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EVIDÊNCIAS SOBRE A ESTRUTURA FATORIAL, VALIDADE E CONFIABILIDADE DA BODY APPRECIATION SCALE

Lista de Siglas e Abreviaturas ADF Asymptotic Distribution of Fit / Estimação Assintoticamente Livre de Distribuição

A NEXO 3 A PROVAÇÃO DO C OMITÊ DE É TICA EM P ESQUISA

2.2 V OZES M ASCULINAS NA I MAGEM C ORPORAL

2.2.5 I MAGEM C ORPORAL P OSITIVA , AVALIADA PELA B ODY A PPRECIATION S CALE

2.2.5.2 EVIDÊNCIAS SOBRE A ESTRUTURA FATORIAL, VALIDADE E CONFIABILIDADE DA BODY APPRECIATION SCALE

Avalos, Tylka e Wood-Barcalow (2005) criaram a Body Appreciation Scale (BAS) para avaliar a imagem positiva do corpo. Na primeira fase do estudo, baseando-se na literatura, os autores propuseram 16 itens, que avaliavam a extensão com que as mulheres tinham opiniões favoráveis sobre o corpo; se aceitavam seu corpo a despeito do peso, forma ou imperfeições; se atendiam às necessidades do corpo e adotavam comportamentos saudáveis e finalmente, o grau de proteção contra imagens midiáticas de magreza excessiva. Os itens foram discutidos, as redundâncias foram eliminadas e ao final, 13 itens foram selecionados para compor a BAS. Avalos, Tylka e Wood-Barcalow (2005) realizaram um pré-teste com 23 universitárias e a escala demonstrou bom entendimento. Para avaliar a estrutura fatorial, recrutaram uma amostra de 181 estudantes universitárias, entre 17 e 55 anos. Além da BAS, a amostra respondeu à Body Esteem Scale, Rosenberg Self-Esteem Scale, Body Surveillance and

Body Shame Subscales da Body Consciousness Scale, Life Orientation Test-Revised e Coping Subscale da Proactive Coping Inventory. A análise fatorial exploratória indicou a existência de

uma solução de dois fatores. Entretanto, todos os itens do segundo fator também tinham cargas fatoriais no primeiro fator, de forma que, os autores optaram por uma solução unidimensional. A consistência interna foi avaliada pelo alpha de Cronbach, cujo valor foi α = 0,94. Os valores das correlações entre o escore de cada item e o escore total da escala variaram entre 0,41 a 0,88. Quanto à validade convergente, a BAS correlacionou-se positivamente com os três fatores da Body Esteem Scale – com valores variando entre r = 0,50 e 0,94; p<0,001 – com a Rosenberg

Self-Esteem Scale (r=0,53; p<0,001), com a Coping subscale da Proactive Coping Inventory, (r =

0,41; p<0,001), com a Life Orientation Test-Revised (r = 0,42; p<0,001). Entre a BAS e os fatores

Body Surveillance e Body Shame da Body Consciousness Scale as correlações foram negativas

(r=-0,55 e r=-0,73; p<0,001, respectivamente).

Na segunda fase do estudo, Avalos, Tylka e Wood-Barcalow (2005) testaram a estrutura fatorial encontrada na primeira fase, com uma nova amostra de 327 universitárias. A

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análise fatorial confirmatória foi executada e o modelo unidimensional teve um ajuste razoável (RMSEA=0,09, SRMR=0,05, CFI=0,94). Os autores não encontraram erros de estimação superiores a 0,30 nesse modelo.

Na terceira fase do estudo, foram investigados outros aspectos da validade da BAS. Avalos, Tylka e Wood-Barcalow (2005) recrutaram uma nova amostra de 424 mulheres universitárias, entre 17 e 50 anos, que além da BAS, responderam os questionários: Appearance

Evaluation Subscale da Multidimensional Body Self-Relations Questionnaire, Body Shape Questionnaire – Revised-10, Body Dissatisfaction Subscale da Eating Disorder Inventory-2 e Eating Attitudes Test-26. A correlação positiva entre o escore da BAS e da Appearance Evaluation Subscale da Multidimensional Body Self-Relations Questionnaire (r=0,79; p<0,001) e

as correlações negativas entre a BAS e a Body Shape Questionnaire – Revised-10 (r=-0,79; p<0,001) e entre a Body Dissatisfaction Subscale da Eating Disorder Inventory-2 (r=-0,73; p<0,001) forneceram mais evidências sobre a validade convergente da BAS.

Na quarta fase do estudo, foi verificada a estabilidade temporal da BAS. Avalos, Tylka e Wood-Barcalow (2005) aplicaram a BAS numa amostra de 117 mulheres universitárias, em dois momentos distintos, com três semanas de intervalo. A correlação entre as duas medidas foi alta (r=0,90; p<0,001), atestando estabilidade temporal do instrumento.

Apesar de ter sido originalmente criada para a população feminina, a estrutura fatorial da BAS já foi testada em amostras masculinas em outros países – Alemanha, Malásia e Brasil.

Swami et al. (2008) traduziram e validaram a BAS para o alemão, analisando suas propriedades psicométricas em homens e mulheres adultos, entre 16 e 80 anos, sem nenhuma condição clínica associada. A BAS tem um item, o de número 12, que é genero- específico (I do not allow unrealistically thin images of women presented in the media to affect

my attitudes toward my body). Nesta validação, os autores acrescentaram uma variante no item

12 (I do not allow unrealistically muscular images of men presented in the media to affect my

attitudes toward my body) especialmente dirigida para o público masculino, que teve apoio e

aprovação da autora original do instrumento. Para verificar a estrutura fatorial, validade e confiabilidade da escala, Swami et al. (2008) recrutaram uma amostra de 156 mulheres (31,66 ±

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13,60 anos) e 144 homens (33,31 ± 15,05 anos) que, além da BAS, responderam a Body Esteem

Scale e a Rosenberg Self-Esteem Scale. Comentaremos apenas os resultados obtidos para a

amostra masculina, nosso foco de interesse. A análise fatorial exploratória indicou uma solução unidimensional, que explicou 38,3% da variância. As cargas fatoriais dos itens nesse fator único variaram entre 0,38 a 0,88. A consistência interna para a amostra masculina foi boa, sendo α = 0,85. O escore da BAS correlacionou-se positivamente com cada fator da Body Esteem Scale:

Physical Attractivens (r=0,40; p<0,001), Upper Body Strength (r= 0,44; p<0,001) e Physical Condition (r=0,56; p<0,001). A correlação também foi positiva entre os escores da BAS e da Rosenberg Self-Esteem Scale (r=0,34; p<0,001), provendo evidências de sua validade

convergente.

No mesmo ano, Swami e Chamorro-Premuzic (2008) traduziram e validaram a BAS para o Malaio. Entretanto, dessa vez apenas mulheres compuseram a amostra do estudo. Apesar de não ter empregado uma amostra masculina – e por isso se afastar da nossa população de estudo – pensamos ser pertinente comentar este estudo, pois nele encontramos evidência da variação cultural na estrutura fatorial da BAS. Swami e Chamorro-Premuzic (2008) verificaram que a solução unidimensional não pode ser aplicada (RMSEA=0,17; GFI=0,76; CFI=0,81) o que levou os autores a propor um novo modelo, bidimensional. O novo modelo está composto pelos fatores: Apreciação Geral do Corpo (General Body Appreciation), com os itens 1, 2, 3, 4, 5, 6, 10 e 13, e Investimento da Imagem Corporal (Body Image Investment) com os itens 8, 9 e 12. O ajuste do modelo foi adequado (RMSEA=0,05; GFI=0,90; CFI=0,90) após a eliminação dos itens 7 e 11.

No Brasil, Swami et al. (2011) analisaram algumas propriedades psicométricas da BAS, numa amostra de 311 voluntários, sendo 195 mulheres e 116 homens, com idade média de 29, 32 ± 11.02 anos. A versão da escala empregada na coleta de dados desta pesquisa é idêntica a desta tese, uma vez que estávamos envolvidas neste trabalho e fizemos a adaptação transcultural desta e das demais escalas utilizadas. A significância do teste de

Bartlett, χ2(78) = 1610,21, p<0,001, e a medida de adequação da amostra, KMO=0,90,

mostraram adequacidade dos dados à análise fatorial. Dessa forma, os 13 itens da BAS foram submetidos à análise fatorial exploratória, com rotação Varimax e Componentes Principais

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como método de extração. Após três iterações, foram extraídos dois fatores, com eigenvalues λ > 1.0. Os fatores foram identificados como Apreciação Geral do Corpo, fator 1, formado pelos itens 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 10, 11 e 13 e Investimento na Imagem Corporal, fator 2, formado pelos itens 8, 9 e 12. A consistência interna do fator 1 foi adequada, com α =0,89. Entretanto, para o fator 2 o valor da consistência interna está abaixo do recomendado pela literatura, sendo α=0,67 e os autores recomendam a exclusão deste fator das análises. Ademais, baixas comunalidades em alguns itens indicam a necessidade de mais estudos psicométricos, acerca da validade de construto de confiabilidade, na versão brasileira da BAS.