prática de exercícios quanto o fator 2, são preditores da prática atual de exercícios com pesos. O mesmo não ocorreu com o fator 1 (LITT , DODGE, 2008).

Litt e Dodge (2008) argumentam que o fator que remete a comportamentos em relação a musculatura deveria, de fato, exibir melhores resultados do que o fator que versa sobre as atitudes em relação à musculatura, o fator 1. Sob este ângulo de análise, as autoras recomendam que outras variáveis psicossociais, como depressão e estima corporal sejam investigados. Concluem ainda, que a validade preditiva do fator 2 está confirmada, mediante a confirmação das duas hipóteses do estudo.

Fora dos Estados Unidos, nossa revisão de literatura identificou dois estudos psicométricos: um no México, conduzido por Escoto et al. (2007) e outro na Escócia, de McPherson et al. (2010). Escoto et al. (2007) não reportam os procedimentos para a construção da versão em espanhol da escala, retendo-se nos dados da análise psicométrica da escala. Uma amostra de 537 universitários (267 homens) com idade média de 21 ± 1,9 anos foi recrutada para a pesquisa. Os dados foram submetidos à análise fatorial exploratória, com rotação

Varimax, encontrando uma solução de 3 fatores, que explicou 50,78% da variância total para os

homens. O fator 1 foi chamado de “busca para aumentar a musculatura”, o fator 2 foi chamado de “consumo de suplementos” e o fator 3 foi chamado de “obsessão pelo treino”. Quanto à consistência interna, os autores reportam um valor de alpha de Cronbach para todos os itens da escala (α = 0,83) - o que não é uma medida muito coerente - e quanto aos fatores, apenas mencionam que o fator 3 obteve valor inadequado (α<0,60). Em seguida, os autores realizaram com a mesma amostra a análise fatorial confirmatória, obtendo a solução de dois fatores,

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semelhante a de McCreary et al. (2004). Não há menção dos índices de ajustamento da análise fatorial confirmatória, apenas que a consistência interna variou entre α =0,61 a α=0,85.

McPherson et al. (2010) analisaram os dados de uma amostra composta por 594 homens que disputavam uma prova de corrida de 10km na Escócia. A idade média da amostra foi de 38,9 ± 9,8 anos e IMC médio foi 26,01 ± 3,55 kg/m2. Os questionários foram respondidos on-line, depois de enviados os convites para participação da pesquisa aos 1821 homens registrados para disputar a corrida. Os testes de adequacidade da amostra demonstraram que os dados eram viáveis à análise fatorial (KMO=0,90; Teste de Esferecidade de Bartlett: χ2=5544,59;p<0,001). Dessa forma, os dados foram submetidos à análise fatorial exploratória, utilizando Principal Axis Factoring como método de extração e rotação Oblimin. Uma solução de dois fatores, que explicou 60,33% da variância, foi encontrada. Os fatores seguiram o padrão da escala original (McCREARY et al., 2004), inclusive com o item 2 carregando tanto no fator 1 quanto no fator 2. A exceção do padrão original foi o item 10 (I

think about taking anabolic steroids) que carregou no fator 2. Houve uma correlação positiva

moderada significante entre os fatores (r=0,42). O teste de alpha de Cronbach indicou confiabilidade interna adequada para os fatores 1 e 2 (α =0,92 e α=0,85, respectivamente). No teste-reteste, no qual 97 participantes responderam a escala em duas oportunidades, com quatro semanas de intervalo entre elas, houve correlação significante positiva alta entre os escores do fator 1, do fator 2 e da escala geral (r=0,92, r=0,86 e r=0,92, respectivamente). Para estabelecer a validade concorrente da versão da DMS Escocesa, McPherson et al. (2010) verificaram a variância entre os escores dos sujeitos da amostra envolvidos em dietas voltadas ao aumento da musculatura (n=38) e entre os escores do sujeitos que não se declararam em dietas para este fim (n=556). O teste U de Mann-Whitney indicou diferenças significantes entre os grupos nos fatores 1, 2 e na escala geral. Entre os participantes que declararam estar em dieta para perda de peso (n=164) e entre aqueles que declararam que não adotavam este tipo de dieta (n=430) foram comparados os escores dos fatores 1, 2 e da escala geral com o propósito de determinar a validade discriminante. O teste U de Mann-Whitney indicou haver diferenças não significantes entre os grupos, nos três parâmetros testados. A discrepância

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entre o número amostral dos grupos comparados nestes dois últimos testes leva-nos a considerar com reservas as evidências de validade concorrente da DMS Escocesa.

2.2.3.3 EVIDÊNCIAS DA ESTRUTURA FATORIAL, VALIDADE E CONFIABILIDADE DA SWANSEA MUSCULARITY

ATTITUDES QUESTIONNAIRE

A Swansea Muscularity Attitudes Questionnaire (SMAQ), criada por Edwards e Launder (2000), também foi desenvolvida para investigar Drive for Muscularity. A SMAQ aborda de forma distinta da DMS este mesmo constructo, e seus itens versam sobre variados aspectos do desejo de ser musculoso, das atitudes e valores em relação ao corpo musculoso e aos benefícios sociais percebidos em relação a este. A escala foi validada com uma amostra de 303 homens, com idade média de 28,05 (± 6,93) anos. Após a análise fatorial exploratória, obteve-se uma escala constituída por 20 itens, dividida em dois fatores. O primeiro fator foi chamado de “Busca pela Musculatura” (Drive for Muscularity), formado pelos itens 2, 4, 5, 7, 9, 11, 13, 14, 16 e 19. A consistência interna do fator aferida nesse estudo tem valor α = 0,94. O segundo fator foi chamado de “Atributos Positivos da Musculatura” (Positive Attributes of

Muscularity), também formado por 10 itens – 1, 3, 6, 8, 10,12, 15, 17, 18, e 20 – com

consistência interna de α = 0,91.

Tylka, Bergeron e Schwartz (2005) criaram uma escala para avaliar as atitudes dos homens em relação ao seu corpo. Foi recrutada uma amostra de 294 homens universitários, com idade média entre 19,7 (± 3,0) anos, e entre as seis escalas envolvidas neste estudo, estão a DMS e a SMAQ. Dessa forma, este estudo fornece evidências sobre a validade concorrente da SMAQ e da DMS, uma vez que foi realizada a análise da correlação entre as escalas. Tylka, Bergeron e Schwartz (2005) verificaram que o fator 1 da DMS, “Orientação à Musculatura”, teve correlações positivas e significantes com o fator 2 da SMAQ, “Atributos Positivos da

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Musculatura”, (r=0,52; p<0,001) e com o fator 1 da SMAQ,“Busca pela Musculatura”, (r=0,55; p<0,001).

Morrison e Morrison (2006) fizeram dois novos estudos psicométricos da SMAQ. No primeiro estudo, recrutaram uma população de homens universitários do Canadá, com média de idade de 22,3 (± 4,8) anos. A análise fatorial exploratória foi conduzida, e a escala permaneceu com os 20 itens originais, divididos agora em três fatores: (1) Atributos Positivos da Musculatura (Positive Attributes of Muscularity), com nove itens – 1, 3, 5, 7, 9, 11, 13, 16, 17 e 20 – sendo α = 0,90; (2) Intenção de se Tornar mais Musculoso (Intention to

become more muscular), composto por oito itens – 2, 4, 6, 10, 14, 15, 18 e 19 – com α = 0,86; (c)

Comprometimento com a Prática de Exercícios Resistidos (Engagement in muscle-building

activities) formado por apenas dois itens – 8 e 12. O coeficiente de correlação entre os dois

itens que formam este terceiro fator foi de r=0,70. Os autores argumentam ainda que a SMAQ não possui indicadores que se referem a comportamentos adotados para ficar mais musculoso – uma diferença importante em relação à DMS. Vale ressaltar que neste estudo, Morrison e Morrison (2006) modificaram a escala de respostas, que passou de sete para cinco pontos – dois