• Nenhum resultado encontrado

Exame de Revalidação de diploma de Fausto Agostini (1924-1925)

2.3 REVALIDAÇÃO DE DIPLOMA DE MÉDICOS ESTRANGEIROS NA

2.3.1 Exame de Revalidação de diploma de Fausto Agostini (1924-1925)

A seguir, descreve-se como se desenvolveu o processo de revalidação do diploma de Fausto Agostini, diplomado em Medicina pela Universidade de Nápoles, Itália. O seu modelo será repetido nas revalidações seguintes realizadas na Faculdade de Medicina de Porto Alegre276. Conforme os critérios da época, a nota Máxima que poderia ser obtida era 7. As

276 ARQUIVO DA FACULDADE DE MEDICINA - UFRGS. Livro de Registro de Exames de Suficiência da

provas práticas e orais eram realizadas perante uma comissão de professores e revestidas de grande formalidade. O conteúdo das provas mostra a importância nos diagnósticos diferenciais de tuberculose e de sífilis.

Os exames de revalidação de diploma de Fausto Agostini iniciaram em novembro de 1924 e terminaram em agosto de 1925. O processo, que constou de provas práticas, orais e em defesa de teses, foi registrado por escrito em sete atas que estão arquivadas no Arquivo Histórico da Faculdade de Medicina – UFRGS. Essas iniciaram no dia 19 de setembro de 1924, quando ocorreu o sorteio dos pontos a serem defendidos nas teses. Estavam presentes o professor Sarmento Leite Filho, diretor da Faculdade, e o professor Frederico Guilherme Falk, secretário na secretaria da Faculdade de Medicina. Nas outras ocasiões, também participaram nas comissões de julgamento os professores Fabio Barros, Argymiro Galvão, Raul Pilla, Paula Esteves, José Ricaldone, entre outros.

Foram colocadas em uma urna 26 tiras de papel correspondentes às cadeiras das quatro últimas séries do curso de Medicina. Convidado, o candidato tirou três tiras de papel, contendo os seguintes dizeres lido em voz alta pelo diretor da Faculdade, prof. Sarmento Leite: cadeira de Farmacologia e arte de formular, cadeira de Terapêutica, cadeira de Clínica obstétrica. Em seguida, foi entregue ao candidato uma folha de papel, carimbada, datada e visada pelo diretor contendo os títulos das cadeiras sorteadas sobre as quais versariam as teses que seriam sustentadas na forma do artigo 108 do Decreto nº 11530, de 18 de março de 1915. Todo o processo demonstrou ser muito longo, durando quase um ano.

As provas para revalidação do diploma de médico iniciaram-se em novembro de 1924. A comissão examinadora reuniu-se na Sala Bichat do Instituto Anatômico. Nesse local, foram feitas as provas práticas e orais das cadeiras de Anatomia descritiva e Anatomia médico- cirúrgica. Foram colocadas 10 tiras de papel com os nomes de dez questões. Para a cadeira de Anatomia descritiva, prova prática, o candidato tirou, por sorte, a questão sobre o músculo masseter. Na prova oral, o candidato foi arguido pela comissão sobre lições dos programas respectivos das 2ª e 3ª séries médicas. O candidato obteve a nota “sofrível” nas duas provas, pelo que foi aprovado simplesmente com grau 4.

Na Anatomia médico-cirúrgica e operações, o processo foi o mesmo, com o sorteio de questão sobre amputação da coxa para a prova prática. Na prova oral, o candidato respondeu sobre lições do programa da 5ª série médica, alcançou a nota “sofrível” nas duas provas, sendo aprovado simplesmente com grau quatro. Seguiram-se as provas práticas e orais das 2ª e 3ª

séries médicas quando obteve a mesma nota. O candidato foi reprovado na prova prática oral do programa da 5ª série e da Fisiologia terapêutica. Esta prova foi repetida em abril de 1925, no Laboratório de Fisiologia da faculdade, sendo aprovado simplesmente com grau 4.

Dois meses após, reuniu-se a comissão examinadora para julgar as provas práticas da terceira série – clínica cirúrgica, médica, pediátrica cirúrgica – no Hospital da Santa Casa. Para a prova prática de clínica cirúrgica, foi sorteado o doente nº 22 da Enfermaria Wallau. O candidato fez o diagnóstico de um provável linfoadenoma ou linfocarcinoma, e solicitou exames de Wasserman277, de sangue e biópsia. A comissão julgou que a prova prática foi sofrível e a oral boa, recebendo o candidato o grau 5.

A prova prática da terceira série, clínica médica, ocorreu na Enfermaria Manoel Py. O diagnóstico considerado foi de aneurisma do arco aórtico e bacilose. Os exames requisitados pelo solicitante foram os de Wasserman, exame de escarro e radiografia. Em seguida, foi destinado um novo doente, da mesma enfermaria, para a prova oral, sendo o candidato arguido sobe os dois doentes. O resultado obtido na prova prática foi considerado bom, recebendo o candidato o grau 5.

A prova prática da Clínica pediátrica cirúrgica aconteceu no Dispensário de Pediatria. O diagnóstico provável foi de abscesso da região látero-cervical direita. A seguir, selecionou- se um novo doente para a prova oral, o candidato foi arguido sobre os dois doentes. O julgamento da comissão considerou a prova prática sofrível e a prova oral boa, recebendo o médico o grau 5.

A ata nº 6 foi referente ao conteúdo da 4ª série, que incluía clínica pediátrica médica, higiene infantil, ginecologia e obstetrícia. As provas orais e práticas dessas cadeiras foram realizadas nos dias 3 e 4 de agosto de 1925, no Hospital da Santa Casa de Misericórdia. Para a prova prática de clínica pediátrica médica e higiene infantil, o candidato recebeu por sorteio o doente sob nº 4044 do Dispensário de Pediatria. O candidato diagnosticou bronquite crônica, tendo solicitado radiografia. Em seguida, foi dado um novo doente, para a prova oral, sendo o candidato arguido pela comissão sobre os dois doentes. As provas prática e oral foram consideradas sofríveis, recebendo o candidato o grau 4.

No dia 3 de agosto, realizou-se a prova prática de clínica ginecológica, com o mesmo processo. Para a prova prática, recebeu o paciente do leito de número nove da Enfermaria Dr.

Mariante. O diagnóstico foi de metrite, útero grande e distúrbios da menopausa. Após, o candidato recebeu outra doente para a prova oral, sendo depois o candidato arguido pela comissão sobre os dois doentes. As provas prática e oral foram consideradas sofríveis, tendo o candidato recebido o grau 4. Para a prova prática da clínica obstétrica, recebeu a doente do leito de número 5 da Enfermaria de Partos. O diagnóstico foi de gravidez a termo. Como nas situações anteriores, o candidato recebeu outra doente para prova oral. Nesta única ocasião alcançou a nota máxima, plenamente 7.

A última ata, de número 7, registra que o candidato Dr. Fausto Agostini fez a defesa das três teses em conformidade com o artigo 108 do Decreto 11.530, de 18 de março de 1915, nos dias 11 e 15 de agosto de 1925, perante o inspetor federal Luis Henrique da Luz Lobo e a comissão de julgamento. Os resultados foram os seguintes:

1. Cadeira de Terapêutica e arte de formular: utilização do bismuto na cura da sífilis. A comissão julgadora considerou o candidato aprovado plenamente com grau 7.

2. Cadeira de Farmacologia: ação farmacodinâmica da quinina e ouabaina, e terapêutica cardíaca. O candidato foi aprovado simplesmente com grau 4.

3. Cadeira de Clínica obstétrica: osteomalacia e sua etiopatogenia, o candidato foi aprovado simplesmente com grau 4.

2.4 O REGISTRO DE MÉDICOS ITALIANOS NA DIRETORIA DE HIGIENE E SAÚDE