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EXERCÍCIO PROFISSIONAL DO SERVIÇO SOCIAL NO SUS ( SIS TEMA ÚNICO DE SAÚDE) : REFLEXÕES SOBRE A ATUAÇÃO EM

ONCOLOGIA

Thaís Cavalcanti Marques Assistente Social e Mestre pelo Programa de Pós Graduação em Serviço Social e Desenvolvimento Regional da UFF38

Joyce Helena Martins Leal Assistente Social e Especialista em Gestão Pública Municipal pelo Programa de Especialização do Instituto de

Ciências Humanas e Sociais da UFF) Afiliação: Assistentes Sociais Residentes do Programa de Residência Mul- tiprofissional do Instituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva.

Resumo: De acordo com estudos e estimativas que discutem a incidência dos casos de câncer em vários países, ressalta-se o reconhecimento dessa pato- logia como um problema de saúde pública mundial. Com isso, o estudo tem como tema o Serviço Social na área de oncologia, tendo como objetivo anali- sar os principais limites presentes na Política Pública de Saúde no Brasil, assim como refletir sobre a atuação do Serviço Social nesta Política especificamente no campo da oncologia, buscando ainda discutir as estratégias possíveis para a atuação junto aos usuários dos serviços de saúde e suas famílias. A presente pesquisa se trata de uma Revisão Integrativa de Literatura, que compreende a análise das produções científicas publicadas. Foram analisados 15 estudos e legislações pertinentes à temática e a partir disto foram traçadas como cate- gorias de análise: a trajetória dos pacientes oncológicos desde a inserção pela atenção básica até a regulação para alta complexidade, retratando suas difi- culdades neste trâmite; reflexão sobre o processo de precarização das políticas

públicas brasileiras ocasionadas pelas estratégias neoliberais; limites e possi- bilidades de atuação do Serviço Social na política de saúde, especificamente relacionada ao tratamento oncológico.

Palavras-Chave: Serviço Social, Políticas Públicas, Oncologia

INTRODUÇÃO

A patologia do câncer é reconhecida cientificamente como uma doença crônica não transmissível, ocasionada pelo crescimento desordenado de célu- las que invadem tecidos e órgãos, podendo se espalhar para outras regiões do corpo. É uma patologia causada por múltiplas variáveis, que podem ser de natureza interna (questões biológicas e hereditariedade) e externas (exposição a fatores de risco cancerígenos presentes no meio ambiente), ou pela fusão destes dois tipos de inserção39. Como apontado pela compilação dos registros da “Esti-

mativa 2016 – Incidência de Câncer no Brasil”, organizado pelo INCA (Insti- tuto Nacional de Câncer José de Alencar Gomes da Silva), retrata-se que pela

Word Cancer Report 2014 organizada pela International Agency for Researchon Cancer (Iarc), da Organização Mundial de Saúde (OMS), verifica-se uma inci-

dência cada vez maior de agravos e quantitativos por doenças crônicas não trans- missíveis, sobretudo em países em desenvolvimento, como é o caso do Brasil.

As casualidades, números de casos e os tipos de câncer devem ser anali- sados a partir da conjuntura macro, a qual engloba distintos determinantes sociais, que são formulados por diferença regional, variação de cultura, situa- ção socioeconômica, dentre outros fatores. Com base na estimativa mundial da Globocan/Iarc de 2012, os tipos de câncer com maior incidência (sem con- siderar os cânceres de pele não melanoma) são o de pulmão, mama e intestino, sendo os mais frequentes nas mulheres o de mama (25,2%) e nos homens o de pulmão (16,7%). Especificamente sobre a América Latina e Caribe, os cânceres com mais incidência também são os mesmos do espectro mundial, entretanto,

39 Fonte: INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER JOSÉ ALENCAR GOMES DA SILVA.

“O que é câncer?” Rio de Janeiro. Disponível em <www.inca.gov.br/conteudo_view.as- p?id=322.>. Acesso em 09 out de 2017.

também pontua-se o câncer de colo do útero40 com uma prevalência relevante

em relação ao adoecimento das mulheres, tendo a sua causa intrinsecamente relacionada com condições socioeconômicas menos favoráveis.

Neste contexto, é visto a existência de dificuldades enfrentadas pelos pacien- tes oncológicos, no que tange ao acompanhamento dos cuidados para além da cura dos aspectos biológicos, uma vez que, o processo de tratamento acarreta mudanças profundas no cotidiano dos usuários e sua rede social de apoio, tendo ainda neste trâmite os rebatimentos dos desmontes das políticas públicas ocasio- nados pela estratégia neoliberal de acumulação na contemporaneidade.

O interesse pela temática surgiu da experiência enquanto Assistentes Sociais inseridas no Programa de Residência Multiprofissional em Oncologia do Ins- tituto Nacional de Câncer José Alencar Gomes da Silva (INCA) nos anos de 2016 e 2017, onde foi possível refletir sobre as realidades sociais dos usuários atendidos nas diferentes unidades de saúde do INCA, que se encontra no nível terciário de atenção à saúde (alta complexidade). Com isso, este estudo busca contribuir para o aprofundamento das discussões sobre o contexto do acesso e continuidade no processo de tratamento na rede de saúde pública brasileira, no que diz respeito aos pacientes com câncer, possibilitando também uma análise reflexiva de construção das estratégias direcionadas à melhores práticas em saúde e formulação do plano de cuidado dos usuários, principalmente em relação ao exercício profissional do Serviço Social.

O estudo tem como tema o Serviço Social na área de oncologia e objetiva- -se analisar os principais limites presentes na Política Pública de Saúde, assim como refletir sobre a atuação do Serviço Social no campo da oncologia, discu- tindo as estratégias possíveis para a atuação junto aos usuários dos serviços de saúde e suas famílias. Como metodologia foi realizada uma revisão integrativa de literatura, buscando compreender como a temática tem sido abordada por diferentes autores. Com isso, foi produzido um debate entre distintos arti- gos que discutem temas relacionados ao SUS, entendido pelo seu conceito ampliado em conjunto com a oncologia, além de publicações do Ministério da Saúde (INCA) e normativas que abordam a incidência do câncer e seus determinantes sociais, assim como literaturas e legislações que dissertam sobre

40 Segundo dados disponibilizados pelo INCA (2016), trata-se do terceiro tumor mais fre-

quente na população feminina, atrás do câncer de mama e do colorretal, e a quarta causa de morte de mulheres por câncer no Brasil.

o exercício profissional do Serviço Social, e a atuação específica deste profis- sional na política de saúde brasileira.

Neste contexto, o trabalho em tela trata-se de uma revisão do arsenal teó- rico, que compreende a análise das produções científicas que podem contri- buir para a tomada de decisão e melhoria da qualidade da assistência prestada e criticidade em relação às reflexões teóricas, por meio do resumo das evidências científicas existentes sobre o assunto investigado, além de apontar as lacunas do conhecimento existentes (MENDES et. all., 2008). Este tipo de pesquisa segundo Pompeo (2009) tem por finalidade reunir e sistematizar os estudos realizados sobre um determinado assunto, fazendo uma análise de forma sis- temática em relação aos seus objetivos, materiais e métodos, e construir uma conclusão decorrente dos resultados evidenciados nos estudos.

DESMONTE DAS POLÍTICAS PÚBLICAS – IMPACTOS NO

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