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VALIDADE E CONFIABILIDADE DA BODY ESTEEM SCALE E ESCALAS ASSOCIADAS

Lista de Siglas e Abreviaturas ADF Asymptotic Distribution of Fit / Estimação Assintoticamente Livre de Distribuição

A NEXO 3 A PROVAÇÃO DO C OMITÊ DE É TICA EM P ESQUISA

2.2 V OZES M ASCULINAS NA I MAGEM C ORPORAL

2.2.1 E STIMA C ORPORAL , AVALIADO PELA B ODY E STEEM S CALE

2.2.1.2 VALIDADE E CONFIABILIDADE DA BODY ESTEEM SCALE E ESCALAS ASSOCIADAS

A estima corporal tem sido avaliada, nestes últimos anos, através de entrevistas (ALLON, 1979) e questionários (HARTER, 1985, 1988; MENDELSON, WHITE, 1985). Dentre os questionários, podem-se identificar dois tipos de operacionalização para a avaliação: aqueles que propõem assertivas e aqueles que trabalham apenas com partes/funções do corpo.

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Dentre estes últimos destacam-se o Body Cathexis15 Scale (SECORD, JOURARD, 1953) e o Body

Esteem Scale (FRANZOI, SHIELDS, 1984), muito semelhantes entre si.

Para Secord e Jourard (1953), as atitudes do sujeito em relação ao seu corpo eram de importância crucial para qualquer elaboração de qualquer teoria de personalidade. Estruturaram a Body Cathexis Scale, para avaliar o grau de satisfação ou insatisfação que uma pessoa tem em relação com as várias partes e funções do corpo. Os quarenta e seis itens da escala representavam uma única dimensão, a catexe corporal. Essa suposição de unidimensionalidade foi questionada prontamente (FISHER, 1964) e novas análises não só reduziram a escala para 40 itens como também estabeleceram a multidimensionalidade da catexe corporal (ORLANDI et al., 2006).

Considerando especificamente a população masculina, Tucker (1981) analisou as dimensões da Body Cathexis Scale numa amostra de jovens, e encontrou outras 4 dimensões para os sentimentos que se pode atribuir à partes do corpo: (1) saúde e condição física; (2) face e aparência geral; (3) características corporais independentes e subordinadas e (4) força física e muscular. Este estudo pode ser contestado pelo reduzido número amostral, apenas 83 respondentes para uma escala de 40 itens. Entretanto, Tucker (1981) apontou, pela primeira vez, que os sentimentos a respeito das partes do corpo eram multidimensionais e não unidimensionais como se imaginava até então.

A Body Esteem Scale (BES) (FRANZOI, SHIELDS, 1984) é uma revisão da Body

Cathexis Scale (SECOURD, JOURARD, 1953). É uma escala auto aplicável, composta por 35 itens,

onde cada resposta deve ser marcada numa escala tipo Likert de 5 pontos. Foi elaborada para

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Na linguagem econômica de Freud, Cathexis, do alemão Besetzung, traduzida no Brasil como investimento, é definida como uma “energia psíquica ligada a uma representação ou grupo de representações, a uma parte do corpo, a um objeto, etc” (LAPLANCHE, PONTIALIS, 2001, p.254). Quando Secord e Jourard (1953) criaram a Body

Cathexis Scale, definiram body cathexis como o “grau de sentimento de satisfação ou insatisfação com as várias

partes ou processos do corpo” (p.343). Tanto o amor/ódio dirigido às partes do corpo são um investimento de energia nelas, e o reconhecimento das áreas corporais que se tem sentimentos positivos ou negativos permitiria o pesquisador a compreender a Besetzung do indivíduo com seu corpo. Entretanto, a Body Cathexis Scale, assim como a Body Esteem Scale, é tradicionalmente usada nos estudos de satisfação (THOMPSON, 1990), para determinar graus de satisfação corporal entre grupos, considerando somente as áreas do corpo apreciadas, desprezando o não gostar, que também é uma catexe.

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avaliar a satisfação dos sujeitos em relação ao seu corpo e à sua aparência, numa perspectiva multidimensional (FRANZOI, SHIELDS, 1984).

A BES foi validada com grupo de homens e mulheres universitários, com e sem transtorno alimentar, praticantes e não praticantes de exercícios resistidos. Na análise fatorial exploratória verificou-se que havia diferença de fatores na escala de acordo com o sexo. Para homens, os fatores são (1) atratividade física (Physical Attractiveness) – que se refere às atitudes dos homens em relação às suas características faciais e aos aspectos do corpo físico que determinam o grau com que eles se julgam bonitos ou atraentes com consistência interna de α = 0,81; (2) Força em membros superiores (Upper Body Strength) – refere-se às atitudes que os homens têm em relação à parte superior do seu corpo (tórax, braços, largura dos ombros) e às partes do corpo que podem ser modificadas com exercícios resistidos ou que geralmente são associadas com a força muscular, com consistência interna de α = 0,85 e (3) condição física (Physical Condition) – refere-se aos sentimentos dos homens em relação à sua energia, disposição física, agilidade e aos outros aspectos da força muscular, que não fazem parte da dimensão anterior, com consistência interna de α = 0,86. Dos 35 itens da escala, 4 itens não tem carga fatorial para a população masculina: cheiro do corpo, pernas, atividades sexuais e pelos corporais. Estes itens não devem ser considerados na escala masculina (FRANZOI, 2009). Outros dois itens, coordenação motora e aparência apresentam carga fatorial em 2 fatores, simultaneamente – “força nos membros superiores” e “condição física” – sendo que ambos têm maior carga fatorial no fator “condição física” (FRANZOI, SHIELDS, 1984). A orientação neste caso, é que estes itens sejam incluídos simultaneamente na análise dos dois fatores(FRANZOI, 2009).

Para mulheres, os fatores são: (1) atratividade sexual (Sexual Attractiveness) – que avalia as atitudes em relação ao odor do corpo, a face, as partes do corpo valorizadas sexualmente, a opção sexual, ao orgasmo e as atividades sexuais, com consistência interna de α = 0,78; (2) preocupação com o peso (Weight Concern) – que avalia as atitudes em relação ao peso, aparência de algumas partes do corpo, com consistência interna de α = 0,87 e (3) Condição Física (Physical Condition) – que avalia as atitudes em relação à sua agilidade, vigor e força em geral, com consistência interna de α = 0,82 (FRANZOI, SHIELDS, 1984).

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Franzoi e Shields (1984) ainda analisaram a validade convergente da escala, demonstrando sua correlação positiva com a medida de autoestima. Na análise da validade discriminante na população masculina, foram recrutados praticantes e não praticantes de exercícios resistidos, num total de 80 pessoas. Verificou-se que apenas no fator “Força em membros superiores” pode-se estabelecer diferenças entre os grupos.

Numa reavaliação da validade de construto da BES, Franzoi e Herzog (1986) identificaram que o fator “atratividade física” não se correlacionava com a avaliação pontual da atratividade física e se correlacionava moderadamente com a avaliação pontual da atratividade sexual. Os autores especularam que este fator deveria estar medindo outra dimensão da estima corporal, que não a atratividade física. Uma avaliação dos itens que compõem o fator “atratividade física” levou os pesquisadores a concluir que este fator deve medir um “tipo de falta de graciosidade, de proporcionalidade física” (FRANZOI, HERZOG, 1986, p.3016).

Franzoi (1994) confirmou o modelo tridimensional da BES, tanto para homens quanto para mulheres. Além disso, analisou se a escala é susceptível à desejabilidade social, concluindo após sua análise de que o instrumento está livre dessa influência, por demonstrar inexistência de correlação de suas respostas com a tendência de negar atributos negativos e uma fraca correlação com a tendência dos respondentes em atribuir características positivas a si mesmos.