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Lazer

Locomoção

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bicicletas do projeto para lazer ou para locomoção, ou até para os dois, podendo coexistir a preocupação com a saúde atrelada a uma dessas práticas.

Percebeu-se, por meio das observações e dos resultados colhidos nas entrevistas sobre a frequência de uso e a finalidade no acesso ao Bike PE, que a utilização das bicicletas como meio de transporte é mais intenso de segunda a sexta, sendo nos finais de semana o acesso destas ligado principalmente ao lazer.

A distinção da utilidade das bicicletas foi importante, pois algumas diferenciações no discurso dos informantes foram notadas a partir da finalidade de acesso ao projeto. Estas narrativas foram desenvolvidas a partir da conversação com a pesquisadora, sendo suas análises presentes nas seções abaixo.

4.2 Análise da vivência dos informantes sobre o Bike PE

A análise de como os clientes do sistema de compartilhamento de bicicletas de Pernambuco acessam e interagem com tal serviço foi orientada pela seguinte pergunta: De que forma os usuários do Bike-PE vivenciam esta prática colaborativa?

É compreendido que a vivência dos informantes engloba a experiência no acesso (BARDHI; ECKHARDT, 2012) e no uso do serviço, mas também envolve a introdução do indivíduo em tal consumo de compartilhamento. Portanto, nos tópicos abaixo estão analisadas as questões referentes à adoção ao Bike PE e, posteriormente, ao uso e acesso do sistema. Tais análises são voltadas para a compreensão dos aspectos anteriores ao ingresso no projeto e aos elementos que envolvem a experimentação em si deste tipo de Consumo Colaborativo.

4.2.1 Adoção ao Projeto

O primeiro elemento analisado foi como os indivíduos adquiriram consciência sobre a existência do Bike PE. O projeto foi iniciado em 2013 (PERNAMBUCO, 2013) e hoje possui oitenta estações espalhadas por Recife, Jaboatão dos Guararapes e Olinda (BIKE PE, 2015).

Segundo alguns usuários, as pessoas que convivem com eles atuaram para que estes conhecessem o projeto. O boca-a-boca realizado por aqueles que já faziam parte do sistema ou até mesmo aqueles que não utilizavam, mas já conheciam, fizeram com que os informantes descobrissem a existência do serviço, e a partir disso, desenvolvessem atitudes para aderi-lo.

Foi por amigos. Uma amiga minha me chamou ‘oh, vamos fazer um passeio’. Ela tinha a bike e eu não tinha, aí eu procurei saber como era o Bike PE e desenrolei tudo [...] me cadastrei pela internet. Aí comprei o

passe mensal. Só que depois descobri que o Vem também funciona, depois apareceu o Vem e eu fiquei usando só pelo Vem (Informante 2).3

Minha amiga Jessica, ela me disse “Ah, vai chegar um projeto massa aqui em Recife do Porto e tu tem que conhecer”. E aí ela tinha o passe

porque ela já era funcionária do Porto (Informante 4).

Foi uma amiga, foi uma amiga. Ela cadastrou o Vem dela no sistema e

disse “oh, Rafa, o sistema do Vem agora tá aceitando. É só colocar um cartão de crédito.” “Tá, tá bom”, mas eu não fiz logo de imediato, porque eu não tinha necessidade de utilizar. Até que eu comecei a usar o BRT e a bike do sistema Bike PE, ele só serviu de mecanismo pro BRT me levar até o cursinho. Não, da bicicleta até o cursinho. Eu não fazia se não fosse necessário (Informante 9).

A informante 2 revelou que seus amigos lhe apresentaram o Bike PE e lhes convidaram para utilizar o serviço. A amiga em questão já possuía uma bicicleta, indicando para a entrevistada a possibilidade de desfrutar do mesmo lazer com uma bicicleta compartilhada. Já o indivíduo responsável por apresentar e induzir o informante 9 a aderir o projeto era usuário. Ademais, a entrevistada 4 revela que tomou conhecimento do Bike PE mesmo antes de sua instalação, a partir de uma amiga que trabalhava na empresa responsável pela operacionalização do sistema.

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As falas dos informantes foram grifadas pela pesquisadora a fim de destacar as partes que possibilitaram a análise dos resultados.

É possível compreender, a partir dos depoimentos, que tais conhecimentos sobre o Bike PE oferecidos por pessoas que fazem parte da rede social dos indivíduos os levaram não só a constatação da existência do serviço, mas também os persuadiram a utilizá-lo. Como afirmam Ruvio e Belk (2013), os outros influenciam o consumo dos indivíduos de várias maneiras. Uma vez que eles se tornam divulgadores de algo, é reconhecida a sua importância para compra ou acesso do serviço ou bem divulgado. O grupo no qual os informantes estavam inseridos, portanto, gerou o conhecimento e influenciou a adesão ao projeto, mesmo que o processo de busca por mais informações possa se desenvolver enquanto tarefa pessoal, individual (informante 2).

A importância do outro na adesão de determinadas práticas e comportamentos observadas acima reforça a compreensão de que o self é fundamentalmente relacional (ANDERSEN; CHEN, 2002), sendo influenciado pelo grupo social do qual o indivíduo faz parte. Um exemplo disto é a fala do informante 15, a seguir, que mesmo já conhecendo o projeto por visualizar as estações espalhadas pela cidade, tomou conhecimento de sua funcionalidade e decidiu participar do sistema a partir dos comentários de um colega. Seu discurso abaixo revela tal interesse mediante incentivo de outra pessoa.

Na verdade foi um estagiário meu que comentou na sala que estava

utilizando a ferramenta. Lógico que todo mundo vê, porque passa e ver

aquelas coisinhas laranjinhas, mas não me despertava curiosidade por não ver a necessidade daquilo. Aí foi o seguinte, ele chegou lá, estava comentando que era bom e que estava se sentindo mais saudável e que tá ajudando ele com a questão da mobilidade e também financeira

(Informante 15).

As redes sociais, as mídias digitais e a internet também foram apontadas como meio pelo qual os entrevistados conheceram o projeto Bike PE.

Eu achei pela internet, por uma reportagem no Diário de Pernambuco.

Eu estava mexendo no Diário de Pernambuco, aí eu vi uma reportagem Bike PE, aí eu disse “que isso?”. Aí eu fui investigar [...] Aí eu achei

interessante, aí “como eu faço isso?”. Aí precisava de um cartão de crédito,

meu cartão tinha chegado na época, aí me cadastrei e comecei a utilizar. Foi a partir do jornal mesmo, do jornal eletrônico (Informante 3).

Bem, eu comecei, é porque eu passei um ano fora, eu fiz intercâmbio, aí eu tipo, um ano antes de eu viajar já tinha começado. Aí eu não lembro exatamente, eu acho que eu vi na rua, vi na internet alguma coisa sobre o

compartilhamento de bicicleta e tipo eu me interessei pra poder pesquisar (Informante 16).

Antes dele ser lançado, já rolava uma divulgação tanto na televisão quanto no facebook e eu acho que até no jornal do Diário de Pernambuco também.

Que por sinal eu vi pelo facebook, não foi nem no jornal em si, a página no facebook. Aí eu estava sabendo disso e estava já ansioso que chegasse. E aí começou a instalar algumas estações em alguns lugares aqui

em Recife, quando eu passava eu fazia “eita, tem uma estação aqui” (Informante 18).

Eu sabia, teve até difusão na mídia, tanto na questão da televisiva, quanto na internet, teve a exposição de como o projeto pretendia servir, que seria não perder tempo, objetivo minimizar o uso do ônibus, enfim, conheci através

das mídias virtuais (Informante 20).

Internet, acho que facebook provavelmente (Informante 22).

O informante 3 tomou consciência da existência do projeto a partir de um jornal digital, tal como o informante 12 por meio de mídias virtuais. O entrevistado 18, por sua vez, conheceu o Bike PE em uma rede social. Todos os conhecimentos foram possíveis, portanto, graças a Internet (informante 16). De fato, na Era Digital, é reconhecida a importância da internet para a vida das pessoas, sendo esta ferramenta importante para a disseminação de informações e a propagação de ideias (JORGE; BRASIL; FERREIRA, 2013). Ela foi importante para o reconhecimento da existência do projeto e de seus objetivos segundo os respondentes, sendo considerada também um elemento que auxilia na adesão dos consumidores ao sistema de compartilhamento de bicicletas.

Outra maneira que levou os indivíduos a conhecerem o projeto foi a própria visualização das estações e bicicletas em funcionamento.

Não, eu já conhecia, já tinha visto. Só que assim, a pessoa sempre tem

aquela preguiça de “ah, tá ali, outro dia eu vejo, qualquer dia eu uso, qualquer coisa eu me cadastro”, na época meio que, eu evito ter cartão de

crédito, não tenho cartão de créditos, aí precisava ter um cartão de crédito pra me cadastrar. Acabei fazendo um só pra poder (Informante 8).

Não, eu achava interessante, daqui pra minha residência eu passo por

quatro estações e eu vi, fiquei curioso, queria ver como funcionava e tudinho. Aí eu tentei. No começo eu apanhei um bocado, estava cheia de

funcionava. E aí eu fui lá, fui lendo na internet, meu filho me ajudou muito e agora que eu estou craque, eu estou andando direitinho (Informante 10). Foi, primeiro eu vi aqui na UFPE, depois à medida que eu fui me

deslocando, conhecendo a cidade, eu vi que existiam outros pontos também, Boa Viagem, no Antigo [Recife Antigo], no centro, e tem muitos

né. E quando eu fui acessar o site também eu vi que existiam outros

pontos, outras estações (Informante 11).

Eu vi mais o pessoal na rua passando com a bicicletinha “oxe, eu vou